Paulo da Silva Neto Sobrinho
Vale
mais pecar por excesso de prudência do que por excesso de confiança.
(KARDEC)
Numa reunião de estudos doutrinários, um
frequentador principiante dirigiu-nos a seguinte pergunta: poderia ocorrer a
gravidez de espíritos? Ao que lhe respondemos: até onde nós sabemos não.
Retrucou-nos: mas existe um livro espírita, citando-lhe o título, que fala
disso. Não o conhecíamos; entretanto, dissemos-lhe que iríamos procurar estudá-lo,
pois não poderíamos emitir opinião sobre algo de que não tínhamos nenhum
conhecimento; isso não seria muito ético.
Fomos, então, buscar a informação no livro Infinitas Moradas, do qual
transcreveremos uma parte. É um trecho específico de um suposto diálogo entre o
Dr. Inácio Ferreira com Odilon Fernandes; ambos, já na condição de espíritos
desencarnados. Inicia-se com a fala de Dr. Inácio:
- Com tanta grandeza
acima de nossas cabeças e nós insistindo em continuar a ver o que temos sob os
pés!... Por mais me esforce, eu não entendo esse pessoal que deixa o corpo e
prossegue na mesma... Não era para que, deste Outro Lado, tivéssemos hospitais,
vales de expiação e nem tampouco regiões trevosas. Nem esses nossos irmãos com problemas de deformidade no corpo espiritual,
ao ponto de necessitarem praticamente de um novo nascimento por aqui, com a
finalidade de readquirirem a forma humana, antes de um novo mergulho na carne.
- É um tema que transcende este, Inácio, sobre
o qual, infelizmente, não devemos nos aprofundar com os nossos companheiros
encarnados que, a bem da verdade, ainda revelam dificuldade para aceitar a
Reencarnação como ela é... Eles não
entenderiam a “gravidez” perispiritual nas regiões inferiores, onde seres que
padecem aberrações de forma carecem de um renascimento como recurso
terapêutico. Deixemos que a semente da ideia floresça naturalmente. Se se
“morre” por aqui, por que também não se renasceria?...
- Ou nasceria, não é?
- Sim, ou nasceria, pois, se os Espíritos
Superiores confirmaram a Allan Kardec que em a Natureza nada dá saltos, como
explicar-se, por exemplo, sem elementos de transição em nosso Plano, a primeira
encarnação humana do princípio espiritual? O
corpo humano não está apto a receber entidades primárias, sem que o seu
organismo perispiritual tenha, antes, humanizado a forma. Os primeiros
nascimentos acontecem aqui!... Mas, repito, talvez isto seja muito para a
cabeça de quantos ainda não conseguiram, por si mesmos, intuir semelhante
realidade. O assunto tem gerado polêmicas, e não podemos comprometer a tarefa
que, apesar dos pesares, tem produzido frutos de significativa qualidade.
- Talvez eu tenha me
excedido...
(BACCELLI,
2003, p. 59-60) (grifo nosso).
Bom, não há dúvida alguma
sobre o que o nosso companheiro nos informou a respeito de haver um livro
abordando o assunto da gravidez de espíritos, que se trata, obviamente, de
assunto inédito no meio espírita.
Como estudioso da Doutrina
Espírita e, especialmente, por estar, momentaneamente, exercendo a função de
instrutor, cabe-nos o dever de verificar se encontraremos apoio para isso nas
obras básicas da codificação, uma vez que, como o próprio Kardec disse, a
opinião de um espírito não passa apenas de uma opinião e dela não podemos
assentar base para ponto doutrinário, conforme podemos confirmar nestas suas
falas, transcritas da Revista Espírita, dos anos de 1865 e 1866,
respectivamente:
O Espiritismo não é mais
a obra de um único Espírito como não é a de um único homem; é a obra dos
Espíritos em geral. Segue-se que a
opinião de um Espírito sobre um princípio qualquer não é considerada pelos
Espíritos senão como uma opinião individual, que pode ser justa ou falsa, e não
tem valor senão quando é sancionada pelo ensino da maioria, dado sobre os
diversos pontos do globo. Foi esse ensino universal que fez o que ele é, e
que fará o que será. Diante desse poderoso critério caem necessariamente todas
as teorias particulares que sejam o produto de ideias sistemáticas, seja de um
homem, seja de um Espírito isolado. Uma ideia falsa pode, sem dúvida, agrupar
ao seu redor alguns partidários, mas não prevalecerá jamais contra aquela que é
ensinada por toda a parte. (KARDEC, 2000a, p. 306) (grifo nosso).
