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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

BIOGRAFIA - JOHN ELLIOTSON (1791 - 1868)

Brilhante médico inglês nascido em Southwark, Londres, palestrante e professor de Medicina, um dos pioneiros na argumentação de leituras relativas à clínica como método de ensinar medicina e a defender a hipnose como terapia, em uma época em que não existiam o éter nem o clorofórmio. Depois de graduar-se em medicina na Universidade de Edinburgh, continuou seus estudos no continente e em Cambridge e no Sir Guy's Hospital. Na vida acadêmica foi Professor de Medicina na Universidade de Londres e também foi nomeado Presidente da Royal Medical and Surgical Society e foi um dos primeiros professores em Londres a enfatizar aulas práticas de clínica e um dos primeiros médicos britânicos a fazer uso do estetoscópio, introduzindo-o na Inglaterra, juntamente com os métodos de se examinar o coração e os pulmões da forma que são utilizados até hoje. Fundou (1849) o University College Hospital, em Londres, onde se empregavam as práticas mesméricas, derivado do nome do médico austríaco Franz Anton Mesmer, considerado o precursor do hipnotismo e o fundador do Mesmerismo. 

Na segunda metade do século XIX houve uma grande difusão do hipnotismo mesmérico. Em seguida surgiram outras instituições semelhantes, em Edimburgo, Dublin e Exeter. Mais conhecido pelo fato de ter lançado o primeiro periódico a tratar do hipnotismo, a revista The Zoist, publicação trimestral durante treze anos (1843-1855), com artigos criados por ele, James Esdalie e muitos outros médicos brilhantes da época, especialmente centenas de relatos dos excelentes resultados dos tratamentos com hipnose. Sua especialidade era no campo da hipnose infantil, e trabalhou com muitas crianças e com muitas doenças infantis, tais como insanidades, tiques e outras enfermidades. Morreu em Londres após uma longa doença, na casa de seu amigo, o Dr. Symes. Foi médico de Dickens e Thackeray e escreveu Pendennis, dedicado a ambos. Particularmente nunca deixou de acreditar na clarividência e outros fenômenos místicos.
(grifos originais)

Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/biografias

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

PASSE, TRABALHO DE EQUIPE


Roberto Teixeira / RS

Falar sobre o passe magnético e sua trajetória desde a antiguidade até os dias atuais, por mais que seja enriquecedor não é o objetivo deste artigo e a isso não nos ateremos, senão superficialmente.
As doenças, segundo os historiadores, existem desde a pré-história, assim como a busca para controlá-las.

De Franz Anton Mesmer, do Barão du Potet, ao nosso Jacob Melo, reconhecidamente obteve-se muito progresso no tratamento de enfermidades pelo passe. Estes consagrados nomes do Magnetismo Terapêutico, assim como seus seguidores, demonstram consenso em afirmar a necessidade absoluta do estudo e da pesquisa permanentes sobre o assunto aqui tratado.

Considerado o maior magnetizador de todos os tempos, Du Potet afirmava que além do progresso alcançado por um século de estudos e pesquisas, seria ainda o Magnetismo chamado a se desenvolver e adquirir novos conhecimentos.
Engajando-se ao grupo de estudos do Barão du Potet, Hipolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec), ez referência à preparação do Espiritismo pelo Magnetismo. Obras como:  A Revista Espírita e  A Gênese (Curas através da ação fluídica) fazem alusão à prática do 

Magnetismo no combate às enfermidades do corpo e do EspíritoAtualmente, grande número de Casas Espíritas presta "atendimentos" de passes. Câncer, hepatite C, psoríase, autismo, depressão, síndrome do pânico, obsessão, são alguns dos problemas que nos chegam todas as semanas. A responsabilidade que assumimos é indiscutivelmente grande, maior ainda deverão ser nossos esforços em estarmos preparados para tratá-los adequadamente.
É evidente que o passe magnético, assim como o próprio Espiritismo, são sinônimos de estudo.

