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quinta-feira, 3 de julho de 2014

PRELIMINAR DE TODO TRATAMENTO MAGNÉTICO

MAGNETISMO CLÁSSICO

Tradução de Lizarbe Gomes

LIVRO TERCEIRO DA DIREÇÃO DE UM TRATAMENTO MAGNÉTICO

CAPÍTULO I
PRELIMINAR DE TODO TRATAMENTO

É essencial, eu diria mesmo, indispensável fixar as horas das sessões e dizer ao doente que ela deve ser exata. Assim também o magnetizador, pois em caso de sonambulismo a inexatidão traz graves inconvenientes.

Ele irá considerar os hábitos do doente e do regime que lhe é ordinário; ele fará as modificações convenientes e recomendará a observação; a cada sessão ou de tempos em tempos, ele se informará dos resultados.

Ele prevenirá o doente que ele deve, tanto quanto possível ser assistido pela mesma testemunha e, sobretudo evitar apresentar como um crente ou homem impassível, um incrédulo ou um antagonista do magnetismo, explicando-lhe que a presença deste último poderia anular a ação ou a atenuar. E para que o doente seja atento a esta recomendação, ele não hesitará em lhe dizer que, em caso de infração da parte dele, ele será forçado a abandoná-lo. Tomadas estas precauções e depois de haver examinado a si mesmo como eu disse anteriormente, o magnetizador poderá passar ao tratamento.

CAPÍTUL0 II
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREÇÃO

O fim invariável de um tratamento magnético é ajudar a natureza sem contrariá-la jamais. É preciso então apenas magnetizar nos casos úteis e necessários, ou seja, para aliviar ou curar.
Não se deve jamais procurar agir sobre a imaginação dos doentes e procurar produzir efeitos extraordinários; ao contrário, toda a atenção deve ser empregada em fiscalizar as crises que possa sobrevir e aproveitá-las.
É preciso ter e conservar uma grande calma e quando uma crise se manifesta, deixar o doente apenas quando ela tiver terminado e quando ele tiver voltado ao seu estado normal.

Quaisquer que sejam as opiniões concebidas sobre a maior ou menor utilidade dos procedimentos é indispensável fixar-se neles, após a experiência dos outros ou da sua mesmo, afim de não ter um só momento de medo ou de hesitação, para não embaraçar a si mesmo e para não perder um tempo precioso procurando quais são os procedimentos mais convenientes.

Deve-se empregar as forças gradualmente e não de imediato ao se começar. É preciso evitar magnetizar ao sair da mesa e durante o trabalho de digestão; assim como é bom não estar de jejum, afim de não se cansar ou de esgotar tão rápido. Nem durante a doença nem durante a convalescença é preciso magnetizar por tão longo tempo; as primeiras sessões devem ser de no máximo uma hora, as seguintes de três quartos de hora à meia hora.

Quase sempre é interessante tanto para o magnetizador como para o doente, não fazer mais de duas sessões por dia. De um lado, é preciso dar tempo ao magnetismo para produzir seus efeitos e, por outro lado, pela mesma razão, o operador se fatigaria inutilmente. No entanto, se é necessário sustentar uma crise, um movimento imprimido, o que acontece às vezes, obedece-se às circunstâncias seguindo as necessidades do doente e até que a crise termine.
Tem-se visto magnetizadores obrigados a sustentar uma crise durante três, quatro, cinco horas, por vezes por todo o dia e toda uma noite.

Não se deve começar um tratamento senão se está seguro de poder continuá-lo. É bastante perigoso interromper um tratamento iniciado ou de não sustentar uma crise que se tenha excitado e que a natureza não possa conduzir a seu fim sem ajuda do magnetismo. Eu falarei disso mais adiante.

CAPÍTULO III
DA APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS GERAIS AOS CASOS PARTICULARES

Quando se vê que o magnetismo age, é preciso redobrar a atenção sem perder a calma que se tenha conservado para esperar seus efeitos; deve-se, sobretudo, evitar fazer esforços para aumentar aqueles os quais se acabou de obter, se perturbaria assim a marcha da natureza.
Se a magnetização colocou o doente num estado que não lhe é o comum, assim como as dores, os movimentos nervosos, a transpiração, os espasmos ou fortes cólicas e estes diversos sintomas se renovando durante várias sessões, não é preciso se preocupar; estes sintomas desaparecerão por si mesmos e às vezes antes do fim da sessão.

