Yonara Rocha
/ EUA
Muito se fala
no movimento espírita sobre o merecimento do paciente ou atendido nas Casas
Espíritas, e eu gostaria de fazer uma reflexão a respeito deste assunto.
Será que Deus
realmente escolhe quem tem merecimento ou não? Até que ponto, fisiologicamente
falando, isso é possível?
No passe
estamos atuando tanto no campo do perispírito como no físico, portanto, fica a
questão: o que predominaria numa pessoa para ela receber uma cura dentro do que
seria o seu merecimento: a estrutura do perispírito? Se sim, de que maneira
isso se verificaria? O perispírito teria um escudo contra o magnetismo? Do
outro lado temos visto casos em que ainda não conseguimos resultados positivos,
mas será mesmo por causa da tão falada falta de merecimento do paciente? Eu
questiono isso, porque quando algo não dá certo temos a mania de culpar os
outros – e isso ainda é muito forte dentro de todos nós. Um exemplo disso temos
quando várias pessoas sofrem de depressão no mundo, mas aqueles que se submetem
ao tratamento de depressão pela técnica de Jacob Melo ficam curados. Por quê?
Esses – e só esses – merecem a cura?
Alguém se
dedicou, estudou, pesquisou a depressão pelo Magnetismo e conseguiu descobrir
uma maneira de curá-la por seus mecanismos, de tal maneira que se isso não
tivesse acontecido vários casos de depressão não solucionados decerto seriam
creditados ao não merecimento do paciente.
O que mais me
preocupa nessa questão do merecimento – ou da falta dele – é o acomodamento dos
passistas que podem perder seus potenciais magnéticos, os quais são movidos
pela vontade; quando eles suspeitam que talvez o paciente não mereça a cura,
simplesmente se satisfazem. Seria diferente, em termos de doação e qualidade de
fluidos, se eles acreditassem que todos são merecedores da cura. A postura do
EU POSSO é essencial para um bom magnetizador, ele tem que acreditar em si
mesmo, em sua força para fazer um bom atendimento magnético, pois se achar que
está apenas submetido ao merecimento do paciente, logo desanimarão, perdendo o
entusiasmo, o desejo da pesquisa, a vontade de se desenvolver mais e melhor. A
consequência dessa postura leva à perda da oportunidade de conseguir descobrir
a cura ou os meios de obtê-la.
Esse conceito
é antigo no Movimento Espírita e em minha opinião precisa ser reavaliado.
Estamos ainda começando a trabalhar com a ciência do Magnetismo e toda ciência
deve evoluir. Os magnetizadores do passado nos deixaram a base e cabe a nós, os
magnetizadores de hoje, levar essa ciência adiante, fazendo novas descobertas e
pesquisas, aprofundando estudos e colhendo melhores resultados. Mas para
conseguir isso devemos nos colocar na posição de aprendizes interessados e
pesquisadores perseverantes. Não sabemos de tudo, ainda não conhecemos 100% do
que o Magnetismo nos oferece e nem mesmo o que os magnetizadores de épocas
remotas sabiam. Por isso, ainda não conseguimos a cura em determinadas
situações e sobre certas patologias, não porque o paciente não merece e sim
porque NÓS, os magnetizadores do hoje, AINDA não sabemos nos conduzir,
magneticamente falando, como já seria de se esperar. Falta-nos, em muitas
situações, eficácia no tato magnético, concentração no momento do passe,
conhecimento fisiológico e fluídico mais aprimorados, tempo para atender aos
pacientes de forma mais adequada e eficiente, conhecimento da qualidade no
fluido doado, perseverança em todas as fases do que essa busca nos pede, etc..
O melhor que
podemos fazer hoje não é O MELHOR QUE EXISTE PARA O PACIENTE, simplesmente é a
nossa limitação; o paciente é merecedor de tudo de bom, inclusive da cura, e
cabe a nós nos esforçarmos, através da prática e do estudo do Magnetismo, dar
ao paciente o que ele realmente MERECE: a cura.
A Organização
Mundial de Saúde diz que existem doentes e não doenças, e não poderia ser
diferente no Magnetismo. Cada paciente é um universo fluídico a ser desvendado
pelo passista. Existem regras básicas, mas também existem diferenciais que
precisam ser analisados e descobertos. A Ciência médica até hoje busca
compreender melhor essa máquina que é o corpo humano; quantas doenças a ciência
não consegue curar!
Seria apenas
por falta de merecimento do paciente ou ignorância da própria Medicina? Quantos morreram no passado de doenças que
são hoje completamente curáveis? No Magnetismo, o passista, além de conhecedor
das funções do corpo humano precisa também conhecer o fator energético e
descobrir onde está a falha energética no campo fluídico que gerou a doença no
corpo físico; isso requer pesquisas, estudos, buscas incessantes. O Magnetismo
já descobriu a cura de várias doenças, mas, assim como a ciência, ainda não
descobriu a cura de tudo e isso não quer dizer que a cura seja impossível.
Ninguém
evolui pela dor, ainda quando esta seja vista ou percebida como um chamado ao
caminho do amor. Se a dor, por si só, gerasse evolução nos seres, não se
apontariam tantos doentes revoltados exatamente por conta dela. Por conta da
dor blasfemam contra Deus, mas Ele não castiga ninguém. Na realidade, a doença
é uma consequência dos nossos atos e não um castigo; não sendo castigo ela pode
ser curada sim. Por outro lado, a cura pode trazer ao paciente a oportunidade
de renovação interior, pelo sentimento da gratidão – por sinal, o que importa
na lei do progresso é a reforma íntima, pois o ser só progride de fato pela
mudança positiva de comportamento.
Kardec (A
Gênese, cap. 14, item 31) anotou:
"A cura
se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O
poder curativo está, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada,
mas depende também da energia da vontade, que, quanto maior for, mais abundante
emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido.
Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou
espírito".
O que se
depreende dessa afirmação é que existem vários fatores a determinar uma cura e
não dá para se entender que o “merecimento” seja dos mais poderosos.
Temos visto
muitos casos onde um passista não consegue resultados positivos e outro sim. O
fluido de determinado magnetizador tem mais poder de ação em certas doenças do
que outros e isso também é um fator importante no processo da cura. Devemos
também levar em consideração essas e outras muitas variáveis antes de assumir
que o Magnetismo não cura ou o paciente não tem merecimento.
Um bom
magnetizador deve ter sempre em mente a máxima do Evangelho “o amor cobre uma
imensidão de pecados”, portanto o amor pode ser considerado como o maior
destruidor de não merecimentos.
Jornal Vortice ANO III, n.º 02, julho/2010
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