Claudio C. Conti (Doutor em engenharia nuclear e expositor espírita
RJ)
Tecer
qualquer comentário sobre os atos de
Jesus não é simples, pois seu conhecimento está muito além do que possamos
imaginar, portanto, estamos longe de compreender os motivos e processos. Desta
forma, o conteúdo deste texto não pretende explicar como Jesus realizava as
curas, mas apresentar uma análise com o conhecimento atual.
Tomemos como
exemplo os relatos de três curas descritas no livro A Gênese (1) da Codificação
Espírita:
11) Perda de sangue: Uma mulher sofria de
hemorragia e tocou a roupa de Jesus sem que ele visse, porém ele percebeu uma
diferença distinta daquele toque em meio à multidão.
22) O cego de Betsaida: Jesus colocou saliva
nos olhos de um cego de nascença e, depois aplicou a imposição das mãos.
Necessitou repetir o procedimento.
33) Paralítico: Jesus disse ao paralítico “Levanta-te e
anda!” e assim ele o fez.
No primeiro
caso, Jesus não pode ter “impregnado” o fluido com qualidades especificas, pelo
simples fato de ele não saber quem o tocou; no segundo, Jesus necessitou de uma
ação local e outra no ser como um todo e, no terceiro, precisou apenas
verbalizar o comando.
Percebemos
claramente que o procedimento não é o mesmo, conclui-se, então, que a cura utilizando fluidos é mais complexa do
que a mera administração de um “medicamento”.
Nesta
abordagem, podemos creditar certa “inteligência” ao fluido no sentido deste
atuar diferentemente: em algumas situações teria condições de reconhecer como
agir; noutros casos teria ação local e, noutros, ainda, ação geral.
Diante das
curas realizadas por Jesus, em que sempre afirmava que a fé do paciente é que o
havia curado, devemos nos perguntar o quanto é ação do médium, passista ou
curador, e quanto é ação do paciente? E, ainda, mais profundamente, o quanto é
ação das próprias células?
A ciência
atual nos proporciona meios de compreender melhor os processos envolvidos na
ação dos fluidos. Os biofótons se caracterizam por radiação eletromagnética
emitida por organismos vivos. Todavia, seu conceito vai pouco mais além,
podendo ser compreendido como um processo de comunicação celular, carregando
consigo informação que regularia o comportamento e a reação entre as células (2).
Acreditamos,
todavia, que a parte perceptível seja apenas a “ponta do iceberg”, isto é, os
biofótons seriam decorrente de processos variados, essenciais e imperceptíveis
aos sistemas de detecção disponíveis.
O avanço do
conhecimento está proporcionando outra forma de compreender os efeitos e
comportamento dos fluidos – a nanotecnologia, que desenvolve partículas e robôs
extremamente pequenos, na faixa de um milhão de vezes menor que o milímetro. A
Nanomedicina (3) visa sua utilização para diagnosticar e tratar doenças de
forma “inteligente”, capaz de aplicar o medicamento exatamente no local
necessário, sendo mais efetivo e, ao mesmo tempo, minimizando efeitos
colaterais. Vários testes já estão sendo realizados em humanos com resultados
satisfatórios.
Apesar dos
processos de cura e os efeitos dos fluidos serem mais complexos e mais
autônomos do que possa parecer inicialmente, o tratamento com esta terapia se
torna mais fácil para o médium e para o próprio paciente. Há, portanto, a
necessidade de se reavaliarem as práticas de passe, pois a saúde é mais natural
para o espírito que a doença.
Em
decorrência do que foi apresentado, podemos supor que são as desarmonias
geradas ao longo de várias encarnações, devido a comportamento e mente em
desalinho, o motivo pelo qual tantas doenças se manifestam no seio da
humanidade. Diante disto podemos compreender o porquê de Jesus, após viabilizar
a cura do enfermo, dizer: “vá e não peques mais”.
Referências:
(1) Kardec, Allan. A gênese – Os milagres e as
predições segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 36 Ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1995 P. 316-318.
(2) Melsert, Rafael. Biofótons na Interação
Entre o Espírito e o Corpo Físico.Revista Cultura Espírita. Ano IV, n. 34, p.
16 jan. 2012
(3) Wang,
Yucai; Brawn, Paige; XIA Younan. Nanomedicine : swarming towards the target. Nature Materials 10,
2011, p. 482-483.
R e v i s t a Cultura
Espírita – Nº 45 – ANO IV - Dezembro
2012
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