Durante um dia e meio nós nos detivemos a
estudar as Curas de Jesus, conforme estão colocadas em A Gênese - Os milagres
segundo o Espiritismo - Capítulo XV - Os milagres do Evangelho - Curas, itens
10 a 28.
A explicação teórica desses fenômenos de
curas operadas por Jesus, está em A Gênese, cap. XIV - Os fluidos - II -
Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais – Curas, itens 31 a
34.
Nossos principais objetivos para este estudo
eram dois:
1. Conhecer melhor Jesus, como Modelo e Guia
(tendo em vista que Modelo é para ser imitado, e Guia para ser seguido);
2. Observar as características daqueles que
foram curados por Jesus.
Uma observação feita pelo grupo é que em
alguns casos, após curar o doente, Jesus dizia: “Tua fé te salvou”, e em outros
ele falava diferente. Isso foi destacado em cada cura, para que pudéssemos
observar melhor as circunstâncias em que Jesus diz uma ou outra coisa, e
entender o porquê dessa diferença.
Outra observação é que para alguns a quem
Jesus curava, ele recomendava que não dissesse a ninguém sobre a cura, e para
outros pedia que fosse mostrar-se aos sacerdotes. Ao final colocaremos o nosso
entendimento sobre essa questão.
Para que nossas reflexões não se perdessem
com o tempo, e para um melhor aproveitamento desses estudos, fizemos um resumo
dos comentários e destaques dos textos feitos pelos participantes, e incluímos
ao final as comunicações recebidas dos Espíritos, uma vez que nossos estudos
sempre são feitos com a participação dos Espíritos, conforme fazia, e ensinava
a fazer, nosso mestre Allan Kardec.
Estudo
do dia 06 de julho de 2013 – itens 10 a 23
Perda
de sangue
10.
Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia; - que sofrera
muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum
alívio conseguira - como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele
e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas
vestes, ficarei curada. - No mesmo instante o fluxo sanguíneo lhe cessou e ela
sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade.
Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude
que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes?
- Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados
e perguntas quem te tocou? - Ele olhava em torno de si à procura daquela que o
tocara.
A mulher, que sabia o que se passara em si,
tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a
verdade. - Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica
curada da tua enfermidade. (S. Marcos, 5:25 a 34.)
11. Estas palavras: conhecendo em si mesmo a
virtude que dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento fluídico que
se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram a ação que acabara de
produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato da
vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos. Bastou a
irradiação fluídica normal para realizar a cura.
Mas, por que essa irradiação se dirigiu para
aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e
tinha a cercá-lo a multidão?
É bem simples a razão. Considerado como
matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de
repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou
atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente.
Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o
segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade
das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na
circunstância de que tratamos.
Razão, pois, tinha Jesus para dizer: Tua fé
te salvou. Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude
mística, qual a entendem muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de
sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva,
ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também,
se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma
enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes
princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes,
apontando-lhes uma causa muito natural. (Cap. XIV, nos 31, 32 e 33.) A Gênese -
Os milagres segundo o Espiritismo, cap. XV - Os milagres do Evangelho - Curas -
Perda de sangue, itens 10 e 11.
Comentários
e destaques feitos pelos participantes:
- A mulher que sofria de hemorragia tinha
esgotado todos os seus haveres e havia sofrido nas mãos dos médicos, sem lograr
a cura de sua enfermidade;
- Teve uma fé ativa e um desejo ardente de
curar-se;
- Com confiança ela buscou Jesus, tocou-lhe
as vestes e ficou curada;
- Sua fé foi uma verdadeira força atrativa e
não uma virtude mística; sua vontade de ser curada agiu como uma bomba
aspirante, e não houve intencionalidade de curar por parte de Jesus.
- Jesus diz à mulher: “Minha filha, tua fé te
salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade.”
Cego de Betsaida
12.
Tendo chegado a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e lhe pediam que o tocasse.
Tomando o cego pela mão, ele o levou para fora do burgo, passou-lhe saliva nos
olhos e, havendo-lhe imposto as mãos, lhe perguntou se via alguma coisa. - O
homem, olhando, disse: Vejo a andar homens que me parecem árvores. - Jesus lhe
colocou de novo as mãos sobre os olhos e ele começou a ver melhor. Afinal,
ficou tão perfeitamente curado, que via distintamente todas as coisas. - Ele o
mandou para casa, dizendo-lhe: Vai para tua casa; se entrares no burgo, a
ninguém digas o que se deu contigo. (S. Marcos, 8:22 a 26.)
