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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Emancipação da Alma – A ORIGEM DOS CONHECIMENTOS DO SONÂMBULO

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Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

431. Qual a origem das ideias inatas do sonâmbulo e como pode falar com exatidão de coisas que ignora quando desperto, de coisas que estão mesmo acima de sua capa-cidade intelectual?

É que o sonâmbulo possui mais conhecimentos do que os que lhe supões. Apenas, tais conhecimentos dormitam, porque, por demasiado imperfeito, seu invólucro corporal não lhe consente rememorá-lo. - Allan Kardec, O Livro dos Espíritos.

Somos todos Espíritos, mas o fato de encarnarmos, transformando-nos em almas, impõe mudanças em inúmeros aspectos do ser como pensamento, memória e comunicação. Como Espíritos somos o somatório de todos os conhecimentos e experiências adquiridas e vivenciadas nas diversas encarnações que tivemos. Temos uma história que fomos construindo ao longo da trajetória existencial acumulando aprendizados que juntamos pelos caminhos por onde passamos e devido às escolhas que fizemos.

Na condição de encarnados possuímos conhecimentos que permanecem guardados no íntimo, sem aplicabilidade na existência atual. Em estado sonambúlico, quando o Espírito se desprende do corpo físico, readquire ele a capacidade de acessar os arquivos da memória integral, buscando lá os conhecimentos que transmite.

Continuam os Espíritos na questão 431:

Que é, afinal, um sonâmbulo? Espírito, como nós, e que se encontra encarnado na matéria para cumprir a sua missão, despertando des-sa letargia quando cai em estado sonambúlico.

Para os Espíritos, estar na matéria é como estar  numa prisão que restringe as suas faculdades e que pode ser comparado ao estado letárgico, já que o Espírito não pode agir com toda a liberdade que lhe caracteriza na erraticidade. Como alma, sente todas as restrições infligidas pela condição material. Como Espírito, ele usufrui da liberdade conferida pela sua condição. É deste modo que o sonâmbulo fala com precisão, muitas vezes, de assuntos que desconhece no estado de vigília. Vai buscá-los na memória do Espírito, pois fazem parte do seu aprendizado global. Ao sair do estado sonambúlico, retorna aos limites da memória da vida atual.

Após a resposta do Espírito, Allan Kardec acrescentou um comentário com mais uma alternativa quanto à origem dos conhecimentos do sonâmbulo.

Mostra a experiência que os sonâmbulos também recebem comunicações de outros Espíritos, que lhes transmitem o que devam dizer e suprem à incapacidade que denotam.

Kardec chamou de mediunidade sonambúlica a capacidade do sonâmbulo de intermediar os Espíritos. Isso ocorre quando o sujet desprendido do corpo transmite um comunicado que pertence ao desencarnado, no fenômeno de sonambulismo. Assim temos a junção de dois fenômenos: um anímico e outro mediúnico. Através do sonâmbulo os Espíritos complementam os conhecimentos que o sensitivo não encontra em si mesmo. Na prática temos encontrado aquilo que Allan Kardec também observou: os sonâmbulos fazem isso com mais frequência quando têm que fornecer orientações à forma de tratamento de determinado doente. Com certa facilidade o sonâmbulo descreve as desarmonias físicas, emocionais, energéticas e espirituais. Quando deve expor o tratamento, muitas vezes são os Espíritos que informam, seja através de imagens, de intuições ou de palavras, relatos que o sonâmbulo pode transmitir ao seu magnetizador.

O sonambulismo é a antecâmara da vida que experimentaremos quando deixarmos o mundo material. A encarnação, apesar de necessária, não deixa de causar um certo constrangimento no Espírito por limitar as suas capacidades. Ape-sar disso, no retorno ao Mundo Espiritual pode o Espírito levar na bagagem um maior acervo de experiências como aquelas pessoas que enfrentam determinados desafios buscando superar seus limites físicos, emocionais ou mentais. De forma semelhante, o sonâmbulo conhece e sente antecipadamente os gozos do Espírito liberto do corpo, como prenúncio da vida que usufruirá quando voltar em definitivo para a Pátria Espiritual.

quinta-feira, 21 de março de 2013

CAUSA E NATUREZA DA CLARIVIDÊNCIA SONAMBÚLICA (OBRAS PÓSTUMAS)


Se procedermos por analogia, diremos que o fluido magnético, disseminado por toda a Natureza e cujos focos principais parece que são os corpos animados, é o veículo da clarividência sonambúlica, como o fluido luminoso é o veículo das imagens que a nossa faculdade visual percebe. 

Ora, assim como o fluido luminoso torna transparentes corpos que ele atravessa livremente, o fluido magnético, penetrando todos os corpos sem exceção, torna inexistentes os corpos opacos para os sonâmbulos. Tal a explicação mais simples e mais material da lucidez, falando do nosso ponto de vista. Temo-la como certa, porquanto o fluido magnético incontestavelmente desempenha importante papel nesse fenômeno; ela, entretanto, não poderia elucidar todos os fatos.

Há outra que os abrange todos; mas, para expô-la, fazem-se indispensáveis algumas explicações preliminares.

Na visão a distância, o sonâmbulo não distingue um objeto ao longe, como o faríamos nós com o auxílio de uma luneta.  Não é que o objeto, por uma ilusão de ótica, se aproxime dele, ELE É QUE SE APROXIMA DO OBJETO. O sonâmbulo vê o objeto exatamente como se este se achasse a seu lado; vê-se a si mesmo no lugar que ele observa; numa palavra: transporta-se para esse lugar. Seu corpo, no momento, parece extinto, a palavra lhe sai mais surda, o som da sua voz apresenta qualquer coisa de singular; a vida animal também parece que se lhe extingue; a vida espiritual está toda no lugar aonde o transporta o seu próprio pensamento: somente a matéria permanece onde estava. Há pois uma certa porção do ser que se lhe separa do corpo e se transporta instantaneamente através do espaço, conduzida pelo pensamento e pela vontade. Evidentemente, é imaterial essa porção; a não ser assim, produziria alguns dos efeitos que a matéria produz. É a essa parcela de nós mesmos que chamamos: a alma.

É a alma que confere ao sonâmbulo as maravilhosas faculdades de que ele goza. A alma é quem, dadas certas circunstâncias, se manifesta, isolando-se em parte e temporariamente do seu invólucro corpóreo.
Para quem quer que haja observado com atenção os fenômenos do sonambulismo em toda a sua pureza, é patente a existência da alma, tornando-se-lhe uma insensatez demonstrada até à evidência a ideia de que tudo em nós acaba com a vida animal. Pode-se, pois, dizer com alguma razão que o magnetismo e o materialismo são incompatíveis.

Se alguns magnetizadores se afastam desta regra e professam as doutrinas materialistas, é sem dúvida que se hão cingido a um estudo muito superficial dos fenômenos físicos do Magnetismo e não procuram seriamente a solução do problema da visão a distância. Como quer que seja, nunca vimos um único  sonâmbulo  que não se mostrasse penetrado de profundo sentimento religioso,  fossem quais fossem suas opiniões no estado vígil.