"O homem
que admite apenas o que seus olhos vêem tem uma visão bem curta. Aquele que não
reconhece a visão do espírito se parece a um homem que, vendo um livro fechado,
não o abre, não faz nenhum esforço em saber o que ele diz, nem em adivinhar seu
conteúdo, mas afirma com segurança: não há nada escrito.”
“Tudo é
pesado, regulado na marcha dos astros e em tudo na natureza. Onde nós
acreditamos ver a confusão, existe a ordem; onde percebemos o acaso, há algo
regulado e que deve aparecer.
Nossa razão é
tão frágil, tão limitada que ela apreende apenas as aparências e acredita,
entretanto, apreender a verdade. Nós julgamos a partir de nossos sentidos,
sentidos mais ou menos obtusos os quais, mesmo quando são desenvolvidos e
perfeitos, nos enganam ainda.”
“Os novos
fenômenos nos mostram que nossa alma pode perceber sem os órgãos dos sentidos e
que, mergulhados no mais profundo sono, podemos tomar conhecimento de lugares
distantes de nós, ver o que aí se passa e indicá-lo claramente. A alma humana
verá em seu corpo, seu domicílio, os movimentos próprios a uma máquina,
descreverá suas engrenagens e, melhor que um Esculápio, verá o que é preciso
fazer para reparar as desordens!”
“Fatos aquém
da compreensão humana são anunciados; eles vêm confundir nossa razão e os
filósofos se calam. Os videntes podem ver os mortos há dezenas de anos, quando
aqueles lhes eram desconhecidos, descrever seus modos, seus hábitos, as doenças
que lhes causaram a morte.
Estes
fenômenos, perfeitamente constatados, não encontram entre os eruditos um homem
que procure explicá-los, um homem que deseje vê-los e produzí-los! Eles
escondem de nosso olhos a ação da Providência.”
“A ciência
verdadeira logo estará em todas as famílias, não iremos mais às escolas de
medicina procurar as idéias sistemáticas de nossos ilustres professores sobre a
doença e a saúde, sobre a arte de curá-las, enfim. Não, daremos, ao contrário,
lições práticas da nova arte aos professores antigos e lhes mostraremos como
curar as doenças sem remédios.”
“A verdade
tem este privilégio: destruir o erro. Ela é como o sol que vence as sombras e
faz cessar a noite. O vapor, a eletricidade, o magnetismo humano, eis os
campeões revolucionários do nosso tempo, a base física e moral na nova
sociedade, a força material, a força moral, o agente da vida como o princípio
de medicina, o que revela a alma como a lei religiosa.
Alguém poderá
rir destas afirmações, da fé que temos. Não importa. Os homens que predisseram
os maiores acontecimentos não foram acreditados por ninguém, mas foram
justificados pelos fatos.
Quem não
teria tratado por louco o homem que tivesse anunciado, há um século, as
transformações surgidas nas artes industriais e nas ciências físicas pela
aplicação das forças mortas descobertas.
O Magnetismo,
força viva, não só é real, mas superior em virtude a todos estes agentes; ele
logo será conhecido por todos, mas restará converter os sábios. Eles serão os
últimos a entrar na via do progresso.”
“Eu não posso
ver se aproximar de mim um ser humano sem considerá-lo atentamente. Experimento
o que ele deve experimentar em si mesmo, um tremor misterioso, pois não é nem
calor nem frio que eu sinto, é um efeito diferente.
Procuro
curiosamente o que se esconde na carne e o que causa esta sensação nova. Quando
eu magnetizo alguém em minhas experiências públicas, meu entendimento, meu
olhar intelectual procuram penetrar profundamente através da couraça do
magnetizado para ir buscar sem dúvida um dos habitantes deste lugar e
provocá-lo para um tipo de combate. É preciso, feliz ou infelizmente, que ele
venha, que ele apareça na brecha feita, que eu o veja, ou antes, que eu lhe
sinta, que o examine mentalmente. Se ele é frágil, meu interrogatório é doce e
tranquilo; se ele é forte, sou imperioso e veemente e é sem linguagem falada
que estes fatos acontecem ou antes, é a língua dos espíritos, linguagem que
existia quando da criação dos seres e que a substituímos depois pelos sons
ruidosos produzidos por um grande número de órgãos, sons a cada um dos quais
nós demos um valor de convenção.
Mais de uma
vez esta linguagem muda me tornou adivinho, feiticeiro, mágico, tudo que você
quiser. Os magnetizadores tentaram dar uma explicação dizendo: comunicação de
pensamentos.”
*Comentários extraídos do Jornal do Magnetismo, 1857
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