13. Aqui, é evidente o efeito magnético; a
cura não foi instantânea, porém gradual e consequente a uma ação prolongada e
reiterada, se bem que mais rápida do que na magnetização ordinária. A primeira
sensação que o homem teve foi exatamente a que experimentam os cegos ao
recobrarem a vista. Por um efeito de óptica, os objetos lhes parecem de tamanho
exagerado. Cego de Betsaida - A Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo,
cap. XV - Os milagres do Evangelho - Curas - Cego de Betsaida, itens 12 e 13.
Comentários e destaques feitos pelos
participantes:
- É notável e comovente a solicitude de
Jesus, tomando o cego pela mão e o levando para fora do burgo;
- Jesus passou saliva nos olhos do cego, não
como um ritual sem sentido, mas por conhecer os recursos do magnetismo
aplicou-o com sucesso;
- Jesus o mandou para casa, dizendo-lhe: Vai
para tua casa; se entrares no burgo, a ninguém digas o que se deu contigo.
Paralítico
14. Tendo subido para uma barca, Jesus
atravessou o lago e veio à sua cidade (Cafarnaum). - Como lhe apresentassem um
paralítico deitado em seu leito, Jesus, notando-lhe a fé, disse ao paralítico:
Meu filho, tem confiança; perdoados te são os teus pecados.
Logo alguns escribas disseram entre si: Este
homem blasfema. - Jesus, tendo percebido o que eles pensavam, perguntou-lhes:
Por que alimentais maus pensamentos em vossos corações? - Pois, que é mais
fácil dizer: - Teus pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te e anda?
Ora, para que saibais que o Filho do homem
tem na Terra o poder de remitir os pecados: Levanta-te, disse então ao
paralítico, toma o teu leito e vai para tua casa.
O paralítico se levantou imediatamente e foi
para sua casa. Vendo aquele milagre, o povo se encheu de temor e rendeu graças
a Deus, por haver concedido tal poder aos homens. (S. Mateus, 9:1 a 8.)
15. Que significariam aquelas palavras: “Teus
pecados te são remitidos” e em que podiam elas influir para a cura? O
Espiritismo lhes dá a explicação, como a uma infinidade de outras palavras
incompreendidas até hoje. Por meio da pluralidade das existências, ele ensina
que os males e aflições da vida são muitas vezes expiações do passado, bem como
que sofremos na vida presente as consequências das faltas que cometemos em
existência anterior e, assim, até que tenhamos pago a dívida de nossas
imperfeições, pois que as existências são solidárias umas com as outras.
Se, portanto, a enfermidade daquele homem era
uma expiação do mal que ele praticara, o dizer-lhe Jesus: “Teus pecados te são
remitidos” equivalia a dizer-lhe: “Pagaste a tua dívida; a fé que agora possuis
elidiu a causa da tua enfermidade; conseguintemente, mereces ficar livre dela.”
Daí o haver dito aos escribas: “Tão fácil é dizer: Teus pecados te são
perdoados, como: Levanta-te e anda.” Cessada a causa, o efeito tem que cessar.
É precisamente o caso do encarcerado a quem se declara: “Teu crime está expiado
e perdoado”, o que equivaleria a se lhe dizer: “Podes sair da prisão.” Paralítico
- A Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo, cap. XV - Os milagres do
Evangelho - Curas - Paralítico, itens 14 e 15.
Comentários
e destaques feitos pelos participantes:
- Nota-se que Jesus percebia o que os homens
pensavam, sem que estes precisassem se expressar por palavras. Isto fica
evidente nesta parte do texto: tendo percebido o que eles pensavam,
perguntou-lhes: Por que alimentais maus pensamentos em vossos corações?
- Jesus pede ao doente que tenha confiança,
então não se tratava de uma fé ativa e ardente, embora o doente tivesse fé;
- A expressão “Tua fé te salvou”, não é
empregada;
- Jesus diz: “Meu filho, tem confiança;
perdoados te são os teus pecados.”
