sexta-feira, 27 de junho de 2014

A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO

Dalmo Duque dos Santos

Comparando a história do Espiritismo com a do Cristianismo Primitivo, podemos tirar algumas conclusões importantes para a o futuro da nossa doutrina e o do seu movimento social.

O Cristianismo, cuja pureza doutrinária do Evangelho e simplicidade de organização funcional dos primeiros núcleos cristãos foi conquistando lenta e seguramente a sociedade de sua época, sofreu com o tempo um desgaste ideológico. Corrompeu-se por força dos interesses políticos, financeiros e institucionais. Os novos adeptos e seus líderes, não conseguindo penetrar na essência do Evangelho, que é regeneração, ou seja, o mergulho doloroso no mundo interior e a reversão das atitudes exteriores, adaptaram o mesmo às suas conveniências psico-sociais, atacando suas idéias mais contundentes à moral animalizada, alimentando os mecanismos de defesa da mente, fazendo concessões às fraquezas dos adeptos e desviando-os para o comodismo dos disfarces rituais exteriores. Repressão de forças espirituais espontâneas e idéias consideradas ameaçadoras ao clero, como a mediunidade e a reencarnação; a falsificação de tradições e a adoção do sincretismo do costumes bárbaros, foram as principais estratégias dessa clericalização do cristianismo.

O resultado de tudo isso é bem conhecido: dois milênios de intolerâncias, violências, atraso espiritual, perpetuação das injustiças sociais, agravamento de compromissos com a lei de ação e reação e forte comprometimento da regeneração do nosso planeta.

Com o Espiritismo não está sendo muito diferente.

Apesar das advertências dos Espíritos e do próprio Allan Kardec quanto aos períodos históricos e tendências do movimento, os espíritas insistem em cometer os mesmos erros do passado. Os mesmos erros porque provavelmente somos as mesmas almas que rejeitaram e desviaram o Cristianismo da sua vocação e agora posamos de puristas ortodoxos, inimigos ocultos do Espírito da Verdade.

Negligentes com a oração e a vigilância, cedemos constantemente aos tentáculos do poder e da vaidade. Desprezamos a toda hora a idéia do “amai-vos e instruí-vos”, entendendo-a egoisticamente, ora como fortalecimento intelectual competitivo, ora como o afrouxamento dos valores doutrinários. Não conseguindo nos adaptar ao Espiritismo, compreendendo e vivenciando suas verdades, vamos aos poucos adaptando a doutrina aos nosso limites, corrompendo os textos da codificação, ignorando a experiência histórica de Allan Kardec e dos seus colaboradores, trazendo para os centros espíritas práticas dogmáticas das nossas preferências religiosas, hábitos políticos das agremiações que freqüentamos e mais comumente a interferência negativas dos nossos caprichos e vaidades pessoais.

Como os primeiros cristãos, também lutamos pelo crescimento de nossas instituições, deixando-nos seduzir pelo mundo exterior e imitando os grupos já pervertidos, construindo palácios arquitetônicos, cuja finalidade sempre foi causar impressão aos olhos e a falsa idéia de prestígio político; e dentro deles praticamos as mesmas façanhas da deslealdade, das rivalidades, das perseguições aos desafetos, da auto-afirmação e liderança autoritária, de crítica e boicote às idéias que não concordamos.

E, finalmente, cultivamos uma equívoca concepção de unificação, esperando ingenuamente que a nossas idéias e grupos sejam majoritários num Grande Órgão Dirigente do Espiritismo Mundial, do nosso imaginário, e muitas outras tolices e fantasias que nem vale a pena enumerar aqui.

E assim caminhamos, unidos em nossas displicências e divididos nas responsabilidades. Preferimos esquecer figuras exemplares que atuaram na Sociedade Espírita de Paris quando ignoramos nossa história sabiamente registrada na Revista Espírita. Deixamos de lado líderes agregadores – ainda que divergências normais e toleráveis existissem entre eles – para ouvir e nos deixar dominar por um disfarçado clero institucional, comando por vozes medíocres e ciumentas, figueiras estéreis, sofistas encantadores e improdutivos, enfim, velhas almas e velhas tendências, vinho azedo e frutas podres em nossos mais caros celeiros doutrinários.

Mas como evitar esse processo de corrupção e, em alguns casos notórios, de contaminação e má conduta? Como reverter a situação para reconduzir essas experiências para os rumos verdadeiramente espíritas? O que fazer com as más instituições, com os maus dirigentes, os maus médiuns, maus comunicadores, enfim os maus espíritas? Devemos identificá-los e expulsá-los dos nossos quadros? Devemos denunciá-los e discriminá-los como fazia a Inquisição com os acusados de heresia?

O que fazer com os livros que consideramos impuros ou inconvenientes ao movimento?: devemos queimá-los em praça pública, censurá-los em nossas bibliotecas ou então deixar que a própria comunidade espírita pratique o livre arbítrio e aprenda a fazer escolhas corretas e adequadas às suas necessidades?

