Por Maria das Graças Cabral
Comumente no meio espírita, nos deparamos com pessoas tecendo os mais diversos comentários à respeito de seus Espíritos protetores. Tais companheiros, (principalmente em palestras públicas e livros) se reportam à presença dos Guias em momentos de intimidade, de dificuldades, de alegria. Relatam também as opiniões e/ou interferências dos Espíritos protetores em escolhas e decisões tomadas pelo tutelado. Importante ressaltar, que os referidos companheiros, alegam ver, ouvir, e interagir com seus protetores, chegando até mesmo a saber o nome do mesmo!
Entretanto, a
grande maioria dos encarnados “fica só na vontade”. Pois é fato que vontade e
curiosidade de se ter um contato mais efetivo, saber identidade e nome do
Espírito Protetor, é sonho e/ou desejo, que habita a mente e o coração da
grande maioria das pessoas!
Portanto,
objetivando serenar os nossos corações, e para que não “morramos de inveja“
daqueles companheiros que relatam suas experiências com seus Guias Espirituais.
Para que saibamos discernir, o que “procede” e o que “não procede” das
experiências fantásticas, relatadas. Para que saibamos diferenciar um Espírito
“Protetor“, de um Espírito “familiar“, ou de um Espírito “simpático“, é que
escrevo o presente artigo. A fonte que saciará nossa sede, e nos confortará
será O Livro dos Espíritos, que em seu Capítulo IX, Item VI, desenvolve o
assunto sob o título de “Anjos da Guarda, Espíritos Protetores e Familiares
ou Simpáticos”.
Inicialmente,
busquemos saber “quem” são os Espíritos Protetores ou Anjos de Guarda e qual a
sua missão. À esse respeito, nos dizem os Espíritos da Codificação, que os
Guias Espirituais, são Espíritos de “ordem elevada“, que se ligam a um
indivíduo em particular, como um irmão espiritual. Quanto a missão do
Espírito protetor, é a missão de um pai para com o filho, ou seja,
conduzi-lo pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas
suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida. (LE, 491)
(negrito)
Importante
ressaltar, que o Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento
até a morte, pois freqüentemente a ligação prossegue no plano espiritual, e
mesmo através de várias experiências reencarnatórias. Isto porque, segundo a
Espiritualidade Superior, as vivências no mundo material não são nada mais do
que fases bem curtas da vida do Espírito.
Diante de tais
afirmativas, ficamos cientes, que todo Espírito Protetor, é obrigatoriamente um
Espírito de moralidade e intelectualidade elevada, haja vista a complexidade e
grandiosidade de sua missão, que é de conduzir um Espírito imperfeito à
perfeição. Conquanto, é profundo conhecedor da alma do seu protegido, sendo
sabedor de seus conflitos, vícios morais, medos, limitações, qualidades,
conquistas, e potencialidades evolutivas, por acompanhá-lo desde existências
pretéritas.
São Luís e Santo
Agostinho, asseveram que os Anjos da Guarda ou Espíritos protetores, acompanham
os seus protegidos, “nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na
solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma
recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios conselhos.” E
acrescentam: “Ah, porque não conheceis melhor esta verdade! Quantas vezes
ela vos ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes ela vos salvaria dos maus
Espíritos! (...) Ah, interpelai vossos anjos da guarda, estabelecei entre vós e
eles essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos! Não penseis em
lhe ocultar nada, pois eles são os olhos de Deus e não os podeis enganar!” (LE.,
Cap. XIX, Livro II, p. 459)
Importante
ressaltar, que embora algumas pessoas considerem impossível que Espíritos de
alta evolução fiquem restritos a uma tarefa tão penosa e contínua, asseguram os
Mestres Espirituais, que mesmo estando a anos luz de distância, para os
Espíritos Superiores não existe espaço, e mesmo vivendo em mundos evoluídos,
permanecem ligados aos seus protegidos, pois gozam de dons por nós não
concebidos. À esse respeito, Kardec de forma pedagógica esclarece, que os
Espíritos dispõem do “fluido universal” (tema objeto de estudo em O Livro dos
Espíritos) que permeia e liga todos os mundos, sendo portanto veículo da
transmissão do pensamento, como o ar é para nós o veículo da transmissão do
som.
Acrescentam ainda
São Luís e Santo Agostinho, que em razão da comunicação do Espírito Protetor
com o seu tutelado, somos todos médiuns, mesmo que hoje sejamos médiuns
ignorados. Inferindo-se que “todos” nos comunicamos com nosso Guias
Espirituais, mesmo que não tenhamos uma mediunidade ostensiva que nos permita,
ver e/ou ouvir de forma objetiva.
