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sábado, 5 de janeiro de 2013

SURGIMENTO DO PASSE


WALDIR SILVA

“Muito antiga na humanidade, a observação de que havia corpos com a propriedade de atrair outros. Na velha Ásia, muito antes de Cristo, foi encontrado na região de Magnésia um minério que atraía o ferro. E por isso foi ele denominado “Magneto” donde deriva a palavra “Magnetismo” . Analisado recentemente foi classificado como “tetróxido de triferro (Fe304), ao qual hoje se denomina “Magnetita”, chamando-se ímãs ao magneto. Todos conhecemos essa capacidade do ímã de atrair limalha de ferro, e os ímãs são muito empregados em numerosos campos de atividade.”
Interessante recordar que essa capacidade de “atração” é também observada no corpo humano, e por associação, a ela se chamou “Magnetismo animal”. (Carlos Torres Pastorino - Técnica da Mediunidade).

Em 1870 FRANS ANTON MESMER, iniciou a ciência do magnetismo (influência exercida por um indivíduo na vontade outro). Mesmerismo é a Doutrina de Mesmer, afirma que: TODO SER VIVO É DOTADO DE UM FLUÍDO MAGNÉTICO, CAPAZ DE TRANSMITIR A OUTROS INDIVÍDUOS, ESTABELECENDO-SE ASSIM, INFLUÊNCIAS PSICOSSOMÁTICAS RECIPROCAS, INCLUSIVE DE EFEITO CURATIVO. TAMBÉM CHAMADO FLLUIDISMO. (Palestra de Divaldo P. Franco - A Serviço do Espiritismo).

“A magnetização remonta à mais remota antigüidade. A força magnética das pessoas é uma forma de mediunidade. Da mesma forma que os Espíritos se utilizam dos recursos do médium para a comunicação escrita ou falada, eles se utilizam das faculdades radiantes do médium para curar.”

“Existe em cada um de nós um foco invisível cujas radiações variam de intensidade e amplitude conforme nossas disposições. A vontade lhes pode comunicar propriedades especiais; nisso reside o segredo do poder curativo dos magnetizadores. A estes efetivamente, é que em primeiro lugar se revelou essa força em suas aplicações terapêuticas”. (Leon Denis).

Desde 1818, o Brasil principiara a ouvir falar da Homeopatia. O Patriarca da Independência correspondia-se com Hahnemann. A história não registra ainda o nome dos adeptos senão a partir de 1840, ano em que chegaram ao Brasil dois homens extraordinários, que não devem ser esquecidos pelos espíritas: BENTO MURE, Francês e JOÃO VICENTE MARTINS, Português, depois Brasileiro. A ação destes dois super-homens não pode ser contada aqui. Basta dizer: tudo quanto é raiz, tudo quanto é tronco, tudo quanto é galho na frondosa árvore homeopática brasileira, tudo se deve aos dois pioneiros. Outros gozaram as flores, os frutos, o perfume. Outros plantaram em campos novos as sementes colhidas.
Bento Mure e Martins, eram profundamente neo-espiritualistas. Ambos possuíam o dom de mediunidade, 

Mure clarividente; Martins, Psicógrafo. Não se conheciam então as leis metapsíquicas. Reinava o empirismo nos trabalhos de inspiração. Mas quem ler Mure verificará que, antes de chegar a nós a doutrina dos Espíritos, ele se dava a transes mediúnicos. Foi devido a uma assistência invisível constante que puderam os dois, numa terra estranha e ingrata, que tanto amaram, amargar um apostolado inesquecível, recebendo em paga do bem que faziam o prêmio reservado aos renovadores: a perseguição, os ataques traiçoeiros, as ofensas morais e o encurtamento da própria vida. Foram os maiores médicos dos pobres que o Brasil conheceu. E ainda a Martins que devemos a introdução em nosso país, das irmãs de caridade e dos princípios Vicentinos (1843). Ambos tinham como divisa DEUS, CRISTO E CARIDADE.