O Espiritismo foi certamente uma doutrina elaborada por Espíritos Superiores e isto nos deixa tranqüilos quanto ao seu futuro doutrinário. Mas o seu movimento vem sendo feito por seres humanos, espíritos ainda imaturos e inexperientes. Isso realmente tem nos deixado muito preocupados, pois sabemos que, hoje, os inimigos do Espiritismo estão entre os próprios espíritas.

Fonte; http://www.espirito.org.br/portal/artigos/dalmo/a-degeneracao.html

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domingo, 22 de junho de 2014

CEM ANOS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA

Por Maria Helena Marcon

Numa época quando a divulgação da Doutrina Espírita ensaiava os seus primeiros passos e encontrava pela frente a mais obstinada oposição, o Major Dr. Manuel Vianna de Carvalho, com pulso firme e animado do mais vivo idealismo, desbravava o terreno para nele lançar a semente generosa da propaganda.

Como espírita foi dos mais animosos. O seu nome representou verdadeira bandeira no campo da disseminação do Espiritismo. O que ele fez, em vários anos de luta e de atividades intensíssimas, é algo que ainda não se pode colocar em dados estatísticos, tal o gigantismo da tarefa por ele desenvolvida em todo o país.

A sua palavra era atraente e arrebatadora, conseguindo, entre os espíritas uma penetração inusitada e inconfundível. Como conferencista era dos mais requisitados; como polemista, um dos mais salientes. Seu verbo inspirado, sua voz harmoniosa, sua animação, assumiam, às vezes, tonalidades e aspectos impressionantes. Foi na realidade um mágico da palavra, esteta do sentimento.1

Pois esse grande homem e Espírito ilustre, que nos brinda, de forma constante, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco, com páginas extraordinárias, que denotam o profundo conhecimento da Doutrina Espírita, do Movimento e da História, como um todo, tem méritos que, até pouco tempo, ninguém lhe havia creditado.

Foi ele que, a partir de 1914, encetou uma campanha para a criação, em todos os centros espíritas, de escolas de Doutrina Espírita, destinadas às crianças.

Liderou, no Rio de Janeiro, uma verdadeira cruzada para a criação dessas escolas, na Federação Espírita Brasileira – FEB e no Grupo Discípulos de Samuel. Foram seus aliados a Dama da Educação, Anália Franco (1856-1919) e o líder do Espiritismo, no Espírito Santo, Jerônymo Ribeiro (1854 – 1926).

Em carta dirigida a esse, Vianna escreveu, em 15 de maio de 1914:

O Bittencourt [Ignácio Bittencourt] me entregou ontem a tua carta cientificando que já escreveste à D. Anália [Anália Franco] sobre o meu projeto da escola de crianças na Federação e no Grupo Discípulos de Samuel. (grifos nossos)

Quando chegar a ocasião escrever-te-ei a respeito de tua vinda à Capital Federal para os fins das informações à D. Ilka Mass que vai ser a diretora da primeira.

A do Grupo Samuel, por agora, limitar-se-á ao ensino da moral espírita dada em uma sessão prévia, feita antes da que se destina às crianças de idade… como nós[...].2

Seu esforço alcançou o primeiro êxito com a inauguração, no dia 14 de junho de 1914, um domingo, na FEB, do ensino da Doutrina Espírita a crianças, sob a direção de Ilka Mass, auxiliada por sua filha.

Durante um ano, com absoluta regularidade, funcionou a chamada Escola Dominical de Doutrina Cristã.

Ainda encarnado, Vianna teve a felicidade de ver criados outros núcleos de evangelização espírita infantil.

Em 1964, ao ensejo do Cinquentenário do feito, a revista Reformador se reportava à data, referindo-se a curso infantil de Doutrina Cristã.

Impressionante a resistência aos termos Curso, Escola, Doutrina Espírita.

Ainda hoje, muitas casas espíritas não dispõem da Evangelização Espírita Infantil como um de seus trabalhos regulares. De modo geral, em várias localidades, ainda há o entendimento de que se irá distrair, entreter as crianças, em salas separadas, a fim de que não atrapalhem os pais, que estão nas palestras ou em cursos de Espiritismo, em idêntico horário.

Quanto nos falta, ainda, para entendermos, evangelizadores, pais, dirigentes de Centros Espíritas, trabalhadores em geral, o verdadeiro alcance da Evangelização Espírita para as crianças.

Alertava Vianna de Carvalho, em artigo no Reformador, de 1º de dezembro de 1919,sob o título Pelas crianças:

A propaganda espírita no Brasil ressente-se de gravíssima lacuna: o quase completo descuro de ministração doutrinária à infância.

Nossos confrades – presidentes de grupos, diretores de revistas e jornais – até hoje não quiseram volver atenções para esse problema que continua à margem, sendo, todavia o mais sério de quantos se impõem à nossa consideração.

[...]

Ao Espiritismo toca também o mister de apregoar o Evangelho em aulas especiais de onde sairão os melhores frutos das gerações que nos devem suceder, nessa conquista dos celestes bens e gloriosa submissão às excelsas regras, divinamente compendiadas na moral cristã.2

É tempo de comemoração, é tempo de conscientização, é tempo de recordar o Mestre Galileu: Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porque delas é o reino dos Céus. (Mc. 10:14-15)
  
1 http://www.feparana.com.br/biografia.php?cod_biog=207
2 VIANNA de Carvalho e o seu projeto de fundação das Escolas de Moral Cristã na Federação Espírita Brasileira. Reformador, Rio de Janeiro, n. 2221, ano 132, abr. 2014.

