domingo, 14 de outubro de 2012

EMPREGO OFICIAL DO MAGNETISMO ANIMAL - A DOENÇA DO REI DA SUÉCIA

      
    A DOENÇA DO REI DA SUÉCIA 
Joseph François Oscar Bernadotte
8 de março de 1844
8 de Julho  de  1859

REVISTA ESPÍRITA, OUTUBRO DE 1858

Escreveu-se de Estocolmo, em 10 de setembro de 1858, ao Journal dês Débats:

"Infelizmente, nada tenho de muito consolador a vos anunciar quanto à doença da qual sofre, desde logo aos dez anos, o nosso soberano. Todos os tratamentos e remédios que as pessoas credenciadas prescreveram nesse intervalo, não trouxeram nenhum alívio aos sofrimentos que acabrunham o rei Oscar. Seguindo o conselho de seus médicos, o senhor Klugenstiem, que goza de alguma reputação como magnetizador, foi recentemente chamado ao castelo de Drottningholm, onde continua a residir a família real, para proporcionar, ao augusto doente, um tratamento periódico de magnetismo.
Crê-se mesmo aqui que, por uma coincidência bastante singular, a sede da doença do rei Oscar se acha precisamente estabelecida nessa região da cabeça onde está colocado o cerebelo, como isso parece, infelizmente, ser o caso hoje do rei Frederico Guilherme IV, da Prússia."

Perguntamos se, há vinte e cinco anos somente, os médicos teriam usado propor, publicamente, um semelhante meio, mesmo a um simples particular, com mais forte razão a uma cabeça coroada? Nessa época, todas as Faculdades científicas, e todos os jornais, não tinham sarcasmo bastante para denegrirem o magnetismo e seus partidários. As coisas muito mudaram nesse curto espaço de tempo! Não somente não se ri mais do magnetismo, mas hei-lo oficialmente reconhecido como agente terapêutico. Que lição para aqueles que se riem das idéias novas! Fá-los-á enfim, compreenderem o quanto é imprudente inscrever-se em falso contra as coisas que não se compreendem? Temos uma multidão de livros escritos contra o magnetismo, por homens em evidência; ora, esses livros ficarão como uma mancha indelével sobre sua alta inteligência. Não teria sido melhor calar e esperar? Então, como hoje para o Espiritismo, se lhe opuseram a opinião dos mais eminentes homens, os mais esclarecidos e mais conscienciosos: nada abalava seu ceticismo. Aos seus olhos, o magnetismo não era senão um malabarismo indigno de pessoas sérias. Qual ação poderia ter um agente oculto, movido pelo pensamento e pela vontade, e do qual não se podia fazer análise química? Apressemo-nos em dizer que os médicos suecos não foram os únicos que mudaram de opinião sobre essa idéia estreita, e que por toda parte, na França como alhures, a opinião mudou completamente a esse respeito; e isso é tão verdadeiro que, quando se passa um fenômeno inexplicável, diz-se: é um efeito magnético. Acha-se, pois, no magnetismo a razão de ser de uma multidão de coisas que se levava à conta da imaginação, essa razão tão cômoda para aqueles que não sabem senão dizer.

O magnetismo curará o rei Oscar? É uma outra questão. Sem dúvida, ele tem operado curas prodigiosas e inesperadas, mas tem os seus limites, como tudo o que está na Natureza; e, aliás, é preciso ter em conta esta circunstância que a ele não se recorre, em geral, senão in extremis e em desespero de causa, quando, freqüentemente, o mal fez progressos irremediáveis, ou foi agravado por uma medicação contrária Para que ele triunfe de tais obstáculos, é preciso que seja bem poderoso!

Se a ação do fluido magnético é hoje um ponto geralmente admitido, não ocorre o mesmo com respeito às faculdades sonambúlicas que encontram, ainda, muitos incrédulos no mundo oficial, sobretudo no que toca às questões médicas. Todavia, se convirá que os preconceitos, sobre esse ponto, estão singularmente enfraquecidos, mesmo entre os homens de ciência: disso temos a prova no grande número de médicos que fazem parte de todas as sociedades magnéticas, seja na Franca, seja no estrangeiro. Os fatos estão de tal modo vulgarizados, que é bem preciso ceder à evidência e seguir a corrente, bom ou malgrado. Logo isso ocorrerá com a lucidez intuitiva como com o fluido magnético.

O Espiritismo liga-se ao Magnetismo por laços íntimos (essas duas ciências são solidárias uma com a outra); e todavia, quem o teria acreditado? Ele encontra adversários obstinados mesmo entre certos magnetizadores que, eles, não os contam entre os espiritistas. Os Espíritos sempre preconizaram o magnetismo, seja como meio curativo, seja como causa primeira de uma multidão de coisas; eles defendem sua causa e vêm prestar-lhe apoio contra seus inimigos. Os fenômenos espíritas abriram os olhos a muitas pessoas, que ao mesmo tempo se juntaram ao Magnetismo. Não é bizarro ver os magnetizadores esquecerem tão cedo o que deveram sofrer com os preconceitos, negarem à existência de seus defensores, e lançarem contra eles os golpes que se lhes lançaram outrora? Isso não é grande, isso não é digno de homens aos quais a Natureza, revelando-lhes um dos mais sublimes mistérios, mais do que a ninguém, tirou o direito de pronunciar o famoso nec plus ultra. Tudo prova, no desenvolvimento rápido do Espiritismo, que ele também terá logo seu direito de burguesia; a espera disso, aplaude com todas as suas forças a categoria que acaba de alcançar o Magnetismo, como a um sinal incontestável do progresso das idéias.


