O
maior e mais prolífico médium psicógrafo do mundo em todas as épocas nasceu em
Pedro Leopoldo, modesta cidade de Minas Gerais, Brasil, em 2 de abril de 1910.
Vive, desde 1959, em Uberaba, no mesmo Estado. Completou o curso primário,
apenas. Pais: João Cândido Xavier e Maria João de Deus, desencarnados em 1960 e
1915, respectivamente. Infância difícil; foi caixeiro de armazém e modesto
funcionário público, aposentado desde 1958. Em 7 de maio de 1927 participa de
sua primeira reunião espírita. Até 1931 recebe muitas poesias e mensagens,
várias das quais saíram a público, estampadas à revelia do médium em jornais e
revistas, como de autoria de F. Xavier. Nesse mesmo ano, vê, pela primeira vez,
o Espírito Emmanuel, seu inseparável mentor espiritual até hoje.
O
menino Chico
Desde
os 4 anos de idade o menino Chico teve a sua vida assinalada por singulares
manifestações. Seu pai chegou, inclusive, a crer que o seu verdadeiro filho
havia sido trocado por outro... Aquele seu filho era estranho!... De formação
católica, o garoto orava com extrema devoção, conforme lhe ensinara D. Maria
João de Deus, a querida mãezinha, que o deixaria órfão aos 5 anos. Dentro de
grandes conflitos e extremas dificuldades, o menino ia crescendo, sempre puro e
sempre bom, incapaz de uma palavra obscena, de um gesto de desobediência. As
"sombras" amigas, porém, não o deixavam... Conversava com a mãezinha
desencarnada, ouvia vozes confortadoras. Na escola, sentia a presença delas,
auxiliando-o nas tarefas habituais. O certo é que os seus primeiros anos o
marcaram profundamente; ele nunca os esqueceu... A necessidade de trabalhar
desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi em sua vida, conforme ele
mesmo o diz, uma bênção indefinível.
Sim,
a doença também viera precocemente fazer-lhe companhia. Primeiro os pulmões,
quando trabalhava na tecelagem; depois os olhos; agora é a angina.
Começo
do seu mediunato
Francisco
Cândido Xavier (Chico Xavier) iniciou, publicamente, seu mandato mediúnico em 8
de julho de 1927, em Pedro Leopoldo. Contando 17 anos de idade, recebeu as
primeiras páginas mediúnicas. Em noite memorável, os Espíritos deram início a
um dos trabalhos mais belos de toda a história da humanidade. Dezessete folhas
de papel foram preenchidas, celeremente, versando sobre os deveres do
espírita-cristão.
Depoimento
de Chico Xavier: (...) "Era uma noite quase gelada e os companheiros que
se acomodavam junto à mesa me seguiram os movimentos do braço, curiosos e
comovidos. A sala não era grande, mas, no começo da primeira transmissão de um
comunicado do mais Além, por meu intermédio, senti-me fora de meu próprio corpo
físico, embora junto dele. No entanto, ao passo que o mensageiro escrevia as
dezessete páginas que nos dedicou, minha visão habitual experimentou
significativa alteração. As paredes que nos limitavam o espaço desapareceram. O
telhado como que se desfez e, fixando o olhar no alto, podia ver estrelas que
tremeluziam no escuro da noite. Entretanto, relanceando o olhar no ambiente,
notei que toda uma assembléia de entidades amigas me fitavam com simpatia e
bondade, em cuja expressão adivinhava, por telepatia espontânea, que me
encorajavam em silêncio para o trabalho a ser realizado, sobretudo, animando-me
para que nada receasse quanto ao caminho a percorrer."
Emmanuel
e duas orientações para o resto da vida
Emmanuel,
nos primórdios da mediunidade de Chico Xavier, deu-lhe duas orientações básicas
para o trabalho que deveria desempenhar. Fora de qualquer uma delas, tudo seria
malogrado. Eis a primeira.
-
"Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?"
-
Sim, se os bons espíritos não me abandonarem... -respondeu o médium.
-
Não será você desamparado - disse-lhe Emmanuel - mas para isso é preciso que
você trabalhe, estude e se esforce no bem.
-
E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? - tornou o
Chico.
-
Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o
Serviço... Porque o protetor se calasse o rapaz perguntou:
-
Qual é o primeiro? A resposta veio firme:
-
Disciplina.
-
E o segundo?
-
Disciplina.
-
E o terceiro?
-
Disciplina.
"
A segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim
relembrada: - "Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me
preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu
deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan
Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que
não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia
permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.