Fonte; http://www.mundoespirita.com.br/


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sexta-feira, 20 de junho de 2014

A DISCIPLINA DO PENSAMENTO E A REFORMA DO CARÁTER

Em fragmento de sua obra “O Problema do Ser”, Leon Denis coloca: “o pensamento é criador” (DENIS, p.89, 1965) e, segundo ele, influencia para o bem ou para o mal, atuando e agindo, principalmente sobre àquele de quem emana, sendo ainda o propulsor de descobertas nas mais diferentes áreas da ciência. É a causa de nossa elevação ou rebaixamento, na proporção exata do uso que dele fizermos.

NA QUESTÃO 833 de O L.E, Kardec pergunta:

“Haverá no homem alguma coisa que escape a todo o constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade?”

 Ao que lhe é respondido: “No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe obstáculos. Pode-se-lhe deter o vôo, porém não aniquilá-lo”

A ação do pensamento é livre, o que faz com que constantemente mudemos ou alteremos nossa natureza vibratória, atraindo seres cujos elementos semelhantes comungam de nossos desejos e tendências, oportunizando-nos a nossa melhoria ou estagnação durante a jornada reencarnatória.

 A palavra, concretização do pensamento e a prece, “impulso da alma para as potências divinas” (DENIS, p.91, 1965) são instrumentos, com os quais nosso espírito pode enveradar para as sendas do progresso e da construção de um mundo digno, em que predominem pensamentos e ações voltadas para a prática do bem, do amor e do respeito ao próximo.

Para que este progresso aconteça, é necessário, porém, que nos voltemos à análise atenta de nós mesmos, norteando nossas vidas em princípios superiores, “elegendo” Jesus, como modelo e guia a ser seguido, Se não tanto, que nos espelhemos, então, em grandes almas cujas trajetórias sejam referenciais de conduta e dignidade, e aos poucos iremos nos apropriando de um modelo ideal a ser seguido e refletido em nossas ações.

 Disciplina, compreensão, esforço e ação, são critérios para uma convivência em sociedade, onde as diferenças nas relações sociais, devem ser instrumentos que nos levem a refletir e mudar o nosso pensamento, no sentido da busca pelo progresso e evolução morais, sendo necessário nosso esforço permanente, principalmente no sentido de agirmos conforme falamos, com atos que sejam o espelho dos nossos sentimentos.

“Deus não pede aos homens o que eles têm podido adquirir à custa de lentos e penosos trabalhos. (…) Sejamos severos conosco e tolerantes com os outros” ( DENIS, p. 98, 1965) .

REFERÊNCIAS DENIS, Leon. Fragmentos de Obras: Ser Destino Dor. Ed Calvário, 1965.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB, 1981.


Leitura Recomendada;

OS FLUIDOS (A GÊNESE, CAPÍTULO XIV)
OS CORPOS SUTIS NA OBRA DE KARDEC
O FLUIDO VITAL E O DUPLO ETÉRICO
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FLUIDO MENTAL - MATÉRIA MENTAL
FLUXO DO PENSAMENTO - LEIS DO CAMPO MENTAL
A “FREQÜÊNCIA” DOS PENSAMENTOS – CARLOS TORRES PASTORINO
O PODER DO PENSAMENTO
A VONTADE E O PODER DO MAGNETIZADOR
A FORÇA PSÍQUICA. OS FLUIDOS. O MAGNETISMO
O CORPO É UM REFLEXO DA MENTE
O PENSAMENTO –“As Potências da Alma”
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2014/07/o-pensamento-as-potencias-da-alma.html

quinta-feira, 19 de junho de 2014

DIMENSÕES ESPIRITUAIS DO CENTRO ESPÍRITA

Suely Caldas Schubert


Costumamos freqüentar o Centro  Espírita durante anos sem atentarmos para aspectos mais profundos da sua importância, pois o vemos apenas como o local onde vamos buscar ajuda, consolo, amparo e esclarecimento, e onde se tem um bom ambiente espiritual, apropriado para as reuniões espíritas. Não nos damos conta de toda a complexa estrutura espiritual que mantém uma sede de atividades espíritas, no âmbito dos encarnados, para que ela possa atuar nos dois planos da vida.

Entretanto, há alguns anos, estamos sendo conscientizados, principalmente através de mensagens dos Instrutores Espirituais, do que é, na realidade, o Centro Espírita e a premente necessidade que temos de adequá-lo e preservá-lo de acordo com as diretrizes da Codificação, bem como dos cuidados com que a Espiritualidade Maior cerca e dispensa, ao longo do tempo, aos núcleos espíritas que estão incluídos entre os que são merecedores dessas providências, pelo trabalho sério, nobre e edificante que realizam.

