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terça-feira, 26 de agosto de 2014

AS PIRÂMIDES DO EGITO E O MUNDO ESPIRITUAL

Redação do Correio Espírita

Está claro agora que os faraós construíram suas maiores pirâmides - as do Vale de Gizé, a 10 quilômetros do centro do Cairo - alinhadas em direção ao norte e que eles utilizavam as estrelas para determinar essa direção. Para chegar a essas conclusões a arquiteta, e egiptóloga Kate Spencer, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, analisou meticulosamente a posição dos astros em torno do ano 2500 a.C (data aproximada ao erguimento das pirâmides). Kate revela que antes de começar a ergue-las, os egípcios reuniam-se à noite em uma cerimônia religiosa na qual os sacerdotes traçavam no céu uma linha imaginária, ligando a estrela Beta da constelação da Ursa Maior à estrela Zeta da Ursa Menor. O ponto em que a linha tocava o horizonte dava a posição exata do norte. Os lados dos grandes templos eram então projetados de modo a ficar paralelos a essa direção (veja o desenho abaixo). Esse método, diz a cientista, era seguro; o problema é que as estrelas mudam ligeiramente de lugar com o tempo, devido ao próprio movimento do Sol pela Via Láctea. Tanto que, hoje, passados quase 5.000 anos do tempo dos faraós, algumas das pirâmides estão ligeiramente voltadas para oeste e outras, para leste. Esse fato até hoje confundia os egiptólogos.

Outro feito de Kate Spence: conseguiu datar com precisão, pela primeira vez, a construção das pirâmides, que, quanto mais se afastam do norte, atualmente, mais velhas são. A mais antiga pirâmide é a de Quéfren, com 2467 a.C.
  
Como foram construídas as pirâmides?

Encontramos a resposta na Revista Espírita do ano de 1858 através do Espírito de Mehemet-Ali quando pontuou a Allan Kardec, eis o diálogo:

AK - Desde que vivestes ao tempo dos faraós, podereis dizer-nos com que fim foram construídas as pirâmides? R: São sepulcros; sepulcros e templos. Ali se davam frandes manifestações.

AK - Tinham estas um objetivo científico? R: Não. O interesse religioso absorvia tudo.

AK - Podereis dar-nos uma idéia dos meios empregados na construção das pirâmides? R: Massas de homens gemeram sob o peso destas pedras que atravessaram os séculos. A máquina era o homem.

AK - De onde tiravam os egípcios os gosto pelas coisas colossais, em vez do das coisas graciosas, que distinguia os gregos, posto tivessem a mesma origem? R:  O egípcio era tocado pela grandeza de Deus. Procurava igualá-lo, superando as suas próprias forças. Sempre o homem!

Dentre todas os povos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacavam na prática do bem e no culto a verdade.

Ressalta Emmanuel que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da justiça divina. Em razão dos seus elevados patrimônios morais, guardaram no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de uma pátria distante.
  
Culto à morte - Metempsicose

A civilização egípcia foi a quem mais preocupou com a idéia da morte. A sua vida era apenas um esforço para bem morrer. Seus papiros e frescos estão cheios dos consoladores mistérios do além-túmulo.

Natural era o grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humilhação, que, na lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinação punitiva dos deuses. A metempsicose era exatamente o fruto amargo da sua impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora inflingido no ambiente terrestre. Inventou-se desse modo, uma série de rituais e cerimônias para solenizar o regresso dos seus irmãos à Pátria espiritual.

Os mistérios de Ísis e Osíris e toda uma influenciação na cultura da mitologia grega eram símbolos das forças espirituais que presidiam aos fenômenos da morte.
  
A constelação de Capela

Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundo, cantando as glórias divinas do Ilimitado.

A sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face da Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente entre a Capela e o nosso planeta, já que a luz percorre o espaço com a velocidade aproximada de 300.000 quilômetros por segundo.

A Constelação do Cocheiro é formada por um grupo de estrelas de várias grandezas, entre as quais se inclui a Capela, de primeira grandeza, que, por isso mesmo, é alfa da constelação.