- A paralisia daquele homem parece ter sido
uma expiação que chegara ao fim;
Os dez leprosos
16. Um dia, indo ele para Jerusalém, passava
pelos confins da Samaria e da Galileia - e, estando prestes a entrar numa
aldeia, dez leprosos vieram ao seu encontro e, conservando-se afastados,
clamaram em altas vozes: Jesus, Senhor nosso, tem compaixão de nós. - Dando com
eles, disse-lhes Jesus: Ide mostrar-vos aos sacerdotes. Quando iam a caminho,
ficaram curados.
Um deles, vendo-se curado, voltou sobre seus
passos, glorificando a Deus em altas vozes; - e foi lançar-se aos pés de Jesus,
com o rosto em terra, a lhe render graças. Esse era samaritano.
Disse então Jesus: Não foram curados todos
dez? Onde estão os outros nove? - Nenhum deles houve que voltasse e
glorificasse a Deus, a não ser este estrangeiro? - E disse a esse: Levanta-te;
vai; tua fé te salvou. (S. Lucas, 17:11 a 19.)
17. Os samaritanos eram cismáticos, mais ou
menos como os protestantes com relação aos católicos, e os judeus os tinham em
desprezo, como heréticos. Curando indistintamente os judeus e os samaritanos,
dava Jesus, ao mesmo tempo, uma lição e um exemplo de tolerância; e fazendo
ressaltar que só o samaritano voltara a glorificar a Deus, mostrava que havia
nele maior soma de verdadeira fé e de reconhecimento, do que nos que se diziam
ortodoxos. Acrescentando: “Tua fé te salvou”, fez ver que Deus considera o que
há no âmago do coração e não a forma exterior da adoração. Entretanto, também
os outros tinham sido curados. Fora mister que tal se verificasse, para que ele
pudesse dar a lição que tinha em vista e tornar-lhes evidente a ingratidão.
Quem sabe, porém, o que daí lhes haja resultado; quem sabe se eles terão se
beneficiado da graça que lhes foi concedida? Dizendo ao samaritano: “Tua fé te
salvou”, dá Jesus a entender que o mesmo não aconteceu aos outros. Os dez
leprosos - A Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo, cap. XV - Os milagres
do Evangelho - Curas - Os dez leprosos, itens 16 e 17.
Comentários
e destaques feitos pelos participantes:
- Dando com eles, disse-lhes Jesus: Ide
mostrar-vos aos sacerdotes. Quando iam a caminho, ficaram curados. Neste caso
Jesus manda aquele aos quais curou irem mostra-se ao sacerdotes.
- Por que mostrar-se aos sacerdotes? Uma
possibilidade de resposta é que ao tempo de Jesus o Livro da Vida, isto é, o
livro onde se registravam os nascimentos, o que hoje se faz nos cartórios,
estava a cargo dos sacerdotes. Quando alguém era acometido pela lepra, que era
diagnosticada pelos sacerdotes, o doente era vestido com uma mortalha,
rezava-se uma missa fúnebre de corpo presente, e em seguida o enfermo era
conduzido para fora dos limites da comunidade, e seu nome era riscado do Livro
da Vida, ou seja, era declarado morto. Por essa razão Jesus recomenda aos que
foram curados da lepra para irem apresentar-se aos sacerdotes, a fim de que
estes, constatando a cura, os incluíssem novamente no Livro da Vida.
Diz o texto: “Estando prestes a entrar numa
aldeia, dez leprosos vieram ao seu encontro e, conservando-se afastados,
clamaram em altas vozes: “Jesus, Senhor nosso, tem compaixão de nós.” Aqui fica
evidente que os doentes estavam fora da aldeia. E a lei ordenava que se
mantivessem afastados dos sãos, a uma distância de pelo menos dez metros.
- Jesus disse: Não foram curados todos os
dez? Onde estão os outros nove? - Nenhum deles houve que voltasse e glorificasse
a Deus, a não ser este estrangeiro? - E disse a esse: Levanta-te; vai; tua fé
te salvou.
- Todos foram curados, mas apenas um foi
salvo;
- Um deles, vendo-se curado, voltou sobre
seus passos, glorificando a Deus em altas vozes. Entendemos que “voltar sobre
seus passos”, significa refazer o caminho, mudar de ideia, que é o
arrependimento verdadeiro, e também a gratidão em forma de ações;
- Neste caso parece que o que caracterizou a
salvação foi, além da fé, a gratidão e a humildade.
