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sábado, 12 de julho de 2014

PROCESSOS DA MEDIUNIDADE

Itair Ferreira

      A Bíblia Sagrada é um repositório de sabedoria. Além de seu valor histórico, ela é cheia de misticismos, magias e alegorias nos processos da mediunidade.

     Desde seu primeiro livro, Gênesis, até o último, Apocalipse – do grego Apokálypis, Revelação – a Bíblia nos relata a trajetória da raça humana e seu cabedal anímico e mediúnico, num processo contínuo de utilização de energias espirituais, ligando a Terra às forças celestes.

     O primeiro médium de que se tem notícia, oriundo de suas páginas, foi Abraão, que interagiu com o Mundo Espiritual, já que a palavra médium, criada por Allan Kardec, significa intermediário.

     Esse relacionamento espiritual está citado no livro Gênesis, no capítulo 12, versículos 1 e 2: “Ora disse o Senhor a Abraão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome.”

     Quanto a Adão e Eva, eles representam a raça adâmica, estudada por Allan Kardec, no capítulo XI, do livro Gênese. Emmanuel sobre eles assim se expressa, no excelente livro A Caminho da Luz:

     “Onde está Adão com a sua queda do paraíso? Debalde nossos olhos procuram, aflitos, essas figuras legendárias, com o propósito de localizá-las no Espaço e no Tempo. Compreendemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança dos espíritos degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos para a personalidade das criaturas”.

     O Espírito Áureo, no livro Universo e Vida, editado pela FEB no ano de 1978, igualmente escreve sobre os exilados da Capela, num estudo sobre o povo de Israel.

     Ele descreve a dinastia desse povo e de seus patriarcas: Abraão, Isaac, Jacó e José, mostrando que esses seres e tantos outros foram espíritos que já haviam reconquistado o patamar evolutivo e renunciaram à glória e à felicidade de seu regresso a Sírius, para descerem ao nosso obscuro planeta à frente dos espíritos rebeldes exilados na Terra primitiva, na condição de Grandes Guardiães, colocando-se humildemente a serviço do Cristo Planetário.

     Abraão reencarnou, na esteira do tempo, como rei Salomão e, depois, como Simão Pedro, o amoroso apóstolo de Jesus. Sua força anímica e mediúnica extravasa em todas as suas personalidades.

     Na personalidade do rei Salomão, vemos sua conduta sábia e inspirada no episódio da disputa das duas mães, ao entregar o filho vivo à mãe certa, no capítulo 3, do 1º Livro de Reis.

     Escreveu, por inspiração, os livros: Provérbios, Cantares e Eclesiastes. Enfatizou o poder do amor, no versículo 12, do capítulo 10 do livro Provérbios: “O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões”.

     Reencarnando como o apóstolo Pedro, valorizou a mediunidade nos seus vários processos, colaborando com Jesus na implantação da segunda revelação da Lei de Deus – a Lei do Amor, e, numa frase parecida com a do rei Salomão, declarou em sua primeira epístola, capítulo 4, versículo 8: “Tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados”.

     Por sua mediunidade ostensiva, foi convidado por Jesus no momento da transfiguração e na despedida do Mestre no Horto do Getsêmani.

     No livro Atos dos Apóstolos, sua sombra curava doentes, espíritos se materializavam para tirá-lo da prisão e tantos outros fenômenos, posteriormente estudados e classificados por Allan Kardec no inigualável tratado mediúnico e psiquiátrico existente na Terra: O Livro dos Médiuns.

     Isaac , filho legítimo de Abraão com Sara, reencarnou como o profeta Daniel, médium de grande potencial. Na época em que estava exilado na Babilônia, participou do banquete de Belsazar, filho do rei Nabucodonosor, promovendo, com a liberação de seu ectoplasma, a materialização de uma mão, que escreveu na parede: mene, mene, tekel e parsin.

     Daniel interpretou essa inscrição para o rei, dizendo-lhe que Deus tolerou a existência do seu reino, contando-o até aqui, julgando-o e dividindo-o: parte ficaria com os medos, e, a outra parte com os persas.

     E isso aconteceu. Naquela mesma noite, a Babilônia foi invadida pelos exércitos de Dario, o rei dos medos e, posteriormente, dividido entre Dario e Ciro, o rei dos persas.

     Num outro episódio, por inveja dos seus pares, porque Daniel foi escolhido pelo rei Dario como um dos três príncipes para comandar os sátrapas – governadores das províncias–, ele foi lançado na cova dos leões famintos e saiu ileso.

     Daniel desencarnou com idade avançada, após servir a Nabucodonosor, a seu filho Belsazar e aos conquistadores Dario e Ciro.

     A seguir, reencarnou como João Evangelista, assim denominado por ter escrito o evangelho, – o quarto evangelho. A sua participação como discípulo de Jesus foi de grande destaque. Jesus o chamava discípulo amado porque era muito amoroso.