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sábado, 13 de outubro de 2012

HIPNOSE NO SÉCULO 19

    

Hipnose entrou no século 19 como uma atividade marginal associado com charlatães, e deixou-o como uma técnica médica mainstream praticada em hospitais respeitados e universidades. Esta transformação notável foi devido à persistência dos médicos e pesquisadores individuais, que arriscaram ostracismo profissional e ridículo para explorar as técnicas descobertas por Mesmer. A razão que eles fizeram isso porque, apesar de toda a mística magnética patranhas, um fato inconveniente permaneceu - mesmerismo funcionou.
Idéias de Mesmer não desapareceu após a sua morte, mas espalhar-se entre um grupo crescente de devotos para desenvolver de maneiras que ele nunca poderia ter imaginado. Nas primeiras décadas do século, mesmeristas caiu em dois campos, "fluidists", que se agarrou à crença em magnetismo animal sendo transmitidos através do éter, e "animistas", que procuravam uma explicação mais psicológica. Na primeira, o debate entre esses dois campos ocorreu fora dos círculos médicos, com homens como Faria de Jose-Custódio (1756-1819), um padre católico de Goa, defendendo a "animista" vista.
FRANÇOIS DELEUZE
Pouco a pouco, a crença em um fluido etéreo magnética desapareceu, ea idéia da sugestão e crença começou a ganhar terreno. Ao mesmo tempo, o estabelecimento médico começou a tomar conhecimento. Alexandre Bertrand (1795-1831), um médico de Nantes, começou a palestra sobre as experiências de sujeitos e de conduta, depois de testemunhar uma exibição pública de mesmerismo em 1819. Em 1826, experimentos conduzidos por Hénin de Cuvillers (1755-1841) e Philippe Joseph François Deleuze (1753-1835) convenceu a Académie de Médecine para investigar as possibilidades do mesmerismo mais uma vez. Um relatório foi publicado em 1831, reconhecendo os resultados reais que mesmerismo foi capaz de produzir, e aumentando a perspectiva tentadora de seu uso em cirurgia.

Esta ideia foi defendida na Grã-Bretanha por John Elliotson (1791-1868), um médico da Universidade College Hospital, que tinha se interessado em mesmerismo depois de ver uma demonstração em 1829 pelo químico francês Richard Chevenix. Na primeira, o interesse principal Elliotson era no uso de mesmerismo como um tratamento para distúrbios do sistema nervoso. Ele se envolveu com Jane e O'Key Elizabeth, um par de irmãs irlandeses internados por "convulsões histéricas", que provou ser muito prestativo assuntos mesméricos. Elliotson começou a usá-los em exposições públicas, onde se tornou uma estrela por sua vez, a mudança de personalidade em seu comando para cantar, dançar e entregar réplicas espirituosas.

Para os olhos do século 21, este parece mais como um show de hipnose de palco de uma demonstração científica, e foi controverso mesmo na época. Os O'Keys parecia desfrutar de sua carreira no showbiz mesmeric um pouco demais, e eles eram constantemente acusado de falsificar. Elliotson capacidade de defendê-los foi prejudicada pelo fato de que ele era um "fluidist" convicto, uma posição que foi se tornando cada vez mais insustentável. Ele foi forçado a demitir-se do Hospital, mas passou a reivindicar um lugar de destaque na história da hipnose, quando ele abriu a Londres Infirmary Mesmeric em 1849. Aqui, ele foi pioneiro no uso da hipnose para anestesia e controle da dor na cirurgia, mantendo registros meticulosos de muitas operações de sucesso, incluindo amputações.

Elliotson teve uma profunda influência sobre James Esdaile (1808-1859), um cirurgião escocês que trabalhou na Índia entre 1845 e 1851. Aqui ele realizou mais de 300 grandes operações menores e 1000 utilizando apenas anestesia hipnótica. Em seu livro Mesmerismo Na Índia, e sua aplicação prática em Cirurgia e Medicina, Esdaile apresenta um resumo dos 73 indolores operações cirúrgicas que realizou nos últimos oito meses de sua estadia na Índia. Estes incluem o braço, da mama e, de forma alarmante, amputações pénis, a cirurgia dentária e a remoção de tumores. Além disso, ele usou a hipnose para curar 18 queixas nervoso e médicas, incluindo dores de cabeça, tiques e convulsões, dor ciática, inflamação de várias partes do corpo e uma "sensação de insetos rastejando sobre o corpo." (1)

Apesar do sucesso da anestesia hipnótica, por 1846 a medicina convencional tinha vindo a favorecer o uso de óxido nitroso em operações cirúrgicas. A promissora linha de investigação foi assim encerrado, exceto para os esforços esporádicos por pesquisadores individuais. Mesmerismo continuou em seu curso retrógrado, muitas vezes, como uma forma de entretenimento de salão, ou em conjunto com sessões espíritas.

Novos desenvolvimentos significativos ocorreram no final do século 19, quando um debate surgiu na França entre os Saltpêtrière e Nancy "escolas" de hipnose. Ambos foram inspirados pela obra de Charles Richet (1850-1935), professor de fisiologia na Universidade de Paris, que realizou muitos experimentos na hipnose médica ou clínica na década de 1870.