- A cura do corpo pode ser feita por médicos,
pelo magnetismo e por outros meios, mas a salvação diz respeito à alma, ao seu
livre-arbítrio; é uma condição particular que exige um movimento interno do
Espírito, um desejo sincero, uma mudança efetiva de comportamento, que vai
muito além da recuperação da saúde do corpo. Aquele que foi salvo tinha, no
âmago do coração a fé, a humildade e a gratidão.
- O que se nota ainda no texto é que Jesus
faz ressaltar o problema da ingratidão.
Mão seca
18.
Doutra vez entrou Jesus no templo e aí encontrou um homem que tinha seca uma
das mãos. - E eles o observavam para ver se ele o curaria em dia de sábado,
para terem um motivo de o acusar. - Então, disse ele ao homem que tinha a mão
seca: Levanta-te e coloca-te ali no meio. - Depois, disse-lhes: É permitido em
dia de sábado fazer o bem ou mal, salvar a vida ou tirá-la? Eles permaneceram
em silêncio. - Ele, porém, encarando-os com indignação, tanto o afligia a
dureza de seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele a estendeu e
ela se tornou sã.
Logo os fariseus saíram e se reuniram contra
ele em conciliábulo com os herodianos, sobre o meio de o perderem. - Mas, Jesus
se retirou com seus discípulos para o mar, acompanhando-o grande multidão de
povo da Galileia e da Judéia - de Jerusalém, da Iduméia e de além Jordão; e os
das cercanias de Tiro e de Sídon, tendo ouvido falar das coisas que ele fazia,
vieram em grande número ao seu encontro. (S. Marcos, 3:1 a 8.) Mão seca - A
Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo, cap. XV - Os milagres do Evangelho
- Curas - Mão seca, item 18.
Comentários
e destaques feitos pelos participantes:
- Jesus entra no templo e encontra um homem
que tinha a mão seca, isto é, paralisada, e o convida a ir para o meio, a fim
de que fosse visto por todos. Vale lembrar que Jesus estava sendo observado
para ver se curaria em dia de sábado, o que era proibido pela lei de Moisés;
- Jesus não se intimida, porque sua fé é
verdadeira e ativa; ele afronta os fariseus, muito apegados à lei, e cura os
doentes aos sábados, mostrando com isso que mais importante que o amor à lei é
a lei de amor.
A mulher curvada
19.
Todos os dias de sábado Jesus ensinava numa sinagoga. - Um dia, viu ali uma
mulher possuída de um Espírito que a punha doente, havia dezoito anos; era tão
curvada, que não podia olhar para cima. - Vendo-a, Jesus a chamou e lhe disse:
Mulher, estás livre da tua enfermidade. - Impôs-lhe ao mesmo tempo as mãos e
ela, endireitando-se, rendeu graças a Deus.
Mas, o chefe da sinagoga, indignado por haver
Jesus feito uma cura em dia de sábado, disse ao povo: Há seis dias destinados
ao trabalho; vinde nesses dias para serdes curados e não nos dias de sábado.
O Senhor, tomando a palavra, disse-lhe:
Hipócrita, qual de vós não solta da carga o seu boi ou seu jumento em dia de
sábado e não o leva a beber?[1] - Por que então não se deveria libertar, em dia
de sábado, dos laços que a prendiam, esta filha de Abraão, que Satanás
conservara atada durante dezoito anos?
A estas palavras, todos os seus adversários
ficaram confusos e todo o povo encantado de vê-lo praticar tantas ações
gloriosas. (S. Lucas, 13:10 a 17.)
20. Este fato prova que naquela época a maior
parte das enfermidades era atribuída ao demônio e que todos confundiam, como
ainda hoje, os possessos com os doentes, mas em sentido inverso, isto é, hoje,
os que não acreditam nos maus Espíritos confundem as obsessões com as moléstias
patológicas. A mulher curvada - A Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo,
cap. XV - Os milagres do Evangelho - Curas - A mulher curvada, itens 19 e 20.