Em
1932 publica a FEB seu primeiro livro, o famoso "Parnaso de
Além-Túmulo"; hoje as obras que psicografou vão a mais de 400. Várias
delas estão traduzidas e publicadas em castelhano, esperanto, francês, inglês,
japonês, grego, etc.
De
moral ilibada, realmente humilde e simples, Chico Xavier jamais auferiu
vantagens, de qualquer espécie, da mediunidade. Sua vida privada e pública tem
sido objeto de toda especulação possível, na informação falada, escrita e
televisionada. Ápodos e críticas ferinas, têm-no colhido de miúdo, sabendo
suportá-los com verdadeiro espírito cristão.
Viajou
com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos e à Europa, onde visitaram a
Inglaterra, a França, a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço da
Doutrina Espírita.
Chico
Xavier é hoje uma figura de projeção nacional e internacional, suas entrevistas
despertam a atenção de milhares de pessoas, mesmo alheias ao Espiritismo; tem
aparecido em programas de TV, respondendo a perguntas as mais diversas,
orientando as respostas pelos postulados espíritas.
Já
recebeu o título de Cidadão Honorário de várias cidades: Rio Preto, São
Bernardo do Campo, Franca, Campinas, Santos, Catanduva, em São Paulo;
Uberlândia, Araguari e Belo Horizonte, em Minas Gerais; Campos, no Estado do
Rio de Janeiro, etc., etc.
Dos
livros que psicografou já se venderam mais de 12 milhões de exemplares, só dos
editados pela FEB, em número de 88. "Parnaso de Além-Túmulo", a
primeira obra publicada em 1932, provocou (e comprovou) a questão da
identificação das produções mediúnicas, pelo pronunciamento espontâneo dos
críticos, tais como Humberto de Campos, ainda vivo na época, Agripino Grieco,
severo crítico literário, de renome nacional, Zeferino Brasil, poeta gaúcho,
Edmundo Lys, cronista, Garcia Júnior, etc. Prefaciando "Parnaso de
Além-Túmulo", escreveu Manuel Quintão: "Romantismo, Condoreirismo,
Parnasianismo, Simbolismo, aí se ostentam em louçanias de sons e de cores, para
afirmar não mais subjetiva, mas objetivamente, a sobrevivência de seus intérpretes.
É
ler Casimiro e reviver 'Primaveras'; é recitar Castro Alves e sentir 'Espumas
Flutuantes'; é declamar Junqueiro e lembrar a 'Morte de D. João'; é frasear
Augusto dos Anjos e evocar 'Eu'." Romances históricos formam a série
Romana, de Emmanuel, composta de: "Há 2000 Anos...", "50 Anos
Depois", "Ave, Cristo!", "Paulo e Estevão", provocando
a elaboração do "Vocabulário Histórico-Geográfico dos Romances de
Emmanuel", de Roberto Macedo, estudo elucidativo dos eventos históricos
citados nas obras. "Há 2000 Anos..." é o relato da encarnação de
Emmanuel à época de Jesus. De Humberto de Campos (Espírito), aparece, em 1938,
o profético e discutido "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho", uma história de nossa pátria e dos fatos e ela ligados, em
dimensão espiritual. A série André Luiz é reveladora, doutrinária e científica;
com obras notáveis e a maioria completa, no tocante à vida depois da
desencarnação, obras anteriores, de Swedenborg, A. Jackson Davis, Cahagnet, G.
Vale Owen e outros.
Pertencem
a essa série: "Nosso Lar", "Os Mensageiros",
"Missionários da Luz", "Obreiros da Vida Eterna", "No
Mundo Maior", "Agenda Cristã", "Libertação",
"Entre a Terra e o Céu", "Nos Domínios da Mediunidade",
"Ação e Reação", "Evolução em dois Mundos",
"Mecanismos da Mediunidade", "Conduta Espírita", "Sexo
e Destino", "Desobsessão", "E a Vida Continua...". De
parceria com o médium Waldo Vieira, Chico Xavier psicografou 17 obras.
A
extraordinária capacidade mediúnica de Chico Xavier está comprovada pela grande
quantidade de autores espirituais, da mais elevada categoria, que por seu
intermédio se manifestam. Vários de seus livros foram adaptados para encenação
no palco e sob a forma de radionovelas e telenovelas. O dom mediúnico mais
conhecido de Francisco Xavier é o psicográfico. Não é, todavia, o único. Tem
ele, e as exercita constantemente, outras mediunidades, tais como: psicofonia,
vidência, audiência, receitista, e outras.
