sexta-feira, 7 de setembro de 2012

AUTO DE FÉ DE BARCELONA




Na Idade Média a Igreja fundou o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, com o objetivo de combater o mal – entenda-se mal como todos aqueles que discordavam das idéias eclesiásticas – de modo a manter o poder sob a sua guante sem qualquer tipo de questionamento ou intromissão. Todos que se atrevessem a não se curvar ante as “verdades” impostas pela Igreja eram julgados e condenados à fogueira ou sofriam penas das mais diversas, tais como: confisco de bens, privação do ofício, multas, prisão perpétua e etc.
E na Santa Inquisição  o Auto de Fé constituía-se no evento promovido com grande pompa. Sua realização dava-se em espaço público ou privado em que os condenados eram, não raro, queimados vivos enquanto a população assistia àquele filme de horror impetrado em nome de uma fé cega e fanática.
E assim foi o caso do Auto de Fé de Barcelona ocorrido em 09 de outubro de 1861 e que por ordem do bispo daquela cidade foram queimados em praça pública 300 livros espíritas enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurício Lachâtre.
Allan Kardec tratou do assunto na Revista Espírita de novembro de 1861, elencando as obras que lamentavelmente foram tragadas pelo fanatismo inconcebível daquele bispo. Ei-las, conforme enumera o codificador:
  • “A Revista Espírita, diretor Allan Kardec;
  • “A Revista Espiritualista, diretor Piérard;
  • “O Livro dos Espíritos, Allan Kardec;
  • “O Livro dos Médiuns, Allan Kardec;
  • “O que é o Espiritismo, Allan Kardec;
  • “Fragmentos de sonata ditada pelo Espírito Mozart;
  • “Carta de um católico sobre o Espiritismo, pelo Dr. Grand;
  • “A História de Joana d’Arc, ditada por ela mesma à Srta. Ermance Dufau
  • “A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita direta, pelo Barão de Guldenstubbé.
No intento de sepultar as vozes da espiritualidade os ferrenhos adversários do Espiritismo não se deram conta de que queimavam apenas papéis. As idéias já haviam sido lançadas e nenhuma fogueira seria capaz de queimar as realidades trazidas pelos imortais e codificadas por Allan Kardec.
Aliás, Kardec colocou a questão para apreciação de seu guia espiritual e obteve a seguinte resposta:
“Uma perseguição tão ridícula e atrasada poderá fazer o Espiritismo progredir na Espanha”.
O Auto de Fé de Barcelona tornou-se uma das grandes propagandas do Espiritismo em solo espanhol, pois tamanha intransigência foi a mola propulsora da curiosidade. Ora, todos querem manter contato com um objeto que foi proibido sem uma análise de seu conteúdo. Querem saber o que há ali de tão grave para ser sumariamente queimado. É assim nos dias de hoje, foi assim ontem. Tudo aquilo que é proibido aguça a vontade de se conhecer e experimentar.
Os inquisidores imprudentes acabaram por atiçar a vontade da população em conhecer mais sobre aquela doutrina que nascia e Allan Kardec deixou registrado para a posteridade o comentário de que 9 de outubro de 1861 deveria ser uma data de festa comemorada por todos os espíritas, pois é a garantia do triunfo próximo.
Causa, entretanto, admiração o comportamento de Allan Kardec que novamente foge ao comum. Enquanto muitos sem seu lugar buscariam a retaliação e a vingança, o notável codificador foi prudente e não se abalou com as injustiças cometidas. Confiante em Deus e nos Espíritos, seguiu adiante em sua missão sem deixar-se contaminar pela revolta e a reclamação. Se utilizaram as armas da intolerância contra Kardec, ele pagou com doce mensagem do amor pela humanidade que se traduziu em seu trabalho magnífico de interpretar para nós as lições dos imortais. 
 Wellington Balbo (Bauru – SP)  
Wellington Balbo é professor universitário, escritor e palestrante espírita, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática. É autor do livro "Lições da História Humana", síntese biográfica de vultos da História, à luz do pensamento espírita,  e dirigente espírita no Centro Espírita Joana D´Arc, em Bauru. 
ição, com o objetivo de combater o mal – entenda-se mal como todos aqueles que discordavam das idéias eclesiásticas – de modo a manter o poder sob a sua guante sem qualquer tipo de questionamento ou intromissão. Todos que se atrevessem a não se curvar ante as “verdades” impostas pela Igreja eram julgados e condenados à fogueira ou sofriam penas das mais diversas, tais como: confisco de bens, privação do ofício, multas, prisão perpétua e etc.