Aqueles que acreditam que todo trabalho deve ficar por conta dos bons Espíritos, perdem tempo precioso, e mesmo que inconscientemente, se eximem de parte fundamental no compromisso assumido.
As fontes estão à disposição de todos. Conservadorismo inoportuno e inconsequente só traz prejuízo e a prova disso são as migrações de pacientes que nos chegam de alguns lugares, com os centros de força congestionados pelas imposições de mãos constantes e indiscriminadas a que são submetidos. Assim como toda a Criação Divina, o passe magnético também está sujeito, como não poderia deixar de ser, à lei do progresso, e as questões que para alguns ainda estão obscuras, serão entendidas definitivamente, quando com imparcialidade analisarem os fatos, pois como ensina a Espiritualidade: aquilo que é fato, não deixa margem para dúvidas.

O passe na Casa Espírita, inquestionavelmente deve ser um trabalho de equipe.
A entrevista a que é submetido o paciente é primordial e necessita ser bem feita; um entrevistador experiente e bem treinado deixa o entrevistado seguro e a vontade o suficiente para que nãoomita fatos que possam ser essenciais ao tratamento.
Os pacientes precisam estar convictos do que realmente querem, e serem devidamente esclarecidos sobre os efeitos e etapas do tratamento que devem ser cumpridas, para não se perder tempo precioso, e principalmente, para que se obtenham resultados mais satisfatórios.
O expositor (encarregado da leitura e comentário de um texto nos instantes que precedem o passe), consciente da importância daqueles minutos de reflexão para a harmonização de todos, procura sempre leituras convenientes para o momento, que prendam a atenção dos presentes e que facilitem o estabelecimento da relação magnética.

Os passistas, não se acomodando, achando que somente o amor, a confiança e a vontade de ajudar serão suficientes, não transferirão aquilo que é de sua responsabilidade, para os Espíritos magnetizadores, que já fazem a sua parte, que é nos amparar, assistir, intuir e potencializar as energias magnéticas na hora do passe.
Muitos são os motivos que levam as pessoas às Casas Espíritas, e aqueles que estudam e praticam o Espiritismo sabem que a sede das doenças se encontra no Espírito; aquele que não conhece a imortalidade da alma e as leis que regem a vida espiritual, não conhece a si mesmo, nem a magnitude da criação de Deus. Os espíritas, que reconhecem verdadeiramente os benefícios que o conhecimento e a prática da Doutrina proporcionam, mais do que um dever, devem ter como ato de caridade, o despertar do interesse desses nossos irmãos para o Espiritismo.

Laboratórios de estudo e pesquisa, onde abordagens sobre doenças, estabelecimentos de método e técnicas magnéticas para tratá-las, anatomia, perispírito, centros de força, plexos, acompanhamento dos atendimentos dos pacientes através da análise das fichas e tudo mais que se entender necessário e oportuno poderá ser criado pelos grupos interessados.
Desafios é o que não falta, mas com grupos coesos, conscientes, determinados e trabalhando em equipe, os resultados positivos aparecerão.

Mesmer, Du Potet, Kardec e tantos outros, deram tudo de si, por algo em que realmente acreditavam, suportaram descasos e até mesmo a exposição ao ridículo, sem esmorecer. Deixaram como legado a possibilidade de seguirmos adiante nesse trabalho maravilhoso de levar alívio às dores da humanidade, agora só depende de nós. Não esperemos, assim como eles, encontrar facilidades, mas, sim, muito trabalho.

Jornal Vortice ANO III, n.º 02, julho/2010


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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

PASSES E MAGNETISMO


Antes de mais nada, é importante estabelecermos a diferença entre magnetismo e hipnotismo. Historicamente, o magnetismo data da antigüidade, do antigo Egito, da Grécia antiga, fazendo parte das relações sacerdotais com o povo e os fiéis que buscavam o contato com seres capazes de intermediar a cura divina.