Sua
vida, verdadeiramente apostolar, dedicou-a, o médium, aos sofredores e
necessitados, provindos de longínquos lugares, e também aos afazeres
medianeiros, pelos quais não aceita, em absoluto, qualquer espécie de paga. Os
direitos autorais ele os tem cedido graciosamente a várias Editoras e Casas
Espíritas, desde o primeiro livro. Sua vida e sua obra têm sido objeto de
numerosas entrevistas radiofônicas e televisadas, e de comentários em jornais e
revistas, espíritas ou não, e em livros dos quais podemos citar: o opúsculo
intitulado "Pinga-Fogo, Entrevistas", obra publicada pelo Instituto
de Difusão Espírita, de Araras; "Trinta Anos com Chico Xavier", de
Clóvis Tavares; "No Mundo de Chico Xavier", de Elias Barbosa;
"Lindos Casos de Chico Xavier", de Ramiro Gama; "40 Anos no
Mundo da Mediunidade", de Roque Jacinto; "A Psicografia ante os
Tribunais", de Miguel Timponi; "Amor e Sabedoria de Emmanuel",
de Clóvis Tavares; "Presença de Chico Xavier", de Elias Barbosa;
"Chico Xavier Pede Licença", de Irmão Saulo, pseudônimo de Herculano
Pires; "Nosso Amigo Xavier", de Luciano Napoleão; "Chico Xavier,
o Santo dos Nossos Dias" e "O Prisioneiro de Cristo", de R. A.
Ranieri; “Chico Xavier - Mandato de Amor”, da U.E.M.; “As Vidas de Chico
Xavier”, de Marcel Souto Maior, etc.
O
caso de Humberto Campos
Desencarnado
em 1934 o festejado escritor brasileiro Humberto de Campos, o Espírito deste
iniciou, em 1937, pela mediunidade de Chico Xavier, a transmissão de várias
obras de crônicas e reportagens, todas editadas pela Federação Espírita
Brasileira, entre as quais sobressai “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho”. Eis senão quando, em 1944, a viúva de Humberto de Campos ingressa
em juízo, movendo um processo, que se torna célebre, contra a Federação
Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de obter uma
declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica “é ou não do ‘Espírito’ de
Humberto de Campos”, e que em caso afirmativo, se apliquem as sanções previstas
em Lei. O assunto causou muita polêmica e, durante um bom tempo, ocupou espaço
nos principais periódicos do País. Para que tenhamos uma idéia do que representou
o referido processo na divulgação dos postulados espíritas, resumimos aqui
alguns dos principais depoimentos da época extraídos da obra do Dr. Miguel
Timponi, o principal advogado que trabalhou na defesa do médium e da FEB.
Antes, porém, sintamos a beleza das palavras a seguir, enfeixadas no livro A
Psicografia ante os Tribunais: "Entretanto, lá do Nordeste, desse Nordeste
de encantamentos e de mistérios, a voz cheia de ternura e de emoção, de uma
velhinha santificada pela dor e pelo sofrimento, D. Ana de Campos Veras,
extremosa mãe do querido e popular escritor, rompeu o silêncio para ofertar ao
médium de Pedro Leopoldo a fotografia do seu próprio filho, com esta expressiva
dedicatória: 'Ao Prezado Sr. Francisco Xavier, dedicado intérprete espiritual
do meu saudoso Humberto, ofereço com muito afeto esta fotografia, como prova de
amizade e gratidão. Da crª. atª. Ana de Campos Veras Parnaíba, 21-5-38.’
Conforme se vê da edição de 'O Globo' de 19 de julho de 1944, essa exma.
senhora confirma que o estilo é do seu filho e assegura ao redator de 'O Povo'
e 'Press Parga': "- Realmente - disse dona Ana Campos - li emocionada as
Crônicas de Além-Túmulo, e verifiquei que o estilo é o mesmo de meu filho. Não
tenho dúvidas em afirmar isso e não conheço nenhuma explicação científica para
esclarecer esse mistério, principalmente se considerarmos que Francisco Xavier
é um cidadão de conhecimentos medíocres. Onde a fraude? Na hipótese de o
Tribunal reconhecer aquela obra como realmente da autoria de Humberto, é claro
que, por justiça, os direitos autorais venham a pertencer à família. No caso,
porém, de os juízes decidirem em contrário, acho que os intelectuais patriotas
fariam ato de justiça aceitando Francisco Cândido Xavier na Academia Brasileira
de Letras... Só um homem muito inteligente, muito culto, e de fino talento
literário, poderia ter escrito essa produção, tão identificada com a de meu
filho." Na noite de 15 de julho de 1944, quando o processo atingia o
clímax, o Espírito Humberto de Campos retorna pelo lápis do médium Chico
Xavier, tecendo, no seu estilo inconfundível, uma belíssima e emocionante
página sobre o triste problema levantado pela incompreensão humana, página que
pode ser devidamente apreciada no livro "A Psicografia ante os Tribunais".
Daí por diante, ele passou a assinar-se, simplesmente, Irmão X, versão
evangelizada do Conselheiro XX, como era conhecido nos meios literários quando
encarnado. A Autora, D. Catarina Vergolino de Campos, foi julgada carecedora da
ação proposta, por sentença de 23 de agosto de 1944, do Dr. João Frederico
Mourão Russell, juiz de Direito em exercício na 8ª Vara Cível do antigo
Distrito Federal. Tendo ela recorrido dessa sentença, o Tribunal de Apelação do
antigo DF manteve-a por seus jurídicos fundamentos, tendo sido relator o
saudoso ministro Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa.
O
amor de Chico Xavier por Jesus
Depoimento
de Chico Xavier: "(...) Deus nos permita a satisfação de continuar sempre
trabalhando na Grande Causa d'Ele, Nosso Senhor e Mestre. Desde criança, a
figura do Cristo me impressiona. Ao perder minha mãe, aos cinco janeiros de
idade, conforme os próprios ensinamentos dela, acreditei n'Ele, na certeza de
que Ele me sustentaria. Conduzido a uma casa estranha, na qual conheceria
muitas dificuldades para continuar vivendo, lembrava-me d'Ele, na convicção de
que Ele era um amigo poderoso e compassivo que me enviaria recursos de
resistência e ao ver minha mãe desencarnada pela primeira vez, com o cérebro
infantil sem qualquer conhecimento dos conflitos religiosos que dividem a
Humanidade, pedi a ela me abençoasse segundo o nosso hábito em família e lembro-me
perfeitamente de que perguntei a ela: - Mamãe, foi Jesus que mandou a senhora
nos buscar? Ela sorriu e respondeu: - Foi sim, mas Jesus deseja que vocês, os
meus filhos espalhados, ainda fiquem me esperando... Aceitei o que ela dizia,
embora chorasse, porque a referência a Jesus me tranqüilizava. Quando meu pai
se casou pela segunda vez e a minha segunda mãe mandou me buscar para junto
dela, notando-lhe a bondade natural, indaguei: - Foi Jesus quem enviou a
senhora para nos reunir? Ela me disse: - Chico, isso não sei... Mas minha fé
era tamanha que respondi: - Foi Ele sim... Minha mãe, quando me aparece, sempre
me fala que Ele mandaria alguém nos buscar para a nossa casa. E Jesus sempre
esteve e está em minhas lembranças como um Protetor Poderoso e Bom, não
desaparecido, não longe mas sempre perto, não indiferente aos nossos obstáculos
humanos, e sim cada vez mais atuante e mais vivo." Não se pode negar o
sentimento de veneração que envolve a nobre figura de Ismael, guia espiritual
do Brasil. A responsabilidade que detém, na condição de mentor da Federação
Espírita Brasileira suscita, da parte da comunidade espírita nacional, um
profundo respeito, aliado a um imenso carinho e uma suave ternura. Certa vez,
indagaram a Chico Xavier: - Como se processam os encontros, nas esferas
resplandecentes da Espiritualidade, de Emmanuel com Ismael? Qual a postura do
admirável Espírito do ex-senador romano, diante da também luminosa entidade a
quem confiou Jesus os destinos do Brasil? Resposta do médium, curta, serena e firme:
- De joelhos!