A cura homeopática envolvia, como envolve ainda hoje, certo mistério para o leigo... Bento Mure e Martins, falavam ainda em Deus, Cristo e Caridade quando curavam e quando propagavam. Aplicavam aos doente os passes como um ato religioso. Não o faziam por charlatanismo, Hannemann, (descobridor da Homeopatia), recomendava esse processo como auxiliar à homeopatia. Foram os homeopatas que lançaram os passes, não os espíritas. Estes continuaram a tradição” (Bezerra de Menezes - Canuto de Abreu).
Negado muito tempo pelas corporações doutas, como negados foram, por elas a circulação do sangue, a vacina, o método anti-séptico e tantas outras descobertas, o magnetismo tão antigo quanto o mundo, acabou por penetrar no domínio científico sob o nome de hipnotismo. 

É verdade que os processos diferem. No hipnotismo, é pela sugestão que se atua sobre o sensitivo, a princípio para o adormecer, e em seguida para provocar fenômenos. A sugestão é a subordinação de uma vontade à outra. Pode-se obter o mesmo resultado com as práticas magnéticas. A única diferença, consiste nos meios empregados. Os dos hipnotizadores são antes de tudo violentos. Se podem curar certas afeções, na maior parte das vezes ocasionam desordem no sistema nervoso e com a continuação desequilibram o sensitivo, ao passo que os eflúvios magnéticos, bem dirigidos quer em estado de vigília, quer no sono,restabelecem com freqüência a harmonia nos organismos perturbados. (Leon Deniz - No Invisível).
A ação do fluído magnético está demonstrada por exemplos tão numerosos e comprobatórios que só a ignorância ou a má fé poderiam negar-lhe a existência.

Fonte; http://tdmmagnetismobatuira.blogspot.com.br/

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http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/12/o-passe.html

domingo, 16 de dezembro de 2012

MESMERISMO E ESPIRITISMO



Jáder dos Reis Sampaio

É muito usual nos centros espíritas falar-se que o passe tem suas origens em Mesmer, contar-se sobre a tina das convulsões e que o médico vienense magnetizava a água. Estes são alguns dos aspectos do trabalho do mesmo que foi bem mais amplo e que marcou profundamente a Doutrina Espírita, seja em sua terminologia, seja nos princípios teóricos nos quais se baseia a sua prática.

Formação de Mesmer.
As opiniões sobre Franz Anton Mesmer (1734/1814) são controvertidas ainda hoje. Alguns o consideram charlatão, outros místico e biógrafos como Zweig são entusiastas em defender sua erudição e espírito científico, que afirma terem sido subvalorizados pelas instituições acadêmicas de sua época.
Sua formação intelectual foi ampla. Possuiu títulos acadêmicos em teologia, filosofia, direito e medicina. Prosseguiu estudando geologia, física, química, matemática, filosofia abstrata e música.

O Início da Clínica.
Mesmer iniciou seu trabalho clínico com magnetismo por volta de 1774, quando tornou-se moda usarem-se ímãs como terapêutica para as doenças do corpo. Entre os métodos inicialmente adotados, Mesmer aplicava diretamente ímãs sobre regiões enfermas, friccionava-as, colocava ímãs em bolsinhas de couro para que seus pacientes as usassem no pescoço, magnetizava água, taças, espelhos, vestidos, instrumentos musicais e outros objetos por fricção. Procurou um meio de acumular a energia magnética e conduzi-la. Construiu então o "baquet", ou cuba da saúde, que viria a ser conhecido como a tina das convulsões. Era um grande tanque de água em que "duas garrafas cheias de água magnetizada correm convergentes para uma barra provida de pontas condutoras móveis, das quais os pacientes podem aplicar algumas nas regiões doentes." (ZWEIG, 1956. p.37)
Posteriormente o médico vienense abandonaria os ímãs e escreveria um tratado sobre o "magnetismo animal", onde atribuiria às suas próprias mãos o desprendimento de uma força que curaria os males orgânicos e impregnaria objetos. "De todos os corpos da natureza é o próprio homem que atua com mais eficácia sobre o homem."
No mesmo ano em que redigiu seus primeiros escritos sobre o magnetismo animal (1776) ele defendeu uma tese sobre a ação dos astros sobre o homem através de um éter primordial.