Acontece por vezes – estes casos são muito raros, mas é bom estar prevenido – que a primeira impressão do magnetismo produz uma crise acompanhada de movimentos convulsivos, enrijecimento dos membros, acessos de choro ou de riso; o magnetizador não deve se assustar ou se inquietar, mas agir em consequência. Assim ele se esforçará, através de palavras doces e benevolentes, mas também firmes e seguras, para inspirar a calma e a segurança ao doente; ele pegará os seus polegares por um momento e em seguida fará várias fricções longitudinais. Se as fricções excitam o doente em vez de acalmá-lo, se faz passes à distância; magnetiza-se em “grandes correntes” e a calma acaba por chegar.

Quando o caso se apresente por duas vezes seguidas, tomam-se as precauções para a terceira sessão; contenta-se apenas em pegar os polegares e, relação estabelecida, se magnetiza por passes longitudinais à distância. O doente permanecendo calmo, retorna-se pouco a pouco ao lugar que se ocupava e se tenta de novo os procedimentos necessários até que o doente termine por suportar a ação. (1)

É necessário não confundir os movimentos convulsivos que duram apenas por um momento com uma irritação nervosa que continua após a sessão e se prolonga de uma a outra deixando o magnetizado num estado de contínuo mal-estar. Quando se encontra estas pessoas que tem este gênero de suscetibilidade, é preciso usar com eles os procedimentos mais calmantes e agir de longe.

Se, depois de três ou quatro sessões, o mesmo efeito acontecer, deve-se colocar um dia de intervalo nas sessões seguintes; e se, ao fim de oito a dez dias, os mesmos sintomas se apresentem é preciso cessar, tirando do fato as consequências seguintes: o magnetizador ou o magnetismo não convém ao doente.
Para se assegurar, confia-se o doente a um outro magnetizador; se o mesmo fenômeno ocorre, substitui-se este magnetizador por um outro; pode-se mesmo tentar um terceiro, após o qual, não havendo mudança, se concluirá que o magnetismo não convém ao doente.
Finalmente, quaisquer que sejam as crises que sobrevenham no curso de um tratamento, não se assuste; se você não se perturbar, se permanecer calmo, nada pode acontecer e nada de desagradável acontecerá ao doente.

AUBIN GAUTHIER

(1) O Sr. Deleuze diz sobre o mesmo assunto: “o efeito sobre o qual acabei de falar (uma crise nervos no início de uma magnetização) é tão raro que o produzi por mim mesmo somente três ou quatro vezes em uma prática de trinta e cinco anos. Sei bem que aconteceu várias vezes e que teve consequências desagradáveis. Mas foi entre pessoas que magnetizavam para fazer experiências, para mostrar os fenômenos e não com a calma e a única intenção de fazer o bem. Eu teria apenas cuidado de anotar este efeito se eu já não tivesse visto recentemente um exemplo do qual vou dar conta para me fazer melhor entender, se bem que esta obra não seja destinada a relacionar estes fatos. Fui solicitado há alguns dias a dar uma lição a uma senhora que queria magnetizar sua filha, atingida por uma doença leve, mas forte e antiga e cuja causa se ignorava. Eu coloquei a mãe ao meu lado e, para lhe mostrar os procedimentos, magnetizava sua filha que não experimentou absolutamente nada.

A mãe disse-me que ela havia sido magnetizada uma vez e que sentiu a necessidade de fechar os olhos. Eu quis ver se eu agiria sobre ela. Depois de quatro ou cinco minutos de passes em “grandes correntes” e de aplicação da mão sobre o estômago, ela exclamou: “Ah! Que sensação agradável!” Um minuto depois ela teve um movimento convulsivo; os membros se enrijeceram; o pescoço inchou e ela levantou a cabeça para trás e deu um grito. Eu peguei os polegares; eu lhe repeti várias vezes com um tom imperativo; “Acalme-se”! Eu me afastei em seguida para magnetizar em “grandes correntes”; enfim, tentei fazer, sempre à distância, passes transversais para dispersar o fluido. Então sua expressão mudou, mas sobreveio um acesso de riso que durou alguns minutos. Tudo se acalmou pouco a pouco; ela me disse que se achava muito bem. Se eu tivesse chamado alguém para detê-la, se eu tivesse ficado assustado, se não tivesse acalmado a crise, é provável que a dama assim magnetizada teria ficado perturbada durante vários dias.”
(Instruções Práticas, 60 a 62)