Breves
depoimentos sobre o médium Chico Xavier
A
bibliografia mediúnica, que foi acrescida à literatura espírita, nestes últimos
cinqüenta anos, nascida do lápis de Chico Xavier - e o espaço não nos permite,
sequer, considerações ligeiras sobre suas páginas -, é vultosa, considerável. É
qualitativamente admirável. Poderíamos, sem dificuldade, num exame sereno e com
absoluta isenção, dividir a obra mediúnica, orientada por Emmanuel, igualmente
em fases perfeitamente delineadas, dentro de duas grandes divisões: a primeira,
provando a sobrevivência e a imortalidade do espírito - 'Brasil, Coração do
Mundo, Pátria do Evangelho' - seguida de uma panorâmica da História universal -
'A Caminho da Luz' e de alguns manuais do maior valor: 'Emmanuel, Dissertações
Mediúnicas', 'O Consolador', 'Roteiro', etc. Enfim, muitos estudos
interessantes e instrutivos virão, a seu tempo. E a obra de Francisco Cândido
Xavier, criteriosamente traduzida, estará, tempestivamente, à disposição dos
leitores do mundo inteiro, juntamente com a de Allan Kardec e da dos autores
que cuidaram dos escritos subsidiários e complementares da Codificação. Mas,
enquanto isso, e para que tudo ocorra com a tranqüilidade que se almeja na
difusão conscienciosa e responsável da Doutrina dos Espíritos, seria de bom
alvitre não perder de vista o fato de que Chico Xavier jamais teria obtido
êxito, como instrumento do Alto, se não tivesse seguido a rígida disciplina que
lhe foi sugerida por Emmanuel, testemunhando e permanecendo na exemplificação
do amor ao próximo e do amor a Deus, vivendo o Evangelho.
Francisco
Thiesen Presidente da Federação Espírita Brasileira" (Fonte: "Revista
Internacional de Espiritismo", número 6, Ano LII, julho de 1977.) "
"..Não
me considero à altura para escrever algo sobre o Chico. Dele, dão testemunho (e
que testemunho!) as belas obras que semeou e semeia por esse Brasil afora, com
reflexos benéficos em diversas nações do mundo. E quando digo 'obras',
refiro-me não só à palavra escrita e falada, como também aos seus exemplos de
caridade, de perdão, de fé, de humildade, aos seus diálogos fraternos e
frutíferos, enfim, à sua multiforme vivência evangélica junto a pobres e ricos,
num trabalho diário de edificação e levantamento de espíritos."
"Conheço o Chico há bastante tempo. Nos seus livros mediúnicos encontrei
forças, luz e paz, e através de suas cartas pude senti-lo e amá-lo bem no fundo
do seu ser. Por várias vezes chorei com suas preocupações e sua dor,
vivendo-lhe as graves responsabilidades e lamentando a incompreensão dos
homens. Mas sempre orei pedindo ao Senhor que não lhe tirasse o pesado fardo
dos ombros e, sim, que o ajudasse a carregá-lo. Graças a Deus, o nosso caro
Chico tem vencido todas as dificuldades e todos os óbices do caminho, numa
maratona hercúlea que realmente o dignifica aos olhos dos homens e aos olhos do
Pai."
(Trechos
da carta do Sr. Zêus Wantuil, 3° secretário da Federação Espírita Brasileira, à
presidente da União Espírita Mineira) (Fonte: "O Espírita Mineiro",
número 172, maio/julho de 1977.)
A
palavra de Chico Xavier ao completar quarenta anos de mediunidade
"Estes
quarenta anos de mediunidade passaram para o meu coração como se fossem um
sonho bom. Foram quarenta anos de muita alegria, em cujos caminhos, feitos de
minutos e de horas, de dias, só encontrei benefícios, felicidades, esperanças,
otimismo, encorajamento da parte de todos aqueles que o Senhor me concedeu, dos
familiares, irmãos, amigos e companheiros. Quarenta anos de felicidade que
agradeço a Deus em vossos corações, porque sinto que Deus me concedeu nos
vossos corações, que representam outros muitos corações que estão ausentes de
nós. Agora, sinto que Deus me concedeu por vosso intermédio uma vida tocada de
alegrias e bênçãos, como eu não poderia receber em nenhum outro setor de
trabalho na Humanidade. Beijo-vos, assim, as mãos, os corações. Quanto ao
livro, devo dizer que, certa feita, há muitos anos, procurando o contato com o
Espírito de nosso benfeitor Emmanuel, ao pé de uma velha represa, na terra que
me deu berço na presente encarnação, muitas vezes chegava ao sítio, pela manhã,
antes do amanhecer. E quando o dia vinha de novo, fosse com sol, fosse com
chuva, lá estava, não muito longe de mim, um pequeno charco. Esse charco, pouco
a pouco se encheu de flores, pela misericórdia de Deus, naturalmente. E muitas
almas boas, corações queridos, que passavam pelo mesmo caminho em que nós
orávamos, colhiam essas flores, e as levavam consigo com transporte de alegria
e encantamento. Enquanto que o charco era sempre o mesmo charco. Naturalmente,
esperando também pela misericórdia de Deus, para se transformar em terra
proveitosa e mais útil. Creio que nesses momentos, em que ouço as palavras
desses corações maravilhosos, que usaram o verbo para comentar o aparecimento
desses cem livros, agora cento e dois livros, lembro este quadro que nunca me
saiu da memória, para declarar-vos que me sinto na condição do charco que, pela
misericórdia de Deus, um dia recebeu essas flores que são os livros, e que
pertencem muito mais a vós outros do que a mim. Rogo, assim, a todos os
companheiros, que me ajudem através da oração, para que a luta natural da vida
possa drenar a terra pantanosa que ainda sou, na intimidade do meu coração,
para que eu possa um dia servir a Deus, de conformidade com os deveres que a
Sua infinita misericórdia me traçou. E peço, então, permissão, em sinal de
agradecimento, já que não tenho palavras para exprimir a minha gratidão.
