A dor é bênção que
Deus envia a seus eleitos, dizem-nos os benfeitores espirituais, com o
propósito não só de avivar-nos a esperança em dias melhores, mas principalmente,
cremos, para estimular-nos ao bem viver. A vida, conforme a informação do Alto,
é feita de mil nadas que terminam por ferir, por serem como picadas de
alfinetes. As menores contrariedades constituem o cortejo das amarguras que o
ser experimenta ao longo da existência, mas, por serem quase imperceptíveis,
conseguem disfarçar seu potencial de dor, que costuma desabar com todo seu peso
quando uma tragédia se nos abate.
Eis, então, que a criatura, chamada ao testemunho, deve manifestar sua resignação,
aceitando a prova sem murmurar, obediente às sábias determinações da Lei
Divina. Entretanto, poucos de nós, espíritos encarnados, atentamos para a
importância do momento de aprendizado e em geral reclamamos, revoltados ante o
chamado à compreensão e à vivência das provas que nos habilitarão às alegrias
espirituais resultantes do progresso alcançado.
O espírita consciente, contudo, sabe comportar-se perante os reveses da
"sorte" e agradece a visita da amiga dor, revelando com o exemplo
desprendido a excelência do conhecimento doutrinário e consequente vivência
evangélica, capazes de fazê-lo caminhar sobre as ondas dos acontecimentos
infelizes sem se infelicitar. Põe-se, assim, na condição dos "eleitos do
Senhor", atuando como fiel discípulo do Cristo, por entender que é um ser
em trânsito pela Terra.
"Quanto mais o homem se prende aos bens deste mundo, menos compreende sua
destinação", informam-nos os Amigos espirituais através de Allan Kardec. É
nosso dever, portanto, esforçarmo-nos para atingir tal merecimento, estudando
com afinco o repositório das lições transcendentais que nos capacitarão a viver
na Terra a dimensão do espírito imortal. Afinal, estamos no mundo para
aprendermos a sair dele, o que só conseguiremos mediante a observação das
sábias orientações que nos chegam por inspiração e revelação do Alto.
E a propósito do benefício da dor, vale registrarmos esta lição que o médium
Francisco Cândido Xavier - o Cisco de Deus! - relatou a ao publicitário Laerte
Agnelli, que escreveu o belo livro "Traços de Chico Xavier" (Ed.
GEEM, 2004). É a história de um homem que procurou ajuda espiritual por
atravessar um curioso episódio enfermiço que a medicina convencional não
conseguia diagnosticar nem tratar. Logo que completou seus 30 anos, seu corpo começou
a apresentar manchas avermelhadas que lembravam e ardiam como queimaduras, mas
isto só se dava durante uma semana, a cada mês. Esse problema incomodava
muito, mas não impedia que esse homem desenvolvesse suas atividades,
especialmente as de ordem social, posto que estimando as práticas abnegadas da
caridade, como prega o Evangelho de Jesus, ele amparava a infância sofrida
cuidando de um certo número de crianças em Uberaba, onde vivia.
Procurando, afinal, o médium Chico Xavier, esse rapaz soube, por revelação
mediúnica, que sua enfermidade resultava de um carma contraído numa existência
anterior, ocasião em que, ambicionando a fortuna do próprio pai, não teve
paciência para esperar a herança e matou o genitor, ateando fogo em sua cama
enquanto este dormia. De posse dessa informação, Chico então lhe disse que,
devido a sua dedicação às crianças desamparadas, seu carma fora reduzido e,
assim, mensalmente ele só tinha "uma semaninha de dor"...
Francisco Muniz
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