Mesmeromania.
Um dos momentos importantes da clínica de Mesmer foi em Paris, na década de 80, quando o povo francês tomou-se daquilo que Zweig denomina "mesmeromania". As descrições dos biógrafos nos sugerem um misto de magnetização e misticismo. Mesmer montou três grandes cubas no seu pequeno hospital. Neste ambiente, tocava-se piano ou harmônio e Mesmer entrava na sala usando uma longa bata de seda lilás e carregando consigo um bastonete de ferro com o qual tocava as áreas afetadas dos pacientes. Enquanto caminhava pela câmara era freqüente o surgimento de convulsionários, principalmente no meio dos pacientes que se tratavam na cuba. É curioso destacar que os pacientes sob a ação do magnetizador eram chamados médiuns e o fato se deve à sua condição de meio de atuação do magnetismo animal.

Convulsionários.
Uma comissão científica composta por Lavoisier, Bailly, Jussieu, Guilhotin e Benjamim Franklin, pelo rei Luís, para pesquisar o fenômeno descreve os convulsionários como se vê:
"Uns se mostram tranqüilos; quietos e como enlevados; outros tossem, cospem, experimentam imensas dores, calor em todo o corpo e têm acessos de suor; outros são presas de convulsões extraordinárias em número, duração e força. Quando se manifestam em um deles, se transmite em seguida aos outros. A comissão as viu prolongarem-se por espaço de três horas, seguidas de expulsão pela boca de uma espécie de água turva e viscosa, devido à violência dos esforços. Observam-se nesses escarros algumas gotas de sangue.
Tais convulsões se caracterizam por irreprimíveis e repentinos movimentos dos membros e de todo o corpo, contrações na garganta, tremores na região abdominal (hipocôndrio) e na do estômago (epigástrio), perturbações e fixidez do olhar, gritos agudos, eructações, choros e acessos selvagens de riso. Seguem-se logo prolongados estados de cansaço e abatimento, languidez e prostração. O menor ruído inesperado os sobressalta em extremo e se tem observado que as mudanças de tom e compasso nas melodias que se interpretam ao piano influem nos enfermos, de modo que um crescendo os excita mais e aumenta a violência dos acessos nervosos.

Nada mais estranho do que o espetáculo dessas convulsões e quem não as viu não pode imaginá-las. Não pode também ninguém deixar de se surpreender ao ver, de uma parte, a calma perfeita de uma série de pacientes e, de outra a excitação dos restantes; os diversos incidentes que se produzem e a simpatia que reina entre eles; vêem-se enfermos que sorriem reciprocamente e conversam com grande delicadeza e afabilidade, o que abranda seus espasmos. Com sua força magnética Mesmer conserva-os subjugados e, se se acham num estado aparente de prostração, seu olhar e sua voz os reanimam num instante."
(ZWEIG, 1956. p.71)

Sonambulismo:
Junto aos convulsionários houve um outro tipo de reação, a dos médiuns sonambúlicos. Estes caíam em um estado semelhante ao sono e eram passíveis de sugestões. Mesmer, entretanto, não deu o devido valor a este fenômeno, valor que só veio a ser dado pelo Marquês de Puységur. Puységur estudou os médiuns sonambúlicos (latim: ambulo = passear, andar; somnus = sono) e descreveu coisas importantes sobre eles, como a inexplicável capacidade que possuem de andar de olhos fechados por lugares perigosos sem caírem ou acidentarem-se. Falou de um "sens interieur" ou uma dupla vista (no inglês: second sight). Os médiuns sonambúlicos podiam responder perguntas e um aprofundamento em suas faculdades acabou evoluindo para as chamadas reuniões mediúnicas do início do século XIX. Estas reuniões traziam muitos elementos do Mesmerismo, como a "cadeia" de participantes, popularmente conhecida nos dias de hoje como "corrente" ou "fechar a corrente", que era a colocação das pessoas ao lado da cuba da saúde.