Comentários e destaques feitos pelos
participantes:
- O sábado era, segundo os judeus, um dia
dedicado ao descanso, e por isso não eram permitidas as curas e qualquer outra
forma de trabalho, ou tido como tal;
- Jesus vê a mulher e se compadece; chama-a e
lhe diz que ela está livre da sua enfermidade. Impõe-lhe as mãos e a livra do
mal que a fazia sofrer;
- Neste caso Jesus não fala em salvação,
simplesmente livra a mulher de um constrangimento;
- Jesus não se intimida diante da ira dos
fariseus, e faz o que sua consciência lhe diz;
- Outro detalhe que ressalta do texto é a
observação que Kardec faz ao final: hoje, os que não acreditam nos maus
Espíritos confundem as obsessões com as moléstias patológicas.
Observação:
Em nosso grupo constatamos essa realidade com relação à depressão, doença muito
comum em nossos dias. Dois casos de depressão grave, que há anos estavam sendo
tratadas pelos especialistas terrenos, sem êxito, foram curados pelos meios que
a Ciência Espírita indica, pois tratava-se de depressão obsessional.
Consultamos os nossos Guias e eles nos disseram que nos dois casos a depressão
era uma vingança levada a efeito por Espíritos. Evocados e moralizados os
Espíritos obsessores, ambos os deprimidos ficaram curados.
O
paralítico da piscina
21.
Depois disso, tendo chegado a festa dos judeus, Jesus foi a Jerusalém. - Ora,
havia em Jerusalém a piscina das ovelhas, que se chama em hebreu Betesda, a
qual tinha cinco galerias - onde, em grande número, se achavam deitados
doentes, cegos, coxos e os que tinham ressecados os membros, todos à espera de
que as águas fossem agitadas - Porque, o anjo do Senhor, em certa época, descia
àquela piscina e lhe movimentava a água e aquele que fosse o primeiro a entrar
nela, depois de ter sido movimentada a água, ficava curado, qualquer que fosse
a sua doença.
Ora, estava lá um homem que se achava doente
havia trinta e oito anos. - Jesus, tendo-o visto deitado e sabendo-o doente
desde longo tempo, perguntou-lhe: Queres ficar curado? - O doente respondeu:
Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina depois que a água for
movimentada; e, durante o tempo que levo para chegar lá, outro desce antes de
mim. - Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e vai-te. - No mesmo
instante o homem se achou curado e, tomando de seu leito, pôs-se a andar. Ora,
aquele dia era um sábado.
Disseram então os judeus ao que fora curado:
Não te é permitido levares o teu leito. - Respondeu o homem: Aquele que me
curou disse: Toma o teu leito e anda. - Perguntaram-lhe eles então: Quem foi
esse que te disse: Toma o teu leito e anda? - Mas, nem mesmo o que fora curado
sabia quem o curara, porquanto Jesus se retirara do meio da multidão que lá
estava.
Depois, encontrando aquele homem no templo,
Jesus lhe disse: Vês que foste curado; não tornes de futuro a pecar, para que
te não aconteça coisa pior.
O homem foi ter com os judeus e lhes disse
que fora Jesus quem o curara. - Era por isso que os judeus perseguiam a Jesus,
porque ele fazia essas coisas em dia de sábado. - Então, Jesus lhes disse: Meu
Pai não cessa de obrar até ao presente e eu também obro incessantemente. (S.
João, 5:1 a 17.)
22. Piscina (da palavra latina piscis,
peixe), entre os romanos, eram chamados os reservatórios ou viveiros onde se
criavam peixes. Mais tarde, o termo se tornou extensivo aos tanques destinados
a banhos em comum.
A piscina de Betesda, em Jerusalém, era uma
cisterna, próxima ao Templo, alimentada por uma fonte natural, cuja água parece
ter tido propriedades curativas. Era, sem dúvida, uma fonte intermitente que,
em certas épocas, jorrava com força, agitando a água. Segundo a crença vulgar,
esse era o momento mais propício às curas. Talvez que, na realidade, ao brotar
da fonte a água, mais ativas fossem as suas propriedades, ou que a agitação que
o jorro produzia na água fizesse vir à tona a vasa salutar para algumas
moléstias. Tais efeitos são muito naturais e perfeitamente conhecidos hoje;
mas, então, as ciências estavam pouco adiantadas e à maioria dos fenômenos
incompreendidos se atribuíam uma causa sobrenatural. Os judeus, pois, tinham a
agitação da água como devida à presença de um anjo e tanto mais fundadas lhes
pareciam essas crenças, quanto viam que, naquelas ocasiões, mais curativa se
mostrava a água.