A escola Saltpêtrière cresceu em torno de Jean-Martin Charcot (1825-1893), Diretor de Medicina Asilo da famosa / infame Saltpêtrière Mulher. O principal interesse de Charcot foi em "histeria" feminina. Ele era uma figura extravagante, dado a apresentações teatrais e manifestações, ilustrados com a mais alta tecnologia fotográfica (de fato, ele publicou um jornal normal fotográfica, ilustrado com retratos de seus pacientes em vários estágios de histeria). Ele também ganhou o apelido pouco lisonjeiro em vez de o "Napoleão da Neurose".

Charcot explicitamente relacionada a hipnose para a histeria, uma vez que os sintomas da histeria, como ele a viu, correspondia exatamente os três "fases" de hipnose que ele tinha sido capaz de identificar, na sequência do trabalho Richet. Estes eram "catalepsia", onde o assunto iria responder a sugestões físicas dadas pelo hipnotizador; "letargia", onde não iria responder a todas as sugestões de todos, e "sonambulismo", onde o sujeito foi capaz de conversar e responder a qualquer sugestão que lhe são transmitidas. Charcot era fascinado pela susceptibilidade pronto que histeria exibido para a hipnose, e formou a conclusão de que a hipnose era uma outra forma de histeria - em suma, uma anormalidade.

Em oposição a isso, uma escola de pensamento cresceu em torno dos escritos de Hippolyte Bernheim (1840-1919), um professor de medicina na Universidade de Nancy. Bernheim atacado descobertas de Charcot, disputando os "três fases" modelo de hipnose e com sucesso argumentando que sugestionabilidade era um traço humano normal. Ele provou isso usando os homens em suas experiências, uma vez que foi amplamente aceito que os homens eram menos suscetíveis a sugestão de que as mulheres!

A disputa entre as duas escolas cresceu bastante amargo. Mesmer como antes dele, Charcot foi parcialmente destruído por sua própria personalidade, mas de forma mais significativa pelo fato de que a hipnose era comprovadamente uma experiência humana universal. A visão Saltpêtrière teve uma influência persistente, em que Sigmund Freud pegou em uma série de teorias de Charcot. Na verdade, Freud era um devoto início da hipnose, antes de abandoná-lo em favor de técnicas de associação livre.

Os detalhes da disputa obscurecer o fato de que ambas as partes aceitaram a existência de hipnose como um fenômeno válido, e só discordaram sobre a interpretação. Que este poderia ser o caso em duas universidades eminentemente respeitáveis ​​e mainstream é notável, e prova o quanto a hipnose tinha viajado desde os dias de Mesmer. Em algum lugar ao longo do caminho, é claro, tornou-se "hipnose" ao invés de "mesmerismo". O elo perdido é o trabalho de James Braid (1795-1860).

(1)   Esdaile, J. Mesmerismo Na Índia, e sua aplicação prática em Cirurgia e Medicina de 1846

ILUSTRES PIONEIROS MARQUÊS DE PUYSÉGUR E O SÁBIO...

O SÁBIO DELEUZE (1753 -1835)

BARÃO DU POTET (1786 – 1881)

PUYSÉGUR E O HIPNOTISMO

OS BANQUETES MAGNÉTICOS

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

HISTÓRIA DA HIPNOSE


SAIBA MAIS SOBRE A HISTÓRIA DA HIPNOSE - UM ASSUNTO FASCINANTE !

Franz Anton Mesmer

A era moderna da hipnose e hipnoterapia realmente começa com Franz Anton Mesmer (1734-1815), o médico vienense que deixou a palavra "mesmerismo" para a posteridade. Por várias razões, ele também deu a hipnose a reputação em vez unsalubrious que ainda persiste em alguns setores hoje.

Claro que, como sabemos agora, os estados de hipnose e transe são fundamentais traços humanos, que foram em torno de tanto tempo quanto a própria humanidade. Textos antigos do Egito, China, Grécia e Roma descrever práticas que podemos agora consideram como hipnótico. Por exemplo, um terceiro século EC papiro descoberto em Tebas descreve um rito divinatório, em que um escravo menino é fascinado pelas chamas bruxuleantes de uma lâmpada a óleo, a fim de dar conselhos oracular (I).
Seria, é claro, ser errado falar sobre "hipnoterapia antigo", já que a maioria dos exemplos sugestivos históricos que temos práticas preocupação mágicos, ao invés de cura por si só (embora a magia é sempre preocupados com a cura, é claro). Mesmer foi o primeiro a levar o hipnotismo fora dos reinos do oculto e em estudo científico, embora alguns possam argumentar que ele não levou muito longe!
Quando jovem, Mesmer estudou teologia e direito antes de passar para medicina. A teoria que fez seu nome e garantiu sua notoriedade foi o de "magnetismo animal", algo que teve suas origens em sua tese de doutorado, concluída na Universidade de Viena em 1766. Mesmer foi altamente influenciado pelo trabalho de Isaac Newton e da teoria da gravidade. Ele teorizou que os "maré" influências dos planetas também operam no corpo humano através de uma força universal, que ele chamou de "magnetismo animal".