E na Santa Inquisição  o Auto de Fé constituía-se no evento promovido com grande pompa. Sua realização dava-se em espaço público ou privado em que os condenados eram, não raro, queimados vivos enquanto a população assistia àquele filme de horror impetrado em nome de uma fé cega e fanática.
E assim foi o caso do Auto de Fé de Barcelona ocorrido em 09 de outubro de 1861 e que por ordem do bispo daquela cidade foram queimados em praça pública 300 livros espíritas enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurício Lachâtre.
Allan Kardec tratou do assunto na Revista Espírita de novembro de 1861, elencando as obras que lamentavelmente foram tragadas pelo fanatismo inconcebível daquele bispo. Ei-las, conforme enumera o codificador:
  • “A Revista Espírita, diretor Allan Kardec;
  • “A Revista Espiritualista, diretor Piérard;
  • “O Livro dos Espíritos, Allan Kardec;
  • “O Livro dos Médiuns, Allan Kardec;
  • “O que é o Espiritismo, Allan Kardec;
  • “Fragmentos de sonata ditada pelo Espírito Mozart;
  • “Carta de um católico sobre o Espiritismo, pelo Dr. Grand;
  • “A História de Joana d’Arc, ditada por ela mesma à Srta. Ermance Dufau
  • “A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita direta, pelo Barão de Guldenstubbé.
No intento de sepultar as vozes da espiritualidade os ferrenhos adversários do Espiritismo não se deram conta de que queimavam apenas papéis. As idéias já haviam sido lançadas e nenhuma fogueira seria capaz de queimar as realidades trazidas pelos imortais e codificadas por Allan Kardec.
Aliás, Kardec colocou a questão para apreciação de seu guia espiritual e obteve a seguinte resposta:
“Uma perseguição tão ridícula e atrasada poderá fazer o Espiritismo progredir na Espanha”.
O Auto de Fé de Barcelona tornou-se uma das grandes propagandas do Espiritismo em solo espanhol, pois tamanha intransigência foi a mola propulsora da curiosidade. Ora, todos querem manter contato com um objeto que foi proibido sem uma análise de seu conteúdo. Querem saber o que há ali de tão grave para ser sumariamente queimado. É assim nos dias de hoje, foi assim ontem. Tudo aquilo que é proibido aguça a vontade de se conhecer e experimentar.
Os inquisidores imprudentes acabaram por atiçar a vontade da população em conhecer mais sobre aquela doutrina que nascia e Allan Kardec deixou registrado para a posteridade o comentário de que 9 de outubro de 1861 deveria ser uma data de festa comemorada por todos os espíritas, pois é a garantia do triunfo próximo.
Causa, entretanto, admiração o comportamento de Allan Kardec que novamente foge ao comum. Enquanto muitos sem seu lugar buscariam a retaliação e a vingança, o notável codificador foi prudente e não se abalou com as injustiças cometidas. Confiante em Deus e nos Espíritos, seguiu adiante em sua missão sem deixar-se contaminar pela revolta e a reclamação. Se utilizaram as armas da intolerância contra Kardec, ele pagou com doce mensagem do amor pela humanidade que se traduziu em seu trabalho magnífico de interpretar para nós as lições dos imortais. 

 Wellington Balbo (Bauru – SP)  

Wellington Balbo é professor universitário, escritor e palestrante espírita, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática. É autor do livro "Lições da História Humana", síntese biográfica de vultos da História, à luz do pensamento espírita,  e dirigente espírita no Centro Espírita Joana D´Arc, em Bauru. 
Blog: http://wellingtonbalbo.blogspot.com/


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