Quando tratarmos essas questões, o faremos sem
cerimônia; mas é que, então, teremos recolhido os documentos bastante
numerosos, nos ensinos dados de todos os lados pelos Espíritos, para poder
falar afirmativamente e ter a certeza de estar de acordo com a maioria; é assim
que fazemos todas as vezes que se trata de formular um princípio capital. Nós os dissemos cem vezes, para nós a
opinião de um Espírito, qualquer que seja o nome que traga, não tem senão o
valor de uma opinião individual; nosso critério está na concordância universal,
corroborada por uma rigorosa lógica, para as coisas que não podemos controlar
por nossos próprios olhos. De que nos serviria dar prematuramente uma
doutrina como uma verdade absoluta, se, mais tarde, ela devesse ser combatida
pela generalidade dos Espíritos? (KARDEC, 1993c, p. 191) (grifo nosso).
Fica
claro que a opinião pessoal de um espírito não faz corpo de doutrina.
Acrescentamos, por nossa conta, que a opinião de um espírita, seja ele quem
for, também não faz corpo doutrinário.
Conforme
se vê em Obras Póstumas Kardec desde
o ano de 1855, ou seja, bem no início da Codificação, já conseguira formar
conceito disso, cujo motivo nos explica:
Um dos primeiros
resultados de minhas observações foi que os
Espíritos, não sendo outros senão as almas dos homens, não tinham a soberana
sabedoria, nem a soberana ciência; que o seu saber estava limitado ao grau de
seu adiantamento, e que a sua opinião não tinha senão o valor de uma opinião
pessoal. Essa verdade, reconhecida desde o princípio, me preservou do
grande escolho de crer em sua infalibilidade, e me impediu de formular teorias
prematuras sobre o dizer de um só ou de alguns. (KARDEC, 2006, p. 299) (grifo
nosso).
Dessa forma, Kardec
preservou-se de crer na infalibilidade dos espíritos, algo que também não
podemos deixar de considerar, sob pena de cairmos nas malhas de espíritos
pseudossábios, “que se comprazem vendo editados suas fantasias e utopias e isso
por homens que conseguiram enlear a ponto de fazê-los aceitar, de olhos
fechados, tudo quanto lhes debitam, oferecendo alguns poucos grãos de boa qualidade
em meio ao joio”. (KARDEC, 2000b, p. 96).
Inicialmente, veremos que, em O Livro dos Espíritos, à pergunta de
Kardec se os Espíritos tinham sexo (200), a resposta dos Espíritos foi: “Não
como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor
e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.” (KARDEC, 1995a, p.
134).
Segundo podemos entender dessa resposta, por
lhes faltar uma organização física, os espíritos não têm sexo. Se não há sexo,
como haveria a relação sexual para a consequente fecundação do óvulo pelo
espermatozoide? Além disso, onde o gameta fecundado se fixaria?
Da resposta dos Espíritos à questão 822a,
transcrevemos este trecho: “Os sexos, além disso, só existem na organização
física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto
nenhuma diferença há entre eles” (KARDEC, 1995a, p. 381) e acrescentamos do
próprio Kardec: “Não se sabe, de resto, que os Espíritos só têm sexo para a
encarnação?” (KARDEC, 2000b, p. 107), mantém-se, portanto, coerência com o que
foi dito anteriormente.
Mais à frente, quando o assunto é a evolução
do princípio inteligente, especificamente no momento que ele sai do reino
animal para estagiar no reino hominal, à pergunta (607b), feita por Kardec aos
espíritos, se o período de humanização principia na Terra, eles respondem que
“a Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período da
humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra” (KARDEC,
1995a, p. 300).
Vindo do reino animal,
obviamente, com um perispírito adequado àquele reino, ele, o princípio
inteligente, não se liga a um corpo humano igual ao nosso, mas a um corpo
humano muito mais próximo ao dele, adaptado às condições ambientais dos
planetas primitivos. Esse corpo humano, tão análogo ao dos animais, não oferece
nenhuma dificuldade de adaptação a esse novo estágio evolutivo pelo qual ele
passa. Certamente que isso não ocorre de um dia para o outro, mas em milhares
de anos, sem que haja solução de continuidade: “tudo se encadeia na Natureza”.