Na época em que foi escrito, a tese de Mesmer não despertou controvérsia, e com a idade de 33, ele passou a encontrar uma prática perfeitamente convencional, em Viena. Quando ele se aproximou seus quarenta anos, no entanto, ele se viu cada vez mais insatisfeitos com a abordagem à medicina que era atual na época - uma combinação de sangramento, purgativos e opiáceos que foi muitas vezes mais dolorosa e terrível do que as condições que pretendia tratar.
Mesmer favoreceu uma abordagem completamente suave, e sua devoção aos seus pacientes foi extraordinário. Seu caso foi o do avanço Franzl Oesterline, uma mulher de 27 anos que sofre de Mesmer o que descreveu como um mal convulsivo, "os sintomas mais incômodos do que era que o sangue subiu à cabeça e não configurar as dores de dente mais cruéis e dores de ouvido, seguido pelo delírio, raiva, vômitos e desmaio "(II). Estes sintomas foram tão graves que Fraulein Oesterline se mudou para casa de Mesmer para receber round-the-relógio cuidado.
Voltando às teorias de seus dias de estudante, Mesmer efetuado uma cura por, como ele a via, utilizando um ímã para interromper as marés gravitacionais que prejudiquem seu paciente. Ele conseguiu induzida em Fraulein Oesterline a sensação de um fluido de drenagem rápida de seu corpo, tendo a sua doença com ele. A sua recuperação depois de que se completou e virtualmente instantânea.

A partir de uma perspectiva moderna, podemos ver que os resultados foram produzidas pela sugestão hipnótica de um fluido de drenagem do corpo - uma metáfora cura maravilhosa que não estaria fora de lugar em uma prática do século 21 hipnoterapia. Mesmo Mesmer percebeu que o ímã não teve nada a ver com a cura. Seu sistema baseava-se na crença de que a doença foi causada por níveis esgotados de magnetismo animal, e que estes poderiam ser repostos pelo curandeiro transmitir um pouco de sua força abundante própria magnético através do éter para o paciente. O imã era simplesmente um dispositivo que permitiu que isto acontecesse, juntamente com a sequência complexa e demorada de gestos e toque conhecidas como o "passe hipnótico".

Mesmer passou a atingir resultados igualmente impressionantes com outros pacientes, reivindicando a cura para cegueira, paralisia, convulsões e outras condições "histéricos", bem como o tratamento eficaz de problemas menstruais e hemorróidas!Ele se tornou uma celebridade, sair em turnê e dando demonstrações dramáticas de suas técnicas e poderes nos tribunais da nobreza européia.
Gosto de Mesmer para teatro e teatralidade pode ter contribuído para a recepção hostil que recebeu do estabelecimento médico do dia, embora ele pessoalmente acreditava que era porque ele se atreveu a obter resultados sem o uso de técnicas convencionais de médicos. Em qualquer caso, sua vida e sua carreira tornou-se perseguido com a controvérsia. O mais famoso, ele foi denunciado como um charlatão, após a cura da pianista Maria Teresa Paradis de cegueira psicossomática. Isso não se encontrar com a aprovação de seus pais, que estavam a perder uma pensão real se sua filha foi curada.Ela era forçada e bastante violentamente removidos da casa de Mesmer, onde estava hospedado para receber tratamento, quando então retornou a sua cegueira. Embora isso diz mais sobre seus pais que ele faz sobre Mesmer, o episódio foi aproveitado por seus críticos como prova de que ele era uma fraude.
Mesmer estava irrevogavelmente evitar o descrédito quando uma comissão real foi nomeado para investigar suas descobertas. A comissão, que incluía nomes como Benjamin Franklin e John Guilhotina, poderia encontrar nenhuma evidência para apoiar suas teorias do magnetismo animal. Eles observaram que Mesmer foi capaz de curar pacientes, tendo-lhes tocar "magnetizado" árvores, mas que os pacientes foram curados mesmo que tocou "não-magnetizado" árvores. Portanto, eles concluíram, Mesmer deve ser um charlatão.

De muitas maneiras, Mesmer é uma vítima do velho ditado "que é tudo muito bem na prática, mas isso funciona na teoria?" É claro que qualquer investigação séria não seria suficiente para encontrar provas do magnetismo animal a ser transferido através do éter, uma vez que nenhum dos essas coisas existem - este teria sido aparente, mesmo no século 18. Entretanto, assim como Mesmer estava certo pelas razões erradas, de modo que seus críticos estavam errados pelas razões certas, e não conseguiu tirar as conclusões corretas a partir de suas observações. A verdade psicológica de abordagem de Mesmer não foi reconhecido, assim como as técnicas de indução de transe e sugestão que eram a verdadeira razão para o seu sucesso estava descoberto sob as camadas do passe, magnético hipnótico.
No entanto, o legado de Mesmer persistiu, até o século XIX e além, como argumentos sobre suas técnicas moldou o desenvolvimento da hipnose como a conhecemos hoje.

Referências:
(II) Franz Mesmer, "Dissertação sobre a descoberta do magnetismo animal", George trans Bloch em "Mesmerismo" de 1980.

FLUXO DO PENSAMENTO - LEIS DO CAMPO MENTAL


O pensamento tem início de forma embrionária em seres vivos que foram aprendendo a se concentrar com determinado teor de persistência rumo a um certo objetivo, como o de se apropriarem de um alimento. Nessa longa caminhada, o pensamento passou a ser o instrumento sutil da vontade do Espírito, que exterioriza a matéria mental para atuar nas formações da matéria física, obtendo por esse caminho as satisfações que deseja.

A matéria mental é criação da energia que se exterioriza do Espírito e se difunde por um fluxo de partículas e ondas, como qualquer outra forma de propagação de energia do Universo.

