Nesta
entrevista, realizada há quatro anos, o escritor espírita Lamartine Palhano Jr.
explica os tipos de transe mediúnico de acordo com a doutrina espírita.
Pelo site
www.irc-espiritismo.org.br
O que é
realmente o transe?
Quero lembrar
que Allan Kardec perguntou aos espíritos se os médiuns, na hora das
manifestações, permaneciam num estado especial. Os espíritos responderam que
estavam numa espécie de "crise", tanto que isto gerou o termo
"crisíaco".
Mas naquele
tempo, a psicologia ainda não usava o termo "transe", que é uma
corruptela de uma situação "transacional", que passa de um estado
para outro, no caso, de um estado mental. Hoje se sabe que o que se chama
"transe" é um estado alterado da consciência, onde há dissociação psíquica,
que pode ser superficial (consciente) hipnogógico (semiconsciente) e profundo
(inconsciente). O transe é anômalo porque ele é ocasional. Neste caso, não
podemos, por exemplo, classificar o estado de sono porque é uma situação
normal.
O transe está
sempre presente em todas as manifestações mediúnicas?
Como eu
disse, a mediunidade é um tipo de transe, por isso devemos compreender os
outros tipos de transe para definir o que é realmente mediunidade.
A emancipação
da alma, ou projeção astral, não considerada como caráter mediúnico, mas como
capacidade inerente do ser. Poderia esta ser considerado uma forma de transe?
Evidente. É
um transe anímico, no qual o espírito do próprio tem essa liberdade de
emancipar-se, numa espécie de dissociação psíquica já referida. Veja o capítulo
de O Livro dos Espíritos chamado "Emancipacão da Alma".
Por que, no
início, quando a mediunidade está "aberta", sentimos tanta coisa:
dores, doenças?
Falta de
treino e de orientação para o "transe canalizado", que tenho estudado
de modo cansativo nos últimos tempos.
A primeira
publicação que fiz a respeito está no capítulo 11 do livro Transe e
Mediunidade, Editora Lachâtre. Sem esse treinamento, os médiuns permanecem com
seus canais psíquicos abertos à revelia, recebendo todos os tipos de
freqüências mentais.
Quais os
procedimentos corretos quando uma pessoa, não espírita e não estudiosa, entra
em transe, debatendo-se e dizendo coisas desconexas?
Por isso eu
estou insistindo em que o espírita aprenda sobre o "transe", porque um
tipo de situação dessa pode ser um "transe patológico"
(esquizofrênico, psicótico, efeitos de drogas, obsessivo etc. ). E para ajudar
melhor, o espírita deve reconhecer o transe e tomar as providências cabíveis,
junto ao socorro médico ou aos recursos espíritas, como a ordem moral de
afastamento dos espíritos, passe, irradiação etc.
Existe uma
forma para se identificar a mediunidade intuitiva?
No livro
Transe e Mediunidade tem essa explicação. No caso da intuição, ela vem inteira,
direta e muitas vezes seguida do nome do espírito que está intuindo, o que se
transforma em ação imediata. A observação constante do fenômeno dará segurança
ao médium intuitivo e também, outros médiuns próximos podem confirmar o
sentimento recebido.
Uma outra
coisa importante para se observar é o resultado positivo provocado pela ação
nascida da intuição. A intuição é a primeira variedade mediúnica surgida na
humanidade. Veja o livro Evolução em Dois Mundos, de Chico Xavier (espírito
André Luiz).
Quais são os
tipos de transe e qual a sua origem? Segundo a conceituação espírita, o transe
tem origem endógena e exógena. Poderia nos explicar?
Os tipos
básicos de transe são: 1) patológicos. Ex: delírio febril, coma, trauma
craniano, psicose, depressão, esquizofrenia, epilepsia etc. 2) farmacógenos:
provocados por drogas e medicamentos como tranqüilizantes, calmantes,
anfetaminas e ecstasy, cocaína, heroína, crack, álcool, fumo etc. 3) anímico:
Quando o indivíduo é capaz de emancipar-se por si mesmo, por sua vontade, ou
não, naturalmente ou sob estímulo. Veja pergunta número 420 de O Livro dos
Espíritos. 4) transe provocado: a) hipnose auto ou hetero; b) mediúnico,
provocado por espíritos bons ou maus; c) farmacógenos (já citado).
Esses são os
tipos básicos. Endógenos são os provocados por distúrbios patológicos
neuro-anímicos, por liberação ou inibição de neurotransmissores; os exógenos,
transes provocados mediante estímulos externos.
Supomos que
um médium cobre por seus trabalhos espirituais. Poderia essa mediunidade ser
autêntica e eficaz?
A mediunidade
não é propriedade dos espíritas, tanto quanto os poderes psíquicos de cada um.
O problema de não cobrar por ação mediúnica foi uma recomendação dos espíritos
a Allan Kardec, baseados em que os poderes mediúnicos são movimentações dos
espíritos e, por isso, os médiuns não deviam cobrar, porque receberam o dom
nesta vida. No entanto, é uma questão cultural. Nos Estados Unidos, por
exemplo, o médium que não cobra é tido como feiticeiro.
