terça-feira, 11 de outubro de 2016

MAGNETISMO o fluido e a vontade

Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

Envolvidos no mecanismo da ação pelo magnetismo vamos encontrar, ao fazer uma análise didática, alguns elementos importantes: vontade, fluido vital, confiança, técnica, estudo e amor. Vamos nos deter, neste artigo, mais especialmente nos dois primeiros, buscando entender a relação entre eles e a sua atuação.

A vontade é um dos atributos do Espírito. Representa o nosso querer e juntamente com o pensamento movimenta e dinamiza o ser. Elabora ideias e as expressa através das realizações materiais, tanto quanto da palavra e do intelecto. Sem vontade não somos almas, nos tornamos "coisas". Podemos ter vida, como os animais e as plantas, mas não exercemos o poder do pensamento, já que os dois estão sempre atrelados um ao outro.

Temos o exemplo disso na depressão mais grave, quando se perde a capacidade de exercer a própria vontade. O depressivo não é um objeto, mas se coisifica, torna-se letárgico, vive como num casulo onde as forças maiores da Vida é que lhe movem e conduzem. O objetivo do magnetismo nesse caso será o de reconstituir os canais energéticos a fim de que, restabelecido o trânsito normal das energias, emoções e pensamentos, consiga o doente exercer a sua vontade de forma satisfatória.

Diz o Espírito André Luiz em Missionários da Luz:

Pelo passe magnético, no entanto, notadamente naquele que se baseie no divino manancial da prece, a vontade fortalecida no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem para que essa vontade novamente ajustada à confiança magnetize naturalmente os milhões de agentes microscópicos a seu serviço, a fim de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela contingência, se recomponha para o equilíbrio indispensável.


A vontade do magnetizador exerce um papel fundamental nos tratamentos. Sem ela não há transmissão fluídica e as técnicas se tornam apenas  movimentos de braços, sem função. O poder curativo do fluido se manifesta através da vontade do operador. Como escreveu Allan Kardec "os fluidos não possuem qualidades sui generis"1, adquirem as do meio, trazem o cunho dos nossos sentimentos positivos ou negativos, bem como podem ser "excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, soporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos" etc.

Fluido e vontade são inseparáveis. O perispírito comanda o corpo físico, transmite a este os comandos vindos do Espírito, mas isto só se torna possível por causa do fluido que intermedeia os impulsos perispirituais que agem sobre o organismo biológico. A vontade do Espírito se exerce sobre o corpo utilizando o fluido como recurso que possibilita essa interação.

Van Helmont (1579-1644), médico, químico e fisiologista belga, afirmava que o homem "tem ao alcance da mão uma energia obediente à vontade, ligada ao seu potencial imaginativo, capaz de atuar exteriormente e influir sobre pessoas distantes, muito distantes mesmo".2

Essa capacidade que o fluido possui, ligado à nossa vontade, pode ser compro vada através da eficácia da prece.     Quando oramos por alguém distante emiti mos nossas energias que atravessa o espaço e o alcança onde estiver. Há pés quisas recentes feitas experimentalmente que mostram essa realidade: doentes que recebem preces, mesmo sem saber, obtêm melhoras mais significativas que outros que não são beneficiados pela oração.

Está mais do que demonstrado através de hipnotistas e magnetizadores que a vontade pode ser exercida a distância de forma a não restarem dúvidas quanto à influência do pensamento sobre outras pessoas, mesmo à sua revelia. É possível hipnotizar ou magnetizar alguém a distância, sem que o hipnotizado/magnetizado seja previamente avisado. Nesse caso, a vontade do hipnotizador/magnetizador é o agente através do qual a ação se exerce. Mas como um pensamento pode atuar através do espaço, senão tendo uma substância fluídica, invisível como intermediário? Essa substância é o fluido magnético que nos envolve e interpenetra todo o nosso organismo.



O indivíduo hipnotizado está magnetizado, mesmo sem a intenção do operador e somente assim ele consegue influenciá-lo a vontade, fazendo-o até mesmo cometer atos ridículos durante o estado de transe ou após este, às vezes depois de decorrido muito tempo, meses até. As sugestões tão utilizadas inicialmente pelos magnetizadores, depois pelos estudiosos e praticantes da hipnose de palco  ou terapêutica funcionam com uma vontade exercendo o seu poder sobre a outra. O desejo de um é acatado pelo outro que o comanda até certo ponto porque o tem envolvido no seu magnetismo.

Quando a mulher com hemorragia tocou as vestes de Jesus3 ela atraiu para si o fluido magnético através do poder da sua vontade. Ela tinha o desejo sincero e confiante de curar-se atraindo o recurso curativo do Cristo. Já na cura do paralítico4, a poderosa vontade de Jesus intervém ordenando-lhe: levanta-te e anda! O seu magnetismo envolve o doente e através deste o Mestre comanda a vontade estranha que se lhe submete e, a partir daí, as células orgânicas lhe obedecem, se reordenam e o homem ergue-se a caminhar.