Foi o que aconteceu aqui na Terra, quando ainda era um planeta primitivo, com
os seres dos quais descendemos, que mais pareciam animais que propriamente
seres humanos da forma que somos hoje. Kardec, tecendo considerações sobre a
hipótese da origem do corpo humano, disse que “como em a Natureza não há
transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra
pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela
inteligência.” (KARDEC, 1995b, p. 213).
Assim, podemos perceber que
a transição do princípio inteligente do reino animal para o hominal ocorreu num
corpo físico adequado àquela fase, e na época em que a Terra ainda era um
planeta primitivo, transição essa que, pelo que entendemos, deita por terra a
afirmativa de que “O corpo humano não
está apto a receber entidades primárias, sem que o seu organismo
perispiritual tenha, antes, humanizado a forma. Os primeiros nascimentos acontecem aqui!...” (grifo nosso), dita no
diálogo entre os dois espíritos – Dr. Inácio e Odilon.
Em O Céu e o Inferno, no capítulo II, da segunda parte, quando dos
relatos sobre as manifestações dos Espíritos Felizes, encontramos a afirmativa
de que “os Espíritos não se reproduzem” e que “os Espíritos não podem ter sexo”.
Kardec, em nota, explica: “Sempre disseram que os Espíritos não têm sexo, sendo
este apenas necessário à reprodução dos corpos. De fato, não se reproduzindo, o
sexo ser-lhes-ia inútil.” (KARDEC, 1995c, p. 183). Assim, fica claro que os
Espíritos não se reproduzem; por conseguinte, não há como se falar em gravidez
de Espírito, que, se ocorresse, aí sim, teríamos a tal gravidez perispiritual.
Na
Revista Espírita 1859, Kardec trata dos agêneres, que assim
define em O Livro dos Médiuns: “É o
estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de uma
pessoa viva, ao ponto de causar completa ilusão. (Do grego – a, privativo, e -
géiné, géinomaï, gerar; que não foi gerado.)” (KARDEC, 1996, p. 485) que, após
tecer vários comentários, faz várias perguntas ao Espírito São Luís, das quais,
destacamos: “Podem eles procriar? -R. Deus não lhes permitiria; seria contrário
às leis que estabeleceu para a Terra; elas não podem ser elididas”. (KARDEC,
1993a, p. 39). Os agêneres não podem, pois, procriar porque ainda estão na
condição de Espíritos desencarnados; é simples, não?
Novamente, encontraremos
Kardec falando sobre o assunto na Revista
Espírita, anos 1862 e 1866:
De outro lado, é preciso
considerar que os Espíritos se desmaterializam à medida que se elevam e se
depuram; que não é senão nas classes inferiores que a encarnação é material;
para os Espíritos superiores, não há
mais encarnação material, e, consequentemente, mais procriação, porque a
procriação é para o corpo e não para o Espírito. […] (KARDEC, 1993b, p.
219) (grifo nosso).
As
almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que as une
nada têm de carnal, e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque são fundadas
sobre uma simpatia real, e não são subordinadas às vicissitudes da matéria.
[...]
Os sexos não existem senão no organismo; são
necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos, sendo a criação
de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, é por isto que os sexos seriam
inúteis no mundo espiritual. (KARDEC, 1993c, p. 3) (grifo nosso).
Essas duas falas resumem
tudo quanto de mais importante poderíamos encontrar na codificação; não
precisaríamos de mais nada; mas, ainda vamos continuar a nossa pesquisa em
outras obras.
Vamos, agora, recorrer ao espírito André Luiz,
autor espiritual da obra Evolução em
dois mundos, pela psicografia de Chico Xavier, para elucidarmos ainda mais
esse assunto. André Luiz cita uma situação onde será necessário recompor a
forma espiritual humana, conforme podemos ler quando ele fala sobre o monoideísmo:
Estabelece-se nele o monoideísmo pelo qual os outros desejos
se lhe esmaecem no íntimo.
Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou
se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede
do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos
pensamentos em circuito fechado sobre si mesmo, quais implementos potenciais do
germe vivo entre as paredes do ovo.
