Swedenborg 1688 - 1772
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Na Revista
Espírita do mês de novembro de 1859, Allan Kardec publica um artigo altamente
esclarecedor sobre a veracidade ou não de certas doutrinas e revelações feitas
por Espíritos. Na realidade, o Mestre nos dá uma aula sobre tal problemática,
analisando as experiências mediúnicas de Swedenborg, e suas constatações pós
mortem.
Inicialmente,
o Codificador faz um breve resumo biográfico de Swedenborg, e comenta que o
mesmo “é um desses personagens mais conhecidos de nome que de fato, ao menos
para o vulgo.” Segundo Kardec, “suas obras muito
volumosas e, em geral, muito abstratas, quase que só são lidas pelos eruditos.”
Daí, para uns, “ele é considerado um grande homem, para outros, não passa de um
charlatão, de um visionário, de um taumaturgo.”
Assevera o
Codificador, que na realidade a doutrina defendida por Swedenborg deixa muito a
desejar. E que o próprio Swedenborg, na condição de Espírito, está longe de
aprová-La em todos os pontos! No entanto, segundo as palavras de Kardec, “por
mais refutável que seja, nem por isso deixará de ser um dos homens mais
eminentes do seu século.”
Afinal,
quem foi Swedenborg? - Emmanuel Swedenborg, nasceu em 1688, em Estocolmo, e
faleceu em Londres, em 1722, aos 84 anos de idade. Destacou-se em todas as
ciências, especialmente na Teologia, na Mecânica, na Física e na Metalurgia. Em
1716, Carlos XII o nomeou seu assessor na Escola de Metalurgia de Estocolmo. A
rainha Ulrica o fez nobre, e ele ocupou os pontos de maior relevo, com
distinção, até 1743, época em que teve a sua primeira revelação espírita. Tinha
então, 55 anos. Pediu demissão e não quis mais se ocupar senão de seu
apostolado e do estabelecimento da doutrina Nova Jerusalém.
Allan
Kardec observa que “mesmo rendendo justiça ao mérito pessoal de Swedenborg,
como cientista e como homem de bem, não nos podemos constituir defensores de
doutrinas que o mais elementar bom-senso condena.” À esse respeito, vale
pontuar que hodiernamente, tal determinação kardeciana, é totalmente
desconsiderada! Qualquer mensagem mediúnica, ou entendimentos pessoais de
médiuns e/ou palestrantes famosos ou não, por mais esdrúxulos e contraditórios
que sejam, são acatados, publicados e divulgados como preceitos espíritas
válidos e procedentes.
Acrescenta
o Codificador: - “Ele (Swedenborg) cometeu um equívoco dificilmente perdoável,
não obstante sua experiência das coisas do mundo oculto: o de aceitar cegamente
tudo quanto lhe era ditado, sem o submeter ao controle severo da razão. Se
tivesse pesado maduramente os prós e os contras, teria reconhecido princípios
irreconciliáveis com a lógica, por menos rigorosa que fosse. (...) A qualidade
que a si mesmo se atribui o Espírito que a ele se manifestou bastaria para o
por em guarda, sobretudo se considerarmos a trivialidade de sua apresentação.
(...) Seus próprios erros devem ser um ensinamento para os médiuns demasiado
crédulos, que certos Espíritos procuram fascinar, lisonjeando-lhes a vaidade ou
os preconceitos por uma linguagem pomposa ou de aparências enganosas.” (grifei)
Observemos o alerta de Kardec para o controle severo da razão!
Prosseguindo
em seus esclarecimentos, o Mestre transcreve uma comunicação dada pelo Espírito
de Swedenborg, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 23 de setembro
de 1859, na qual, o Espírito faz a abertura da sessão, pontuando dentre outras
coisas, que sua moral espírita e a sua doutrina, não estariam isentas de
grandes erros, os quais atualmente (na condição de Espírito) reconhece. Nega
por exemplo, a “eternidade das penas“, como também a existência “do mundo dos
anjos”. Assim se expressa o Espírito: “O que eu também dizia do mundo dos
anjos, que é o que pregam os templos, não passava de ilusão dos meus sentidos;
acreditei vê-lo, agia de boa-fé, mas enganei-me.” (grifei) Vale ressaltar aqui,
o cuidado para as tais “cidades espirituais” tão em voga na literatura
espiritualista!
