O desrespeito com
que o Magnetismo vem sendo tratado pelo Movimento Espírita já chegou ao ponto
de se duvidar de sua ação nos processos desobsessivos. Raciocinemos: o corpo físico é, em sua base
primordial, fluido; o perispírito também é “feito” de fluído; o canal de
conexão entre o obsessor e obsidiado é o perispírito, logo este é igualmente
fluídico. O mundo em que nos movemos e vivemos, estejamos encarnados ou
desencarnados, também é fluídico. O elemento que gera atração e repulsão é
fluídico e todos os fluidos são, em última instância, a matéria fundamental do
Magnetismo. Ora, se o Magnetismo pode ser até definido como vida, tamanha é sua
repercussão em todos os fenômenos vitais, como se pensar em dissociar o
Magnetismo das influências espirituais?
Temos sido
ensinados que a questão moral é quem se apresenta como o mais relevante fator
de relação entre encarnados e desencarnados; embora isso possa ser plenamente
verdadeiro, como diminuir a influência fluídica nesse processo?
Se apenas a moral
predominasse no processo obsessivo, todo individuo mau seria completamente
dominado pelos obsessores; na prática isso não se verifica. Por outro lado,
pessoas notoriamente boas e de paz jamais sofreriam assédios e influências
perniciosas dos Espíritos imperfeitos, o que não condiz com as observações do
dia a dia. Portanto, se as influências ocorrem e nem sempre estão contidas nos
limites apenas morais é porque outro ou outros elementos influem nessa ação.
Para mim parece óbvio se tratar dos campos fluídicos, portanto, magnéticos.
Isto posto, fica
bastante evidente que pode haver, sim, muita influência da ação magnética na
terapia desobsessiva. Se assim não fosse, Allan Kardec não teria indicado o que
se segue:
A Subjugação corporal tira muitas vezes do obsidiado a energia necessária para dominar o
mau Espírito. Daí o tornar-se precisa a intervenção de um terceiro, que atue,
ou pelo magnetismo, ou pelo império da sua vontade.
Em falta do concurso do obsidiado, essa terceira pessoa deve tomar
ascendente sobre o Espírito; porém, como este ascendente só pode ser moral, só a um ser moralmente superior
ao Espírito é dado assumi-lo e seu poder será tanto maior, quanto maior for a
sua superioridade moral, porque, então, se impõe àquele, que se vê forçado a
inclinar-se diante dele. Por isso é que Jesus tinha tão grande poder para
expulsar o a que naquela época se chamava demônio, isto é, os maus Espíritos
obsessores.
Aqui, não podemos oferecer mais do que conselhos
gerais, porquanto nenhum processo material existe, como, sobretudo, nenhuma
fórmula, nenhuma palavra sacramental, com o poder de expelir os Espíritos
obsessores. Às vezes, o que falta ao obsidiado é força fluídica suficiente;
nesse caso, a ação magnética de um bom magnetizador lhe pode ser de grande
proveito. Contudo, é sempre conveniente procurar, por um médium de confiança,
os conselhos de um Espírito superior, ou do anjo guardião. (grifos meus).
(Livro dos Médiuns, cap. 23, item 251).
Embora tratando de um caso grave (a subjugação) fica bastante evidente que a
ação de um magnetizador, nos casos de desobsessão, é por demais importante.
O que deve fazer o
magnetizador, então?
Atuar magnetizando apropriadamente. Quando quiser que o obsidiado expresse o que o Espírito
transmite, ampliem-se os campos magnéticos apropriados (no caso da obsessão
quase sempre se trata do centro umeral, que fica no alto da coluna); para
suspender sua interferência, passes dispersivos nos mesmos locais onde se
acionou a “atração e fixação do comunicante”.
O problema maior
fica por conta do obsidiado que quase nunca pode ou é convidado a participar da
sessão mediúnica ou, quando vai, apenas recebe um singular “passe espiritual”,
sem os devidos reforços fluídicos em seu sistema como um todo (que pode ser
obtido com os concentrados nos centros menos vitalizados, sempre seguidos de
muitos dispersivos a fim de evitar congestões fluídicas ou concentrados
desequilibrantes, o que poderia vir a favorecer ao hospedeiro obsessor).
Num artigo como
este não dá para maiores detalhamentos, daí ser conveniente que os interessados
estudem bem o Magnetismo para aplicá-lo com sabedoria e eficiência.Uma última
observação: o Magnetismo pode e deve ser um reforço, uma verdadeira alavanca na
superação dos casos de desobsessão, todavia, jamais se menospreze a oração, as
boas e bem dirigidas orientações morais e a indução à melhoria íntima tanto do
obsidiado como do(s) obsessor(es).
JACOB MELO
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