O termo magnetismo já era usado no século XVII por Van Helmont. Era conhecido como "magnetismo animal", mas ganhou foro de doutrina somente com o austríaco Franz Anton Mesmer, que, através de suas memórias impressas, estabeleceu 27 proposições acerca do fenômeno. Ele dizia que os astros agiam sobre nós, outros astros e corpos animados, sendo que esta influência tinha um agente, que era o fluido cósmico universal. Os corpos gozavam de propriedades análogas às do ímã, podendo ser transmitidas para outros corpos animados ou inanimados. Afirmava ainda que a doença era um desequilíbrio deste magnetismo corporal.

Já o termo hipnotismo foi criado pelo médico inglês Braid, depois de ver algumas sessões com o magnetizador La Fontaine. Ele dizia ter descoberto a causa da magnetização de um corpo sobre outro, que era a sugestão do magnetizador ao agir sobre os centros nervosos. Com isso, ele quis dar ares de ciência à questão, batizando o fenômeno com um novo nome.
Devemos olhar o magnetismo sempre tendo em mente um fim importante para sua utilidade e, por sermos espíritas, utilizarmos esta força juntamente com os espíritos. Por certo, agindo como médium, teremos nossas disposições fluídicas melhoradas pelos espíritos trabalhadores do bem. Portanto, façamos uma "auto-hipnose" todos os dias, com idéias otimistas fortalecidas por tudo aquilo que já aprendemos com a doutrina espírita. Desse modo, estaremos sempre com as mãos no serviço do bem, não tendo tempo para acomodar as "sugestões do mal" em nós.

Franz Anton Mesmer, conhecido como o "pai do mesmerismo", ainda é considerado como cientista e inovador por uns e como charlatão por outros. Qual a sua opinião?
Mário Coelho – Vejo Mesmer da mesma forma que qualquer homem implantador de idéias. Ele trouxe as bases para que entendêssemos o magnetismo, muito embora tenha sido taxado de charlatão em algumas de suas demonstrações. Muitos dos erros de Mesmer não foram equívocos da doutrina que trazia, mas da própria ânsia de querer provar a realidade de seus estudos para aqueles que o pressionavam tenazmente. Acho que tudo foi fruto da própria época, do desejo de crer por parte de alguns e de combater por parte de outros.

Segundo Mesmer, a doença é o magnetismo desequilibrado. Sendo assim, a hipnose pode ajudar a reequilibrar o corpo? De que maneira?
Mário Coelho – O hipnotismo com finalidade médica ajuda o equilíbrio da mente no sentido de sugestionar o doente a tirar de dentro dele algumas idéias fixas que são substratos da doença. Porém, fazemos isso mesmo sem conhecermos hipnotismo. Quando temos uma dor e começamos a criar idéias otimistas sobre ela ou procuramos entender sua causa, isto é uma auto-sugestão para redimensionarmos nossa dor. Por exemplo: é mais fácil para um espírita aceitar a dor da morte de um ente querido do que um não-espírita, mas a perda não é a mesma para ambos? No entanto, com conhecimento, o espírita redimensiona sua dor, tornando-a menor. Ele aceita porque entendeu e se preparou para tal. No fundo, é um trabalho junto à própria mente e, porque não dizer, ao próprio espírito.

O magnetismo pode ser confundido com transe mediúnico? A pessoa hipnotizada está sempre acompanhada por alguma entidade?
Mário Coelho – Há pessoas que se auto-hipnotizam inconscientemente e entenda-se essa hipnose no sentido de fortificar em si uma idéia fixa. Desse modo, vemos pessoas com crise emocional simulando inconscientemente uma incorporação mediúnica. Primeiro, ela tem a crise com uma pseudo perda da consciência, ao ponto das pessoas que não conhecem profundamente o tema acharem que ela estava caída no chão por ação de espíritos. Depois, muitas vezes, a pessoa sai desse transe como se tivesse mesmo desincorporando. São sutilezas que aqueles que têm contato com pessoas sofridas no centro espírita encontram vez por outra.