Portanto, no que
concerne à comunicação com nosso Espírito protetor, esta comunicação se faz
através dos “pressentimentos” que comumente sentimos. São os pressentimentos, o
conselho íntimo e oculto de um Espírito que nos deseja o bem. O Espírito
protetor procura advertir seu tutelado no intuito de fazê-lo viver da melhor
forma possível, entretanto, muito freqüentemente, fechamos os ouvidos e as
portas do coração para as boas advertências, e nos tornamos infelizes por nossa
culpa.
No que tange à
presença constante do Espírito Protetor com o seu protegido, dizem os Espíritos
da Codificação que há circunstâncias em que a presença não se faz necessária.
Entretanto, enquanto estivermos necessitando reencarnar no planeta Terra,
(planeta de provas e expiações) não temos condições de guiar-nos por nós
mesmos, precisando portanto da orientação e proteção efetiva do Guia
Espiritual.
Quanto ao contato
entre tutelado e Espírito protetor, como falamos no início do artigo, a “grande
maioria das pessoas” não têm experiências ostensivas, que possam lembrar e
relatar. Pelo que foi dito anteriormente pelos Mestres Espirituais, já
entendemos, que em razão do elevado grau evolutivo do Anjo Guardião, ele não
tem como ser visto e/ou ouvido objetivamente pelos encarnados no planeta Terra.
Em seguida, Kardec
lança o seguinte questionamento aos Espíritos da Codificação: - Por que a
ação dos Espíritos em nossa vida é oculta, e por que, quando eles nos protegem,
não o fazem de maneira ostensiva? A resposta dada foi a seguinte: “- Se
contásseis com o seu apoio não agiríeis por vós mesmos e o vosso Espírito não
progrediria. Para que ele possa adiantar-se necessita de experiência, e em
geral é preciso que adquira à sua custa; é necessário que exercite as suas forças,
sem o que não seria como uma criança a quem não deixam andar sozinha. A ação
dos Espíritos que vos querem bem é sempre de maneira a vos deixar o
livre-arbítrio, porque se não tivésseis responsabilidade não vos
adiantaríeis na senda que vos deve conduzir a Deus. Não vendo quem o ampara,
o homem se entrega às suas próprias forças; não obstante, o seu guia vela por
ele e de quando em quando o adverte do perigo.” (grifei) (LE., Cap.
XIX, Livro II, p. 501)
Diante das palavras
acima expostas, fica evidente que os Guias Espirituais não interferem
objetivamente na vida de seus tutelados. É fato, que temos como condição “sine
qua non” para a evolução espiritual, a liberdade de fazer escolhas, e
responder por estas, advindo daí, o aprendizado e conseqüente evolução do
Espírito. O livre-arbítrio do tutelado jamais será desrespeitado pelos
Protetores Espirituais! O que efetivamente nos dará força e coragem para
avançarmos nos caminhos evolutivos, é a certeza de que se tem um amigo, um
irmão, a velar por nós, solidário na dor e na alegria.
Vale ressaltar, que
o nosso sucesso, será um mérito a ser levado em conta para o próprio
adiantamento do Espírito protetor, como também para sua própria felicidade. Em
contrapartida, sofrerá com os erros do seu tutelado, e os lamentará. Não
obstante, sua aflição não se assemelhe às angustias de um pai e/ou uma mãe
terrenos, pois é sabedor de que há remédio e solução para o mal, pois o que não
foi feito hoje, se fará amanhã - estando ele por perto, sempre que se fizer
necessário, para nos impulsionar nas boas realizações.
Vamos agora tratar
de outro aspecto provocador de grande curiosidade, que é a questão de se saber
o “nome” do Guia Espiritual. À esse respeito, é Kardec quem indaga aos Mestres
Espirituais na questão 504 de O Livro dos Espíritos, se podemos sempre saber
o nome do nosso Espírito protetor ou Anjo da Guarda. Observemos a resposta
dada pelos Espíritos: “- Como quereis saber nomes que não existem para
vós? Acreditais, então, que só existem os Espíritos que conheceis?” (grifei)
Logo em seguida, na questão complementar 504-a, o Codificador questiona, que se
não o conhecemos, como vamos invocá-lo? E mais uma vez, com toda a presteza
respondem os Espíritos Superiores, que podemos dar o nome que quisermos,
sugerindo inclusive, que escolhamos o de um Espírito superior que tenhamos
simpatia e respeito. Asseveram os Mestres que o nosso protetor atenderá
prontamente ao nosso apelo, pois todos os Espíritos elevados são irmãos e se
assistem mutuamente.
Não se dando por
satisfeito no que tange à questão do nome dos Espíritos protetores, persiste
Kardec na questão 505 indagando, se os Espíritos protetores que tomam nomes
comuns seriam sempre os de pessoas que tiveram esses nomes. Os Mentores
respondem categoricamente que não, acrescentando, que muito comumente,
Espíritos simpáticos aos nossos Guias Espirituais, ou, por determinação destes,
podem vir a nos atender.