Sucessores de Mesmer:
O trabalho de Mesmer desencadeou uma série de escolas que sucederam-no na tentativa de trabalhar com a ampla fenomenologia levada a público pela mesmeromania. Observam-se algumas tendências através do esquema abaixo:
1) Escola Fluidista. Explica os fenômenos pela exalação de uma substância nervosa corporal. Dos muitos ramos que esta escola possui podemos citar Deleuze, Reichembach, entre outros.
2) Escola Animista. Explica os fenômenos pela atuação da vontade sobre a consciência. Podemos citar os trabalhos de Barbarin (sugestão), James Braid (hipnose) e os desencadeados por eles como os de Charcot e Bernheim.
3) Escola Espiritualista. Explica os fenômenos pela ação de entidades extracorpóreas sobre a consciência. Podemos citar a Teosofia (Blavatsky) e o Espiritismo (Kardec).

Ressalva-se que as escolas não são mutuamente exclusivas, isto é, a explicação de uma escola não elimina a explicação de outras, embora alguns dos autores acima citados tivessem reduzido seu trabalho ao seu campo teórico e não dessem notícias dos outros.
O trabalho de Kardec cabe nas três classificações, uma vez que ele relativiza os fenômenos e atribui causas diferentes a fenômenos diferentes. A grande ênfase do seu trabalho, entretanto, reside no desenvolvimento da terceira hipótese, que ele desenvolve no sentido de diferenciá-la do seu objeto de trabalho e não buscando aprofundar-se nela.

Mesmer em Kardec.

As influências do mesmerismo na obra de Kardec são claras.
"Allan Kardec reconhece que o estudo do magnetismo despertou o seu interesse desde 1820; o que fez dizer a certos adversários do Espiritismo, como René Guenon, que os médiuns de Allan Kardec estavam hipnotizados pelo fundador do Espiritismo e que falavam segundo a vontade dele. (...) O magnetismo, escreve Kardec em 1858, preparou o caminho do Espiritismo e os rápidos progressos desta última doutrina são devidos, incontestavelmente, à vulgarização dos conhecimentos sobre a primeira. Dos fenômenos do magnetismo, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas, não há mais que um passo..."
(MOREIL, 1986. p.47)
Uma primeira influência é a da terminologia. Kardec "redefiniu" muitos termos do magnetismo. Muitos leitores do Espiritismo acreditam que ele criou as palavras, mas não é verdade: Kardec criou conceitos novos. Palavras como espírito e médium são anteriores ao codificador. O sentido atribuído a elas por Kardec é que é singular à Doutrina Espírita; são conceitos a partir dos quais ela se constitui.

Médium, para o mesmerismo, é a pessoa que se coloca sob a ação do magnetizador. Para Kardec, "todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos espíritos é, por este fato, médium." (Kardec, 1861. cap. XIV)
O termo médium sonambúlico cabe também às duas ciências com acepções diferentes. Para o mesmerismo este seria qualquer pessoa que entra em estado sonambúlico mediante a aplicação do magnetismo. Em Kardec os médiuns sonambúlicos seriam apenas os sonâmbulos capazes de acusar a presença de espíritos e servirem como seus intérpretes ou intermediários. (Kardec, 1861. § 172 a 174)
A noção de um éter primordial está presente em "O Livro dos Espíritos" e em "A Gênese", ampliada e discutida com o nome de "Fluido Universal ou Fluido Cósmico". Em ambos Kardec também trata de temas como letargia, sonambulismo, dupla vista, convulsionários e outros temas importantes ao mesmerismo.
Há três mensagens atribuídas a Mesmer, publicadas na Revista Espírita (1864, p.303 e 1865, p. 153).
Kardec publicou diversos artigos sobre o magnetismo na Revista Espírita. Neles, Kardec faz assertivas como: "O Espiritismo liga-se ao magnetismo por laços íntimos, como ciências solidárias." Ou então: "Os espíritos sempre preconizaram o magnetismo, quer como meio de cura, quer como causa primeira de uma porção de coisas..." Kardec queixou-se dos ataques desfechados por adeptos do mesmerismo em sua época contra o Espiritismo, defendeu os magnetizadores e seu tratamento à base de toques e passes magnéticos, defendeu-os também contra ações judiciais movidas por pacientes insatisfeitos. Relatou o tratamento pelo hipnotismo e descreveu o caso de pacientes tratados por Braid e Broca e por outros acadêmicos da época.

