quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ESPIRITISMO Ou será científico ou não subsistirá



Prof. Edvaldo Nogueira
Fraternidade Espírita
Nosso Lar • Penha • SC
profnogueira@uol.com.br

Doutrina dos Espíritos, na visão de professor Edvaldo, não pode caracterizar-se como uma simples religião
  
Qual a razão de iniciar este artigo com esta afirmação do eminente professor Denizard Hippolyte Leon Rivail? A propósito, esse é o verdadeiro nome civil de Allan Kardec, o codificador da Doutrina dos Espíritos.

Na minha modesta visão, a mais adequada definição que se pode atribuir à “Doutrina Espírita” é a seguinte: “Ciência, Filosofia Éticomoral de Consequências Religiosas”, como atestaram estudiosos do quilate de Léon Denis, Eurípedes Barsanulfo e Hermínio Miranda, só para citar três brilhantes espíritas. Portanto, não pode caracterizar-se como uma simples religião, como chegam a afirmar afoitamente alguns militantes mal informados.

Por que ciência? Por se enquadrar como tal, ou seja: “Corpo de conhecimentos sistematizados que adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos formulados metódica e racionalmente”. A ciência espírita, como todas as demais ciências, é progressiva, evolutiva, ainda que contestem alguns espíritas "ortodoxos". E por que a doutrina se identifica como filosófica?
Vejamos o que define Filosofia: “A busca racional dos princípios básicos e fundamentais da vida e do Universo”. A Filosofia tem como axioma fundamental que “nada pode ser e não ser simultaneamente”. Sendo assim, se duas teorias são contraditórias entre si, uma está necessariamente incorreta e a outra não necessariamente correta.

Podemos concluir o quanto ainda necessitamos de estudos, pesquisas, dedicação e disciplina para apreender, compreender, e finalmente, poder praticar a doutrina, com responsabilidade, em nosso próprio benefício bem como do nosso próximo, lembrando
que a maior caridade que podemos fazer pelo Espiritismo é a sua correta divulgação.
E como divulgar com sabedoria e responsabilidade a Doutrina dos Espíritos sem os conhecimentos e princípios filosóficos e científicos que a fundamentam?

E por falar em caridade, o lema que nos chama a atenção,e que com frequência é evocado no movimento espírita é: “Fora da caridade não há salvação”. Primeiramente, vamos analisar o que significa caridade. Conceituando: “Caridade é tudo o que proporcionamos, de nossos próprios recursos, materiais ou não, em benefícios reais ao próximo sem visar a qualquer tipo de compensação, e sem causar-lhe constrangimento ou dependência”.

Alerta a espíritas que pretendem assegurar a própria "salvação"

É lamentável que, em  consequência, provavelmente, da falta de compreensão em relação a esse lema, muitos há, principalmente entre os próprios espíritas, que pretendendo de qualquer maneira assegurar sua própria “salvação”, passam a nutrir esse monoideísmo e dedicam-se exclusivamente a arrecadar recursos materiais junto às pessoas de boa vontade, para “praticar a caridade” aos seus “protegidos”, num processo nocivo de estabelecer e alimentar dependências viciosas que acabam prejudicando-os quanto à oportunidade da auto-realização evolutiva, através do trabalho dignificante que venha suprir suas próprias necessidades. Com tal atitude, desconsidera inconscientemente a sábia recomendação do Mestre Jesus: “Ensine-o a fazer, não faça por ele” ou ainda; “Ensine-o a pescar, não lhe dê o peixe”.

Não sou, absolutamente, contrário a que se pratique a caridade, mas devemos agir com cautela quando nos propomos a ajudar. É claro que não devemos nos omitir diante das dificuldades do próximo, lembrando, porém, que “só podemos dar daquilo que temos, ou seja, dos nossos próprios recursos”.
“Ajude-o a levantar-se, não o carregue nas costas, pois isso não é CARIDADE”.
Deixe-o caminhar com as próprias pernas. O centro espírita deve ser sempre aquele oásis para os viajantes da Vida sedentos de Amor e luz, face às dificuldades do caminho.

Para refletirmos: “Deus move o universo inteiro naquilo que o ser humano é incapaz de fazer, mas não move uma palha naquilo que nos compete resolver”.

Muita paz a todos. Edvaldo


O Jornal dos Espíritas Catarinenses  • Ano XI • Nº 38 • Novembro de 2013 

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ESTUDO SEQUENCIAL OU SISTEMATIZADO?