O Espírito Manoel Philomeno de Miranda relata no capítulo 21 do livro Tramas do Destino, como são os planejamentos espirituais de um Centro Espírita, inclusive relatando os compromissos assumidos pela equipe espiritual que trabalharia diretamente com os encarnados, junto àquele que seria o seu patrono, no caso o Espírito Francisco Xavier, que foi abnegado trabalhador do Cristianismo no século XVI. 1

Iremos enfocar aqui alguns desses planejamentos do plano extrafísico, e como são efetuados na prática pelos Benfeitores Espirituais, fazendo uma reflexão em torno da participação dos encarnados, enquanto tarefeiros da seara espírita.
  
Alicerces espirituais

O Centro Espírita é muito mais do que a casa física que lhe serve de sede. Transcende às paredes, aos muros que o circundam e ao teto que o cobre. Em verdade, o Centro Espírita é um complexo espiritual em que se labora nos dois planos da vida, a física e a extrafísica, e com as duas humanidades, a dos encarnados e a dos Espíritos desencarnados.

Em razão disso, as providências e cuidados da Espiritualidade Maior são imensos quanto ao planejamento e a organização de uma instituição espírita.

Já há muito sabemos que as planificações espirituais antecedem as dos encarnados, por isso se diz, comumente, quando se pensa e projeta uma obra espírita, que esta já estava edificada na Espiritualidade. O que é real e verdadeiro.

Os alicerces espirituais, portanto, são “levantados” bem antes, servindo de modelo para a obra que se pretende edificar no plano terreno.

O Centro Espírita não é a casa onde ele se abriga, mas, sim, o labor que ali se desenvolve, o ambiente que se cultiva e preserva, a organização intemporal que o orienta e assessora, os objetivos e finalidades que o norteiam, o ideal e o sentimento com que o conduzem. Por isso prescinde a obra espírita do luxo e do supérfluo para atender à simplicidade e ao conforto que a tornem acolhedora.

As suas bases, os seus alicerces espirituais assim argamassados farão com que a obra se erga firme na Terra e permaneça de pé vencendo as tormentas e vicissitudes humanas. É “a casa edificada sobre a rocha”, de que nos fala Jesus, capaz de resistir através dos tempos. Mas que só se materializará se a equipe encarnada colocar dia a dia os tijolos do amor e o cimento da perseverança; se os labores ali efetuados levarem o sinete da caridade e do desinteresse pessoal, transformando-se assim em templo e lar, hospital e escola.

Reafirmamos: para isto não há necessidade de que a obra seja luxuosa ou grandiosa; ela poderá ser uma casinha simples, despojada, de acordo com a realidade local, e ter uma atmosfera espiritual resplandecente, resultante do trabalho que ali se realiza, pois no dizer de Léon Denis “no mais miserável tugúrio há frestas para Deus e para o Infinito”.

 A direção espiritual

Os planos iniciais para a fundação de um Centro Espírita ocorrem na Espiritualidade com antecedência de muitos anos, quando a equipe espiritual assume a responsabilidade de orientar e assessorar as futuras atividades que ali serão desenvolvidas. Isto é feito em sintonia com aqueles que irão reencarnar com tais programações. Para chegar- se a estabelecer esses compromissos são estudadas as fichas cármicas daqueles que estarão à frente da obra no plano material, convites são feitos, planos são delineados e projetados para o futuro.

Não podemos nos esquecer que aqueles que se reúnem para um labor dessa ordem não o fazem por casualidade. Existem planificações da Espiritualidade que antecedem, portanto, à reencarnação dos que irão laborar no plano físico.

O projeto visa essencialmente a atender aos encarnados, pois através desse labor são concedidas oportunidades de crescimento espiritual, ensejos de resgate e redenção; reencontros de almas afins, de companheiros do passado ou, quem sabe, desafetos no caminho da tolerância e do perdão que a diretriz clarificadora do Espiritismo e a atmosfera balsâmica do Centro propiciarão. Para que isto seja alcançado, a Casa Espírita apresenta um leque de opções variadas de aprendizado e trabalho, onde se favorece a transformação moral, que deve ser o apanágio do verdadeiro espírita, através do exercício da caridade legítima a encarnados e desencarnados, da tolerância e da fraternidade no convívio com os companheiros – o que, em última análise, é a vivência espírita, que traz nos seus fundamentos a mensagem legada por Jesus.

Todavia, muitos desses ensejos de reconciliação, de harmonia, de progresso espiritual; muitas das esperanças e expectativas dos Benfeitores Espirituais são desdenhadas por nós, os encarnados, que esquecidos dos compromissos assumidos deixamo-nos envolver pelo personalismo, pela vaidade, pela disputa de cargos e deferências, pelo ciúme e inveja, por nos acreditarmos melhor que os outros, que somente nós sabemos e somos espíritas de verdade, que temos missão especial, quando não enveredamos por esse novo prisma de considerarmos a Casa Espírita como uma empresa, que deve ser dirigida friamente e dar constantes lucros, não importando que a Causa seja postergada e colocada em segundo plano para que tais resultados sejam alcançados, enfim, todos esses desvios de curso, todas essas idiossincrasias que abrem campo às dissidências e à sintonia com espíritos interessados em retardar a marcha do bem quanto a de nós próprios.