Pode-se
afirmar, com certeza, que toda pessoa que boceja seguidamente no momento da
reunião mediúnica, se não estiver sob a influência do cansaço, está sob má
influência espiritual?
Não significa
má influência. Significa perda. Algumas pessoas se condicionam a determinados
estímulos, mediantes os quais começam a bocejar. Entretanto, não pode ser
descartada uma ação obsessiva.
Cabe ao
presidente, através de outros médiuns presentes, fazer uma "varredura
psíquica" no indivíduo que está apresentando esses sintomas, e descobrir
as causas. Meu procedimento é esse.
O Livro dos
Médiuns nos diz que quando um médium não age corretamente, os espíritos acabam
por abandoná-lo, ficando este sem a sua mediunidade. Por que então vemos
médiuns trabalhando para espíritos perturbados sem perderem a faculdade
mediúnica?
Não devemos
entender as coisas ao pé-da-tetra. Os espíritos superiores não são maus para
abandonar seus protegidos. O que acontece é que os médiuns, com as suas
atitudes estranhas e inadequadas, diminuem o tônus vibracional, não permitindo
a facilidade da ação superior. Os espíritos protetores respeitam essa atitude
por causa do livre-arbítrio, e não significa propriamente que o médium
"perde a mediunidade", porque o seu corpo hereditariamente tem a
possibilidade do transe mediúnico.
Duas coisas
podem acontecer: os médiuns se sintonizam com os planos inferiores e continuam
médiuns, ou os seus guias, considerando as energias compensadas do bem já
realizado pelo médium, o protegem de modo especial para que não seja
"pasto" para os "vampiros espirituais", de forma que,
aparentemente, "perdem a mediunidade".
No caso, se
um médium clarividente vier a perder seu dom, por atos assim, poderia ele
voltar a ver caso se modificasse vibracionalmente?
Ele teria que
ganhar a confiança de seus protetores novamente. E preciso entender que médium
não é médium de uma mediunidade só. Cada médium possui em si mesmo uma dinâmica
psíquica que pode alcançar diversos níveis de variedades mediúnicas, e isso é
bem observa do quando se atenta para o fato.
A
clarividência é apenas uma variedade, mas se ele diz ou se dizem para ele
sempre que ele é um clarividente, ele bloqueia as outras possibilidades que ele
tem. Tenho prova disso em meus experimentos no CIPES.
Em um dos
seus livros, você coloca que o transe tem vários graus. Como poderia nos
explicar isso?
Tem vários
graus e várias intensidades. As intensidades, eu comentei no início:
superficial, hipnogógico e profundo. Os graus, nós temos: intuitivo,
semimecânico e mecânico. Esses graus referem-se aos transes motores. Ex: psicofonia,
psicografia e psicopraxia (ação psíquica). Com relação aos transes
psico-sensoriais, nós temos desde o pressentimento, criptestesia, premonição,
clariaudiência, clarividência, olfativos e psicometros.
A psicometria
pode ser enquadrada como fenômeno mediúnico ou anímico?
Ë uma
possibilidade anímica, podendo ser secundada por espíritos.
No
atendimento fraterno existe a manifestação mediúnica?
Se no
atendimento fraterno existe o passe e a água fluidificada, naturalmente vai
existir liberarão de ectoptasma num transe de natureza biológica, além da
psíquica. Se no passe se está transmitindo energias psíquicas, o passista,
mesmo que esteja consciente de tudo, está em transe superficial, e, como não
poderia deixar de ser, o paciente que está sendo magnetizado também está em
transe leve. Pergunte ao paciente o que ele sentiu no momento, e ele vai dizer
o que sentiu.
Se o
passista, no momento do passe, perceber a natureza dos problemas do paciente, o
que há de ser feito, ele está em transe, que pode ser anímico ou mediúnico. O
mais provável é que seja anímico (energias corporais), com auxílio das energias
espirituais. Veja maiores informações na obra de André Luiz.
O transe tem
várias origens, podendo apresentar combinações diversas na forma. Que formas são
essas? E como podemos caracterizá-las?
Como foi
dito, há vários tipos de transe. Por exemplo, a origem de um transe patológico,
como no caso do delírio febril é uma febre; no caso de esquizofrenia, é a
depleção das dopaminas; no caso das depressões, são os problemas com
serotoninas, se consideramos o problema como de origem orgânica. Se for um
problema de ordem espiritual, temos que considerar a erigem como uma
incompetência de viver e uma revolta íntima (conforme Jung).
Então, cada tipo
de transe pode ter diversas origens. Não há espaço aqui para definir as origens
de cada tipo de transe.
"Mediunidade"
é igual a "medianimico"?
Mediunidade
foi o termo utilizado por Kardec, que também se utilizou do termo
"mediaminique". Aksakof utilizou o termo "anímico" (de
"anima", alma).