Em tais circunstâncias, se o monoideísmo é somente reversível através da reencarnação, a
criatura humana desencarnada, mantida a justa distância, lembra as bactérias
que se transformam em esporos quando as condições de meio se lhes apresentam
inadequadas, tornando-se imóveis e resistindo admiravelmente ao frio e ao
calor, durante anos, para regressarem ao ciclo de evolução que lhes é peculiar,
tão logo se identifiquem, de novo, em ambiente propício.
Sentindo-se em clima
adverso ao seu modo de ser, o homem primitivo, desenfaixado do envoltório
físico, recusa-se ao movimento na esfera extrafísica, submergindo-se lentamente, na atrofia das células que lhe tecem o
corpo espiritual, por monoideísmo auto-hipnotizante, provocado pelo pensamento
fixo-depressivo que lhe define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico.
Nesse período, afirmamos
habitualmente que o desencarnado perdeu
o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovoide (7), o que
ocorre, aliás, a inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilíbrio,
cabendo-nos notar que essa forma, segundo a nossa maneira atual de percepção,
expressa o corpo mental da individualidade, a encerrar consigo, conforme os
princípios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de
exteriorização da alma, nos círculos terrestres e espirituais, assim como o
ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã, ou como a
semente minúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em
que se transformará no porvir.
_____
(7) Ver no livro
“Libertação”, do mesmo Autor espiritual, recebido pelo médium Francisco Cândido
Xavier, capítulos 6º e 7º, págs. 84 e seguintes, observações sobre estas formas
ovoides. — (Nota da Editora.)
(XAVIER, 1987, p. 90-91)
(grifo nosso).
Portanto, “na próxima
dimensão”, alguns Espíritos perdem a forma perispiritual humana para se
transformarem em ovoides. Poderiam eles reencarnar nessas condições? Teriam a
necessidade de retomar à forma humana? Enfim, o que acontecerá nessa situação?
Vamos, ainda, continuar recorrendo a André Luiz que, mais à frente, diz da
necessidade da reencarnação, de uma forma geral:
FORMA CARNAL - Todavia,
assim como o germe para desenvolver-se no ovo precisa aquecer-se ao calor da
ave que o acolha maternalmente ou do ambiente térmico apropriado, no recinto da
chocadeira, e assim como a semente, para liberar os princípios germinativos do
vegetal gigantesco em que se converterá, não prescinde do berço tépido no solo,
os Espíritos desencarnados, sequiosos de
reintegração no mundo físico, necessitam do vaso genésico da mulher que com eles
se harmoniza, nas linhas da afinidade e, consequentemente, da herança, vaso
esse a que se aglutinam, mecanicamente, e onde, conforme as leis da
reencarnação, operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos
reinos inferiores da Natureza.
Assimilando recursos orgânicos com o auxílio
da célula feminina, fecundada e fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a
mente elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático, atraindo para os
seus moldes ocultos as células físicas a se reproduzirem por cariocinese, de
conformidade com a orientação que lhes é imposta, isto é, refletindo as
condições em que ela, a mente desencarnada, se encontra.
Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma
carnal, novo veículo ao Espírito, que se
refaz ou se reconstitui em formação recente, entretecido de células sutis,
veículo este que evoluirá igualmente depois do berço e que persistirá depois do
túmulo. (XAVIER, 1987, p. 91-92) (grifo nosso).
Deixa clara a questão do
Espírito ter que cumprir a lei da reencarnação, entrando, novamente, num corpo
feminino, via óvulo fecundado, para seguir o curso normal do processo
reencarnatório; e, em especial, para os casos dos Espíritos em forma de
ovoides, ele diz:
Os Espíritos
categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo
tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se
agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenômeno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente
atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que
lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade, como
acontece à semente, que, após desligar-se do fruto seco, germina no solo,
segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor
ambiencial. (XAVIER, 1987, p. 152-153) (grifo nosso).
Assim é que, mesmo neste
caso, há a necessidade da ligação do Espírito em forma de ovoide com o óvulo já
fecundado, sem outro procedimento a não ser a redução perispiritual.
Interessante é que há, para os reencarnantes, o ato de “restringimento do corpo
espiritual” para ligá-lo ao óvulo. Curioso é que o processo de redução
perispiritual para a reencarnação é bem semelhante ao ocorrido na ovoidização
do perispírito, por fixação mental do Espírito, ainda preso a sentimentos
inferiores, dos quais, parece, não querer largar mão.