Peço-vos, a todos, licença para encerrar a minha palavra despretensiosa, com a
oração que Nosso Senhor Jesus Cristo nos legou.
(Fonte:
"O Espírita Mineiro", número 137, abril/maio/junho de 1970.)
Na
tarefa mediúnica
"Pergunta
- Em seu primeiro encontro com Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina.
Teria falado algo mais?
Resposta
- Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa
tarefa mediúnica, ele me disse: 'Temos algo a realizar.' Repliquei de minha
parte qual seria esse algo e o benfeitor esclareceu: 'Trinta livros pra
começar!' Considerei, então: como avaliar esta informação se somos uma família
sem maiores recursos, além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de
um livro demanda tanto dinheiro!... Já que meu pai lidava com bilhetes de
loteria, eu acrescentei: será que meu pai vai tirar a sorte grande? Emmanuel
respondeu: 'Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé
viva na Providência de Deus. Os livros chegarão através de caminhos
inesperados!' Algum tempo depois, enviando as poesias de 'Parnaso de Além-
Túmulo' para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a grata
surpresa de ver o livro aceito e publicado, em 1932. A este livro seguiram-se
outros e, em 1947, atingimos a marca dos 30 livros. Ficamos muito contentes e
perguntei ao amigo espiritual se a tarefa estava terminada. Ele, então,
considerou, sorrindo: 'Agora, começaremos uma nova série de trinta volumes!' Em
1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os 60 livros estavam
publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde
cheguei a 5 de janeiro de 1959. O grande benfeitor explicou-me, com paciência:
'Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa tarefa estava completa e quero
informar a você que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também
estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite de cem livros.'
Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram. Quando alcançamos o número de
100 volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos
compromissos. Ele esclareceu, com bondade: 'Você não deve pensar em agir e
trabalhar com tanta pressa. Agora, estou na obrigação de dizer a você que os
mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que
determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação
dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência, do ponto de
vista físico, à disposição das entidades espirituais que possam colaborar na
execução das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as
nossas atividades.' Muito desapontado, perguntei: então devo trabalhar na
recepção de mensagens e livros do mundo espiritual até o fim da minha vida
atual? Emmanuel acentuou: 'Sim, não temos outra alternativa!' Naturalmente,
impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar: e se eu não quiser, já
que a Doutrina Espírita ensina que somos portadores do livre arbítrio para
decidir sobre os nossos próprios caminhos? Emmanuel, então, deu um sorriso de
benevolência paternal e me cientificou: 'A instrução a que me refiro é semelhante
a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade na Terra. Se você
recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra
de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade
bastante para retirar você de seu atual corpo físico!' Quando eu ouvi sua
declaração, silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo
trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei
a chamar de 'Desígnios de Cima."
(Fonte:
"O Espírita Mineiro", número 205, abril/junho de 1988.)
Considerações
finais
Em
1997, Chico Xavier completou 70 anos de incessante atividade mediúnica, da
maior significação espiritual, em prol da Humanidade, abrangendo seus mais
diversos segmentos. Até a presente data, outubro de 1997, Francisco Cândido
Xavier psicografou mais de 400 (quatrocentas) obras mediúnicas, de centenas de
autores espirituais, abarcando os mais diversos e diferentes assuntos, entre
poesias, romances, contos, crônicas, história geral e do Brasil, ciência,
religião, filosofia, literatura infantil, etc.
Dias
e noites têm sido por ele ofertados aos seus semelhantes, com sacrifício da
própria saúde. Problemas orgânicos acompanharam-lhe a mocidade e a madureza.