Depois de haver curado aquele paralítico, disse-lhe
Jesus: “Para o futuro não tornes a pecar, a fim de que não te aconteça coisa
pior.” Por essas palavras, deu-lhe a entender que a sua doença era uma punição
e que, se ele não se melhorasse, poderia vir a ser de novo punido e com mais
rigor, doutrina essa inteiramente conforme à do Espiritismo.
23. Jesus como que fazia questão de operar
suas curas em dia de sábado, para ter ensejo de protestar contra o rigorismo
dos fariseus no tocante à guarda desse dia. Queria mostrar-lhes que a
verdadeira piedade não consiste na observância das práticas exteriores e das
formalidades; que a piedade está nos sentimentos do coração. Justificava-se,
declarando: “Meu Pai não cessa de obrar até ao presente e eu também obro
incessantemente.” Quer dizer: Deus não interrompe suas obras, nem sua ação
sobre as coisas da Natureza, em dia de sábado. Ele não deixa de fazer que se
produza tudo quanto é necessário à vossa alimentação e à vossa saúde; eu lhe
sigo o exemplo. (O paralítico da piscina - A Gênese - Os milagres segundo o
Espiritismo, cap. XV - Os milagres do Evangelho - Curas - O paralítico da
piscina, itens 21 a 23.)
Comentários e destaques feitos pelos
participantes:
- Um dos primeiros pontos notados pelo grupo
foi a evidência do egoísmo: cada um desejava a cura para si mesmo, e quem
pudesse mais, alcançaria a cura nas águas agitadas; o paralítico ali não teria
nenhuma chance;
- Outro ponto interessante de ser notado foi
a resposta do doente quando Jesus lhe fez a pergunta: Queres ficar curado? - O
doente respondeu: Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina depois que
a água for movimentada; e, durante o tempo que levo para chegar lá, outro desce
antes de mim. - Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e vai-te.
A resposta do doente foi uma lamentação, uma
queixa, e não uma resposta positiva e pronta: Quero! Diante de tal resposta,
Jesus lhe disse: Levanta-te, toma o teu leito e vai-te.
- Disseram então os judeus ao que fora
curado: Não te é permitido levares o teu leito. - Respondeu o homem: Aquele que
me curou disse: Toma o teu leito e anda. - Perguntaram-lhe eles então: Quem foi
esse que te disse: Toma o teu leito e anda? - Mas, nem mesmo o que fora curado
sabia quem o curara, porquanto Jesus se retirara do meio da multidão que lá
estava. Nota-se que aquele que recebeu a cura, sequer prestou atenção em quem o
curou, o que denota evidente ingratidão.
- Depois, encontrando aquele homem no templo,
Jesus lhe disse: Vês que foste curado; não tornes de futuro a pecar, para que
te não aconteça coisa pior. Nesta passagem fica claro que aquele homem não foi
salvo, mas apenas curado, e que se não houvesse transformação moral, poderia
adoecer novamente;
- Aquele era um dia de sábado e os fariseus,
apegados às formalidades da lei, lá estavam para lembrar que a lei do repouso
não permitia o trabalho aos sábados, sem ao menos notar que aquele homem que
agora carregava seu leito, antes era paralítico e fora curado;
- Jesus como que fazia questão de operar suas
curas em dia de sábado, para ter ensejo de protestar contra o rigorismo dos
fariseus no tocante à guarda desse dia. Queria mostrar-lhes que a verdadeira
piedade não consiste na observância das práticas exteriores e das formalidades;
que a piedade está nos sentimentos do coração.
Este comentário de Kardec é notável, pois
mostra como Jesus, modelo e guia, agia sem pieguice, com humildade e firmeza,
para ensinar aos homens o que é devotamento e abnegação.
Após o estudo dos textos acima, fizemos as
seguintes perguntas aos nossos Guias:
1. O que significa voltar sobre os próprios
passos, a que se refere a passagem dos dez leprosos?
2. Como compreender o que significa a verdadeira
gratidão a que também se refere essa mesma passagem, como condição para a
salvação?
3. Quais são, como relação ao nosso grupo, os
empecilhos para que pratiquemos o bem como propõe Jesus?