Elaborando pensamentos, cada um de nós cria em torno de si um campo de vibrações impulsionado pela vontade, que estabelece uma onda mental própria, capaz de nos caracterizar individualmente.



Obedecendo às mesmas leis da energia e partículas do mundo físico, as ondas e partículas da matéria mental, em graus de excitações variados, se expressam em freqüência e cores particulares dependendo da intensidade e qualidade do pensamento emitido, ou seja, da vibração mental emitida.

Considerando o terreno das manifestações da física dos átomos, sabemos que o calor, a luz e os raios gama, são expressões vibratórias de uma mesma energia.



A excitação, por exemplo, dos átomos de uma barra de ferro por uma fonte de energia permite produzirmos calor de uma extremidade à outra da barra de ferro. A excitação dos elétrons de um filamento metálico permitirá a transmissão da luz, e a agitação dos núcleos atômicos de determinados materiais produzirá emissão de raios gama.

Tanto quanto na matéria física, o pensamento, em graus variados de excitação, gera ondas de comprimento e freqüência correspondentes ao teor do impulso criador da vontade ou do objetivo desejado.


Como a matéria é expressão da energia em diferentes condições de vibração e velocidade, a energia mental também se manifesta conforme as variações da corrente ondulatória, em corpúsculos da matéria mental. Aqui também se identificam as mesmas leis que regulam a mecânica quântica na transmissão de energia entre as partículas sub-atômicas. Quando vibram os átomos da matéria mental, correspondendo à formação de calor na matéria física, geram-se ondas de comprimento longo que se estabelecem com o propósito de manutenção de nossa individualidade ou de simples noção do Eu. Essas ondas longas prestam-se, também, para sustentar a integração da nossa unidade corporal, mantendo interligado o universo de células que compõem o nosso corpo físico.

Quando ocorrem as vibrações dos elétrons da matéria mental, irradiam-se luzes de tonalidades diferentes conforme a energia atinja os elétrons da superfície ou das proximidades do núcleo do átomo mental. Esse tipo de agitação ondulatória corresponde à emissão de pensamentos de intensidades variadas que vão, desde uma atenção momentânea voltada rapidamente a um certo objetivo, até a uma reflexão ou uma concentração profunda tentando resolver questões complexas.

Por fim, já vimos que a excitação dos núcleos atômicos gera os raios gama e, no campo da mente, a correspondente vibração dos núcleos dos átomos mentais gera ondas ultra-curtas emitidas com imenso poder de penetração de suas energias. Essas vibrações resultam de expressões de sentimentos profundos, de cores cruciantes ou de atitudes de concentração muito intensas.

A INDUÇÃO MENTAL

Indução, em termos eletrônicos, consiste na transmissão de uma energia eletromagnética entre dois corpos sem que haja contacto entre eles. Este fenômeno ocorre por conjugação de ondas através de um fluxo de energia que é transmitido de um corpo a outro. No campo mental o processo é idêntico.


Existe uma corrente de ondas suscetíveis de reproduzir suas próprias características sobre uma outra corrente mental que passa a sintonizar com ela.

Expressando qualquer pensamento em que acreditamos, estamos induzindo os outros a pensarem como nós. A aceitação que os outros fazem de nossas idéias passa a ser questão de sintonia.



Por outro lado, ao sentirmos uma idéia, absorvemos e passamos a refletir todas as correntes mentais que se assemelham a essa idéia, comungando os mesmos propósitos.

Portanto, nossas idéias e convicções nos ligam compulsóriamente a todas as mentes que pensam como nós e , quanto maior nossa insistência em sustentar uma idéia ou uma opinião, mais nos fixamos às correntes mentais das pessoas que se sentem como nós e que esposam as mesmas opiniões.

IMAGENS MENTAIS

O espírito é a fonte geradora de todas as expressões da vida, e toda espécie de vida se orienta ou se modifica pelo impulso mental.

Sempre que pensamos, estamos expressando uma vontade correspondente ao campo íntimo das idéias, e as idéias, representando a expressão de energia mental, se corporificam pelo pensamento em ondas e corpúsculos, que se organizam conforme o teor e a intensidade da vibração mental e o propósito do pensamento emitido.



Portanto, na expressão de qualquer pensamento, o comprimento da onda emitida varia com a intensidade da concentração nos objetivos desejados e a natureza das idéias emitidas. Com as idéias criamos em torno de nós um campo de vibrações mentais que identificam, pelo seu próprio conteúdo, as nossas mais íntimas condições psíquicas.

Nessa atmosfera ideatória que nos cerca, os corpúsculos da matéria mental que compõem nossos pensamentos modelam "imagens" correspondentes às idéias que mentalmente projetamos.



Psiquicamente, na medida em que expressamos mentalmente uma vontade, um desejo, uma idéia, uma opinião, um objetivo qualquer, passamos a ser carregadores ambulantes de vontades com formas, de desejos com moldes, de idéias vivas que as representam, de objetivos e opiniões que se exteriorizam com cenas que materializam em torno de nós os nossos pensamentos.



Nossa mente projeta fora de nós as formas, as figuras e os personagens de todos os nossos desejos, inclusive com todo o conteúdo dinâmico do cenário elaborado. Com essa constelação de adornos mentais atraímos ou repelimos as mentes que conosco assimilam ou desaprovam nosso modo de pensar.