Hoje, nos abençoados 87 anos de sua vida corporal, as dificuldades físicas
continuam trazendo-lhe problemas. Releva observar que as doenças oculares a as
intervenções cirúrgicas jamais o impediram de cumprir, fiel e dignamente, sua
missão de amparo aos necessitados. Sua postura é uma só, obedece a uma só
diretriz: amor ao próximo, desinteresse ante os bens materiais, preocupação
exclusiva e constante com a felicidade do próximo. Ricos e pobres, velhos e
crianças, homens e mulheres de todos os níveis sociais têm encontrado, no homem
e no médium Chico Xavier, tudo quanto necessitam para o reajuste interior, para
o crescimento, em função do conhecimento e da bondade. Francisco Cândido Xavier
é um presente do Alto ao século XX, enriquecendo-lhe os valores com a sua vida
de exemplar cidadão, com milhares de mensagens psicografias que, em catadupas
de paz e luz, amor e esclarecimento, vêm fertilizando o solo planetário, sob a
luminar supervisão do Espírito Emmanuel.
NOTA
DA FEB - No presente trabalho, foram consultadas e utilizadas as seguintes
obras:
A
Psicografia ante os Tribunais. / Miguel Timponi. / FEB - 5ª ed.,
Brasil,
Mais Além! / Duílio Lena Bérni. / FEB - 5ª ed., 1994.
Chico
Xavier - Mandato de Amor. / União Espírita Mineira, 1992.
Chico
Xavier - Mediunidade e Coração. / Carlos A. Bacelli.
Instituto
Divulgação Ed. André Luiz, 1985
Espiritismo
Básico. / Pedro Franco Barbosa. / FEB - 4ª ed., 1995
A
desencarnação de Chico Xavier
A
30 de junho de 2002, por volta das 19h30, desencarnava em Uberaba o médium
mineiro Francisco Cândido Xavier, em meio às vibrações de alegria do povo
brasileiro pela conquista de mais um troféu mundial de futebol, como se o Plano
Espiritual Superior quisera, propositadamente, diluir as repercussões que a
partida do médium, por certo, viria causar em todos os segmentos da nossa
sociedade. À medida que a notícia da desencarnação se espalhava pela cidade,
centenas de pessoas se dirigiam para a casa do médium, de onde saiu o corpo,
por volta das 23h, para ser velado no Grupo Espírita da Prece, ali permanecendo
por cerca de 48 horas para receber as homenagens derradeiras do povo que ele
tanto amou.
Durante
todo o tempo em que ficou exposto em câmara ardente, filas quilométricas se
faziam nas vizinhanças do Grupo Espírita da Prece, compostas por pessoas de
todas as idades, sem distinção de raça e de condição social, professando os mais
diferentes credos religiosos, numa espantosa demonstração de solidariedade e
indisfarçadp reconhecimento pelo grande obreiro que partia para o Além. O
Governador Itamar Franco decretou luto oficial de três dias no Estado de Minas
Gerais e fez-se representar no velório pelo Secretário de Indústria e Comércio,
Marcelo Prado.
Uma
hora antes de o corpo do médium deixar o Grupo Espírita da Prece, o Presidente
da Federação Espírita Brasileira, Nestor João Masotti, a convite, proferiu uma
prece, depois de falar brevemente acerca da vida e da obra de Francisco Cândido
Xavier, seguida posteriormente por outras manifestações de apreço do Prefeito
Municipal de Uberaba, Marcos Montes, e de autoridades presentes, além dos
líderes da comunidade espírita local e de outras cidades e Estados, amigos e
companheiros do médium.
Às
17h do dia 2 de julho, conduzidos pela viatura do Corpo de Bombeiros, os restos
mortais do médium deixaram o Grupo Espírita da Prece, acompanhados por uma
multidão incalculável, que seguia a pé e em silêncio, em direção ao Cemitério
de São João Batista, em Uberaba, sem falar no sem-número de criaturas que,
espremidas, se dispunham de ambos os lados das ruas por onde passava o cortejo.
Em várias ocasiões, pétalas de rosas em grande profusão derramavam-se sobre o
cortejo, lançadas por um helicóptero da Polícia Militar de Minas Gerais.
Cálculos
das autoridades militares dão conta de que mais de cem mil pessoas compareceram
ao sepultamento. No cemitério foram prestadas as honras militares de estilo,
inclusive uma salva de 21 tiros de fuzil, a cargo do 4º Batalhão da Polícia
Militar de Minas Gerais, cuja banda tocou as músicas Amigos para sempre e Nossa
Senhora. Por volta das 19 horas, o corpo do médium baixou à tumba, após o que a
multidão se dispersou, lenta e silenciosamente.