O que aqui está sendo dito vem contrariar o
que foi afirmado no livro, que estamos analisando, de que Espíritos “com
problemas de deformidade no corpo espiritual, ao ponto de necessitarem
praticamente de um novo nascimento por aqui, com a finalidade de readquirirem a
forma humana, antes de um novo mergulho na carne”, uma vez que tal processo
ocorre realmente numa nova encarnação física no nosso plano.
Podemos, ainda, para corroborar isso, trazer
mais a informação ditada pelo espírito Adamastor, na obra Ícaro redimido:
A ovoidização é uma das
pungentes enfermidades que pode acometer o espírito depois da morte. Consiste
na perda da consciência ativa, quando o eu consciente desmorona-se
completamente, em decorrência de atrozes e insuportáveis sofrimentos,
voltando-se sobre si mesmo, anulando-se e perdendo todo o contato com a
realidade. A atividade consciente da alma entra em letargia, refugiando-se nas
camadas do subconsciente. O pensamento contínuo se fragmenta, perdendo seu fio
de condução, e a estrutura perispiritual se desfigura completamente, desfazendo
sua natural conformação humana, adquirindo o formato aproximado de um ovo,
cujas dimensões se aproximam de um crânio infantil. O processo é em tudo
semelhante ao das bactérias que se encistam diante de condições adversas de
vida, aguardando novas oportunidades para retornarem à atividade normal. A ovoidização é processo incurável no plano
espiritual, sendo uma das mais graves enfermidades de nosso mundo, e somente pode ser revertido em
reencarnações expiatórias, quando o espírito reencontra-se com novo
ambiente de manifestação e pode refazer o metabolismo do seu consciente. Várias reencarnações, porém, se consomem em
tentativas frustradas, de modo que a perda evolutiva é imensa para estes
infelizes seres. Muitos regridem a
condições tão primárias da vida humana que necessitam reencarnar entre povos
primitivos, a fim de suportar-lhes a grave patologia, sem se desfazerem em
malformações congênitas incompatíveis com a biologia humana. [...] (FREIRE,
2002, p. 28) (grifo nosso).
Juntamos, também, a essa
nossa pesquisa, o pensamento do escritor espírita Eurípides Khül, em seu estudo
do capítulo XII – Alma e desencarnação, do livro Evolução em dois mundos. Leiamos:
5)
O que são os ovoides e qual a origem de sua existência no mundo espiritual?
R
- Ovoides são os espíritos que, ainda na fase primitiva da evolução, assumem a
forma de ovo, após a desencarnação, em consequência de sua incapacidade em se
adaptar à nova maneira de viver, agora no mundo espiritual. A ideia fixa,
única, auto-hipnotizante, de renascer na carne, mantém o seu psiquismo ligado
na vida carnal e magnetiza-lhe a mente, reprimindo outros estímulos aos órgãos
do corpo espiritual, que se retraem e atrofiam, por falta de função. Voltam-se,
então, esses órgãos, para a mente, onde se deixam dominar pelos pensamentos.
Suas células são atrofiadas pela ideia única de retorno ao veículo físico. É um processo semelhante ao encolhimento do
perispírito por ocasião da reencarnação. Enquanto perdura esta situação, o
espírito perde a forma humana, assumindo a forma ovoide. O formato de ovo se explica por ser este o berço onde se dá inicio ao
processo de renascimento de vários seres, inclusive do próprio homem, que tem o
seu corpo físico gerado no óvulo da mãe. Daí por que a mente desses
espíritos, fixados na ideia de renascerem para a vida física, plasmam a forma
ovoide.
Assim permanecem até que surja nova
oportunidade reencarnatória. Com o processo de reencarnação iniciado, assimilam
novos recursos orgânicos, utilizando-se do auxílio de células dos pais. Sua
mente passa a elaborar o novo veículo fisiológico, em moldes cuja orientação
lhe é imposta. Plasma, desta maneira, nova forma carnal, novo veículo físico,
para o que refaz e reconstitui o perispírito, readquirindo a forma humana.
André Luiz compara essas criaturas a algumas
bactérias que, apartadas do seu meio ambiente, tornam-se incólumes ao frio e ao
calor, mantendo-se imóveis por longos períodos, mas que entram em atividade tão
logo sejam alocadas no ambiente que lhes seja peculiar.