Jornal Vórtice ANO II, n.º 10, março/2010


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segunda-feira, 26 de maio de 2014

O QUE PENSA O ESPIRITISMO

Adilson Mota     adilsonmota1@gmail.com

Os elaboradores e divulgadores de técnicas do passe não sabem o que fazem. A técnica do passe não pertence a nós, mas exclusivamente aos Espíritos Superiores. Só eles conhecem a situação real do paciente, as possibilidades de ajudá-lo em face de seus compromissos nas provas, a natureza dos fluidos de que o paciente necessita e assim por diante. Os médiuns vivem a vida terrena e estão condicionados na encarnação que merecem e de que necessitam . Nada sabem da natureza dos fluidos, da maneira apropriada e eficaz de aplicá-los, dos efeitos diversos que eles podem causar.Na verdade o médium só tem uma percepção vaga, geralmente epidérmica dos fluidos. É simples atrevimento - e portanto charlatanismo - querer manipulá-los e distribuí-los a seu modo e a seu critério. As pessoas que acham que os passes ginásticos ou dados em grupos mediúnicos formados ao redor do paciente são passes fortes, assemelham-se  as que acreditam mais na força da macumba, com seus apetrechos selvagens, do que no poder espiritual. As experiências espíritas sensatas e lógicas, em todo o mundo, desde os dias de Kardec até hoje, mostraram que mais vale uma prece silenciosa, às vezes na ausência e sem o conhecimento do paciente, do que todas as encenações e alardes de força dos ingênuos ou farofeiros que ignoram os princípios doutrinários.
Obsessão, Passe e Doutrinação – José Herculano Pires

Com todo o respeito a Herculano Pires, não posso concordar com ele. Dizer que a "técnica do passe não pertence a nós, mas exclusivamente aos Espíritos Superiores" é desconhecer acerca das conquistas da ciência chamada Magnetismo.
As milhares de curas fabulosas alcançadas pelos chamados magnetizadores clássicos como Mesmer, Puységur, Deleuze, Du Potet, La Fontaine, Durville, Petétin, Gauthier e tantos outros, mostram o quanto se pode através do conhecimento do magnetismo. Eles sabiam bastante (não tudo) acerca da ação, da aplicação e dos efeitos das diversas técnicas que utilizavam.
Os estudos práticos do Magnetismo, os tratamentos magnéticos acompanhados e aplicados sistematicamente, a observação dos resultados de cada passe aplicado, o uso do tato magnético (ferramenta anímica utilíssima em diagnósticos), muito proporciona, a quem experimenta, em termos de conhecimentos da ação e dos efeitos dos fluidos nas diversas patologias. Tem-se constatado isto em diversos grupos espalhados de norte a sul do Brasil e nos EUA.
Kardec compreendeu a importância do Magnetismo para o Espiritismo e em diversos trechos da sua obra como no comentário à questão 555 de O Livro dos Espíritos e em várias partes da Revista Espírita ele ressalta a ligação intrínseca entre os dois, ao ponto de afirmar sobre essas duas ciências que "a que não quer imobilizar-se não pode chegar ao seu complemento sem se apoiar na sua congênere; isoladas uma da outra, detêm-se num impasse ; são reciprocamente como a Física e a Química, a Anatomia e a Fisiologia". (Revista Espírita, janeiro de 1869)
Deixar de lado o estudo da ciência magnética e do Espiritismo nos leva a conclusões erradas como a de Herculano Pires.
Se o Espírito de Verdade recomendou que instruíssemo-nos, é por que o conhecimento das coisas vem através deste esforço de busca. Logicamente, há limitações intelectuais e instrumentais, mas sempre se pode dar um passo à frente.
Quem diria que hoje existem aparelhos capazes de detectar campos sutis, a aura, não somente das mãos, como antigamente, mas de corpo inteiro!
Quem diria que hoje existe tecnologia capaz de servir de intermediação com o mundo dos espíritos!
Tudo isto por que se buscou, se pesquisou, se estudou.
O que seria da Humanidade se deixássemos de lado todo e qualquer esforço de pesquisa achando que somente os Espíritos Superiores são capazes de realizá-lo?!
Parece que nem mesmo as obras de Allan Kardec está-se querendo estudar, já que não é verdade que nada conhecemos a respeito dos fluidos como afirma Herculano. As obras de Kardec, além de outras obras espíritas complementares, trazem conhecimentos acerca dos fluidos sim, da sua aplicação e efeitos. As obras sobre Magnetismo trazem vasto campo de conhecimento prático e de estudos sobre este mesmo assunto.
E aquilo que não sabemos, quem disse que não podemos aprender (dentro das nossas limitações, é claro)? Quem disse que não existem métodos de pesquisa para isto? Só não podem ser, em muitos casos, o mesmo método da ciência que só estuda a matéria. A própria ciência espírita e a forma como Kardec a compôs, nos leva a refletir num novo conceito de ciência e seus métodos .
O próprio Herculano se contradiz ao apontar nos capítulos "Transfusão Fluídica" e "A Ciência do Passe" pesquisas avançadas tendo como objeto os fluidos. Se os fluidos fossem algo inteligível apenas para os Espíritos Superiores não tinha por que cientista ou pesquisador nenhum se ocupar com eles.
Gostaria que os defensores da ausência de técnicas na aplicação dos passes explicassem por que esses passes têm alcançado resultados muito menores do que os dos magnetizadores clássicos.
Frase interessante a do Espírito Quinemant, constante da Revista Espírita de junho de 1867:
"De tudo isto, concluo que o Magnetismo, desenvolvido pelo Espiritismo, é a chave de abóbada da saúde moral e material da humanidade futura.”
Nossa! Como estamos distantes disto acontecer, e estaremos cada vez mais distantes se tivermos que contar com pensamentos como os de Herculano Pires sobre os passes.
Para finalizar,o uso racional e sério das técnicas magnéticas nada tem a ver com o que ele chamou de "encenações e alardes de força dos ingênuos ou farofeiros que ignoram os princípios doutrinários".

