Para quem gosta de ler, de pesquisar, de ouvir falar sobre Materialização
de Espíritos, Ectoplasmia, o certo é: assisti a uma sessão de
Materialização ou assisti a uma sessão de Ectoplasmia? Essas duas expressões
têm o mesmo sentido? Pesquisadores denominam médiuns de ectoplasmia, ou médiuns
ectoplastas, os que produzem ectoplasma. Há nos meios pelos quais se obtém os
fenômenos físicos de características peculiares.
Ectoplasmia
e materialização não denotam a mesma coisa. Ectoplasmia, ou processo
ectoplasmático, entende-se por produto temporário de formações estruturais,
mais ou menos metódico. Por se unir ao estudo do desprendimento ectoplasmático,
esse termo também é empregado para designar “ciência do ectoplasma”, por causa
da faculdade que alguns raríssimos médiuns possuem para fazer aparecerem formas
materializadas perto ou longe deles.
Entende-se
por ectoplasma uma substância plástica de natureza híbrida, possuidora de alto
poder de dissolução, sensível à luminosidade do Sol ou da lâmpada elétrica,
afora da lâmpada de irradiação avermelhada feito a de laboratórios
fotográficos. (1) O ectoplasma se dispersa com a luz viva ou retorna ao
organismo do médium. Em plena obscuridade, o ectoplasma pode se expor à vista
em diversas e distintas fases, a modificar-se-lhe as formas em modelagem de
bastões, alavancas, espirais, fios, cordas, teias etc. e alguns efeitos
apreciáveis. Em contato com a luz, a sua estrutura molecular amolece,
interrompendo assim o seguimento ectoplasmático que, não raro, assume
caracteres anatômicos de vegetais, animais e até de seres humanos, total ou
parcialmente.
Ectoplasmia
e Materialização — A
ectoplasmia não se resume na produção ectoplasmática de Espíritos
materializados e seus correspondentes: desmaterialização e rematerialização. Já
a materialização propriamente dita de pessoas desencarnadas e até mesmo
encarnadas (muitíssimo rara) tem as suas particularidades.
A
materialização é termo empregado para designar corporificação não só de seres
humanos assim como de objetos, de plantas, de flores, de animais etc. Trata-se
de um fenômeno complexo e observável sob diferentes pontos de vista, a respeito
do qual ainda não se pode inferir uma categórica enunciação.
A
materialização só pode se processar através da emissão do ectoplasma cujo ponto
culminante resulta na sua consistência. Segundo um bem conceituado médico
francês, Gustave Geley (1868/1924), autor de interessantíssimas obras a esse
respeito, (1) o ectoplasma, quando emitido, logo de início, apresenta-se com
uma aparência amorfa, ora sólida, ora vaporosa. Acabamos de dizer que o
processo ectoplasmático está ligado à materialização — talvez, por isso,
diversos pesquisadores entenderam-no por sinônimo de materialização,
perfeitamente compreensível, levando-se em conta os primeiros passos
metodológicos investigativos e a época em que principiara o interesse pelos
fenômenos espirituais.
Eis
sucintamente o que acrescentou Geley acerca da materialização:
Aí está a
ectoplasmia, um fato simples considerado em si mesmo, desprendido de algumas
complicações que deverão ser estudadas mais adiante, o fato nu dissecado, se
assim podemos dizer, na sua estrutura anátomo-fisiológica.
Não forma
agêneres — Para certos autores
hodiernos, ectoplasmia não se restringe à formação de agêneres (figuras
humanas). A diferença entre ectoplasma e materialização acha-se mesmo no modo
pelo qual se lhes verificam os fenômenos, embora os fins se equivalham. A
materialização origina-se no ato de um corpo orgânico ou inorgânico tornar-se
denso ou mais ou menos transparente visto por todos que o observem. O termo
ectoplasmia foi criado pelo médico e pesquisador francês, Charles Richet
(1850/1935), duas vezes vencedor do prêmio Nobel de Fisiologia.
Quanto à
pergunta de início, você pode dizer que foi a uma sessão de materialização
assistir aos fenômenos de corporificação parcial ou total de Espíritos; pode
dizer que foi a uma sessão de ectoplasmia a fim de apreciar apenas efeitos
telecinéticos, pancadas (raps), o fenômeno de pneumatofonia, ou voz
direta, o de formas e efeitos luminosos, o de suspensão e de transporte de
objetos e até mesmo a própria materialização; veja, você pode ainda
simplesmente dizer que foi assistir a uma sessão de Efeitos Físicos.
Eu, por
exemplo, prefiro denominar “reunião de efeitos físicos”, em vez de “sessão de
efeitos físicos” ou de “ectoplasmia”, ou de “materialização”. O termo sessão
remete-se aos exaustivos ensaios científicos de antigamente os quais tinham em
vista a prova dos fenômenos; sessão lembra as lamentáveis demonstrações em casa
de espetáculos onde falsos médiuns cobravam ingresso do público para ver
supostos Espíritos materializados. Acho melhor reunião de efeitos
físicos. Sabe por quê? Porque os fenômenos podem até acontecer num mesmo
instante, dependendo apenas do emprego das forças e faculdades humanas,
principalmente, da competência medianímica do grupo de suporte ao médium
físico, aquele que é o principal emissor do ectoplasma.
Notas :
1 - GELEY, Gustave. L’Ectoplasmie et la clairvoyance, observations et expériences personnelles (A ectoplasmia e a clarividência). S/ed. Paris: F. Alcan, 1924. p. 190.
2 - ANDRADE, Hernani Guimarães. A teoria corpuscular do
espírito: uma extensão dos conceitos quânticos e atômicos à Ideia do espírito.
São Paulo: edição do próprio autor, 1958, p. 207.
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