O magnetismo tem poder de cura?
Mário Coelho – Sim, o próprio Allan Kardec nos fala isso na Revista Espírita e nas obras da codificação. Antes de ver fenômenos espíritas, ele estudou magnetismo durante 30 anos. Em A Gênese, Kardec afirma que nem sempre é possivel se dizer quando a pessoa foi magnetizadora pura e simples. Ou seja, imbuído pelo desejo de ajudar, o magnetizador sempre será auxiliado por um bom espírito, daí ele passa a atuar como médium.

O passe magnético deve ser aplicado aos doentes em hospitais?
Mário Coelho – Em muitos países, os magnetizadores e até mesmo os médiuns são cadastrados como agentes de saúde. Muitos centros espíritas fazem o serviço de visita aos enfermos que queiram, que tenham idéias espíritas ou aceitam as mesmas. Mas isso é um serviço previamente preparado, no qual o médium não vai para magnetizar, mas para fazer um auxílio apoiado nos espíritos. Se já temos consciência espírita, não há motivos para sairmos dando passes como magnetizadores sem um planejamento.

Uma pessoa que vai magnetizar outra pode, de alguma maneira, vir a prejudicá-la?
Mário Coelho – Caso não tenha conhecimento das técnicas de magnetismo ou mesmo dos próprios mecanismos das doenças, pode prejudicar sim. Certa vez, um médium passista amigo meu, ao ver a filha com um leve ataque de asma brônquica, decidiu agir como magnetizador e passou a jogar fluido no tórax da criança, só que ela começou a piorar instantaneamente. Por que isso aconteceu? A asma, por si só, já é uma doença hiper reativa e, ao irradiar fluidos, meu amigo só aumentou ainda mais a reatividade dos brônquios. Na verdade, ele deveria ter dado os passes para dispersar os fluidos do corpo da filha.

O magnetismo é algo inerente ao ser humano?
Mário Coelho – Sim, todo ser humano é portador de magnetismo, já que este nada mais é do que uma transformação de nosso fluido vital. Sendo assim, teoricamente, todos podemos magnetizar. Sem querer, agimos da mesma maneira que os magnetizadores do passado, que também utilizavam o passe de sopro para aliviar dores.

 Este artigo foi publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 17



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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte I)

Desde antes da Antiguidade Clássica, conhece o homem encarnado a energia que emana e permeia os seres vivos; cada cultura a ela se referiu por termos próprios (ki ou chi no Japão, por exemplo) e a utilizou por métodos particulares, quase sempre incorrendo a utilização das mãos para a interação desta energia entre doadores - aqueles que doavam as energias - e receptores - aqueles que recebiam as energias. Diante do conhecimento recebido da Doutrina Espírita, torna-se fácil imaginar que por meios mediúnicos diretos ou indiretos, tal método terapêutico foi revelado nalguma comunidade ancestral, talvez do oriente próximo, espalhando-se com as migrações para as outras regiões do globo.

Heinrich Cornelius Agrippa

Apesar do que há  acerca disto nas culturas orientais, não é deste que iremos tratar aqui, mas da tradição histórica ocidental acerca do conhecimento e emprego desta energia. Para agilizar os estudos, torna se confortável salientar o contexto de um tempo pela figura mais eminente que nele havia. Desta forma, pode-se destacar inicialmente o vulto de Agrippa (Heinrich Cornelius Agrippa Von Nettesheim. Encarnou em Colônia em 1486 e desencarnou em Grenoble em 1535). Era médico, filósofo, alquimista e cabalista cristão. Descendente de nobre família alemã de Nettesheim, Agrippa tornou-se doutor em Leis e Física; escreveu o livro Filosofia das Artes Ocultas, obra em três volumes, que o pós na mira da Santa Inquisição. Seus conceitos refletiam certas idéias dos filósofos da época, como a crença de que os elementos constitutivos do universo possuíam uma alma ou espírito. Também acreditava na relação e dependência de tais elementos: “O mundo é triplo, isto é, elementar, sideral e espiritual. Tudo que está mais básico é governado pelo que está mais alto e recebe dai a sua força. Assim, o arquiteto do Universo deixa o poder de sua onipotência fluir através do mineral, das plantas, dos animais e, dai para o homem...”.
Paracelso