Quando, porém, sentimos e vivemos as diretrizes espíritas, é mais fácil compreender o nosso companheiro difícil e com ele conviver, aprendendo a estimá-lo realmente. Porque é mais fácil amar aquele que vem pedir socorro e que nos estende a mão do que o companheiro ao nosso lado, investido, muita vez, da posição de “fiscal” de nossas atitudes. Os Amigos Espirituais muito esperam de nós nesse campo da rearmonização com o nosso passado, porque, talvez, pela primeira vez já sabemos quanto às implicações do passado e responsabilidades no presente.

Por isto é essencial que nos esforcemos para viver as diretrizes espíritas, a fim de que honremos o Espiritismo não somente “com os lábios”, mas essencialmente com o coração, com o melhor de nós mesmos.

Os recursos magnéticos de defesa

 Vejamos como Manoel Philomeno de Miranda explica quais as providências adotadas com relação à fundação do Centro Espírita Francisco Xavier:

“(...) antes mesmo que se definissem os planos da edificação material da Casa, foram tomadas medidas no que dizia respeito aos contingentes magnéticos no local e outras providências especiais.

Ergueu-se, posteriormente, o Núcleo, em cuja construção se observaram os cuidados de zelar pela aeração, conforto sem excesso, preservando- se a simplicidade e a total ausência de objetos e enfeites que não os mínimos indispensáveis móveis e utensílios para o seu funcionamento...

Todavia, nos respectivos departamentos reservados à câmara de passes, recinto mediúnico e sala de exposições doutrinárias, foram providenciadas aparelhagens complexas e com finalidades específicas, para cada mister apropriadas, no plano espiritual.” 2

Esses recursos magnéticos que constituem as defesas espirituais de um Centro Espírita fiel aos princípios da Codificação Kardequiana, conforme as circunstâncias o exigem, podem ser intensificados tal como é relatado no notável livro da querida médium Yvonne Pereira, Memórias de um Suicida, quando é mencionada a instituição na qual seriam realizadas algumas sessões mediúnicas especiais para atendimento de um grupo de suicidas.

A sala de exposição doutrinária

Toda Casa Espírita tem o seu espaço destinado à realização de reuniões públicas, de portas abertas, onde os expositores abordam estudos e palestras doutrinárias, especialmente das obras que constituem a Codificação Kardequiana.

Este recinto recebe da Espiritualidade o cuidado compatível com a importância das tarefas ali desenvolvidas. Espíritos especializados magnetizam o ambiente e o preservam e renovam constantemente, propiciando uma psicosfera salutar, consoante informa Manoel Philomeno de Miranda.

São instaladas defesas magnéticas que impedem a entrada de entidades desencarnadas hostis e malfeitoras, assim, só entram aqueles que obtêm permissão.

Tais cuidados são imprescindíveis em razão da natureza do trabalho que os Centros realizam. Sendo um local para onde convergem pessoas portadoras de mediunidade em fase inicial ou em desequilíbrio ou, ainda, obsidiados de todos os matizes, é fácil concluir que se não houvesse tais cautelas do Plano Espiritual, principalmente, graves problemas poderiam surgir decorrentes do ambiente espiritual e da presença de sensitivos não equilibrados.

Imaginemos, por um instante, a ambiência desta sala, relativamente aos encarnados presentes. A grande maioria dos que comparecem ao Centro o faz impelida pelos problemas e sofrimentos que os aguilhoam. Quando chegam estão aflitos, cansados, desesperados e, não raro, com idéias de suicídio ou outros tipos de pensamentos extremamente negativos. Recorrem ao Espiritismo na condição de náufragos de tormentas morais que se agarrassem a uma tábua salvadora. Trazem o pensamento enrodilhado no drama em que vivem e que é como um clichê estampado na própria aura. Vibrando em enarmonia a quase totalidade dessas criaturas estão imantadas a desafetos do passado ou a entidades outras, igualmente em desequilíbrio, que por sua vez, as envolvem em fluidos perniciosos. Várias são portadoras de monodeísmo, isto é, trazem o pensamento fixo em determinada idéia negativa, como por exemplo, no suicídio, no remorso de ato cometido etc. Diversas estão magoadas, sofridas, ulceradas interiormente e com as forças deperecidas. Outras estão perdidas em si mesmas, sem saber qual o sentido da vida e que rumo tomar. Muitas esperam milagres que as libertem de imediato de seus problemas e umas poucas chegam por curiosidade ou desejosas de conhecer melhor o que é o Espiritismo. Mas todas essas pessoas têm um denominador comum: a esperança.

Esse conjunto de vibrações desarmônicas e a malta de desencarnados que gravitam ao seu redor – todos interessados em obstar tudo aquilo que pode significar libertação para suas vítimas, no caso a palavra esclarecedora da Doutrina – por certo afetariam os médiuns presentes ainda não equilibrados, não fossem os cuidados e vigilância dos Benfeitores Espirituais.

Há ainda outro ponto a considerar: é que sendo um local de tratamento das almas enfermas, que somos quase todos nós, é imprescindível que os recursos do “laboratório do mundo invisível” sejam mobilizados e acionados para o atendimento espiritual.