Não se pode englobar tudo num mesmo feixe.

JORNAL VÓRTICE ANO VI, Nº 10    Pág.07


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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

DE QUE MANEIRA O ESTUDO DOS CLÁSSICOS DO MAGNETISMO PODE AJUDAR HOJE PARA O DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS MAGNÉTICOS NOS CENTROS ESPÍRITAS?


Quando Allan Kardec afirmou, em O Livro dos Médiuns (cap. 17, 211): “Por isso é que indispensável se faz o estudo prévio da teoria, para todo aquele que queira evitar os inconvenientes peculiares à experiência”, ele estava dizendo ser inconcebível não se conhecer a base de uma ciência se quisermos caminhar seguros por seus caminhos e conexões. O Magnetismo é uma ciência que, como tal, surgiu antes do Espiritismo. O respeito que Allan Kardec teve para com ela foi incontestável: “O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e os rápidos progressos desta última doutrina são incontestavelmente devidos à vulgarização das ideias sobre a primeira” (Revista Espírita, edição março-1858, artigo “Magnetismo e Espiritismo”). Assim se pronunciando, ele deixava enfático seu ponto de vista de gratidão ao Magnetismo e do vínculo estreito entre essa ciência e o Espiritismo. Tanto que no mesmo artigo ele coloca: “(...) longe de se combaterem, podem e devem se prestar mútuo apoio: elas (as duas ciências) se completam e se explicam mutuamente”.

Ora, sendo constatado que o dito pelo senhor Kardec é mais do que verdade, não nos restaria muita coisa a fazer que não fosse sairmos correndo atrás de tudo o que dissesse respeito ao Magnetismo, especialmente àquele que chamamos de Magnetismo Clássico, o qual se fundamenta em Mesmer, Puységur, Du Potet, Deleuze e LaFontaine, dentre outros.
Muito bem; e o que foi que fizemos? Simplesmente deixamos todos eles de lado. Tanto que até agora só as obras de Mesmer foram traduzidas para o português, e há apenas quatro anos aproximadamente. Seria até justo perguntarmos: por que será que os órgãos que se dizem responsáveis pela divulgação da Doutrina Espírita, não cuidaram disso até hoje? Por que será que obras que abordavam a questão do magnetismo, antes publicadas, deixaram de sê-lo, sem que nenhuma explicação fosse dada a quem quer que seja? O que temem essas Casas ante a base em que o próprio Codificador se assentou e recomendou fosse conhecida, estudada, analisada e continuada?