     Foi o único discípulo presente em todos os instantes da estada de Jesus entre nós, até no momento derradeiro de Seu sacrifício, na cruz do Calvário.

     Tal como Pedro, João foi sempre convidado por Jesus nos momentos mais importantes do evangelho, em que Sua mensagem deveria ser entendida, sem rebuços.

     E, assim como Daniel, sua personalidade anterior, João desencarnou em idade provecta, com 94 anos, no reinado de Trajano (53 d.C. – 117 d.C.), e, posteriormente, reencarnou como Francisco de Assis.

     Contam seus biógrafos que seu pai, Pietro Bernardone, estava viajando quando ele nasceu e já estava sendo batizado com o nome de João, mas o pai chegou a tempo e deu-lhe o nome de Francisco, em homenagem à França, porque lá ele realizava grandes negócios e também porque sua mulher, Picalini, era francesa.

     É interessante a questão do nome, porque no livro Francisco de Assis, do Espírito Miramez, psicografado pelo médium João Nunes Maia, há um episódio de fuga desse Espírito, na personalidade de João Evangelista, à perseguição cristã, em que ele usa o nome Francisco.

     Jacó foi o maior dos patriarcas e o maior médium de todos os tempos. O neto de Abraão reencarnou como Moisés, Elias e, por fim, João Batista, que Jesus afirmou ser o maior nascido do ventre de mulher.

     Jacó inicia sua missão com a visão em sonho de uma escada colocada entre o céu e a terra, na qual os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Perto dele estava o Senhor, que lhe prometeu abençoar sua descendência na Terra.

     Posteriormente, já com sua numerosa família, teve seu nome mudado para Israel, por ter lutado com um anjo do Senhor materializado, ao atravessar o vau de Jaboque. Dessa forma, surgiu o nome Israel e as doze tribos, que eram os seus doze filhos.

     Reencarnando como Moisés, recebeu a incumbência de nos trazer a primeira revelação da Lei de Deus: a lei de justiça. Com a produção de vários fenômenos mediúnicos, sua chegada ao monte Horebe, na península do Sinai, para receber as dez tábuas da lei é relatada no livro Êxodo. Emmanuel diz que “Os dez mandamentos representam a primeira psicografia feita na pedra”.

     Diz Emmanuel, no livro supracitado:

     “Moisés, na sua qualidade de mensageiro do Divino Mestre, procura então concentrar o seu povo para a grande jornada em busca da terra da Promissão. Médium extraordinário, realiza grandes feitos ante os seus irmãos e companheiros maravilhados. É quando então recebe dos emissários do Cristo, no Sinai, os dez sagrados mandamentos, que, até hoje, representam a base de toda a justiça do mundo”.

     “Antes de abandonar as lutas na Terra, na extática visão da Terra Prometida, Moisés lega a posteridade às suas tradições no Pentateuco, iniciando a construção da mais elevada ciência religiosa de todos os tempos, para as coletividades porvindouras.”

     “Seguiu-lhe Jesus todos os passos, assistindo-o nos mais delicados momentos de sua vida e foi ainda, sob o pálio da sua proteção, que se organizaram os reinos de Israel e de Judá, na Palestina.”

     Retorna na personalidade de Elias, sempre com a missão da fortificação do monoteísmo, a revelação do Deus Único, Pai de todas as criaturas.

     Quando o rei Acabe, se casou com Jezabel, mulher que rendia culto ao deus Baal, enfraqueceu a fé dos israelitas, quase suplantando Deus. O profeta Elias desafiou e venceu os quatrocentos e cinquenta sacerdotes de Baal, no alto do monte Carmelo, passando todos eles a fio de espada. (I Reis 18.19-45; 19.1.).

     E, por fim, reencarnando como João Batista, o precursor de Jesus, tal qual fora profetizado por Malaquias, nos capítulos 3 e 4.

     José , o último dos patriarcas, era o undécimo filho de Jacó com Raquel, sua preferida. Dotado de alta mediunidade, foi o chanceler do Egito. Era clarividente e salvou o Egito da fome, tornando-se o administrador mais bem-sucedido do mundo. Reencarnou, posteriormente, na personalidade do rei Davi e depois como Saulo de Tarso, denominado o apóstolo dos gentios pela sua missão de levar o evangelho de Jesus para todos os povos idólatras, transformando-os e implantando em seus corações desolados e vazios, sequiosos de carinho, amor, luz e paz, a doutrina de amor, envolvendo-os nos laços de alegria e liberdade.

     Vemos, nos processos da mediunidade, a estratégia utilizada pelo Cristo de Deus, o governador espiritual da Terra, a fim de nos trazer o conhecimento das leis de justiça, amor e caridade, implantando-as em nossos espíritos, através do tempo, para o nosso progresso em direção a nós mesmos, à nossa consciência, onde estão insculpidas as Leis de Deus.