Capela é uma estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol, e se este fosse colocado em seu lugar, mal seria percebido por nós, à vista desarmada.

Na abóbada celeste Capela está situada no hemisfério boreal, limitada pelas constelações da Girafa, Perseu e Lince, e, quanto ao Zodíaco, sua posição é entre Gêmeos e Touro.

Conhecida desde a mais remota antiguidade, Capela é uma estrela gasosa, segundo afirma o célebre astrônomo e físico inglês Arthur Stanley Eddington (1822-1924), e de matéria tão fluídica que sua densidade pode ser confundida com a do ar que respiramos. Sua cor é amarela, o que demonstra ser um Sol em plena juventude, é, como um Sol, deve ser habitada por uma humanidade bastante evoluída.

Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização.

Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.

As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.

Único desejo, voltar à Capela

Os egípcios eram animados pelo desejo que era trabalhar devotadamente para regressar, um dia, aos seus penates resplandecentes. Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas. Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão altamente desenvolvido. Morava em seus corações a ansiedade de voltar ao orbe distante, ao qual se sentiam presos pelos mais santos afetos. Foi por esse motivo que, representando uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do antigo Egito desapareceram para sempre do plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana regressaram à Pátria Sideral.
  
                                                                                              Religião e sociedade egípcia

 A partir da Pré-História - se assim podemos dizer - todos os povos passaram pelas fases de fetichismo, do animismo e do politeísmo. Ainda hoje, aqui e ali, se encontram vestígios disso em vários lugares e religiões.

Os egípcios também passaram por isso. Vencida a fase de culto aos totens eles chagaram ao culto dos deuses. Além do Deus Pré-Existente e único - Amon-Rá. Osíres, o deus do Infinito, do Espaço, do Tempo e Senhor da Luz, que também era o protetor da terra e da vegetação.

Os egípcios acreditavam na reencarnação e de certo modo mantinham o intercâmbio com os desencarnados. Havia uma religião secreta professada pelos sacerdotes, que também era ciência, englobando a matemática, a física, a química, a astronomia, a medicina, a meteorologia etc. Conheciam o magnetismo, o sonambulismo, curavam pelo sono provocado e praticavam largamente a sugestão. É o que denominavam de magia.

A Bíblia Sagrada do povo egípcio foi o " Livro dos Mortos" . Continha 165 capítulos e dele emanaram todas as religiões do ramo ocidental, dogmas etc. A civilização egípcia antiga desenvolveu-se no nordeste africano (margens do rio Nilo) entre 3200 a.C (unificação do norte e sul) a 32 a.C (domínio romano).

A sociedade egípcia estava dividida em várias camadas, sendo que o faraó era a autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra. Sacerdotes, militares e escribas (responsáveis pela escrita) também ganharam importância na sociedade. Esta era sustentada pelo trabalho e impostos pagos por camponeses, artesã\os e pequenos comerciantes. Os escravos também compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em guerras. Trabalhavam muito e nada recebiam por seu trabalho, apenas água e comida.

A escrita egípcia também foi algo importante para este povo, pois permitiu a divulgação de idéias, comunicação e controle de impostos. Existiam duas formas de escrita: a demótica (mais simplificadas) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, cultos e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamada papiro que era produzida a partir de uma planta de mesmo nome também era utilizado para escrever.

Fonte; http://www.correioespirita.org.br/


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quarta-feira, 30 de julho de 2014

EM QUE PRINCÍPIOS SE FUNDAMENTA O TATO MAGNÉTICO? COMO DESENVOLVÊ-LO?

 Os leitores do Vórtice seguramente conhecem a estreita ligação do Espiritismo, desde seu surgimento, com o Magnetismo. Não terá sido apenas casualidade o fato de Allan Kardec ter-se especializado e praticado o magnetismo ao longo de 35 anos, assim como não pode ser visto como ocasional ou extemporâneo o fato dos Espíritos, na Codificação e em todas obras publicadas sob a responsabilidade do mesmo Kardec, falarem, comentarem, sugerirem o estudo e apresentarem o embasamento de muitos fatos tendo por base a ciência magnética.