6) Como é plasmada a nova forma carnal na qual
o espírito reencarnante se expressará?
R - Para que se dê o processo reencarnatório que o libertará da forma
ovoide, o espírito reencarnante necessita do organismo genésico da futura mãe,
com a qual tem afinidade e da qual herdará características físicas, para
assimilar recursos orgânicos através da célula feminina, fecundada pelo gene
paterno. Sua mente, então, elabora, por si mesma, novo veículo
fisiopsicossomático, atraindo células físicas que se reproduzem de conformidade
com a orientação que lhe é imposta e refletindo o seu estado evolutivo. Plasma,
assim, a nova forma carnal, que irá repercutir no perispírito, através de
células sutis, promovendo alterações no corpo espiritual desde o renascimento e
que irão perdurar após o túmulo.
(Fonte: Centro Virtual de Divulgação e Estudos
do Espiritismo, Internet) (grifo nosso).
Portanto, temos, aqui, pela opinião
desse autor, que é necessária a reencarnação para que o Espírito readquira
novamente a forma perispiritual humana.
Voltemos à obra Evolução em dois mundos, porquanto
algo importante nela ainda temos para apresentar:
VIDA
NA ESPIRITUALIDADE - Na moradia de continuidade para a
qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas leis de gravitação que
controlam a Terra, com os dias e as noites marcando a conta do tempo, embora os
rigores das estações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que asseguram
a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e quase uniforme,
como se os equinócios e solstícios entrelaçassem as próprias forças,
retificando automaticamente os excessos de influenciação com que se dividem.
Plantas
e animais domesticados pela inteligência humana, durante milênios, podem ser aí
aclimatados e aprimorados, por determinados períodos de existência, ao fim
dos quais regressam aos seus núcleos de origem no solo terrestre, para que
avancem na romagem evolutiva, compensados com valiosas aquisições de
acrisolamento, pelas quais auxiliam a flora e a fauna habituais à Terra, com os
benefícios das chamadas mutações espontâneas.
As
plantas, pela configuração celular mais simples, atendem, no plano extrafísico,
à reprodução limitada, aí deixando descendentes que, mais tarde, volvem também
à leira do homem comum, favorecendo, porém, de maneira espontânea, a
solução de diferentes problemas que lhes dizem respeito, sem exigir maior
sacrifício dos habitantes em sua conservação.
Ao longo dessas vastíssimas regiões de matéria
sutil que circundam o corpo ciclópico do Planeta, com extensas zonas
cavitárias, sob as linhas que lhes demarcam o início de aproveitamento, qual se
observa na crosta da própria Terra, a estender-se da superfície continental até
o leito dos oceanos, começam as povoações felizes e menos felizes, tanto quanto
as aglomerações infernais de criaturas desencarnadas que, por temerem as
formações dos próprios pensamentos, se refugiam nas sombras, receando ou
detestando a presença da luz. (XAVIER, 1987, p. 96-97) (grifo nosso).
Observar, caro leitor, que
André Luiz cita as plantas e os animais na espiritualidade; porém, quanto à
reprodução ele restringe apenas às plantas e mesmo assim de forma limitada por
possuírem “configuração celular mais simples”. Isso torna fato que os animais
não se reproduzem no plano espiritual, por terem uma “configuração celular mais
complexa”; então, cabe-nos perguntar: por que motivo especial a espécie humana
reproduzir-se-ia, considerando que tem configuração celular tão complexa quanto
à dos animais?
À pergunta do Dr. Inácio: “E
nascem criança por aqui?...”, respondeu André Luiz: “É claro que sim,...”
(BACCELLI, 2002, p. 215), não deixa dúvida de que se fala mesmo da gravidez
como algo real. Entretanto, por esse estudo, concluímos que a gravidez
perispiritual de Espíritos, seguindo-se a ideia do que ocorre aqui na terra,
não é uma possibilidade real, porquanto são outras as leis que regem o mundo
espiritual. Aliás, se ela ocorresse, só poderia ser mesmo a nível
perispiritual, já que o corpo do Espírito, na dimensão espiritual, é o
perispírito. Obviamente, essa não deixa de ser também uma opinião pessoal, mas
nosso objetivo não é levar o leitor a aceitá-la; mas, apenas provocar-lhe uma
reflexão sobre o assunto, de forma a encontrarmos uma solução para o problema
levantado. E, que fique claro, que não estamos contra ninguém; apenas
analisamos as opiniões, o que, certamente, acontecerá conosco em relação ao que
aqui estamos falando.