 Mas nosso foco, nesta questão, é outro. Vamos a ele. O conhecimento e o estudo dessas obras clássicas, fornecendo-nos a base teórica que tanto precisamos, nos arremeterão a um mundo no mínimo surpreendente. Jamais poderia dizer “mundo novo”, porque isso tudo já vem de muito tempo. Mas que seríamos surpreendidos – como seremos, mais dia, menos dia – com tantas oportunidades de entendimentos novos, úteis, práticos, objetivos advindos dessas obras que certamente nos perguntaremos: e como conseguimos chegar aonde chegamos sem saber nada disso??? Conhecer essas obras deixarão ressaltadas a responsabilidade e a importância do magnetizador nos processos de cura, sem que isso, em tempo algum, diminua ou tisne a presença e/ou influência dos Benfeitores Espirituais. Por outro lado, o mundo em que esses magnetizadores clássicos caminharam e deixaram suas marcas exigirão de cada um de nós apurado senso para sabermos reter tudo de muito bom que ali tem, sem nos perdermos pelas oscilações que também aconteceram, numa época em que as correspondências e os conhecimentos aconteciam de forma gradual e lenta, quase sem cruzamento de dados de informações, pelo menos até que um livro fosse publicado e tivesse como ser lido por aqueles que se interessavam pelo tema.

Sabemos que no dia 22 de abril do próximo ano, na abertura do 4º Encontro Mundial de Magnetizadores Espíritas, que acontecerá em Pelotas/RS, sob o patrocínio da Sociedade Espírita Vida, dirigida por nossa valorosa e destemida companheira Ana Vargas, ali teremos o lançamento da tradução da primeira obra do Barão du Potet, o que será um verdadeiro marco, mas, convenhamos, com um atraso de pelo menos 150 anos. (E fico me perguntando: por que será que nós, os espíritas, somos tão lerdos nas questões do Magnetismo?)

Hoje vivemos uma grande dificuldade: não temos editoras interessadas em publicar esses clássicos nem contamos com tradutores de qualidade que pudessem fazer isso sem custos a fim de que distribuíssemos, nem que fosse via internet, todo o manancial de informações, livros, revistas e pesquisas disponíveis, a maioria em línguas estrangeiras (inglês, alemão, francês e italiano, tudo com redação de mais de um século). Caso um artigo como este faça aparecer gente com essa disposição, ofereceremos ao mundo uma bênção tão grande que só nos daremos conta disso depois que a história refizer seu rumo plenamente.

Até lá, sugiro que se leia o livro Mesmer, de Paulo Henrique de Figueiredo, da editora Lachatre; baixe-se na internet e leia-se igualmente os volumes dos livros do Alphonse Bué (em português) e ainda leiam o Magnetismo Espiritual, publicado pela FEB. Sem falar que ler e analisar todos os exemplares da Revista Espírita de Allan Kardec (igualmente disponível na internet) é tarefa inadiável para qualquer pessoa que queira andar seguro no Magnetismo. Isso é o mínimo do mínimo que poderemos ler e conhecer para irmos aprimorando nossas ações em nossos passes e atendimentos magnéticos.□

“O conhecimento e o estudo dessas obras clássicas, fornecendo-nos a base teórica que tanto precisamos, nos arremeterão a um mundo no mínimo surpreendente. Jamais poderia dizer “mundo novo”, porque isso tudo já vem de muito tempo”.

JORNAL VORTICE -ANO III, n.º 08 ,janeiro/2011
jacobmelo@gmail.com

sexta-feira, 15 de março de 2013

DO DESENVOLVIMENTO DAS CRISES CAPÍTULO IX


TRADUÇÃO DE LIZARBE GOMES

Enquanto dure a sessão, o magnetizador, sejam quais forem as crises que se apresentem, deve ter uma inteira confiança em si mesmo.

Ele deve estar seguro de não estar enganado se conservar seu sangue-frio e sua coragem. Ao contrário, se ele se assusta, se ele se perturba, os acidentes que surgirem são por sua própria falha e não do magnetismo.

