"Até hoje a
obsessão não é combatida com a eficiência que merece. E parece-nos bastante
estranho, por ser, talvez, a doença mais antiga da Humanidade, em relação a
outras tantas prejudiciais. Basta que nos recordemos que, em todos os períodos
do pensamento histórico, a obsessão e suas seqüelas se têm apresentado ceifando
a saúde física e mental dos indivíduos. Terrivelmente ignorada, ou simplesmente
desconsiderada, vem prosseguindo no seu triste fanal de vencer todos aqueles
que lhe tombam nas malhas coercitivas. (...) A obsessão somente ocorre em razão
do comportamento irregular de quem se desvia do roteiro do bem fazer, criando
animosidades e gerando revides. Certamente, haverá muitas antipatias gratuitas
entre as pessoas, que resultam de preferências psicológicas, de identificações
ou reações afetivas. Os dardos atirados pelas mentes agressivas e inamistosas
são inevitáveis para aqueles contra quem são dirigidos. No entanto, a conexão
somente se dará por identidade de sintonia, por afeição à afinidade em que se
manifestam. Por esse motivo, a obsessão sempre resulta das defeções morais do
Espírito em relação ao seu próximo, e desse, infeliz e tresvariado, que não se
permite desculpar e dar novas chances a quem lhe haja prejudicado. Não ignoramos
aqueles que têm gênese nas invejas, nas perseguições aos idealistas de
trabalhadores do Bem, mas que também somente se instalam se houver tomada
psíquica naquele que se lhes torna objeto de perseguição. (...) O indivíduo que
ama a retidão de princípios e os executa firmado em propósitos de elevação
moral, mesmo quando fustigado pela pertinácia dos irmãos desajustados e
perversos de ambos os planos da vida, não se deixa afetar, permanecendo nas
disposições abraçadas, fiel ao programa abraçado. Pode experimentar alguma
aflição, como é natural, mas robustece-se na oração, no prazer do serviço que
realiza, nas leituras edificantes, na consciência pacificada. Simultaneamente,
torna-se amparado pelos Espíritos nobres, seus afeiçoados desencarnados,
aqueles que foram beneficiados por sua bondade fraternal, que acorrem a
protegê-lo e sustentá-lo nas atividades que lhe dizem respeito. Jamais se
curvam sob as forças tenebrosas do mal aqueles que se entregam a Deus, a Jesus
e ao Bem, nas fileiras do dever a que se apegam."
Livro: Tormentos da Obsessão
Autor: Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Franco
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