Muito embora seja, em si mesma, uma ciência independente, o Magnetismo está interligado ao Espiritismo de uma forma tão indissociável que, usando as palavras de Kardec, uma estará incompleta sem a outra. A despeito disso, os espíritas, em sua maioria, parecem não se dar conta dessa verdade insofismável, o que é lamentável.

O tato magnético mais não é do que a capacidade (que alguns possuem e outros – uma grande maioria – podem desenvolver) de sentir, perceber, registrar e até diagnosticar o que um paciente está sentindo, onde ou do que está acometido. Mas, dizem alguns, que nos livros básicos do Espiritismo não se fala do tato magnético. É verdade, pelo menos nessa grafia, não fala mesmo. Mas... que tal relermos pelo menos isso que está registrado em O Livro dos Espíritos (“Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista”, no item 455)?

“A emancipação da alma se verifica às vezes no estado de vigília e produz o fenômeno conhecido pelo nome de  segunda vista ou dupla vista, que é a faculdade graças à qual quem a possui vê, ouve e sente além dos limites dos sentidos humanos.

Percebe o que exista até onde estende a alma a sua ação. Vê, por assim dizer, através da vista ordinária, e como por uma espécie de miragem”... (grifos originais)... “O poder da vista dupla varia, indo desde a sensação confusa até a percepção clara  e nítida das coisas presentes ou ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma certa segurança nos atos, a que se pode dar o qualificativo de precisão de golpe de vista moral. Um pouco desenvolvida, desperta os pressentimentos. Mais desenvolvida mostra os acontecimentos que deram ou estão para dar-se”. (grifos originais)

Tranquilamente posso assegurar que o que chamamos e conhecemos como tato magnético nada mais é do que uma das variantes do fenômeno chamado dupla vista. Afinal, o tato magnético nos permite uma  percepção além dos limites dos sentidos humanos e, nalguns, confere o tato, a perspicácia, uma certa segurança.

Mas, como a justificar o fato de Kardec não ter sido muito explícito nesta, como em outras questões do Magnetismo, recordemos aqui o que ele anotou em um dos seus mais brilhantes artigos acerca do Magnetismo e o Espiritismo: “Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas há apenas um passo; sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem falar do outro. Se tivermos que ficar fora da ciência do Magnetismo, nosso quadro ficará incompleto poderemos ser comparados a um professor de  Física que se abstivesse de falar da luz. Contudo,  como o Magnetismo já possui entre nós órgãos  especiais justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre um assunto tratado com  superioridade de talento e de experiência. A ele (o Magnetismo) não nos referiremos, pois, senão  acessoriamente, mas de maneira suficiente para  mostrar as relações íntimas das duas Ciências que,  na verdade, não passam de uma”. (grifei) – (In:  Revista Espírita, edição março-1858, artigo  “Magnetismo e Espiritismo).

Além da ligação direta do Magnetismo com o Espiritismo, também dá base ao conhecimento do tato magnético, a sua existência inclusive, muitas vezes, à revelia de muitos possuidores dessa preciosa leitura fluídica ou energética.E será viável se desenvolver o tato magnético? 
Voltemos a Allan Kardec, novamente em O Livro dos Espíritos, questão 450:
A dupla vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?
“Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas.”
a) - Esta faculdade tem qualquer ligação com a organização física?
“Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são refratários.”

E completemos essas respostas com o que ele anotou em A Gênese, Cap. 14, item 22: “É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, frequentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica”.
Portanto, é perfeitamente possível o desenvolvimento dessa prática, e aqui trago o que há de mais simples nesse exercício.