Quando uma crise sobrevém, é preciso deixá-la se desenvolver sem interrompê-la; mas não é preciso contribuir para que ela se prolongue.

É preciso aproveitar as crises que acontecem naturalmente. Se há dores na parte doente, se surgem movimentos nervosos, espasmos, transpiração, entorpecimento, sono, deixa-se o tempo necessário para a crise se desenvolver, tomando-se as precauções convenientes para que a transpiração não pare ou para que o doente não sofra nenhum acidente; ele se acalma pouco a pouco pelos passes.

Se ele adormecer pelo sono ordinário ou pelo sonambulismo, não é preciso despertá-lo subitamente. No primeiro caso, o impediríamos de tornar-se sonâmbulo; no segundo caso, lhe causaríamos convulsões.

Para evitar, de todas as maneiras, estes inconvenientes, ninguém deve tocá-lo ou ao menos, aqueles que não estejam em contato com ele.

Há crises úteis, ainda que dolorosas e elas são indispensáveis; é uma prova de que o magnetismo age. Estas crises se assemelham àquelas causadas por um vomitório ou um purgante; elas cessam, depois recomeçam. O doente deve ter a força e a paciência de suportá-las.

Se as dores são locais, o magnetizador as acalma ali concentrando a ação; se elas são gerais, ele faz passes à distância, que são calmantes, refrescantes e dão novas forças.

Quando uma crise se manifesta, o magnetizador deve deixar tempo para que ela se desenvolva e contribuir para uma magnetização conforme o estado do doente e, sobretudo, deixá-lo apenas quando a crise tiver terminado.

Todo magnetizador deve se convencer, diz Puységur, do quanto é perigoso o estado de convulsão abandonado a si mesmo, a menos que se opere sobre os epilépticos, sobre os quais o magnetismo só age bem lentamente. Todas as vezes em que se encontre indivíduos nos quais o magnetismo produz convulsões, é preciso evitar abandoná-los a si mesmos e ainda mais procurar aumentar este estado violento; é preciso, ao contrário, fazer todos os esforços para acalmar e somente deixar o doente quando ele estiver em um estado de certa tranqüilidade.

Obs: a seguir vem citação de Deleuze, reforçando as palavras do autor. as quais optamos por não transcrever, pois já estão expressas no texto. (NT)
AUBIN GAUTHIER

Jornal Vórtice ANO III, n.º 03, agosto/2010

sábado, 26 de janeiro de 2013

DA SENSIBILIDADE MAGNÉTICA

Há doentes sobre os quais se atua em dois ou três minutos; em outros é necessário muitos dias e em alguns muitos meses. (Koreff, Deleuze)

Há doentes nos quais os efeitos vão sempre aumentando; outros que sentem desde o primeiro dia tudo quanto experimentaram no decurso de um longo tratamento; outros, finalmente, que, depois de manifestarem sintomas notáveis, cessam de manifestar de repente a menor impressão. (Mesmer, Deleuze, Aubin Gauthier)

A magnetização produz efeitos puramente físicos; o doente cuja mão seguramos na posição da relação por contato experimenta geralmente os efeitos seguintes: umidade na palma das mãos, titilações nos dedos, formigamentos; a sensação encaminha-se às vezes aos braços, aos ombros até a cabeça, ou vai atacar o epigástrio, e há então irradiação por todo o corpo, que determina leves calafrios, bocejos, aos quais sucede a dormência dos membros e do cérebro. Em uns, o pulso diminui, o rosto empalidece, as pálpebras oscilam e fecham-se, os queixos e os membros se contraem, há sensação de frio; em outros, o pulso se acelera, sobem ao rosto fugachos que o avermelham, o olhar aviva-se, há transpiração, acessos de riso ou pranto.

Quando estes efeitos parecem querer acentuar-se, podemos, se se tem em vista obter-se o sono magnético, prolongar a ação que os determina; mas se não quisermos o sono (o que deve ser o caso mais habitual, por isso que ele não é necessário ao tratamento) apressemo-nos em romper a relação abandonando as mãos do sonâmbulo e fazendo-lhe alguns passes à distância.