Em seguida, podemos encontrar historicamente aquele que tornou-se o detentor direto de seu legado, o afamado Paracelso (do grego Para, acima, alem + Celso – Aulus Cornelius Celsus, médico e erudito grego (30a.C. - 38 d.C.); escreveu De Arte Médica, quadro preciso da medicina antiga e daquela praticada em seu tempo). Paracelso ou Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus Von Hohenheim encarnou em Einsiedein em 1493 e desencarnou em Salzburgo em 1541.
Alquimista suíço. Cursou a Universidade da Basileia e após partiu em viagem de 20 anos pela Europa e Ásia. Teria estudado ciências herméticas com Johames Trithemius, teólogo e ocultista alemão e tido aulas com Slomon Trismosin, alquimista autor da obra Splendor Sollis. Segundo Jean Baptiste Van Helmont, Paracelso teria sido iniciado nos segredos herméticos e alquímicos por um colégio de sábios de Constantinopla. Ele é mais lembrado hoje por ser o precursor da moderna quimioterapia, mais do que por seus estudos do magnetismo humano. Contudo, sua importância nesse sentido é inconteste, haja vista ter sido ele o formulador do vocábulo magnetismo. Para Paracelso, o magnetismo é a vida universal - tudo estaria vivo em graus diferentes e esta vida (magnetismo) presente em rochas, animais e plantas poderia ser transferida para o homem. Assim como seus contemporâneos, ele via o homem como “imãs animados”, e sua terapêutica compreendia o corpo humano como microcosmo refletindo o macrocosmo - o homem como espelho da totalidade. Para ele a ciência tinha a impostergável missão de libertar o homem dos males que o afligem.

Franz Anton Mesmer

Embora figuras-chave em seu tempo, Agrippa e Paracelso, não foram os únicos a se dedicar ao estudo do magnetismo animal, mas certamente os que mais se destacaram, tanto pelo volume de seu intelecto quanto pelas obras que deixaram. Homem semelhante surgiria apenas trezentos anos mais tarde, e este foi Franz Anton Mesmer, encarnado em Iznang, Sonabe em 1734 e desencarnado em Meersburg em 1815. Médico alemão, após mudar-se para Paris, ainda jovem redescobriu o magnetismo animal e adotou-o como remédio para todas as enfermidades. Seus pacientes eram, via de regra, mulheres neuróticas, algumas desequilibradas mentais e outras obsedadas; o tratamento fazia os pacientes caírem em convulsões acompanhadas de gritos, lágrimas, soluços e gargalhadas descontroladas, seguidas de prostração e estupor. Essas crises nervosas, desencadeadas pelos métodos pouco ortodoxos de Mesmer, levavam a cura. O mesmerismo correspondeu de imediato às idéias racionais do iluminismo francês da época, de tal conta que não era incomum referirem-se a ele como a “epidemia que ganhou toda a França’. O mesmerismo era discutido nas academias, salões e cafés, era investigado pela polícia, protegido pela rainha, ridicularizado no palco, satirizado em canções e caricaturas, praticado em sociedades secretas e divulgado em livros e folhetos. A despeito desta enorme popularidade, Mesmer escreveu: “O magnetismo ocupa todas as mentes. As pessoas estão aturdidas com seus prodígios, e se se permite ainda duvidar dos efeitos, não se ousa negar pelo menos a sua existência. O grande objeto das conversas da capital é sempre o magnetismo animal”. Mesmer sintetizou sua teoria do magnetismo animal em 27 proposições que publicou no final de sua obra Memoire sur la Découvert du Magnétisme Animal (Genebra, 1779), e as principais dentre elas podem ser assim resumidas: Há uma influência entre os corpos e os seres existentes; o meio pelo qual essa influência se propaga é um fluido universal sutil, contínuo e presente em toda criação; esse fluido sensibiliza a substância de que é composto os nervos do corpo físico afetando-o de imediato; o corpo do homem apresenta, à semelhança do imã, pólos opostos que podem ser manipulados direta e/ou indiretamente por esse fluido, cabendo-lhe portanto o termo de magnetismo animal; essa descoberta pode esclarecer e auxiliar nos estudos das ciências físicas como também causar a cura imediata de uma infinidade de doenças.
Marques de Puysègur

