Seu nome em grego é Sokrátes. Sua cidade natal foi Atenas, no ano de 469
a . C., tendo nascido filho de um escultor, de nome Sofronisco e de uma
parteira, Fenarete.
Fisicamente, era considerado feio, com seu nariz achatado, olhos
esbugalhados, uma calva enorme, rosto pequeno, estômago saliente e uma longa
barba crespa.
Casou-se com Xantipa e teve três filhos mas dizem que trabalhava apenas o
necessário para que a família não viesse a perecer à fome.
Tendo sido proclamado pelo oráculo de Delfos, como o mais sábio dos
homens, Sócrates passou a se incumbir de converter os seus concidadãos à
sabedoria e à virtude. Considerava-se protegido por um "daimon" ,
gênio, demônio, espírito, cuja voz, afirmava, desde a infância, o aconselhava a
se afastar do mal.
Não tinha propriamente uma escola, mas um círculo de familiares,
discípulos com os quais se encontrava, de preferência , no ginásio do Liceu. Em
verdade, onde quer que se encontrasse, na casa de amigos, no ginásio, na praça
pública, interrogava os seus interlocutores a respeito das coisas que, por
hipótese, deveriam saber, fossem eles um adolescente, um escravo, um futuro
político, um militar, uma cortesã ou sofistas.
Desta forma, conclue que eles não sabem o que julgam saber e, o que é
mais grave, não sabem que não sabem. Por sua vez, ele, Sócrates, não sabe mas
sabe que não sabe.
Era considerado um homem corajoso e de muita resistência física. Todos se
recordavam de como ele, sozinho, enfrentara a histeria coletiva que se seguira
à batalha naval de Arginusas, quando dez generais foram condenados à morte por
não terem salvo soldados que estavam a se afogar.
Ele ensinava que a boa conduta era aquela controlada pelo espírito e que
as virtudes consistiam na predominância da razão sobre os sentimentos.
Introduziu a idéia de definir os termos, pois, "antes de se começar a
falar, era preciso saber sobre o que é que se estava falando."
Para Sócrates, a virtude supõe o conhecimento racional do bem. Para fazer
o bem, basta, portanto, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade, quer
dizer, o bem, e o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal
voluntariamente.
Foi denunciado como subversivo , por não acreditar nos deuses da cidade,
e também corruptor da mocidade. Não se sabe exatamente o que os seus acusadores
pretendiam dizer, mas o certo é que os moços o amavam e o seguiam. O convite a
pensar por si mesmos atraía os jovens e talvez fosse isso que temessem pais e
políticos. Ocorreu também que um dos seus discípulos, de nome Alcibíades,
durante a guerra com Esparta tinha se passado para o lado do inimigo. Embora a
culpa não fosse de Sócrates, pois a decisão fora pessoal, Atenas buscava
culpados.
Foi julgado por um tribunal popular de 501 cidadãos e condenado à morte.
Poderia ter recorrido da sentença e, com certeza, receber uma pena mais branda.
Entretanto, racional como era, afirmou aos discípulos que o visitaram na
prisão:
"Uma das coisas em que acredito é no reinado da lei. Bom cidadão,
como eu tantas vezes vos tenho dito, é aquele que obedece às leis de sua
cidade. As leis de Atenas condenaram-me à morte, e a inferência lógica é que,
como bom cidadão, eu deva morrer."
É Platão quem descreve a morte do seu mestre, no diálogo Fédon. Sócrates
passou esta noite a discutir filosofia com seus jovens amigos. O tema,
"Haverá uma outra vida depois da morte?"
Embora fosse morrer em poucas horas, discutiu sem paixão sobre as
probabilidades de uma vida futura, ouvindo mesmo as objeções dos discípulos que
eram contrários à sua própria opinião.
Quando o carcereiro lhe apresentou a taça de veneno, em tom calmo e
prático, Sócrates lhe disse:
"Agora, você que entende dessas coisas, diga-me o que fazer."
"Beba a cicuta, depois levante-se e passeie até sentir as pernas
pesadas, respondeu o carcereiro. Então, deite-se, e o torpor subirá para o
coração."
Sócrates a tudo obedeceu. Como os amigos chorassem e soluçassem muito,
ele os censurou. Seu último pensamento foi de uma pequena dívida que havia
esquecido. Afastou a coberta que lhe haviam colocado sobre o rosto e pediu:
"Crito, devo um galo a Esculápio...Providencie para que a dívida
seja paga."
Fechou os olhos e cobriu novamente o rosto. Quando Crito tornou a lhe
indagar se tinha outras recomendações a fazer, ele não mais respondeu. Havia
penetrado o mundo dos espíritos. Era o ano 399 a .C.
Sócrates nada escreveu e sua doutrina somente nos chegou pelos escritos
de seu discípulo Platão. Ambos, mestre e discípulo, são considerados
precursores da idéia cristã e do espiritismo, tendo o Codificador dedicado as
páginas da introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo para esse
detalhamento.
O nome de Sócrates se encontra especialmente em Prolegômenos de O livro
dos espíritos, logo após o de O espírito da verdade, seguido de Platão. Ainda
encontramos seus comentários aos itens 197 e 198 de O livro dos médiuns, no
capítulo que trata dos médiuns especiais, demonstrando que o trabalhador
verdadeiro não cessa suas atividades, embora a morte do corpo fisico e de que,
afinal, somos verdadeiramente uma só e única família universal: espíritos e
homens , envidando esforços para o atingimento da Perfeição.
Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 19.
Grandes vidas, grandes obras , Seleções do Reader's Digest, 1968.
Jornal Mundo
Espírita - Dezembro de 2000
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