(~ 10 - 67)
Apóstolo do ceistianismo nascido em Tarso, cidade
principal da Cilícia, o mais importante nome para a perduração dos ensinamentos
de Cristo. Descendia de uma família hebreus da tribo de Benjamin,
que haviam obtido a cidadania romana, de grandes posses e prestígio político.
Seus pais, sendo como eram, fiéis à lei mosaica, o mandaram logo para Jerusalém
para ser educado lá. Fariseu fervoroso, recebeu na circuncisão o nome deSaulo e teve
como preceptor um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande Gamaliel,
neto do ainda mais famoso Hilel, de quem recebeu as lições sobre os
ensinos do Antigo Testamento. Foi este Gamaliel, cujo discurso se contém nos
Atos dos Apóstolos 5. 34-39, que aconselhou o Sanedrim a não
tentar contra a vida dos apóstolos. Ele possuía alguma coisa estranha ao
espírito farisaico, a qual se avizinhava da cultura grega. Em seu discurso
demonstrava um espírito tolerante e conciliador, característico da seita dos
fariseus. Celebrizou-se por seus vastos conhecimentos rabínicos. Aprendeu o
ofício de fazedor de tendas, das que se usavam nas viagens. Recebeu uma
educação subordinada às tradições e às doutrinas da fé hebraica e, embora fosse
filho de um fariseu, At 23, tornou-se um cidadão romano. Pelos seus dizeres na
epístola aos filipenses 3. 4-7, aparentemente ocupava posição de grande
influência que lhe dava margem para conseguir lucros e grandes honras.
Tornou-se membro do concílio, At 26. 10, e logo depois recebeu a comissão do
sumo sacerdote para perseguir os cristãos, 9. 1, 2; 22. 5. Apareceu no cenário
da história cristã, como presidente da execução do diácono Estêvão (¹)o
protomártir do Cristianismo, a cujos pés as testemunhas depuseram
suas vestimentas At 7. 58. Na Bíblia aparece então no 7º capítulo do livro Atos
dos Apóstolos, guardando as vestes do diácono, que foi apedrejado,
concordando, portanto, com a condenação. Depois disso, empreendeu forte
perseguição aos cristãos. Na sua posição odiava a nova seita, não só
desprezando o crucificado Messias, como considerava os seus discípulos um
elemento perigoso, tanto para a religião como para o Estado. Este seu ódio
mortal contra os discípulos de Jesus durou até ao momento da sua conversão, que
aparece no 9º capítulo. Foi no caminho de Damasco que se deu a sua repentina
conversão (30). Ele e seus companheiros viajavam pelos desertos da Galiléia e
quando, ao meio-dia, o sol ardente estava no seu zênite, At 26. 13,
repentinamente uma luz vinda do céu, mais brilhante que a luz do sol caiu sobre
eles, derrubando-os. Todos se ergueram, mas ele continuou prostrado por terra.
Ouviu-se então uma voz que dizia em língua hebraica: "Saulo, Saulo,
porque me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra o aguilhão (²)".
Respondeu ele então: "Quem és tu Senhor?" E veio a resposta:
"Eu sou Jesus a quem tu persegues. Levanta-te e vai à
cidade e aí se te dirá o que te convém fazer". Os companheiros que o
seguiam ouviam a voz sem nada ver, nem entender. Ofuscado pelo intenso clarão
da luz, foi conduzido pela mão dos companheiros. Entrou em Damasco e
hospedou-se na casa de Judas, onde permaneceu três dias sem ver,
sem comer e nem beber, orando e meditando sobre a revelação divina. Guiado pelo Senhor,
o judeu convertido Ananias, foi visitar-lhe e ao se encontrar com o
grande perseguidor, recebeu a confissão da sua nova fé. Certo de sua conversão
Ananias impôs-lhe as mãos, fê-lo recobrar a visão e o batizou. Batizado, foi
para o deserto da Arábia, onde orou e fez penitência por três anos. A partir de
então, com a juventude e a energia que o caracterizava, e para grande espanto
dos judeus, começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Cristo, Filho
de Deus vivo, 9 10-22. Regressou à Jerusalém, onde sofreu a
desconfiança dos que não acreditavam na sua repentina conversão e instalou-se
em Antióquia, na Síria, de onde fez três grandes viagens missionárias, ao longo
de 25 anos. Pregou na Ásia Menor, Grécia e Jerusalém, até ser preso em Cesaréia
(61). Levado para Roma, permaneceu dois anos sob custódia militar, gozando de
relativa liberdade, suficiente para receber os cristãos e converter os pagãos.
Durante esse período escreveu as cartas aos Filipenses, aos Colossenses, aos
Efésios e a Filêmon. Inocentado (63) passou pela Espanha, visitou suas
comunidades no Oriente, onde foi preso e novamente levado para Roma (67) sob a
acusação de seguir uma religião ilegal. São desse último período as duas cartas
a Timóteo e a carta a Tito. Por ordem de Nero desta
vez não teve perdão e foi condenado à morte, mas por ser um cidadão romano não
deve ter sido crucificado e, sim, decapitado. Além de alguns discursos a ele
atribuídos, mencionados nos Atos dos Apóstolos, deixou 14 cartas
dirigidas a várias comunidades convertidas e a amigos. Nas cartas que escreveu
às comunidades que fundou, mostrou-se o grande teólogo empenhado em elaborar
uma síntese do mistério cristão que atravessasse os tempos. esses documentos
caracterizam-se por conterem valiosas regras de vida completamente atemporais,
que jamais perderão seu significado se praticados para garantirem a harmonia em
qualquer sociedade, em qualquer época. Também em seus ensinamentos observa-se o
esclarecimento da distinção entre judaísmo e cristianismo e a difusão deste
último no mundo grego. É celebrado nos dias 25 de janeiro, tradicionalmente o
dia da sua conversão, e 29 de junho, o dia de sua morte. Não era apóstolo oficialmente,
mas foi considerado o apóstolo do gentios por causa da sua grande obra
missionário nos países gentílicos. Ele dizia de si mesmo: "Eu trabalhei
mais que todos os apóstolos... e ai de mim se não evangelizar!", mas
também dizia: "Eu sou o menor dos apóstolos... não sou digno de ser
assim chamado".
(¹) Santo Estêvão, considerado o
protomártir, nascido e morto em Jerusalém (35), judeu convertido, foi um dos
sete diáconos eleitos pela comunidade cristã de Jerusalém para presidir ao
serviço das mesas (At 6,5-11; 7,54-60). Despertando a antipatia dos judeus
helenistas, enciumados do sucesso com que exercia o seu ministério, foi acusado
de ter blasfemado contra Deus, a religião e o Templo. Conduzido ao Sinédrio,
foi condenado à lapidação. Saulo, o futuro apóstolo Paulo, presenciou o
martírio. As relíquias de Estêvão, descobertas em Constantinopla (415),
foram transportadas para Veneza (1110).
(²) A
frase "Dura coisa
é recalcitrares contra o aguilhão", não quer dizer que ele agia
contra a sua vontade, ou que já reconhecia a verdade do Cristianismo, e sim, quer dizer antes
que era insensatez resistir aos propósitos divinos.
Figura copiada do site da
UNIV. TEXAS / PORTRAIT
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