Vejamos
agora, algumas indagações feitas por Allan Kardec, e as respectivas respostas
dadas pelo Espírito de Swedenborg:
- Qual foi
o Espírito que vos apareceu, dizendo ser o próprio Deus? Era realmente Deus?
Resposta - Não. Acreditei no que me falava porque nele via um ser sobre-humano
e fiquei lisonjeado. (grifei)
- Por que
ele tomou o nome de Deus?
Resposta -
Para ser mais bem obedecido. (grifei) O Espírito utiliza-se do nome de personalidades
famosas e respeitadas para que seja facilmente obedecido pelo médium lisonjeado
e temeroso.
- Aquele
Espírito que vos fez escrever coisas que hoje reconheceis como errôneas. Ele o
fez com boa ou com má intenção?
- Não o
fez com má intenção; ele próprio se enganou, porque não era suficientemente
esclarecido. Agora percebo que as ilusões do meu próprio Espírito e de minha
inteligência o influenciavam, mau grado seu. Entretanto, no meio de alguns
erros de sistema, fácil é reconhecer grandes verdades. (grifei)
Oportuno
observar na fala de Swedenborg, que o Espírito comunicante era de grau
evolutivo inferior, e se deixava também influenciar pelas “ilusões” criadas por
Swedenborg, “mau grado seu”!
- O
princípio de vossa doutrina repousa sobre as correspondências. Continuais
acreditando nessas relações que encontráveis entre cada coisa do mundo
material, e cada coisa do mundo moral?
Resposta -
Não; é uma ficção. (grifei)
-
Poderíeis dizer-nos de que maneira recebíeis as comunicações dos Espíritos?
Escrevíeis aquilo que vos era revelado à maneira de nossos médiuns, ou por
inspiração?
Resposta -
Quando me achava em silêncio e em recolhimento, meu Espírito ficava como que
maravilhado, extasiado, e eu via claramente uma imagem diante de mim, que me
falava e ditava o que deveria escrever; algumas vezes minha imaginação se
misturava nisso. (grifei)
Diante de
ensinamentos tão importantes, ministrados e exemplificados com tanta
propriedade pelo Mestre Allan Kardec, constatamos da necessidade do estudo
efetivo e aprofundado das Obras Fundamentais da Codificação, e da Revista
Espírita. Só assim poderemos identificar e rechaçar a avalanche de mensagens de
Espíritos desencarnados e/ou encarnados, produto de ilusões e mistificações, e
que acabam por confundir e desvirtuar os preceitos doutrinários Espíritas,
levando multidões de desavisados ao engano e a futuras decepções.
Por Maria das Graças Cabral
REFERÊNCIA:
KARDEC, Allan. REVISTA
ESPÍRITA, Jornal de Estudos Psicológicos. Ano II, novembro de 1859. Ed. FEB.,
RJ/RJ, 2ª edição, 2004, p. 437/446.
In: Um Olhar Espírita
- http://umolharespirita1.blogspot.com/2012/02/kardec-analisa-swedenborg.html
Posted in: Allan
Kardec,Bom Senso,comunicação mediúnica,CUEE,Doutrina
Espírita,espiritismo,mistificação,O Crivo da Razão,Swedenborg
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Jesus já dizia maldito o homem que crê em outro homem! A fé tem que ser raciocinada e, contestada para tudo que lhe chegam aos ouvidos. Quantos não caíram em desgraça por confiar cegamente nas informações repassadas sem o devido cuidado de checar a veracidade e, por conseguinte,as consequências advindas das atitudes a ser tomadas!
ResponderExcluirToda ação gera uma reação de igual ou maior proporção! Chico Xavier já advertia a todos nós sobre a fé raciocinada!
Meg...Chico Xavier não é parâmetro para fé raciocinada. Ele se quer revisou ou passou a revisão a terceiros das obras que empunhou. Se quer analisou ou questionou o que recebia. Simplesmente publicava tudo quanto os espíritos comunicavam. Facilmente abrindo os livro dos médiuns, verá o erro em se fazer isso.
ResponderExcluirSe comportou exatamente como Swedenborg, e com isso presenteou o movimento espírita com os maiores absurdos sobre o mundo espiritual. Inclusive, se quer estudou a doutrina espírita.