PERTURBAÇÕES DO FLUXO MENTAL

A criação da matéria mental se origina do estímulo ideatório do Espírito, que é a fonte da energia vital para o cérebro. O Fluido Cósmico fornece o elemento para essas construções. Os corpúsculos mentais, sob o impulso do Espírito são exteriorizados em movimentos de agitação constante, produzindo correntes de formas ideatórias que se expressam na aura da personalidade que os cria.


Nesses vórtices de energia em que cada individualidade se exprime em correntes de matéria mental, também se cria, pela corrente de átomos excitados, um fluxo energético com conseqüente resíduo eletromagnético, que se expressa na aura de cada um de nós. A capacidade criativa da mente alimenta de forma permanente essa corrente em constante agitação.



O fluxo resultante do processo ideatório pode apresentar perturbações semelhantes a defeitos da circulação da corrente elétrica comum a qualquer aparelho doméstico.

Assim, a ausência de uma corrente eletromagnética residual pode ser identificada no cérebro de pessoas profundamente ociosas. Os circuitos mentais podem permanecer bloqueados, impedindo a circulação do fluxo mental, em razão de idéias fixas ou obsessivas. As lesões orgânicas cerebrais perturbam, naturalmente, as expressões do pensamento, já que o cérebro é o veículo para a manifestação física da mente.

AS LEIS DO CAMPO MENTAL

Nossa atividade mental através do iscernimento e do raciocínio nos dá a prerrogativa de nós mes mos escolhermos nossos objetivos.

Projetando nossas idéias, produzimos os pen samentos, exteriorizando em torno de nós irra diações eletromagnéticas com poder mais ou menos intenso, conforme o comprimento das ondas mentalmente emitidas.


Essa corrente de partículas mentais nascidas de emoções, desejos, opiniões e vontades, constrói em torno de nós, cenas em forma de quadros vivos que são percebidos em flashes ou imagens seriadas, ou cenas contínuas que nos colocam em sintonia com todas as mentes que harmonizam com os pensamentos que exteriorizamos.

Já vimos, também, que somos suscetíveis de induzir pensamentos-imagens nos outros, assim como recebemos sugestões que se corporificam em formas vivificadas dentro de nossa psicosfera.

A simples leitura de uma página de jornal, uma conversação rotineira, a contemplação de um quadro, uma visita a familiares, o interesse por um espetáculo artístico ou programa de televisão, um simples conselho, são todos agentes de indução que nos compromete psiquicamente com as mentes sintonizadas nos mesmos assuntos.

Pensar ou conversar constantemente significa projetar nos outros e atrair para nós as mesmas imagens que criamos, suportando em nós mesmos as conseqüências dessa influência recíproca.



Persistir em idéias fixas, em comportamentos obsessivos ou tensões emocionais deliberadamente violentas, nos escraviza a um ambiente psiquicamente infeliz, com imagens que nós forjamos e que nos mantêm num circuito de reflexos condicionais viciosos.

Construindo com o conteúdo dos nossos pensamentos o campo mental que nos cerca, vivemos psiquicamente dentro dele, obedecendo a leis fundamentais relacionadas com a estruturação desse campo.



Por princípio, temos que entender que o campo mental é resultado de emissão de idéias que nós criamos, com nossa participação exclusiva e, portanto, com nossa total responsabilidade. Esta é a primeira lei do Campo Mental.

A segunda lei é a da assimilação, que estabelece que nós estamos ligados unicamente às mentes com quem nós nos afeiçoamos.
Portanto, além da sintonia, é necessário haver aceitação das idéias para que assimilemos as interferências boas ou más que recebemos.
A lei da assimilação significa também que uma idéia que nos incomoda, que nos martiriza ou nos revolta, só persiste em nós pela aceitação que fazemos de seu conteúdo e pelas ligações que mantemos com o seu emissor.

A terceira lei do campo mental está relacionada com o estudo e o aprendizado que desenvolve em nós o discernimento e o raciocínio. Ela estabelece que cada de um de nós só assimilará idéias, sugestões ou informações inéditas ou inovadoras, se já desenvolvemos a compreensão necessária ao avanço desses pontos de vista.

(Texto: Nubor Orlando Facure)
(Baseado na obra de André Luiz, "Mecanismos da Mediunidade", psicografada por F. C. Xavier e Valdo Vieira)
Fonte: www.espirito.org.br



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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

BIOGRAFIA - EURÍPEDES BARSANULFO: "HOMEM MAGNÉTICO"


Floriano Legado do Amaral
         
   Há 94 anos, em 1º de Abril de 1907, Eurípedes Barsanulfo inaugurava o primeiro Colégio Espírita do Mundo, que tomou o nome Allan Kardec. O prédio, onde funciona até hoje é um monumento da arte arquitetônica, feito com alvenaria de primeira qualidade e com muito gosto artístico.
Não há história sem referencias numéricas e humanas. Na história do Espiritismo há uma infinidade delas. Na galeria dos referenciais humanos encontramos Eurípedes Barsanulfo, que amiúde é citado em palestras, artigos, ensaios, reportagens e livros, que viveu na cidade de Sacramento, no Estado de Minas Gerais, de 1º de Maio de 1880 a 1º de Novembro de 1918. Hoje, Eurípedes Barsanulfo é Patrono de inúmeras instituições espíritas.