Acontece frequentemente que o magnetismo restabelece a harmonia das funções de que acabamos de falar, isto é: tendência à transpiração, sensação de frio ou de calor, espasmos, movimentos musculares, contrações, dormência, displicência, formigamentos, bocejos etc.; e só o percebemos ao efeito produzido pela melhora da saúde.
O magnetismo nem sempre se manifesta, pois, por efeitos que anunciam a sua ação; e procederia mal quem desanimasse muito depressa, ou declarasse que o magnetismo é impotente só porque ao cabo de oito ou quinze dias, algumas vezes dois meses ou mais, não tivesse produzido nenhum efeito aparente. (Deleuze, Koreff, Aubin Gauthier)

As pessoas que parecem mais rapidamente sensíveis à ação magnética são as que levam uma vida simples e frugal, que não são agitadas pelas paixões, que não abusaram dos narcóticos e dos minerais, e que não fazem uso imoderado dos perfumes de toucador. Os hábitos da alta sociedade, a vida agitada da política e dos negócios, as preocupações morais, o abuso dos anestésicos e dos narcóticos, os excessos da mesa e das bebidas alcoólicas ou fermentadas, diminuem cada vez mais a receptividade magnética; é por isso que os campônios que vivem com toda a simplicidade e ao ar livre, sem terem habitualmente recorrido às excitações artificiais dos prazeres da cidade e da terapêutica moderna, têm mais probabilidade de sentir com maior facilidade e rapidez que os outros os efeitos da ação magnética, no entanto que os alcoólatras e os morfinomaníacos são quase insensíveis. Nas crianças em quem o movimento natural não é ainda contrariado pelos maus hábitos de uma vida mal regulada, a ação magnética é mais notável, mais pronta e salutar que entre as pessoas adultas; e o mesmo se dá com os animais. As crianças e os animais são geralmente muito sensíveis ao magnetismo, e obtém-se sobre eles curas muito rápidas.

É preconceito acreditar-se que as pessoas de compleição delicada ou enfraquecidas pelas moléstias crônicas são mais sensíveis que as outras; geralmente, não são os indivíduos edemaciados ou de temperamento nervoso que dão mais depressa indícios de sensibilidade magnética; pelo contrário, são antes as naturezas enérgicas e vivazes que melhor correspondem aos movimentos de reação que se procura produzir pela magnetização.
Há igualmente uma opinião segundo a qual a sensibilidade magnética e, consecutivamente, o efeito curador dependem sobretudo de certas analogias de relação entre o magnetizador e o paciente; é evidente que se deve levar em conta influências que resultam dos caracteres, dos temperamentos e dos meios: os climas, as estações, o regime, os hábitos, a idiossincrasia têm efeitos incontestáveis num tratamento, e é muito admissível que certas pessoas sejam mais aptas que outras para produzirem certos efeitos e curarem determinadas moléstias. Não é duvidoso que os corpos são mais ou menos condutores das correntes, e por conseguinte, mais ou menos radiantes; que as trocas magnéticas entre os corpos variam portanto até ao infinito, mas isto é uma questão de mais ou menos em que não devemos deter-nos por muito tempo.

Em tese, todos os doentes são sensíveis à ação magnética, e o são mais ou menos rapidamente; quando não se é bem sucedido, provém isto de mais uma falta de perseverança no tratamento ou da gravidade da desordem produzida no organismo por uma moléstia antiga, do que de qualquer outra coisa.

Na maior parte dos indivíduos nervosos e nas moléstias que mais especialmente afetam o sistema nervoso, onde a prostração e a anemia alternam com uma grande superexcitabilidade, o magnetismo atua na maioria dos casos, sem produzir efeitos aparentes; e se, às vezes, com o correr do tempo, o magnetismo consegue triunfar dessas perturbações profundas da enervação, acontece frequentemente que se obtém a produção de fenômenos singulares que não são sempre seguidos dos resultados curativos que dele se espera. Em suma, seria erro acreditar-se que as afecções nervosas caem, mais especialmente que as demais moléstias, sob a competência do magnetismo; a ideia falsa que se fez e ainda se faz do papel fisiológico do magnetismo e de seus efeitos curadores contribui grandemente para entreter este preconceito, que a observação e a experiência deveriam ter há muito tempo desarraigado.

Do livro: “Magnetismo Curador” (Cap. XVIII)
Autor: Alphonse Bue


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