Como a
mediunidade vem atrelada às possibilidades anímicas do médium, o termo mais
completo para a definição seria "medianimico". Mas o termo
"mediunidade" já está consagrado.
Deixe-nos uma
mensagem final.
Gostaria de
lembrar que o espírito humano não está preso no corpo como se estivesse dentro
de uma caixa. Ele irradia por todos os lados, podendo receber e emitir
irradiações mentais (pensamentos) de níveis diferentes, adotando aqueles
pensamentos que lhe são mais afins. Então, somos potencialmente médiuns, e se
não temos a devida vigilância mental, corremos o risco de estarmos vivendo o
pensamento de outrem, e não o nosso próprio.
Daí, o
conselho básico de Santo Agostinho, na pergunta 919 de 0 Livro dos Espíritos
sobre a questão do "conhece-te a ti mesmo". Só podemos dizer se somos
ou não médiuns se os efeitos da nossa ação psíquica forem ostensivos ou sob
observação experimental. Com relação ao transe mediúnico em si, é preciso
exercitar as possibilidades que vão se apresentando e não decidir qual
mediunidade que queremos ter, pois então corremos o risco de bloquear os
gérmens das nossas possibilidades medianímicas latentes.
O conselho
dos espíritos é que essas forças devem ser desenvolvidas acompanhadas de
renovação moral, para que possamos vencer as forças inferiores que nos cercam
neste mundo de expiação e provas.
TRANSE E
MEDIUNIDADE
Trecho do
livro Mediunismo, de Ramatís.
Psicografia
de Hercílio Mães. Editora do Conhecimento.
Alguns médium
com os quais temos tido contato afirmam resolutamente que nada se
recordam do
conteúdo espiritual que recebem dos desencarnados, deixando-nos convictos de
que todos eles são absolutamente sonâbulos.
O médium
sonâmbulo que for incapaz de avaliar de imediato ou posteriormente, ao menos,
um só pensamento dos comunicantes desencarnados, além de muito raro, é um dos
tipos mais apropriados para atender às pesquisas cientificas e identificar os
espíritos dos “falecidos”, cumprindo a finalidade da alma. No sonambulismo
perfeito enquadra-se melhor o médium de fenômenos físicos, que, em geral, só
depois do transe completo é que fornece o ectoplasma para a consecução de
trabalhos mediúnicos desse gênero. Ele precisa submeter-se passivamente aos
técnicos do Além, para lograr o melhor êxito possível na fenomenologia de
materializações, voz direta, transportes ou levitações, que se produzem pela
manipulação da força ectoplásmica que se exsuda pela contextura perispiritual
do médium.
Conforme já
vo-lo dissemos, os desencarnados comunicam-se pelo cérebro perispiritual dos
médiuns intuitivos. Nos sonâbulos acionam-lhes diretamente o cérebro físico e
no médium mecânico movimentam-lhe a mão na psicografia inconsciente.
Entretanto, sempre o médium terá um conhecimento parcial daquilo de que é
intermediário, pois só nos casos de obsessão completa, em que se entidades
malévolas, depois de tenaz ação “diabólica”, conseguem assenhorear-se
completamente do comando mental do obsidiado, é que então se poderia aceitar o
sonambulismo absoluto e sem qualquer lampejo de razão.
É certo que
muitos médiuns, embora sejam sinceros e bem intencionados, alegam que são
sonâmbulos e que de nada se recordam do transe mediúnico, temerosos de não
inspirarem a devida confiança aos seus ouvintes. Nem sempre o fazem por vaidade
ou má intenção, pois é evidente que o público fica mais convicto das
comunicações do Além quando crê no completo alheamento do médium naquilo que
transmite mediunicamente.
(Extraído da Revista
Cristã de Espiritismo nº 28, páginas 26-29
Leitura Recomendada;
A
MEDIUNIDADE
NOVO ESTUDO
COM MÉDIUNS OBTÉM FORTÍSSIMAS EVIDÊNCIAS DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA
MEDIUNIDADE
NO TEMPO DE JESUS
MÉDIUNS DE
ONTEM E DE HOJE
EVOLUÇÃO E
MEDIUNIDADE
INTELIGÊNCIA
E MEDIUNIDADE
PROCESSOS
DA MEDIUNIDADE
MÉDIUNS
CURADORES
A
MEDIUNIDADE DE SANTA BRÍGIDA
DIVULGAÇÃO
DE MENSAGENS MEDIÚNICAS
ESTUDOS DA
MEDIUNIDADE ANTES DA CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA
MEDIUNIDADE
NA BÍBLIA
TRANSE E
MEDIUNIDADE
O FENÔMENO
MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE,
ESTUDO CLÍNICO
A EDUCAÇÃO
DO MÉDIUM
A
MEDIUNIDADE, POR LÉON DENIS
MEDIUNIDADE
E ANIMISMO
MESMER FALA
SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
O FENÔMENO
MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE
CURADORA
PALAVRAS DO
CODIFICADOR - MEDIUNIDADE CURADORA
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2013/12/palavras-do-codificador-mediunidade.html