Mesmer possuía um discípulo que foi além nas experimentações e descobriu uma nova espécie de mesmerismo, este foi o Marques de Puysègur, ou A. M. J. Castenet, encarnado em Paris em 1751 e desencarnado em Buzancy em 1825. Pesquisador de fenômenos psíquicos, militar e filantropo, apaixonou-se pelas teorias do fluido magnético de Mesmer, descobrindo o que denominou Sonambulismo Magnético (ou Sonambulismo Mesmérico), o que veio a ser conhecido mais tarde como Hipnose. Puysègur seria o primeiro a reconhecer, durante o sonho hipnótico, autênticos fenômenos supranormais, tais como a telepatia, a autoscopia, o diagnóstico e a prescrição de uma terapêutica em estado sonambúlico e a comunicação com espíritos.
Barão Du Potet

Quando a Revolução Francesa tomou a Europa, o mesmerismo foi quase esquecido e o frenesi das ultimas décadas do século XVIII apagou-se quase por completo. Nas primeiras décadas do século XIX, contava ainda o magnetismo animal com praticantes, estudiosos e centenas de obras publicadas que esmiuçavam os fenômenos e as curas cada vez mais extraordinárias que se operavam. Não tardou, contudo, para que os detratores lançassem um contra-ataque que pôs em xeque a própria crença em sua existência. O Barão Du Potet - devido a pouca documentação disponível crê-se ter encarnado na França no ano de 1796 - então, em colaboração com médicos de destaque operou curas maravilhosas em duas ocasiões, o que trouxe nova luz ao magnetismo animal.
Estas apresentações despertaram o interesse de médicos ilustres, entre eles o famoso, à  época, Dr. Foissac que solicitou, em 1826, a Faculdade de Medicina da França, novos exames dos fenômenos. Junto de outros ilustres facultativos, formou-se uma comissão cujo relatório conclusivo só foi entregue a Faculdade em 1831, ou seja, cinco anos de muitos estudos após.
O Dr. Foissac escreveu de forma concludente no relatório:”Considerando o magnetismo como agente de fenômenos fisiológicos ou como elemento terapêutico, é
nossa opinião que deveria entrar no quadro do ensino da medicina e ser empregado, exclusivamente, por médicos ou, sob sua orientação, por especialistas comprovados.”
De forma que esta opinião se encontrava contrária as convicções pré-concebidas da direção da Faculdade de Medicina, este lhes mandou em prepotente resposta: “Não duvidamos da boa fé dos comissionados; contudo cremos que foram vitimas de várias habilidades...”. Tal reação gerou descrédito na Faculdade de Medicina da França e na Academia de Ciências de Paris, que comungava com tal opinião acerca do magnetismo animal.
Du Potet, contudo, não deixou-se intimidar e juntamente com médicos ilustres que acreditavam no magnetismo animal, prosseguiu com os experimentos e curas. Ao tomar posse do Instituto de Cultura de Paris, ele proferiu entusiástico discurso onde se podem destacar os seguintes trechos: “(...)Todos vós recordais, certamente, da grande querela que se promoveu em 1778, quando Mesmer chegou a Paris e enunciou ao mundo o seu sistema.
A maior parte dos sábios da época tomou parte no litígio; as Academias de Ciências e de Medicina receberam o encargo de examinar o que Mesmer pretendia ter descoberto e de informar ao governo e ao mundo sobre as aplicações do mesmerismo ao tratamento das doenças: Bailly, Lavoisier, Franklin, Jusieu e outros sábios ilustres tomaram, a seu cargo, esta missão; e a que resultado chegaram? Vós conheceis, senhores, o juízo que esta comissão emitiu sobre o magnetismo animal. Examinou primeiro o sistema de Mesmer, em todos os seus detalhes, e achando-o pouco sólido, argumentou contra ele. Esses argumentos ficaram, porém, sem réplica e, desde então o sistema de Mesmer se foi desmoronando pouco a pouco.