Muita paz!

Fonte; Correio Espírita

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A POMBA NO CAIXÃO DO CARDEAL, UM FENÔMENO DE EFEITO FÍSICO NATURAL


José Reis Chaves (Belo Horizonte/SP)
     
  Primeiramente, confesso minha gratidão ao cardeal Eugênio Sales, pois, ao enviar-lhe um exemplar da primeira edição de meu livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, em 2001, recebi dele uma atenciosa mensagem de agradecimento, a qual consta, na íntegra, de todas as oito edições do meu citado livro. E eis como ela termina: “...apesar da divergência, evidentemente, respeito sua opinião. Peço ao Senhor Jesus que nos ilumine em busca da verdade.”
   
   “Com minhas orações.”
     “Cardeal dom Eugênio Araújo Sales, arcebispo do Rio de Janeiro.”
      Desde que o mundo é mundo, os fenômenos de assombrações sempre existiram. E Kardec foi o primeiro cientista a estudar esses fenômenos. E, como se diz muito, “O Livro dos Médiuns” é o primeiro livro de parapsicologia do mundo. Para a Igreja Católica os fatos chamados de milagres são raros e sobrenaturais. Para o espiritismo, todos eles são naturais, com a intervenção de Deus apenas indireta, ou seja, através de espíritos. (Hebreus 1: 14). E são numerosas, na Bíblia, as manifestações de anjos (espíritos enviados ou “offices-boys” de Deus ou do mundo espiritual). Anjo, pois, é espírito, mas nem todo espírito é anjo (enviado). Deus nem se manifesta  diretamente. Moisés que, antes, achava que falasse com Deus face a face (Êxodo 33: 11), mais tarde disse: “Quem vir Deus, não continua vivo.” (Êxodo 33: 20). E Jesus o confirmou: “Ninguém jamais viu a Deus.” (João 1: 18).
   
   Os fenômenos mediúnicos são de vários tipos. Vou apenas dar uma pincelada sobre eles. Há duas categorias principais: os  de efeitos físicos e os de efeitos inteligentes. Quem mais se aprofundou nas suas pesquisas foi o físico inglês William Crookes, descobridor da energia irradiante da matéria, dos raios catódicos e do tálio.
     
  Já vimos, em outras matérias, que os tradutores bíblicos colocam o artigo definido “o” diante da palavra espírito e com a inicial “E” maiúscula, seguida de Santo, também com a inicial “S” maiúscula, para dar a entender que se trata do Espírito Santo trinitário, quando o artigo certo deve ser o indefinido “um”, e com as iniciais de espírito e santo minúsculas, assim: um espírito santo. É o caso do Batismo de Jesus por João Batista que, no original grego, traz o artigo definido “tò” (“o” em português) e que está entre chaves. E por que entre chaves? (A consciência de quem escreveu ou modificou texto pesou!). Porque o certo é o artigo indefinido “um”, que, aliás, não existe em grego, mas que não pode ser substituído pelo definido “tò” (“o”), pois muda o sentido do texto. No português, temos os dois artigos definido e indefinido. Quando não houver o definido em grego, a tradução certa para o português e outras línguas tem que ter o indefinido. A tradução correta, pois, do texto (Mateus 3: 16) é “... e viu um espírito de Deus como pomba vindo sobre ele”, e não o Espírito de Deus. Você que é biblista e sabe grego, confira, por favor, essa passagem no original grego, e verifique o artigo “tò” entre  chaves.

 Realmente, no citado episódio não é Deus que desceu em forma de pomba, mas um espírito de Deus, falando em nome de Deus. É, pois, um fenômeno de efeito físico natural, como foi natural também e nada de sobrenatural o que aconteceu com a pomba que queria ficar no caixão do cardeal Eugênio Salles. Trata-se da manifestação de um espírito que gosta dele e de suas ideias, e que, por isso, se manifestou daquela forma.
     
José Reis Chaves (Belo Horizonte/SP)

estudou para padre na Congregação dos Redentoristas, é formado em Comunicação e Expressão na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. É Escritor, durante vários anos lecionou Português, Literatura, História, Geografia e Latim. É Teósofo, parapsicólogo, biblista, e ao longo de toda a sua vida, o autor vem desenvolvendo pesquisas sobre a Bíblia, as religiões e a Parapsicologia. Por último, passou a estudar o Espiritismo, Doutrina que assimilou com facilidade, tendo em vista o seu longo tempo de estudo da Bíblia, da História e da Teologia Cristãs. Aposentado, atualmente dedica-se ao trabalho de escrever e proferir palestras na área espiritualista, mas principalmente Espírita, por todo o Brasil.
É autor dos livros, entre outros:  “A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência”,
“Quando chega a Verdade” e "A Face Oculta das Religiões