Extraordinário médium e grande educador, cuja Pedagogia semelhava-se à metodologia do Emérito Professor Pestalozzi, mestre de Allan Kardec. Eurípedes Barsanulfo foi um herói, pois já em 1º de Abril de 1907, ele inaugurava o primeiro Colégio Espírita do Mundo, que tomou o nome Colégio Allan Kardec. O prédio, onde funciona até hoje é um monumento da arte arquitetônica, feito com alvenaria de primeira qualidade e com muito gosto artístico. Por tudo que Eurípedes Barsanulfo fez pela educação e pela divulgação da Doutrina Espírita num tempo em que o Catolicismo imperava e as dificuldades eram imensas para os que não freqüentavam as sacristias, cheguei a pensar que o Movimento Espírita está a lhe dever um importante e vistoso monumento. Hoje já não penso assim, porque vejo que ele em si mesmo é um monumento. Sua obra educacional e mediúnica é impar. Ela avalia perfeitamente o 

Professor e o valoroso espírita que foi, é o será sempre. Possuidor de várias faculdade paranormais, soube usá-las, com decoro e disciplina, em benefício do próximo necessitado. Curou muita gente com os recursos de sua paranormalidade e com remédios homeopáticos que distribuía graciosamente. "O trabalho mediúnico de Eurípedes Barsanulfo no Grupo Espírita "Esperança e Caridade" tomava proporções imensas,exigindo muitas horas de trabalho do médium. Ele quase não tinha tempo para se alimentar. Pela manhã, tomava dois ovos crus, no almoço comia empadinhas especiais que sua irmã Mariquinha (Maria Neomísia) lhe preparava. E frutas. E dormia, tão somente, de quatro a cinco horas por dia; sono, aliás, constantemente interrompido por pessoas que pediam remédios ou vinham chamá-lo para fazer um parto ou uma cirurgia mediúnica urgente. Em verdade, nem de madrugada tinha ele sossego.

"A Igreja, preocupada com o gigantesco trabalho que o Apóstolo da Caridade vinha desenvolvendo em nome do Espiritismo procurava, de alguma forma, obstá-lo - embora, no atendimento aos sofredores, Eurípedes Barsanulfo jamais lhes perguntasse a que religião pertenciam...

E a campanha dos padres e beatos começou a ser dirigida aos pais católicos no sentido de retirarem seus filhos do Liceu Sacramentano (em que Eurípedes Barsanulfo era professor). A campanha atingiu, inclusive, diretores e professores, os quais se demitiram em massa no mês de setembro. E Eurípedes Barsanulfo, para não deixar os alunos perderem um ano de estudos, apressou o exame final - marcado para novembro - foi realizado em outubro. Watersides Wilson, seu irmão, auxiliou- o nessa tarefa.

Eurípedes Barsanulfo já havia deixado a vereança para melhor cumprir sua missão espiritual e, agora, corria perigo do Liceu Sacramentano fechar suas portas...
A campanha clerical parecia vitoriosa. Só parecia, porque no lugar do Liceu Sacramentano surgiria, por iniciativa de Eurípedes Barsanulfo, o Colégio Allan Kardec, que superou as melhores expectativas e ganhou fama e muitos alunos.
"Durante seis anos consecutivos pode Eurípedes Barsanulfo desenvolver com relativo sossego sua dupla missão: a mediúnica e a de educador, ambas a exigir total abnegação. Dir-se-ia que os perseguidores o haviam esquecido..."
"Em 1913, porém, estando com trinta anos de idade viu-se, pela primeira vez, obrigado a defender, publicamente, as verdades espirituais. Duas polêmicas teve ele de sustentar quase ao mesmo tempo com líderes católicos; uma pela imprensa, outra em praça pública - e em ambas Eurípedes Barsanulfo, amparado pela Espiritualidade Superior, fez a Doutrina Espírita sair vitoriosa".

"O primeiro debate foi com o padre Feliciano Yague, de Campinas, missionário do Imaculado Coração de Maria e considerado notável pregador. Era homem de muita cultura e consta que dirigia o Colégio Saleziano. Veio ele a Sacramento a convite dos padres da Igreja Matriz com um único objetivo: destruir com sua poderosa dialética a influência de Eurípedes Barsanulfo e, pois, o famoso Colégio Allan Kardec..."
"Padre Yague chegou apoiado por intensa publicidade. E, no domingo pela manhã, a Igreja Matriz estava superlotada de curiosos. Compareceram, inclusive, chefes políticos da região. Terminada a missa, padre Yague subiu ao púlpito e, apoplético, fez desabar sobre o Espiritismo uma tempestade de inverdades, classificando os espíritas de "adeptos do diabo".

"A figura de Eurípedes Barsanulfo o padre deixou para o fim do sermão". Arrasou-a, inclusive, com impropérios e, para provar que a Doutrina Espírita era diabólica, cometeu um grave erro: desafiou o médium para um debate em praça pública..."
"Ora, Eurípedes Barsanulfo desdobrava-se com muita facilidade e fora, em Espírito, ouvir a pregação do padre. Quando os amigos vieram contar-lhe sobre o desafio o apóstolo, tranqüilo, respondeu:

- O nosso irmão pregador está exaltado. Mas não posso silenciar neste caso. Não que me sinta ofendido, mas porque a Doutrina Espírita foi desfigurada, publicamente. Digam ao padre Feliciano Yague que desejo encontrar- me com ele na casa do coronel José Afonso de Almeida para acertarmos o dia, local, hora e outros detalhes que se fizeram necessários.”

"Quem levou o recado foi o espírita João Gonçalves Rios. E, logo depois, José Afonso de Almeida, um dos homens mais respeitados de Sacramento (era coronel da Guarda Nacional e presidente da Câmara Municipal) recebia em sua sala de visitas o padre Feliciano Yague, Eurípedes Barsanulfo, Watersides Wilson, Orígenes Tormim e o padre Julião Nunes. O coronel aceitou a proposta de dirigir o debate e determinou que seria realisado no dia vinte e oito de outubro (1913), a uma hora da tarde, no coreto da Praça da Matriz. E mais ficou estipulado: os oradores fariam uso da palavra, alternadamente - trinta minutos cada um pelo espaço de duas horas."
- E o tema? perguntou o coronel, alisando o cavanhaque. O tema central?"

"O padre Feliciano, então, prontificou-se a provar que o Espiritismo é o ateísmo; que os fenômenos de Espiritismo não se podem explicar sem a intervenção diabólica; que o Espiritismo não é religião e nem ciência... Cinco pontos capitais. E o coronel José Afonso de Almeida, a pedido de Eurípedes Barsanulfo e com a concordância do padre Yague mandou que se lavrasse uma ata da reunião, o que foi feito, imediatamente. Leu-a em seguida em voz alta e pediu aos presentes que assinassem. Era uma medida de precaução: com a ata nenhuma das partes poderia fugir ao compromisso...

"Uma hora depois a população ficou a par da polêmica religiosa. No centro da cidade e na periferia não se falava de outro assunto. A notícia atravessou as fronteiras e vieram de outras cidades caravanas espíritas. E, no dia marcado, agruparam-se na Praça da Matriz aproximadamente duas mil pessoas! No coreto já se viam Eurípedes Barsanulfo ao lado de seu desafiante padre Yague, o coronel José Afonso de Almeida, padre Julião Nunes e o padre Pedro Ludovico de Santa Cruz; este último, é preciso que se diga, por força das circunstâncias, possuía um clube de jogo de baralho, era banqueiro do jogo do bicho e carregava dentro da batina dois revólveres."

"O ambiente era nefasto; mas a presença do coronel José Afonso de Almeida representava uma garantia. E a palavra foi franqueada ao padre Feliciano Yague, o qual, quase freneticamente, entrou direto no tema inicial. Mas, sua dialética aplicada contra o Espiritismo em nada o ajudou porque o padre partia de uma inverdade, ou seja; o Espiritismo é o ateísmo. Os intelectuais de Sacramento sentiram logo que ele perderia a polêmica. Suas divagações tornaram-se por demais tortuosas e, como era de esperar-se, trouxe à baila o "Inferno" e, assim, fugiu do tema, certamente para confundir Eurípedes Barsanulfo...

"Deus (disse o padre, gesticulando para a multidão) declara existir o inferno; o Espiritismo o nega; logo, o Espiritismo acha Deus ignorante, porque ignora a existência do inferno ou mentiroso, porque, em sabendo, declara ser irreal a sua existência.

"E, assim, com um sofisma silogístico o padre Yague viu o coronel apontar-lhe o relógio; trinta minutos se haviam passados. As duas mil pessoas entreolharam-se. Eurípedes Barsanulfo, então, sempre cavalheiro, cumprimentou o seu opositor e pediu aos presentes que pensassem em Deus - e, arrebatado, com sua voz atenorada e com timbre cristalino fez de improviso uma prece, sem esquecer de implorar a proteção para o padre Feliciano Yague e todos os que não compreendiam, ainda, as Verdades Divinas. E deu início ao seu discurso sob a inspiração de Santo Agostino.

"As frases fluíam de sua boca vertiginosamente, cheias de sabedoria e bondade. E mais: eram eles compreendidas, inclusive, pelos homens mais simples. Então, todos os andaimes do edifício construído pelo padre Yague com sofisma e expressões violentas começaram a ruir: o Espiritismo é o ateísmo... os fenômenos do Espiritismo não se podem explicar sem a intervenção diabólica... O Espiritismo não é religião... O Espiritismo não é ciência... Foi em vão a réplica do padre.

"No final da polêmica Eurípedes Barsanulfo estava, ainda, como que transfigurado. A multidão, então, aplaudi-o e quis carregá-lo em triunfo pelas ruas. Mas, o médium pediu calma e rodeado por parentes e amigos regressou, rápido, à sua casa.
"No dia seguinte, sem que ninguém notasse, o padre Feliciano Yague tomou o caminho para Campinas, enquanto os beatos mais exaltados de Sacramento espalhavam pelas esquinas, armazéns e bares dúvidas a respeito da derrota do pregador campineiro... Eurípedes Barsanulfo, então, mandou imprimir um boletim com a síntese da polêmica e distribuiu-o entre o povo e cidades vizinhas. E encerrou a questão."

Que pena, tenho tanto ainda para falar de Eurípedes Barsanulfo, mas o espaço acabou. Remeto, então, os que quiserem saber mais sobre essa figura maravilhosa à obra Eurípedes Barsanulfo, O Apóstolo da Caridade, de Jorge Rizzini, publicado por Edições Correio Fraterno. Jorge Rizzini, fez ampla pesquisa de campo em Sacramento e pôs tudo no papel, para que a posteridade saiba quem foi Eurípedes Barsanulfo.

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 367 de Agosto de 2001)
Fonte; http://www.espirito.org.br/portal/artigos/cor

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