(...) Com o tempo, tornou, porém, a reaparecer a verdade entre nós e a França viu-se, pela segunda vez agitada de norte a sul pelo magnetismo animal. Por essa altura - É certo - o entusiasmo não foi tamanho; mas foi, em compensação, muito mais ponderado e científico. (...) Apesar de tudo isso, a maioria dos sábios, certamente receando as condenações do passado, permaneceram indiferentes à eloquência dos fatos. Atidos a opinião dos seus antepassados, limitaram-se a servir-se dela como de um escudo de aço e procederam assim porque se tratava de uma arma forjada por homens notáveis, por homens de reputação verdadeiramente universal. Mas, senhores, que pode a autoridade dos homens contra a realidade dos fatos? (...) Eu não duvido, senhores, que vós acolheríeis a verdade logo que ela se vos apresente claramente demonstrada; (...) Vou explicar-me com maior clareza: se os numerosos fenômenos de que fui investigador e testemunha durante longo tempo não me enganaram, eles devem proporcionar a prova incontroversa de que o nosso cérebro pode dispor de uma força que ainda não foi dimensionada e que, dirigida pela vontade sobre um individuo organizado como nós, pode produzir na sua organização fenômenos que não se manifestam senão quando a causa se põe em jogo e cessam tão depressa como ela deixa de agir. (...) Se justifico o que afirmo e vós comprovais o que demonstro, abriremos um novo caminho aos observadores e acharemos explicação natural de numerosos fenômenos que já não se podem negar, mas que se consideram, não se sabe porque, como produto de causas inteiramente acidentais.(...) Este exame não exige de vós, senhores, nem o abandono de vossas crenças, nem a renúncia de nenhuma de vossas opiniões nem o sacrifício da vossa razão; não exige outra coisa que não seja um migalinho de tempo e um pouco de boa-vontade. Podereis recusar-me o que vos peço?”
O convite do Barão Du Potet dividiu a opinião dos acadêmicos gerando uma das maiores discussões científicas de que se tem registro no século XIX. Amainados os ânimos, uma erudita comissão investigadora foi formada, dando origem a um relatório admirável que alicerçava cientificamente o magnetismo animal e, certamente por isto foi, talvez criminosamente, mantido secreto. Três meses de espera mais tarde, o Barão fatigou-se e foi atender aos inumeráveis pedidos para lecionar em diversas cidades francesas.
Ainda na primeira metade do século XIX, muitos foram os pesquisadores que deram continuidade ao legado de Du Potet e seus predecessores; estudiosos como Aubin Gauthier, Dr. J. W. Teste, La Fontaine, Alphonse Cahagnet - este último, de cuja obra intitulada Magia Magnética encontra-se o seguinte: “Escolher uma nuvem bem isolada das outras, antes perpendicular do que oblíqua ao operador, e de diâmetro de um a dois metros.
Coloca-se contra a direção que segue ou acioná-la neste sentido. Fixar esta nuvem, juntar as mãos com as pontas dos dedos voltadas para o centro ou seus limites, conforme o ponto que se quer atacá-la. Concentrar fortemente o pensamento sobre esta ação, desejando dissolver a nuvem, dividi-la, fazê-la dispersar-se. Fazer essa experiência em pleno campo e não em lugar próximo a edifícios. Três ou cinco minutos bastam para levar a operação a termo.” - Cahagnet é considerado um dos precursores do magnetismo espiritualista devido aos experimentos realizados com a médium Adeile Maginot, que notavelmente anteciparam os estudos de Allan Kardec.
Barão Karl Von Reichenbach