Fonte:Reformador
julho/2002 – Edição especial
O
Retorno do Apóstolo Chico Xavier
Quando
mergulhou no corpo físico, para o ministério que deveria desenvolver, tudo eram
expectativas e promessas.
Aquinhoado
com incomum patrimônio de bênçãos, especialmente na área da mediunidade,
Mensageiros da Luz prometeram inspirá-lo e ampará-lo durante todo o tempo em
que se encontrasse na trajetória física, advertindo-o dos perigos da travessia
no mar encapelado das paixões bem como das lutas que deveria travar para
alcançar o porto de segurança.
Orfandade,
perseguições rudes na infância, solidão e amargura estabeleceram o cerco que
lhe poderia ter dificultado o avanço, porém, as providências superiores
auxiliaram-no a vencer esses desafios mais rudes e a crescer interiormente no
rumo do objetivo de iluminação.
Adversários
do ontem que se haviam reencarnado também, crivaram-no de aflições e de
crueldade durante toda a existência orgânica, mas ele conseguiu amá-los, jamais
devolvendo as mesmas farpas, os espículos e o mal que lhe dirigiam.
Experimentou
abandono e descrédito, necessidades de toda ordem, tentações incontáveis que
lhe rondaram os passos ameaçando-lhe a integridade moral, mas não cedeu ao
dinheiro, ao sexo, às projeções enganosas da sociedade, nem aos sentimentos
vis.
Sempre
se manteve em clima de harmonia, sintonizado com as Fontes Geradoras da Vida,
de onde hauria coragem e forças para não desfalecer.
Trabalhando
infatigavelmente, alargou o campo da solidariedade, e acendendo o archote da fé
racional que distendia através dos incomuns testemunhos mediúnicos, iluminou
vidas que se tornaram faróis e amparo para outras tantas existências.
Nunca
se exaltou e jamais se entregou ao desânimo, nem mesmo quando sob o metralhar
de perversas acusações, permanecendo fiel ao dever, sem apresentar defesas
pessoais, ou justificativas para os seus atos.
Lentamente,
pelo exemplo, pela probidade e pelo esforço de herói cristão, sensibilizou o
povo e os seus líderes, que passaram a amá-lo, tornou-se parâmetro do
comportamento, transformando-se em pessoa de referências para as informações
seguras sobre o Mundo Espiritual e os fenômenos da mediunidade.
Sua
palavra doce e ungida de bondade sempre soava ensinando, direcionando e
encaminhando as pessoas que o buscavam para a senda do Bem.
Em
contínuo contato com o seu Anjo tutelar, nunca o decepcionou, extraviando-se na
estrada do dever, mantendo disciplina e fidelidade ao compromisso assumido.
Abandonado
por uns e por outros, afetos e amigos, conhecidos ou não, jamais deixou de
realizar o seu compromisso para com a Vida, nunca desertando das suas tarefas.
As
enfermidades minaram-lhe as energias, mas ele as renovava através da oração e
do exercício intérmino da caridade.
A
claridade dos olhos diminuiu até quase apagar-se, no entanto a visão interior
tornou-se mais poderosa para penetrar nos arcanos da Espiritualidade.
Nunca
se escusou a ajudar, mas nunca deu trabalho a ninguém.
Seus
silêncios homéricos falaram mais alto do que as discussões perturbadoras e os
debates insensatos que acontecia à sua volta e longe dele, sobre a Doutrina que
esposava e os seus sublimes ensinamentos.
Tornou-se
a maior antena parapsíquica do seu tempo, conseguindo viajar fora do corpo,
quando parcialmetne desdobrado pelo sono natural, assim como penetrar em mentes
e corações para melhor ajudá-los, tanto quanto tornando-se maleável aos
Espíritos que o utilizaram por quase setenta e cinco anos de devotamento e de
renúncia na mediunidade luminosa.
Por
isso mesmo, o seu foi mediumato incomparável.
...E
ao desencarnar, suave e docemente, permitindo que o corpo se aquietasse,
ascendeu nos rumos do Infinito, sendo recebido por Jesus, que o acolheu com a
Sua Bondade, asseverando-lhe:
-
Descansa, por um pouco, meu filho, a fim de esqueceres as tristezas da Terra e
desfrutares das inefáveis alegrias do reino dos Céus.
Página
psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 2 de julho de 2002, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Fonte; Redação do Correio Espírita
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