Como nem todos magnetizadores trazem o tato magnético desenvolvido espontaneamente, muitas vezes é preciso treiná-lo, dar-lhe precisão. Os exercícios costumam se dar pela aproximação, lenta e gradual, da ou das mãos do magnetizador em direção ao magnetizado, oportunidade em que o magnetizador deve estar bastante atento para a infinidade de sensações que poderão ocorrer enquanto “tateia” – quase sempre sem toque físico – os campos magnéticos do magnetizado.

Obviamente que haverá necessidade de confrontação entre o que ele percebe e o que o paciente sente, pois dessa forma, ele vai se assenhoreando do que cada percepção psico-tátil vai lhe dizendo. Tomemos, por exemplo, um paciente com câncer numa mama. Independente do magnetizador saber disso ou não, ele sentirá, quando passar a ou as mãos por aquela região, algo gerando uma sensação, um tipo de registro não comum aos demais, em relação àquele paciente. Quando confrontar as informações ele saberá que aquele registro provavelmente estará referindo ao câncer. À medida que ele vai reproduzindo esse procedimento com outros pacientes e obtendo os resultados do que vem registrando, adquirirá uma segurança sempre crescente, de forma que, depois de uma boa prática, terá bastante segurança dos diagnósticos que virá a fazer.

Importa distinguir, entretanto, que alguns magnetizadores possuem o que se chama tato magnético natural, também conhecido como empatia fluídica ou apenas como dupla vista dirigida à saúde. Nesses casos, costumam os possuidores dessa variante do tato magnético sentirem em si mesmos, todos os sintomas que o paciente está sentindo ou portando no momento em que é estabelecida relação magnética entre ambos.

Num primeiro momento, os exercícios costumam ser menos precisos; percebem-se regiões grandes, pouco específicas e com diagnósticos um tanto quanto superficiais. No caminhar dos exercícios, essa percepção vai-se refinando, até chegar ao ponto de se ter perfeito registro tanto de campos densos como daqueles por demais sutis, tais quais nadis, pequenos concentrados fluídicos em determinadas regiões do perispírito, doenças ainda não detectadas por aparelhos clínicos ou, ainda, crisálidas de futuros focos, verdadeiros estados latentes de desarmonias em processo de somatização.

Por fim, estando a prática feliz do magnetismo totalmente consorciada à Vontade do  magnetizador, não se desenvolverá o tato  magnético se não houver um desejo forte, vigoroso e sincero de se chegar ao ponto que se busca,  empregando os meios ao alcance e entregando-se sem parcimônia aos exercícios que levarão ao ápice  do desenvolvimento.

Jornal Vórtice ANO II, n.º 09, fevereiro/2010 


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sexta-feira, 27 de junho de 2014

A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO

Dalmo Duque dos Santos

Comparando a história do Espiritismo com a do Cristianismo Primitivo, podemos tirar algumas conclusões importantes para a o futuro da nossa doutrina e o do seu movimento social.

O Cristianismo, cuja pureza doutrinária do Evangelho e simplicidade de organização funcional dos primeiros núcleos cristãos foi conquistando lenta e seguramente a sociedade de sua época, sofreu com o tempo um desgaste ideológico. Corrompeu-se por força dos interesses políticos, financeiros e institucionais. Os novos adeptos e seus líderes, não conseguindo penetrar na essência do Evangelho, que é regeneração, ou seja, o mergulho doloroso no mundo interior e a reversão das atitudes exteriores, adaptaram o mesmo às suas conveniências psico-sociais, atacando suas idéias mais contundentes à moral animalizada, alimentando os mecanismos de defesa da mente, fazendo concessões às fraquezas dos adeptos e desviando-os para o comodismo dos disfarces rituais exteriores. Repressão de forças espirituais espontâneas e idéias consideradas ameaçadoras ao clero, como a mediunidade e a reencarnação; a falsificação de tradições e a adoção do sincretismo do costumes bárbaros, foram as principais estratégias dessa clericalização do cristianismo.

O resultado de tudo isso é bem conhecido: dois milênios de intolerâncias, violências, atraso espiritual, perpetuação das injustiças sociais, agravamento de compromissos com a lei de ação e reação e forte comprometimento da regeneração do nosso planeta.