Em 1854, o Barão Karl Von Reichenbach (encarnado em 1788, desencarnado em 1869), químico famoso, descobridor do creosoto e da parafina pôs-se a pesquisar as pessoas que se afirmavam possuidoras de poderes psíquicos.
Dez anos mais tarde, seus estudos resultaram na obra Pesquisa Sobre Magnetismo, Eletricidade, Luz, Cristalização e Sua Relação Com a Força Vital, onde afirma ter descoberto a Força Ódica, ou apenas ODILE. O ODILE, afirma, é uma propriedade universal da matéria; os homens são recipientes de ODILE e são iluminados por essa força em especial na fronte. A Força Ódica é polarizada em positivo e negativo, sendo o primeiro capaz de criar uma luminosidade azul e o segundo uma luminosidade amarela-avermelhada.
Desacreditado e ridicularizado em seu tempo, Reichenbach encontraria o respeito apenas cerca de cem anos após sua morte, com o início dos estudos da aura humana e dos campos vitais. Diante das perspectivas abertas por ele, o químico norte-americano George Starr tornou-se o introdutor moderno da cultura cosmo-elétrica em seu país, afirmando ser capaz de aumentar e acelerar o crescimento de plantas, flores, frutas e alimentos de origem vegetal através de um método de energização, que retornaria em benefícios ao ser humano.
Posteriormente, o Dr. L. E. Herman, cientista inglês, afirmou após estudos da energia curativa da natureza que esta é polarizada, como afirmara o Barão Reichenbach, sustentando ainda que o pólo direito do corpo é positivo, e o esquerdo é negativo. Ele conseguiu manipular tal energia segurando objetos nas mãos como a fechar um circuito, o que, aplicado as pessoas, desencadeava relaxamento.
Allan Kardec

No mesmo ano a que o Barão Reichenbach dera início a seus estudos, o professor francês Hippolyte Leon Denizard Rivail - vulgo Allan Kardec (encarnado em 3 de outubro de 1804, desencarnado em 31 de março de 1869), pedagogo ilustre punha-se a estudar os segredos do magnetismo, que conhecia desde 1820. Em 1858 escreveu que o magnetismo preparou o caminho da Doutrina Espírita e, o rápido progresso desta se fez graças à vulgarização das idéias da primeira. Dos fatos e fenômenos magnéticos as manifestações espíritas há apenas um passo. Acerca do magnetismo, Kardec concluiu que: o corpo e o perispírito (envoltório semimaterial do espírito) são transformações do fluido universal; estando este fluido condensado no perispírito pode reparar o corpo; o agente desencadeador é a vontade do espírito encarnado ou desencarnado que infiltra num corpo deteriorado ou enfermo parte de seu envoltório fluídico; a cura depende da pureza deste fluido e da força de vontade do agente emissor (espírito); os efeitos da ação fluídica são variados, podendo esta ação ser lenta e continua ou mesmo rápida, ou ainda instantânea, como se dera com Jesus; a ação magnética pode se produzir de três modos principais: 1º pelo próprio fluido do magnetizador (este é o magnetismo aplicado em seu modo primitivo, como o entendiam a época de Mesmer); 2º pelo fluido do espírito desencarnado, sem concurso de um magnetizador encarnado; 3º pela ação conjunta do espírito desencarnado e do magnetizador encarnado. Kardec acrescentou ainda que a faculdade de curar por influência fluídica é comum e pode ser desenvolvida por exercício, o que veio desmistificar o magnetismo como habilidade milagrosa de poucos eleitos.
Continua.....
Apostila: O Magnetismo Animal Seus Precursores e Fenômenos Correlatos
Associação Jauense de Estudos Espíritas
Fonte; http://www.batuiranet.com.br/

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