Os Espíritos especializados fazem, portanto, a triagem dos desencarnados que irão entrar, sempre visando os que estão em condições de ser beneficiados, mas outros são momentaneamente afastados de suas vítimas enquanto estas permanecem no Centro. Em decorrência, grande é o número de entidades que ficam postadas do lado de fora da Casa, como que aguardando permissão para entrar ou interessados em achar alguma brecha nas defesas magnéticas com o intuito de causarem perturbações. Mesmo estes não ficam sem a ajuda do Alto, pois aparelhagem especial transmite a palavra dos expositores amplificando-lhes a voz.

 No transcurso da exposição doutrinária grande amparo é prestado ao público. Equipes especializadas atendem aos que apresentarem condições espirituais-mentais favoráveis, receptivas, medicando- os e, até mesmo, realizando cirurgias espirituais.

Por outro lado, a aproximação de entidades benfeitoras junto aos encarnados torna-se mais fácil pela natureza do ambiente e por estarem estes com o pensamento voltado para os ensinos clarificadores da Doutrina, o que lhes modifica, temporariamente, os panoramas mentais, favorecendo o otimismo e a renovação interior. Concomitantemente, os “espíritos arquitetos”, muitas vezes, utilizam dos recursos dos painéis fluídicos que “dão vida” aos comentários do expositor, favorecendo o entendimento dos desencarnados presentes. Isto, aliás, acontece em palestras sempre que o ambiente favoreça.

Toda essa programação, todavia, só se realizará se o Centro Espírita tiver o seu ambiente preservado de quaisquer frivolidades e mercantilismo; de intrigas e personalismo; se ali se cultivar a conversação sadia e edificante; se naquele local se praticar a verdadeira caridade e o estudo sério, e onde as principais metas sejam esclarecer, aliviar e consolar as almas que por ali aportarem, colocando-se assim à altura da proteção dos Espíritos Superiores.

O ambiente espiritual da reunião mediúnica

Os cuidados dos Espíritos que se dedicam à preservação do ambiente espiritual da sala onde são realizados os trabalhos mediúnicos são constantes e intensos, pois nada pode ser negligenciado, sob pena de comprometer-se o êxito da reunião.

O local destinado à sessão mediúnica tem, por assim dizer, uma fiscalização permanente, pois, principalmente no caso do recinto consagrado às sessões de desobsessão, muitos Espíritos necessitados e sofredores ficam aí alojados, em regime de tratamento para seu refazimento e reequilíbrio.

No dia da reunião o recinto passa por rigorosa assepsia a fim de livrá-lo e preservá-lo de larvas psíquicas (que são criadas por mentes viciosas de encarnados ou desencarnados); de ideoplastias perniciosas (formas-pensamento, clichês mentais); de vibrações deprimentes, constituindo tudo isso os “invasores microbicidas das regiões inferiores”, conforme esclarece João Cleofas. 3
Importante ressaltar que tais “invasores microbicidas” contaminam o homem invigilante que apresente, por sua vez, pensamentos doentios, descontrolados, que são verdadeiras brechas ao assédio inferior, resultando daí a parasitose mental, ou vampirismo.

João Cleofas elucida que a sala mediúnica é o “ambiente cirúrgico para realizações de longo curso no cerne do perispírito dos encarnados como dos desencarnados”, como também local onde “se anulam fixações mentais que produzem danos profundos nas tecelagens sensíveis do espírito.”

 Além disso, há necessidade de se isolar e defender o recinto das investidas de Espíritos inferiores, o que leva os Benfeitores Espirituais a cercá-lo por meio de faixas fluídicas visando impedir a entrada de tais entidades. Assim, só entrarão no ambiente aqueles que tiverem permissão dos dirigentes espirituais.

A sala mediúnica, conquanto seja limitada no seu espaço físico, no outro plano apresenta-se adimensional, já que se amplia de acordo com a necessidade, permitindo abrigar um número muito grande de desencarnados que são trazidos para tratamento, para esclarecimento, para aprendizagem etc. Tem ainda mobiliário próprio e aparelhagens instaladas pela equipe espiritual. Esta equipe conta com elementos especializados nesses trabalhos, inclusive aqueles denominados por Efigênio Vítor de “arquitetos espirituais” 4, que têm a seu encargo a tarefa complexa de criar os quadros fluídicos indispensáveis ao tratamento ou esclarecimento das entidades comunicantes. Esses quadros fluídicos não são criados ao sabor do acaso mas obedecem a uma programação e à pesquisa sobre o passado dos que precisem desse recurso. Tais painéis fluídicos são tão perfeitos que possuem “vida” momentânea, com movimentos, cor, como se fossem uma tela cinematográfica na qual as personagens são pessoas ligadas ao manifestante, ou ele mesmo se vê vivendo cenas importantes em sua existência de Espírito imortal.

Tudo isso nos dá uma pálida idéia do grandioso trabalho do mundo espiritual; é “o laboratório do mundo invisível”, citado por Kardec, que esclarece: “(...) Os objetos que o Espírito forma, têm existência temporária, subordinada à sua vontade, ou a uma necessidade que ele experimenta. Pode fazê-los e desfazê-los livremente.” 5

E dizer que com a nossa invigilância podemos prejudicar num relance toda essa estrutura! Isto acontece quando comparecemos despreparados para a reunião, trazendo vibrações negativas, desequilibrantes; quando trazemos o pensamento viciado e contaminamos o recinto cuidadosamente preparado. Nesta hora, os tarefeiros da Espiritualidade usam recursos de emergência, isolando o faltoso, para que a maioria não seja prejudicada. Em caso mais grave, porém, poderá ocorrer um desequilíbrio nos circuitos vibratórios que defendem a sessão, o que possibilitará a entrada de Espíritos perturbadores e conseqüente prejuízo para os trabalhos e os participantes.

Como vemos, integrar uma equipe mediúnica é um encargo de grande responsabilidade. Importa considerar que somente as reuniões mediúnicas sérias merecerão dos Benfeitores Espirituais todo esse cuidadoso preparo mencionado.

Se os encarnados corresponderem, o grupo mediúnico crescerá em produtividade sob a chancela de Espíritos bondosos. Em caso oposto, a reunião nada produzirá de positivo, tornando-se presa fácil paras Espíritos inferiores.

A opção é nossa, dos encarnados. Os Amigos Espirituais estão sempre dispostos a secundar os nossos melhores esforços. São eles que traçam as diretrizes dos trabalhos mediúnicos; que na realidade dirigem as atividades, mas ficam na dependência de nossa cooperação, pois uma sessão para a prática da mediunidade somente existe com o concurso dos dois planos da vida. Se estivermos receptivos às orientações e apresentarmos por nosso lado um esforço de iniciativas identificadas com os seus propósitos, as duas equipes – a espiritual e a dos encarnados – tornar-se-ão homogêneas e o grupo vibrando no mesmo diapasão de Amor atenderá com sucesso aos irmãos que ainda jazem na ignorância e no mal.

A sala de passes

O recinto destinado aos passes apresenta características próprias, em virtude do trabalho ali realizado. Sendo local de atendimento ao público é natural que este interfira na ambiência. Entretanto, como se pode deduzir, a grande maioria das pessoas que buscam o socorro do passe o fazem imbuídas dos melhores sentimentos, é o que informa Áulus, instrutor espiritual de André Luiz. Referindo-se à sala de passes, esclarece estarem ali reunidas “(...) sublimadas emanações mentais da maioria de quantos se valem do socorro magnético, tomados de amor e confiança”. Estas vibrações permanecem no ambiente e se acumulam, a tal ponto que, no dizer de Áulus, criam uma atmosfera especial formada “(...) pelos pensamentos, preces e aspirações de quantos nos procuram trazendo o melhor de si mesmos”. Esse conjunto vibratório surpreendeu André Luiz, quando este observou uma sala de passes, pelo “ambiente balsâmico e luminoso” que apresentava. 6

Tal como acontece com a sala mediúnica, o recinto destinado a essa atividade recebe dos Espíritos especializados a assepsia e as defesas magnéticas imprescindíveis à manutenção e preservação do ambiente.
Quanto ao atendimento aos enfermos, o autor espiritual explica que há um “quadro de auxiliares, de acordo com a organização estabelecida pelos mentores da Esfera Superior”, enfatizando que para o bom êxito do labor de passes há que se observar: experiência, horário, segurança e responsabilidade daquele que serve.

No momento dos passes é possível a alguns médiuns videntes divisarem a intensa movimentação dos Benfeitores, que se utilizam de aparelhagens especiais adequadas aos enfermos presentes.

A organização do Mundo Espiritual é, pois, exemplar. Não obstante, nós, os encarnados, deixamos muito a desejar com as nossas falhas costumeiras, que vão desde a invigilância em nosso cotidiano até a freqüência irregular, o que por certo prejudica os trabalhos.

É fundamental, portanto, que haja uma conscientização, de nossa parte, da grandeza e complexidade dos labores espirituais, a fim de participarmos de modo mais eficiente e produtivo. Que isso não seja, porém, um fator que leve ao misticismo (mas sim à responsabilidade) e que venha a influir ou modificar a nossa conduta no instante do passe ou no ministério mediúnico. Embora o trabalho que se desenvolve “do outro lado” seja complexo, a nossa participação deve ser a mais simples possível, permeada, contudo, do mais acendrado sentimento de amor ao próximo.

Que nos lembremos sempre que para exercermos tais atividades a nossa preparação é toda, principalmente, interior. É no nosso mundo íntimo que devemos laborar. É a nossa transformação para melhor a cada momento.

Assim, não é a cor do vestuário nosso ou do paciente, a nossa gesticulação ou a sala ser azul ou branca que irão influir na qualidade da transmissão energética no instante dos passes, mas sim, a nossa mente impulsionando e direcionando essas energias fluídicas, o nosso desejo de servir, a nossa capacidade de ser solidário com aquele que ali está e de amá-lo como a um irmão. Por isso, a simplicidade deve ser a tônica no momento do passe, já que este é, essencialmente, um ato de amor. E o amor é simples, desataviado e puro, tal como exemplificou Jesus.

CONCLUINDO, registramos, para nossa reflexão, a palavra de Emmanuel que enaltece a magna finalidade da Doutrina dos Espíritos:

“Ao Espiritismo cristão cabe, atualmente, no mundo, grandiosa e sublime tarefa.

Não basta definir-lhe as características veneráveis de Consolador da Humanidade, é preciso também revelar- lhe a feição de movimento libertador de consciências e corações.” 7

É fundamental estarmos cônscios da imensa responsabilidade que assumimos quando da fundação de uma instituição espírita; não podemos esquecer que responderemos por tudo o que fizermos perante Jesus e a Espiritualidade Maior e, sobretudo, diante de nossa consciência.

Jesus vem e nos convida, novamente. Quais os frutos que podemos oferecer? Nossos celeiros ainda estão vazios?

Para encerrar, nada melhor do que o notável texto de Bezerra de Menezes, que reúne todas as diretrizes e, em simultâneo, também as advertências, imprescindíveis, a fim de que se preserve e mantenha a ambiência espiritual do Centro Espírita, fazendo jus, assim, aos cuidados e empenho dos Benfeitores Espirituais que o edificaram no plano extrafísico, para que ali sejam efetuadas as curas das almas, esclarecendo e confortando os corações e, sobretudo, libertando consciências:

 “As vibrações disseminadas pelos ambientes de um Centro Espírita, pelos cuidados dos seus tutelares invisíveis; os fluidos úteis, necessários aos variados quão delicados trabalhos que ali se devem processar, desde a cura de enfermos até a conversão de entidades desencarnadas sofredoras e até mesmo a oratória inspirada pelos instrutores espirituais, são elementos essenciais, mesmo indispensáveis a certa série de exposições movidas pelos obreiros da Imortalidade a serviço da Terceira Revelação. Essas vibrações, esses fluidos especializados, muito sutis e sensíveis, hão de conservar-se imaculados, portando, intactas, as virtudes que lhe são naturais e indispensáveis ao desenrolar dos trabalhos, porque, assim não sendo, se mesclarão de impurezas prejudiciais aos mesmos trabalhos, por anularem as suas profundas possibilidades. Daí porque a Espiritualidade esclarecida recomenda, aos adeptos da Grande Doutrina, o máximo respeito nas assembléias espíritas, onde jamais deverão penetrar a frivolidade e a inconseqüência, a maledicência e a intriga, o mercantilismo e o mundanismo, o ruído e as atitudes menos graves, visto que estas são manifestações inferiores do caráter e da inconseqüência humana, cujo magnetismo, para tais assembléias e, portanto, para a agremiação que tais coisas permite, atrairá bandos de entidades hostis e malfeitoras do invisível, que virão a influir nos trabalhos posteriores, a tal ponto que poderão adulterá-los ou impossibilitá-los, uma vez que tais ambientes se tornarão incompatíveis com a Espiritualidade iluminada e benfazeja.

 Um Centro Espírita onde as vibrações dos seus freqüentadores, encarnados ou desencarnados, irradiem de mentes respeitosas, de corações fervorosos, de aspirações elevadas; onde a palavra emitida jamais se desloque para futilidades e depreciações; onde em vez do gargalhar divertido, se pratique a prece; em vez do estrépito de aclamações e louvores indébitos se emitam forças telepáticas à procura de inspirações felizes; e ainda onde, em vez de cerimônias ou passatempos mundanos, cogite o adepto da comunhão mental com os seus mortos amados ou os seus guias espirituais, um Centro assim, fiel observador dos dispositivos recomendados de início pelos organizadores da filosofia espírita, será detentor da confiança da Espiritualidade esclarecida, a qual o elevará à dependência de organizações modelares do Espaço, realizando-se então, em seus recintos, sublimes empreendimentos, que honrarão os seus dirigentes dos dois planos da Vida. Somente esses, portanto, serão registrados no Além-Túmulo como casas beneficentes, ou templos do Amor e da Fraternidade, abalizados para as melindrosas experiências espíritas, porque os demais, ou seja, aqueles que se desviam para normas ou práticas extravagantes ou inapropriadas, serão, no Espaço, considerados meros clubes onde se aglomeram aprendizes do Espiritismo em horas de lazer.” 8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 - FRANCO, Divaldo P. Tramas do Destino, pelo Espírito Manoel P. de Miranda. 7. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2000, cap. 21, p. 196.
2  - Idem, ibidem, p. 200.  
3  - FRANCO, Divaldo P. Depoimentos Vivos. Diversos Autores Espirituais, João Cleofas.
4 - XAVIER, Francisco C. Instruções Psicofônicas, pelo Espírito Efigênio Vítor. 7. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1995, cap. 44.
5 - KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 70. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. VIII, item 129.
6 - XAVIER, Francisco C. Nos Domínios da Mediunidade, pelo Espírito André Luiz. 29. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. 17, p. 161-162.
7 _____. Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz. 36. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001, “Ante os tempos novos”, p. 8.

8 - PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsessão, pelo Espírito Bezerra de Menezes. 9. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001, Conclusão, item III, p. 145, 146 e 147.  


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