Matéria
publicada no Jornal Mundo Espírita - janeiro/2005
Os
evangelistas Marcos (5, 1 a 20) e Mateus (8, 28 a 34) denominam os habitantes
de gerasenos. Lucas (8, 26 a 39) refere-se a um local chamado Gergesa, antiga
cidade à beira do lago de Genesaré.
O nome é
talvez artificial, consideram alguns, e seria devido a Orígenes.
Amélia
Rodrigues, espírito, narra o fato, referindo-se a Gergesa ou Gerasa, cidade da
Transjordânia, cujos domínios não vinham até o lago de Genesaré, distando dali
cerca de 2 km, tendo sido fundada por Alexandre Magno, segundo uns ou Antíoco
IV Epífanes.
De
qualquer forma, dentre aqueles que estudam os Evangelhos, há os que consideram
Gergesa como a cidade que preferiu os suínos em detrimento de Jesus.
O fato é
narrado após o asserenar da tempestade no lago. Jesus fez aproar a barca e se
encaminhou em direção de Gerasa, pertencente à Decápole, isto é, ao complexo de
dez cidades que estava sob o domínio romano.
Ele
programara aquela visita, há algum tempo, acalentando a possibilidade de ali
levar a Boa Nova.
Era o mês
de Kislev (dezembro/janeiro), portador de tempestades. Amanhecia, e a noite se
despedia, beijada pela madrugada, quando eles chegaram: Jesus e os doze.
Mal haviam
galgado o barranco, Jesus à frente, quando uma figura medonha veio-lhes ao
encontro.
Era um
sítio ermo, onde se cavavam sepulturas e ele parecia ter surgido do meio delas.
Estava nu
e agitava em ambos os pulsos e nos pés pedaços de correntes de ferro partidas,
pendentes de aros de algemas.
Deveria
ter sido preso e se libertado, graças às fúrias que o atormentavam.
Trazia a
cabeleira desgrenhada, a barba maltratada e todo ele eram equimoses e
hematomas, que denunciavam o horror em que vivia.
Era o
fantasma de um homem que parecera ter sido despertado pela Luz que viera da
Galiléia.
De um
salto, erguera-se de um túmulo vazio, dominado pelos espíritos que o
maltratavam.
Esse
homem, bem jovem entregara-se aos prazeres de toda ordem, dilapidando o
patrimônio familiar.
De tal sorte
cometera loucuras e desvarios que seus pais sucumbiram à vergonha e horror. Por
isso, detestavam-no os parentes.
Abandonara
o lar, a família, a parentela e quando as sombras o subjugaram, passou a andar
pela cidade, como um louco. Gritava, dizia injúrias, ria e gesticulava,
tornando-se ameaça para as gentes, que passaram a temê-lo.
Julgado
pela mente popular como filho ingrato, que fizera aconchego. Não sabe bem o que
lhe aconteceu mas pelo estado deplorável do corpo nu, o gosto de sangue na
boca, aquilata das agruras que passou.
Está
livre! Calmo, pede ao Mestre que o deixe segui-lO.
Volta para
tua casa. - Determina Aquele - e conta quão grandes coisas te fez Deus.
Antes que
o infeliz atingisse a cidade, os guardadores de porcos o fizeram. Com cores fortes,
narraram ter visto a calma do louco, falando a um homem poderoso, a quem
culpavam pelo prejuízo financeiro.
O que
expulsava os demônios, diziam aos proprietários dos porcos, arruinaria a todos.
E o povo,
liderado pelos donos dos porcos, foi ao encontro do Mestre e os seus. Com
pedras nas mãos, O expulsaram.
Não te
queremos ouvir! Volta para de onde vieste!
Jesus
desceu a ladeira, retornou à barca e com os doze se foi.
O homem
liberto, feliz, contava a todos o que lhe sucedera. Readquirira a razão, o domínio
de ai..
Contudo,
ninguém o desejava ouvir e lhe disseram que fosse ter com Aquele que lhes havia
trazido grande prejuízo, desde que para ele valia tanto.
Vai-te.
Esquece-te de nós.
Uma pedra
o atingiu e o sangue tingiu o chão.
Maldita
sejas, Gerasa, que expulsas os filhos e desprezas os Enviados de Deus!
Ele ainda
vagou pelas terras da Decápole, narrando o que lhe fizera o Galileu. Depois,
foi para o outro lado do mar e juntou-se à multidão para seguiu-lO, e ouvi-lO
pelos vales, cidades, lagos e mares.
Reconhecido,
passou a auxiliar aos sofredores, sofredor que também fora.
Amado,
amou, trabalhando pela implantação do Reino de Deus.
Na sua
curta estada naquelas plagas, o Poder do Amor transformou um endemoninhado em
propagador do Seu Reino.
Bibliografia:
01. FRANCO, Divaldo
Pereira. O obsidiado geraseno. In:___. As primícias do reino. Pelo espírito
Amélia Rodrigues. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1967.
02. ROHDEN, Huberto.
Os possessos de Gerasa. In:___. Jesus Nazareno. 6. ed. São Paulo: União
Cultural. v. I, pt. 2, cap. 60.
03. SALGADO, Plínio.
Os gadarenos. In:___. Vida de Jesus. 21. ed. São Paulo: Voz do Oeste, 1978. pt.
2, cap. 52.
04. VAN DER OSTEN, A .
Gádara. In:___. Dicionário enciclopédico da bíblia. 3. ed. Petrópolis: Vozes,
1985.
05. ______. Gérasa.
Op. cit.
06. ______. Gerasenos.
Op. cit.
07. ______. Gérgesa.
Op. cit.
Fonte; http://nucleoespiritaverbodeluz.blogspot.com.br/
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