Para que melhor
compreendamos como se dá a substituição, usam os Espíritos da seguinte
analogia: quando nós encarnados, não podemos por alguma razão realizar
pessoalmente alguma atividade, ou missão, enviamos alguém de nossa confiança
para que nos represente agindo em nosso nome. Portanto, a questão do nome é o
de menos, pois o que importa é a certeza da existência desse Guia Espiritual
que segundo os Espíritos da Codificação, conheceremos a sua identidade e o
reconheceremos quando estivermos na vida espírita, pois freqüentemente, já o
conhecemos de outras encarnações.
Quanto à
possibilidade de um pai, ou uma mãe, virem a se tornar o Espírito protetor do
filho ou filha sobrevivente, nos dizem os Mestres Espirituais, que para que um
Espírito se torne “protetor” de alguém, deverá ter um certo grau de elevação,
além de um poder e uma virtude a mais, concedidos por Deus. Portanto, quando o
Espírito de pais ou mães, protegem filhos ou filhas, estarão certamente sendo
assistidos por um Espírito mais elevado, pois seu poder é mais ou menos
restrito à posição evolutiva em que se encontram, não lhes sendo permitido sempre,
inteira liberdade de ação. (LE., Cap. XIX, Livro II, p. 507/508)
Outra questão a ser
aventada, trata da possibilidade de termos vários Espíritos protetores. À esse
respeito, nos dizem os Mestres espirituais que “cada homem tem sempre
Espíritos “simpáticos”, mais ou menos elevados, que lhe dedicam
afeição e se interessam por ele, como há também, os que lhe assistem no mal.”
Acrescentam, que esses Espíritos “simpáticos”, “às vezes podem ter uma
missão temporária, mas em geral são apenas solicitados pela similitude de
pensamentos e de sentimentos, no bem como no mal”, posto que, “o homem
encontra sempre Espíritos que simpatizam com ele, qualquer que seja o seu
caráter.” (grifei) (LE., Cap. XIX, Livro II, p. 512/513 e 513-a)
Objetivando uma
melhor compreensão do que foi exposto, vou me apropriar do fechamento feito por
Kardec, quando assim resumiu as explicações dadas pelos Mestres Espirituais
sobre a natureza dos Espíritos que se ligam ao homem:
- O Espírito
protetor, anjo da guarda ou bom gênio, é aquele que tem por missão seguir o
homem na vida e o ajudar a progredir. É sempre de uma natureza superior à do
protegido.
- Os Espíritos
familiares se ligam a certas pessoas por meio de laços mais ou menos
duráveis, com o fim de ajudá-las na medida de seu poder, freqüentemente
bastante limitado. São bons, mas às vezes pouco adiantados e mesmo levianos;
ocupam-se voluntariamente de pormenores da vida íntima e só agem por ordem
ou com permissão dos Espíritos protetores.
- Os Espíritos
simpáticos são os que atraímos a nós por afeições particulares e uma
certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto no bem como no mal.
A duração de sua relações é quase sempre subordinada às circunstâncias.
Para finalizar,
estejamos cientes e confiantes de que “todos nós” seres humanos encarnados e
desencarnados, enquanto estivermos em uma condição de elevação espiritual
sofrível, vinculados aos mais diversos vícios morais, reencarnando em planetas
de provas, expiação, regeneração, teremos por necessidade de amparo e orientação,
um Espírito protetor de alta elevação - por isso não visível. A esse amoroso
Guia Espiritual, poderemos atribuir o nome que quisermos, pois ele nos atenderá
sempre, independentemente de “nomes“ - pois ele não tem nome de Espíritos
conhecidos na Terra. Estejamos atentos aos nossos “pressentimentos“, pois nosso
Anjo Guardião, se comunica conosco através de intuições e pressentimentos.
Nosso Guia Espiritual é o amigo que mais nos conhece, por nos acompanhar em
numerosas jornadas reencarnatórias, estando sempre presente nos momentos mais
solitários, infelizes, dolorosos, como nos momentos mais felizes de nossa vida!
E por fim, tenhamos a certeza, que será ele a nos recepcionar quando do nosso
retorno ao mundo espiritual, quando para nossa alegria, o reconheceremos e o
identificaremos! Haverá algo mais consolador?
Fonte; http://umolharespirita1.blogspot.com.br/
Emocionante,para quem tem o coração de "sentir"!
ResponderExcluirA certeza de termos ao nosso lado esse ser iluminado,que nos conduz a um futuro mais feliz é gratificante.
Obrigada amigo,por mais esta belíssima postagem.
Abraços Fraternos Nana,
ResponderExcluirContinue deixando seus comentários,
Bom Domingo,