Juvan de Souza Neto
Dirigente do C. E. Jesus de
Nazaré, Barra Velha • SC
juvandesouza@gmail.com



35 anos do sistema de ensino apostilado ESDE geram reflexão sobre importância de estudo  das Obras Básicas

 Nestes tempos de reflexão  sobre os 35 anos do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita no Brasil, ousamos, dentro de nossa limitação doutrinária, traçar algumas reflexões. Sem dúvida, o ESDE é uma significativa ferramenta para o Estudo na Casa Espírita. Aqui em Barra Velha, litoral norte de Santa Catarina, já completamos todo o ciclo (apostilas I, II e tomo único) da nova edição da FEB e completamos também algumas apostilas anteriores, também da  FEB, Feparaná e também na Mediunidade, com apostilas igualmente febianas.

Mas na condição de dirigente, ficamos ao mesmo tempo satisfeitos de observar progressos no grupo, e preocupados. Não estamos invertendo a ordem do estudo? Por mais que o ESDE tenha estratégias pedagógicas, planos de aula, propostas de discussão, avaliação final, ele acaba por suprimir o conhecimento DIRETO que o estudioso da Doutrina poderá ter com a Obra Básica em questão. E mais: esse ESDE será sempre o fruto da pesquisa e seleção de um grupo de encarnados- em que pese a boa vontade e conhecimento amplo dos elaboradores da apostila e o fato de eles se basearem nas lições dos Imortais.

Essa sistematização não vem, digamos, diretamente da Espiritualidade Superior (não pelo menos no grau que temos quando nos deparamos com as Obras Básicas), e pode suprimir trechos importantes da Codificação que chegaram para nós justamente como o Codificador queria que chegasse: na mesma ordem metodológica e didática que sabemos que o Senhor Allan Kardec usou, desdobrando sua primeira obra em quatro outros livros, a partir dos livros (ou sublivros) de "O Livro dos Espíritos".

Desde 2009, em Barra Velha, nós apostamos no Estudo Sequencial. Primeiro, o Sequencial: "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns" (em andamento), "O Evangelho Segundo o Espiritismo", já completado. Já completamos igualmente "O Céu e o Inferno" e "A Gênese" também. E outras ricas e oportunas obras sequenciais: "O Consolador", "Nosso Lar", "Os Mensageiros” (em andamento), "O Espírito e o Tempo" (recentemente concluído, fantástico livro de Herculano Pires), e agora estamos em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", Léon Denis. Claro que isso dividido em dias e horários diferentes, com monitores diferentes. E junto disso, o ESDE, nas segundas-feiras, recentemente concluído.

Vejam bem: não estamos minimizando a importância do ESDE ou qualquer outra estratégia de aprendizagem, pois como bem lembrou o confrade Marcelo Henrique Pereira, de São José, Santa Catarina, o Codificador (em “Obras Póstumas”, no “Projeto 1868”, que todos deveriam ler e reler), foi profético ao recomendar a preparação e profusão de “Um curso regular de Espiritismo”, o qual seria “professado com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios”. Continua Kardec frisando que “este curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns”.

Vimos, por nós próprios, que apenas recomendar que o estudioso da Doutrina Espírita leia as Obras Básicas em casa, por si só, não basta. Muitos não chegam nem a "O Que é o Espiritismo?". Absoluta maioria sequer abriu as páginas da Revista Espírita.

Aí, uma casa espírita que oferece apenas a leitura em apostilas durante 5, 10, 15 anos, correrá o risco de ao final perguntar quem conhece a fundo o conteúdo, por exemplo, do "O Livro dos Espíritos", e receber apenas a resposta: "É, conheço, mas trechos dele...". Será um conhecimento fragmentado. "Picotado". 

Chegamos à conclusão que na casa espírita, o primeiro deve ser mesmo o estudo sequencial. A apostila vem depois. É complemento, é imprescindível, vem como referencial teórico, acrescido de excelentes trechos de ótimas obras, vasta bibliografia e todas as vantagens citadas acima. Essa é nossa modesta opinião.

Por hora, rogamos as bênçãos do Cristo aos lutadores, dos Dois Planos, dessa excepcional proposta de estudo e metodologia elaborada nos últimos 35 anos chamada “ESDE”. Mas ousamos dizer: "Em primeiro, Kardec por Inteiro!"

O Jornal dos Espíritas Catarinenses  • Ano XI • Nº 38 • Novembro de 2013


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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A FILOSOFIA DO MAGNETISMO 2

Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com


Há quatro meses publicou-se no Vórtice artigo de minha autoria sobre este mesmo título. Outras ideias foram surgindo a partir de então motivando-nos a escrever uma como que continuação sobre o tema. Assim propomo-nos a tecer mais alguns comentários a respeito de como podemos entender o funcionamento do magnetismo e a sua forma de atuação no organismo doente.

Certa vez uma amiga queimou a mão com café e me perguntou: qual a técnica magnética apropriada para tratar esta queimadura? Respondemos meio timidamente que, segundo a literatura a respeito, seria necessário aplicar sopro quente. Isso mesmo! Sopro quente sobre a queimadura. Apesar de achar estranho, assim o fez.
Após fazer a aplicação ela relatou que sentiu um aumento de queimor que depois cessou não deixando marcas, nem bolhas, nem vermelhidão.

Assim como eu e esta minha amiga ficamos surpresos de ser o sopro quente a melhor
técnica para tratar queimaduras, alguns leitores devem estar se perguntando se é isto mesmo. A questão é que dá resultados e esta é a recomendação encontrada nas obras especializadas. Quando pela primeira vez li sobre isto, achei que seria um erro de edição, mas não, esta é a técnica.

Por que a surpresa? Acostumamo-nos a pensar de acordo com a Medicina ocidental, daí que, numa análise rápida somos tentados a achar que a melhor técnica para a queimadura seria o sopro frio. Este é o pensamento médico, cuja ação sobre as doenças ocorre dentro do conceito dos opostos, aplicando substâncias que se contrapõem aos sintomas. Ou seja, o que está quente deve ser esfriado. Assim agem, por exemplo, os medicamentos contra febre.

Como pudemos ler no artigo anterior (Vórtice - agosto/2013), a Homeopatia age de maneira inversa, através dos iguais, utilizando um medicamento químico, porém sutilizado, indo a sua ação além do biologismo físico, atingindo os níveis energéticos mais densos.
O Magnetismo, não utilizando uma substância química nos seus tratamentos, mas sim um elemento fluídico, alcança maior profundidade, ou seja, níveis menos densos do circuito vital.

O Magnetismo age diferentemente da Medicina alopática e da homeopática. Tem a sua filosofia própria, os seus próprios conceitos, interpreta o funcionamento energético dos organismos e deduz a aplicabilidade dos fluidos para a sua harmonização. É desta harmonização no funcionamento vital do doente que surge a cura emocional ou física.

Tem sido hábito dos magnetizadores modernos estudarem a anatomia e a fisiologia humanas a fim de desenvolverem um maior conhecimento a respeito da enfermidade que estão tratando.
Apesar de conscientes dos enormes benefícios que tais conhecimentos trazem, é preciso convir que denotam a forma de interpretar  da Medicina. Não é que esteja errada, mas reflete apenas um ponto de vista, o biológico. Da mesma forma, a ciência médica estuda as diversas patologias observando-as em um único ângulo, ressaltando os processos biológicos sem levar em conta os aspectos emocionais, energéticos e, menos ainda, espirituais.

O magnetizador espírita sabe que o ser humano sofre a influência destes campos diversos e leva em conta todos eles no momento de determinar um programa de tratamento magnético, visando corrigir não apenas sintomas mas, acima de tudo, causas. Bem faz a Medicina Chinesa que, ao estudar a fisiologia do corpo humano o faz através das relações entre todos estes aspectos.

Tornou-se característica da época atual no Ocidente a extrema especialização com vistas a um conhecimento o mais detalhado possível de cada coisa. Assim existe a Medicina que trata o corpo, a Psicologia que cuida da mente e o Espiritismo estudando o espírito. Para um tratamento eficaz, o Magnetismo deve fazer a síntese de todas estas vertentes. Tanto nas obras espíritas quanto nas obras de Magnetismo clássico veem-se referências às influências das disposições íntimas sobre o corpo físico.
Não há por que, então, abdicarmos de algum destes fatores para nos determos apenas nos demais. Espírito, perispírito e corpo formam um sistema complexo em que as partes interagem constantemente entre si, resultando nos aspectos saudáveis ou doentios.

É preciso, portanto, para entendermos a filosofia do Magnetismo, não perdermos de vista a tríade espírito-perispírito-corpo para uma intervenção terapêutica magnética capaz de tornar plena a saúde e fazer com que o equilíbrio volte a vigorar.

Outro aspecto importante que deve ser analisado é quanto às doenças que têm causa física. Estas têm um bom resultado quando tratadas pela Medicina, visto que a química utilizada encontra-se no mesmo grau de densidade da região a ser tratada. O Magnetismo, tanto quanto a Homeopatia, também pode tratar com eficácia este tipo de afecção. Porém, se a causa for energética ou moral, a teoria médica deixa a desejar, visto que não pode alcançar com a sua medicação ou procedimentos o campo mais sutil.

É assim que chamamos a atenção para a necessidade de estudarmos o corpo humano e mais ainda, estudarmos a dinâmica do fluido - combustível dos órgãos físicos e perispirituais -, a fim de desenvolvermos tratamentos magnéticos mais eficientes e que consigam alcançar as causas daquilo que chamamos de doenças.□

JORNAL VORTICE - ANO VI, Nº 08 – JANEIRO 2014

FILOSOFIA DO MAGNETISMO 1
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