Com o Espiritismo não está sendo muito diferente.

Apesar das advertências dos Espíritos e do próprio Allan Kardec quanto aos períodos históricos e tendências do movimento, os espíritas insistem em cometer os mesmos erros do passado. Os mesmos erros porque provavelmente somos as mesmas almas que rejeitaram e desviaram o Cristianismo da sua vocação e agora posamos de puristas ortodoxos, inimigos ocultos do Espírito da Verdade.

Negligentes com a oração e a vigilância, cedemos constantemente aos tentáculos do poder e da vaidade. Desprezamos a toda hora a idéia do “amai-vos e instruí-vos”, entendendo-a egoisticamente, ora como fortalecimento intelectual competitivo, ora como o afrouxamento dos valores doutrinários. Não conseguindo nos adaptar ao Espiritismo, compreendendo e vivenciando suas verdades, vamos aos poucos adaptando a doutrina aos nosso limites, corrompendo os textos da codificação, ignorando a experiência histórica de Allan Kardec e dos seus colaboradores, trazendo para os centros espíritas práticas dogmáticas das nossas preferências religiosas, hábitos políticos das agremiações que freqüentamos e mais comumente a interferência negativas dos nossos caprichos e vaidades pessoais.

Como os primeiros cristãos, também lutamos pelo crescimento de nossas instituições, deixando-nos seduzir pelo mundo exterior e imitando os grupos já pervertidos, construindo palácios arquitetônicos, cuja finalidade sempre foi causar impressão aos olhos e a falsa idéia de prestígio político; e dentro deles praticamos as mesmas façanhas da deslealdade, das rivalidades, das perseguições aos desafetos, da auto-afirmação e liderança autoritária, de crítica e boicote às idéias que não concordamos.

E, finalmente, cultivamos uma equívoca concepção de unificação, esperando ingenuamente que a nossas idéias e grupos sejam majoritários num Grande Órgão Dirigente do Espiritismo Mundial, do nosso imaginário, e muitas outras tolices e fantasias que nem vale a pena enumerar aqui.

E assim caminhamos, unidos em nossas displicências e divididos nas responsabilidades. Preferimos esquecer figuras exemplares que atuaram na Sociedade Espírita de Paris quando ignoramos nossa história sabiamente registrada na Revista Espírita. Deixamos de lado líderes agregadores – ainda que divergências normais e toleráveis existissem entre eles – para ouvir e nos deixar dominar por um disfarçado clero institucional, comando por vozes medíocres e ciumentas, figueiras estéreis, sofistas encantadores e improdutivos, enfim, velhas almas e velhas tendências, vinho azedo e frutas podres em nossos mais caros celeiros doutrinários.

Mas como evitar esse processo de corrupção e, em alguns casos notórios, de contaminação e má conduta? Como reverter a situação para reconduzir essas experiências para os rumos verdadeiramente espíritas? O que fazer com as más instituições, com os maus dirigentes, os maus médiuns, maus comunicadores, enfim os maus espíritas? Devemos identificá-los e expulsá-los dos nossos quadros? Devemos denunciá-los e discriminá-los como fazia a Inquisição com os acusados de heresia?

O que fazer com os livros que consideramos impuros ou inconvenientes ao movimento?: devemos queimá-los em praça pública, censurá-los em nossas bibliotecas ou então deixar que a própria comunidade espírita pratique o livre arbítrio e aprenda a fazer escolhas corretas e adequadas às suas necessidades?

O Espiritismo foi certamente uma doutrina elaborada por Espíritos Superiores e isto nos deixa tranqüilos quanto ao seu futuro doutrinário. Mas o seu movimento vem sendo feito por seres humanos, espíritos ainda imaturos e inexperientes. Isso realmente tem nos deixado muito preocupados, pois sabemos que, hoje, os inimigos do Espiritismo estão entre os próprios espíritas.

Fonte; http://www.espirito.org.br/portal/artigos/dalmo/a-degeneracao.html

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