A incorporação dos "passes magnéticos" e da "água magnetizada" ao movimento espírita, não é uma mera transposição de práticas, uma vez que Kardec estudou e propôs a ação e intervenção dos espíritos no tratamento magnético, ampliando a noção de fluido.

O conhecimento do Mesmerismo e de outras doutrinas contemporâneas a Kardec facilitam o estudo da obra do codificador e nos permite fazer leituras mais precisas. Obviamente, o sentido atual de magnetismo, postulado pela Física, difere bastante do sentido do magnetismo de Mesmer. Ignorar este aspecto é perder o sentido de muitas afirmações do codificador. Muitos enganos cometidos por leitores e comentaristas desavisados, e muitas vezes polemistas contumazes, seriam mais facilmente esclarecidos se conhecêssemos melhores as nossas raízes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALZAC, Honoré. Úrsula Mirouët. A comédia humana. (3ª ed bras) Rio de Janeiro: Globo, 1955. v.5, cap.6. Primeira edição francesa em 1841.
CASTELLAN, Yvonne. La metapsíquica. Buenos Aires, Editorial Paidós, 1955.
___________________ O Espiritismo.São Paulo: Saber Atual, 1961.
EDGE, H. et al. Foundations of parapsychology. London: Routledge & Kegan Paul Inc, 1986.
ESPECHIT, A. Aksakof versus Kardec. Correio Fraterno do ABC. São Paulo, suplemento literário, fev 87, p.3, mar 87, p.1, abr 87, p.4, mai 87, p.4.
FARIA, Osmard A. O que é hipnotismo. São Paulo: Brasiliense, 1986.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. (44ª ed. pop. bras.) Rio de Janeiro: FEB, 1978. Primeira edição francesa em 1857.
_____________ O livro dos médiuns.(40ª ed. bras.) Rio de Janeiro: FEB, 1978. Primeira edição francesa em 1861.
_____________ A gênese.(16ª ed. bras.) Rio de Janeiro: FEB, 1973. Primeira edição francesa em 1868.
KARDEC, Allan (Org.) Revista espírita.(1ª ed. bras.) São Paulo: EDICEL, 1986. Traduzido das edições francesas de 1858 a 1869.
MOREIL, André. Vida e obra de Allan Kardec. São Paulo, EDICEL, 1986.
WANTUIL, Zêus, THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 1980. v.2.
ZWEIG, Stephan A cura pelo espírito. Rio de Janeiro: Delta, 1956.
Extraído de SAMPAIO, Jáder (org.) Doutrina Espírita, Cristianismo e História. Belo Horizonte: Publicação Autônoma, 1996. (Publicado no Boletim GEAE Número 475 de 18 de maio de 2004)

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

FRANZ ANTON MESMER (MESMER)


FRANZ ANTON MESMER (MESMER)
1734-1815  

Mesmer foi o médico austríaco criador da teoria do magnetismo animal conhecido pelo nome de mesmerismo. Nasceu a 23 de maio de 1734 em Iznang, uma pequena vila perto do Lago Constance. Estudou teologia em Ingolstadt e formou-se em medicina na Universidade de Viena. Provido de recursos, dedicou-se a longos estudos científicos, chegando a dominar os conhecimentos de seu tempo, época de acentuado orgulho intelectual e ceticismo. Era um trabalhador incansável, calmo, paciente e ainda um exímio músico.