Recebemos as seguintes respostas:
O homem que retornou para agradecer a Jesus foi salvo pois ali está a
gratidão, a humildade para reconhecer que foi Deus quem o curou, e que este é o
caminho. Olhem o seu próximo, aquele que sofre, com um olhar de compaixão. Uma
pequena prece o auxiliará, lhe trará forças morais nos seus embates. Orar pelo
próximo é ser grato pelas dádivas recebidas, auxiliando-o a não sofrer.
Sem
nome
Psicografada pelo médium Sr. C. L.
Por vezes sois acomodados, e o bem exige esforço. A falta de vontade
firme é um empecilho para o vosso progresso. A ideia de que sois incapazes, de
que é necessário um esforço muito grande, que a perfeição está muito longe,
praticamente inalcançável, são preconceitos que vos paralisam e que precisam
ser eliminados a fim de que avanceis mais rapidamente.
Psicografada pela adolescente Srta. C. A.
A gratidão é uma virtude que deveis utilizar
em cada momento de vossas vidas. É um sentimento de alegria e devoção ao Pai.
Ser grato é utilizar todos os recursos que Deus vos oferece para o
aperfeiçoamento moral, na prática do bem. É não esquecer-se, ou tapar os
ouvidos às Suas leis. É ter fé e coragem para enfrentar o ridículo dos homens.
A gratidão está na prática da justiça, no
bem, na vivência dos ensinamentos do Cristo e do Espiritismo. Por isso, não se
é grato apenas por não fazer lamentações, mas sim por esse conjunto de fatores.
Sede gratos ao Criador e ao Cristo vivendo
seus ensinamentos, está aí a verdadeira gratidão.
Paulo, o Apóstolo
Psicografada pela adolescente Srta. C.
A., em 06/07/2013.
Deus
não espera que o aduleis com palavras, que dirijais a ele pensamentos que lhe
deem atributos. Ele é, e, sendo, como por exemplo, amor, o é por excelência.
O ato de gratidão só importa a Deus se
consistir para vós no aprendizado da humildade e da submissão, que aumentam a
vossa fé.
Cada ato vosso deveria e, será um dia, de
gratidão a Deus, pois é ele que tudo nos concede; é ele que nos permite estar
ao vosso lado para melhor entenderdes Suas leis.
A própria natureza é um exemplo de gratidão;
tudo vibra alegria e sabedoria, que só podemos atribuir a Deus.
Vossos esforços vos pertencem porque Deus vos
deu a liberdade de ação, e tanto podem ser esforços para o bem como para o mal.
Poderíeis perguntar: e o mal? Bem, o mal é, como bem o sabeis, criação do
homem, e Deus o permite, é claro; permite para vos instruir, para que, causado
por vós ou acontecendo ao vosso lado, seja então o seu resultado infeliz motivo
para que vos desgosteis dele.
Tudo é motivo de gratidão, pois a gratidão
vos habilita à humildade e à submissão às leis de Deus, eu o repito.
Sem humildade não retornareis sobre o passo
seguro que Jesus propõem; sem abnegação, que é o esquecimento de si mesmo, não
vivereis a verdadeira caridade.
Se carregais hoje o peso da expiação, e
reconheceis justa a vossa pena, agradecei, para terdes aliviado logo mais o
vosso fardo e possais então gozar, não o gozo vazio e passageiro da Terra, mas
a exemplo de Jesus, que, pleno de felicidade goza servindo, espalhando amor,
apaziguando a humanidade no trabalho de gratidão eterna ao Pai.
Santo
Agostinho.
Psicografada pelo médium Sr. R. A., em
06/07/2013.
[1] A lei Schabbat (sabbat) era bem rigorosa
e ia aos mínimos detalhes na proibição de trabalhar aos sábados. No entanto,
havia um dispositivo que permitia que se cuidasse dos animais em certos caso,
como este: Quando um animal cair num fosso pode-se retirá-lo, se houver risco
de morte; deve-se apenas alimentá-lo, se o salvamento não for imediatamente
necessário. (Beza, 3:4)
Jesus tem numerosos conflitos com os fariseus
por causa da lei do descanso, que proibia a cura aos sábados. No entanto,
conhecedor das leis, Jesus não se deixa enganar, e contesta sempre que julga
injusto um preceito qualquer da lei, preferindo obedecer a lei de amor, que é a
lei de Deus.
GEAK – GRUPO DE ESTUDOS ALLAN KARDEC
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