Referências bibliográficas:
BACCELLI,
C. A. Infinitas Moradas. Uberaba –
MG: LEEPP, 2003.
BACCELLI,
C. A. Na próxima dimensão. Uberaba –
MG: LEEPP, 2002.
FREIRE, G.
T. Ícaro redimido: a vida de Santos Dumont
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KARDEC, A. A Gênese. Rio de Janeiro: FEB, 1995b.
KARDEC, A.
O Céu e o Inferno. Rio de Janeiro:
FEB, 1995c.
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O Livro dos Espíritos. Rio de
Janeiro: FEB, 1995a.
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KARDEC, A. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB,
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KARDEC, A.
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Revista Espírita 1862. Araras, SP:
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Revista Espírita 1866. Araras, SP:
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KARDEC, A.
Viagem Espírita em 1862. Matão, SP:
O Clarim, 2000b.
XAVIER, F.
C. Evolução em dois mundos. Rio de
Janeiro: FEB, 1987.
Centro
Virtual de Divulgação e Estudos do Espiritismo, Estudo: Alma e desencarnação:
http://www.cvdee.org.br/est_nltexto.asp?id=08&cap=12), acesso 11/12/2006,
20:35:hs.
(A versão original foi publicada na revista Espiritismo & Ciência nº 51,
ago/2007, p. 28-33)
Paulo
da Silva Neto Sobrinho
Dez/2006.
(revisado
jun/2012).
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PIRÂMIDES DO EGITO E O MUNDO ESPIRITUAL (NOVO)
LITERATURA
MEDIÚNICA
(NOVO)
A
DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO
CARTA
DE ALLAN KARDEC AO PRÍNCIPE G.
A
CIÊNCIA EM KARDEC
O
QUE PENSA O ESPIRITISMO
ESPIRITISMO
E FILOSOFIA
O
PROBLEMA DO DESTINO
PIONEIRISMO
E OPOSIÇÃO DA IGREJA
ESPIRITISMO
Ou será científico ou não subsistirá
ESTUDO
SEQUENCIAL OU SISTEMATIZADO?
CEM
ANOS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA
DIMENSÕES
ESPIRITUAIS DO CENTRO ESPÍRITA
O
ESPIRITISMO E A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
PRIMEIRO
LIVRO DE ALLAN KARDEC TRADUZIDO PARA O BRASIL
O
SEGREDO DE ALLAN KARDEC
A
DIMENSÃO ESPIRITUAL E A SAÚDE DA ALMA
O
ASPECTO FILOSÓFICO DA DOUTRINA ESPÍRITA
O
SILÊNCIO DO SERVIDOR
TALISMÃS,
FITINHAS DO “SENHOR DO BONFIM” E OUTROS AMULETOS NUM CONCISO COMENTÁRIO
ESPÍRITA
“CURANDEIROS
ENDEUSADOS”, CIRURGIÕES DO ALÉM – SOB OS NARCÓTICOS INSENSATOS DO COMÉRCIO
DILÚVIO
DE LIVROS “ESPÍRITAS” DELIRANTES
TRATAR
OU NÃO TRATAR: EIS A QUESTÃO
ATRAÇÃO
SEXUAL, MAGNETISMO, HOMOSSESUALIDADE E PRECONCEITO
RECORDANDO
A VIAGEM ESPÍRITA DE ALLAN KARDEC, EM 1862
OS
FRUTOS DO ESPIRITISMO
FALTA
DE MERECIMENTO OU DE ESTUDO?
FORA
DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
EURÍPIDES
E HÉCUBA
O
HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO
FONTE
DE PERFEIÇÃO
MESMERISMO
E ESPIRITISMO
VIVÊNCIAS
EVOLUTIVAS DE ALLAN KARDEC
AS
MESAS GIRANTES
RESGUARDEMOS
KARDEC
REFLEXÃO
SOBRE O LIVRE-ARBÍTRIO
AUTO
DE FÉ DE BARCELONA
ACERCA
DA AURA HUMANA
COMO
PODEMOS INTERPRETAR A FRASE DE JESUS: "A tua fé te curou"?
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/12/como-podemos-interpretar-frase-de-jesus.html