Em 1775, após muitas experiências, Mesmer reconhece que pode curar mediante a aplicação de suas mãos. Acredita que dela desprende um fluido que alcança o doente; declara: "De todos os corpos da Natureza, é o próprio homem que com maior eficácia atua sobre o homem". A doença seria apenas uma desarmonia no equilíbrio da criatura, opina ele. Mesmer, que nada cobrava pelos tratamentos, preferia cuidar de distúrbios ligados ao sistema nervoso. Além da imposição das mãos sobre os doentes, para estender o benefício a maior número de pessoas, magnetizava água, pratos, cama, etc., cujo contato submetia os enfermos.

Mesmer praticou durante anos o seu método de tratamento em Viena e em Paris, com evidente êxito, mas acabou expulso de ambas as cidades pela inveja e incompreensão de muitos. Depois de cinco tentativas para conseguir exame judicioso do seu método de curar, pelas academias, é que publica, em 1779, a "Dissertação sobre a descoberta do magnetismo animal", na qual afirma que este é uma ciência com princípios e regras, embora ainda pouco conhecida. A sua popularidade prosseguiu por muitos anos, mas outros médicos o taxavam de impostor e charlatão. Em 1784, o governo francês nomeou uma comissão de médicos e cientistas para investigar suas atividades. Benjamin Franklin foi um dos membros dessa comissão, que acabou por constatar a veracidade das curas, porém as atribuíram não ao magnetismo animal, mas a outras causas fisiológicas desconhecidas.

Concentrado no alívio à dor, Mesmer não chegou a perceber a existência do sonambulismo artificial, que seu ilustre e generoso discípulo, conde Maxime Puységur, descobre (inclusive a clarividência a ele associada), o qual se desenvolve durante o transe magnéticos em certas pessoas.

Em 1792, Mesmer vê-se forçado a retirar-se de Paris, vilipendiado, e instala-se em pequena cidade suiça, onde vive durante 20 anos sempre servindo aos necessitados e sem nunca desanimar nem se queixar. Em 1812, já aos 78 anos, a Academia de Ciências de Berlim convida-o para prestar esclarecimentos, pois pretendia investigar a fundo o magnetismo. Era tarde; ele recusa o convite. A Academia encarrega o Prof. Wolfart de entrevistá-lo. O depoimento desse professor é um dos mais belos a respeito do caridoso médico:

"Encontrei-o dedicando-se ao hospital por ele mesmo escolhido. Acrescente-se a isso um tesouro de conhecimentos reais em todos os ramos da Ciência, tais como dificilmente acumula um sábio, uma bondade imensa de coração que se revela em todo o seu ser, em suas palavras e ações, e uma força maravilhosa de sugestão sobre os enfermos."

No início de 1814, ele regressou para Iznang, sua terra natal, onde permaneceria os seus últimos dias até falecer em 05/03/1815.

Assim foi Mesmer. Durante anos semeou a cura de enfermos doando de seu próprio fluido vital em atitude digna daqueles que sacrificam-se por amor ao seu trabalho e a seus irmãos. Suas teorias atravessaram décadas e seu exemplo figura luminoso entre os missionários que sob o açoite das críticas descabidas e as agressões da calúnia, passam incólume escudado pelo dever retamente desempenhado. Seu nome jamais se desligar do vocábulo "fluido" e sua vida valiosa pelos frutos que gerou, jamais ser esquecida por aqueles cuja honestidade de propósitos for o ornamento de seus espíritos. A sua obra foi decisiva para demonstrar a realidade da imposição das mãos como meio de alívio aos sofrimentos, tal como a utilizavam os primeiros cristãos antigamente e os espíritas atualmente.