Vamos encontrar a influência da vontade até mesmo na magnetização para produzir o estado de sonambulismo. O magnetizador impregna o sonâmbulo com o seu fluido e o faz porque quer, ou seja, utilizando a sua vontade como instrumento emissor, dosador e direcionador das energias. Com essa operação o perispírito do sujet se desvencilha, em maior ou menor grau, do organismo físico, o que proporciona o transe sonambúlico ou outra espécie de transe mais superficial. O transe mais ou menos profundo, porém, não ocorre por causa do quantum de fluido, mas sim pelo tamanho da vontade do magnetizador. Dessa forma, quanto mais forte e confiante a vontade deste, menos fluido precisará despender para alcançar no sonâmbulo uma emancipação mais completa. Logicamente, isso também dependerá do desenvolvimento da faculdade desse sonâmbulo.

Relatando outro tipo de experiência, podemos conduzir a imaginação de uma pessoa, induzindo-a a acreditar na existência de uma imagem, som ou ideia irreal. Num estado hipnótico a vontade do operador pode incutir uma determinada ideia na mente do hipnotizado fazendo-o acreditar piamente no que não passaria de uma alucinação. Por exemplo, o hipnotizador pode dizer ao indivíduo em transe: "entre mim e você há uma parede de tijolos alta de tal modo que você não consegue me ver, apenas me ouvir". O sujeito de olhos abertos será capaz de enxergar a tal parede em todos os detalhes, lhe impedindo a visão do hipnotizador. Se este assim desejar, fará com que aquele continue enxergando essa parede mesmo não estando mais em estado hipnótico. Ele poderá tocar e sentir a suposta parede através do tato, vê-la com seus olhos e continuará impedido de ver o seu hipnotizador.

Esta obra de Ernesto Bozzano publicada em 1926 mostra o quanto pode a vontade do encarnado como do desencarnado na realização dos fenômenos de objetivação ou materialização do pensamento.
podemos conduzir a imaginação de uma pessoa, induzindo-a a acreditar na existência de uma imagem, som ou ideia irreal.


A obsessão espiritual nada mais é do que uma vontade subjugando a outra. É um verdadeiro processo hipnótico-magnético em que o Espírito, se não consegue submeter o encarnado de imediato, vai-lhe incutindo ideias, sugerindo-lhe imagens, que alcançam a vítima desatenta lentamente, substituindo aos poucos a sua vontade pela do perseguidor. O desejo de perseguição do obsessor  fazem-no emitir voluntariamente ou não as suas energias que envolverão o organismo perispiritual e físico do perseguido, as quais servirão de instrumento pelo qual a vontade doentia alcança o objetivo. Na subjugação, fase mais avançada do processo obsessivo, a vontade do Espírito vai mais longe, consegue mesmo atuar sobre o corpo físico comandando-o ao seu bel prazer, quase sem resistência do obsediado, mostrando um rapport de alto nível.

Nas curas magnéticas, a vontade do magnetizador possibilita o sucesso das técnicas utilizadas. Sobre isso, vejamos o que escreveu Kardec:

Sabe-se que papel capital desempenha a vontade em todos os fenômenos do magnetismo.
[...] Com o auxílio dessa alavanca, ele atua sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas vêm assim a ficar transformadas.5

Aqui o autor deixou claro a importância  da vontade nas ações realizadas através do magnetismo. Em seguida, ele escreveu:

Tanto quanto do Espírito errante, a vontade é igualmente atributo do Espírito encarnado; daí o poder do magnetizador, poder que se sabe estar na razão direta da força de vontade. Podendo o Espírito encarnado atuar sobre a matéria elementar, pode do mesmo modo mudar-lhe as propriedades, dentro de certos limites. Assim se explica a faculdade de cura pelo contato e pela imposição das mãos, faculdade que algumas pessoas possuem em grau mais ou menos elevado.

Pois é, a força do magnetizador reside na potência da sua vontade, do quanto ele quer e do quão firme e convicto é esse querer. A vontade, embasada no sincero desejo de ajudar, em outras palavras, no amor, dá a capacidade curativa ao fluido que obedece à sua intenção transformando o organismo alheio, doente, entregue docemente à sua vontade, restituindo-se em saúde e harmonia.

1. A Gênese, cap. XIV.
2. Pensamento e Vontade, Ernesto Bozzano.
3. Evangelho de Lucas, VIII: 43-46.
4. Evangelho de Marcos, II: 9-12.
5. O Livro dos Médiuns, segunda parte, cap. VIII.


 Fonte;  JORNAL VÓRTICE    ANO VIII, Nº 07 Dezembro - 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário