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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

LEON DENIS, OS FLUIDOS. O MAGNETISMO


O mundo dos fluidos, que se entrevê além do estado radiante, reserva à Ciência muitas surpresas e descobertas. Inumeráveis são as variedades de formas que a matéria, tornando-se sutil, pode revestir para as necessidades de uma vida superior.

Muitos observadores já sabem que, além de nossas especulações, além do véu opaco que a nossa espessa constituição ostenta como um nevoeiro em torno de nós, um outro mundo existe, não mais o dos infinitamente pequenos, mas um universo fluídico que nos envolve, completamente povoado de multidões invisíveis.

Seres sobre-humanos, mas não sobrenaturais, vivem perto de nós, testemunhas mudas de nossa existência e só manifestam a sua em determinadas condições, sob a ação de leis naturais, precisas, rigorosas. Importa penetrar o segredo dessas leis, pois, a partir de seu conhecimento decorrerá para o homem a posse de forças consideráveis, cuja utilização prática pode transformar a face da Terra e a ordem das sociedades. É esse o domínio da psicologia experimental, alguns  diriam, das ciências ocultas, ciências velhas como o mundo.

Já falamos dos prodígios efetuados nos lugares sagrados da Índia, do Egito e da Grécia. Não está nos nossos planos aí retornar, mas há uma questão conexa que não poderíamos deixar passar em silêncio, a do magnetismo.

O magnetismo, estudado e praticado em segredo em todas as épocas da História, vulgarizou-se sobretudo desde o fim do século XVIII. As academias de sábios ainda o têm sob suspeita e é sob o nome de hipnotismo que os mestres da Ciência quiseram descobri-lo um século após sua aparição.

“O hipnotismo, disse o Sr. de Rochas,86 até aqui, só estudado oficialmente, é apenas o vestíbulo de um vasto e maravilhoso edifício já explorado, em grande parte, pelos antigos magnetizadores.”

O mal é que os sábios oficiais — quase todos médicos — que se ocupam do magnetismo ou, como eles mesmos dizem, do hipnotismo, geralmente, apenas experimentam com pessoas doentes, com internos de hospitais. A irritação nervosa e as afecções mórbidas dessas pessoas só permitem obter fenômenos incoerentes, incompletos.

Alguns sábios parecem recear que o estudo desses mesmos fenômenos, obtidos em condições normais, não forneça a prova da existência no homem do princípio anímico. É, pelo menos, o que sobressai dos comentários do doutor Charcot, de quem não se negará a competência.

“O hipnotismo, dizia, é um mundo no qual encontra-se, ao lado de fatos palpáveis, materiais, grosseiros, acompanhando sempre a fisiologia, fatos absolutamente extraordinários, inexplicáveis até aqui, que não respondem a nenhuma lei fisiológica e inteiramente estranhas e surpreendentes.
 Ocupo-me dos primeiros e deixo de lado os segundos.”

Assim, os mais célebres médicos confessam que essa questão ainda está para eles cheia de obscuridade. Nas suas investigações, limitam-se a observações superficiais e desdenham os fatos que poderiam conduzi-los diretamente à solução do problema. A Ciência Materialista hesita em aventurar-se no terreno da Psicologia Experimental; ela sente que, ali, se encontraria na presença das forças psíquicas da alma, em uma palavra, a mesma da qual ela negou a existência com tanta obstinação.

Seja como for, o magnetismo, depois de ter sido repelido durante longo tempo pelas corporações sábias, começa sob um outro nome a chamar sua atenção. Mas os resultados seriam de outro modo fecundos se, ao invés de operar sobre histéricos, experimentasse em pessoas sãs e válidas. O sono magnético desenvolve nos indivíduos lúcidos, faculdades novas, um poder de percepção incalculável. O fenômeno mais notável é a visão a grande distância sem o concurso dos olhos. Um sonâmbulo pode orientar-se durante a noite, ler e escrever de olhos fechados, entregar-se aos trabalhos mais delicados e mais complicados.

Outros indivíduos veem no interior do corpo humano, discernem seus males e suas causas, leem o pensamento no cérebro,87 penetram, sem o concurso dos sentidos, nos domínios mais ocultos e até no limiar de um outro mundo. Eles auscultam os mistérios da vida fluídica, entram em contato com os seres invisíveis dos quais falamos, transmitem-nos seus avisos, seus ensinos. Voltaremos, mais tarde, sobre esse último ponto; mas, desde agora, podemos considerar estabelecido o fato que decorre das experiências de Puységur, Deleuze, du Potet e seus inúmeros discípulos: o sono magnético, imobilizando o corpo, anulando os sentidos, restitui a liberdade ao ser psíquico, centuplica-lhe os meios íntimos de percepção e o faz entrar num mundo vedado aos seres corporais.

Esse ser psíquico que, durante o sono, vive, pensa, age fora do corpo, que afirma sua personalidade independente por uma maneira de ver e dos conhecimentos superiores àqueles possuídos no estado de vigília, o que é ele, senão a própria alma, revestida de forma fluídica? Essa alma, que não é apenas uma resultante de forças vitais, do jogo dos órgãos, mas uma causa livre, uma vontade atuante, afastada momentaneamente da sua prisão, planando sobre a Natureza inteira e desfrutando da integridade das suas faculdades inatas? Assim, os fenômenos magnéticos tornam evidentes, não somente a existência da alma, mas também, sua imortalidade; pois se, durante a existência corporal, essa alma se desliga do seu invólucro grosseiro, vive e pensa fora dele, com mais forte razão achará na morte, a plenitude de sua liberdade.

A ciência do magnetismo coloca o homem na posse de maravilhosos recursos. A ação dos fluidos sobre o corpo humano é imensa; suas propriedades são múltiplas, variadas. Numerosos fatos têm provado que, com sua ajuda, pode-se aliviar os sofrimentos mais cruéis. Os grandes missionários não curavam pela imposição das mãos? Aí está todo o segredo dos seus pretensos milagres. Os fluidos, obedecendo a uma vontade poderosa, a um desejo ardente de fazer o bem, penetram em todos os organismos débeis e restituem, gradualmente, o vigor nos fracos, a saúde nos enfermos.

Pode-se objetar que uma legião de charlatães abusa, para explorá-lo, da credulidade e da ignorância do público, gabando-se de um poder magnético imaginário. Esses fatos entristecedores são a consequência inevitável do estado de inferioridade moral da Humanidade. Uma coisa nos consola: a certeza de que não há homem animado de uma simpatia profunda pelos deserdados, de um verdadeiro amor por aqueles que sofrem, que não possa aliviar seus semelhantes através de uma prática sincera e esclarecida do magnetismo.

86 Os Estados Profundos da Hipnose, pelo coronel de Rochas d’Aiglun. (N.A.)
87 “Ele vê (o indivíduo) vibrar as células cerebrais sob a influência do pensamento e as compara às estrelas que se dilatam e se contraem sucessivamente.” (Os Estados Profundos da Hipnose, pelo coronel de Rochas, ex-administrador da Escola Politécnica.)
Desde então o professor Th. Flournoy, da Universidade de Genebra, escrevia: “Basta folhear a literatura médica mais recente para ali encontrar, pela pena de utores insuspeitos de misticismo, exemplos de visão interna. De um lado, psiquiatras franceses acabam de publicar alguns casos de alienados que apresentaram, poucos dias antes do seu fim, uma melhora tão súbita quanto inexplicável, ao mesmo tempo que o pressentimento de sua morte próxima. Do outro lado, o fato de que os sonâmbulos que têm a clara visão de suas vísceras, às vezes, até da sua estrutura íntima; esse fato vem pela primeira vez franquear os limites da Ciência sob o nome de autoscopia interna ou autorrepresentação do organismo; e, por uma divertida ironia da sorte, os padrinhos desse recém-chegado encontram-se entre os que pertencem a uma escola que pretende rejeitar qualquer explicação psicológica desses fatos.” (Arquivos de
Psicologia, agosto de 1903). (N.A.)


 Referencias;

LIVRO;
DEPOIS DA MORTE DE LÉON DENIS CAP. XVII - 3A  EDIÇÃO CELD - RIO DE JANEIRO, 2011 - TRADUÇÃO DE  MARIA LUCIA ALCANTARA DE CARVALHO

domingo, 2 de fevereiro de 2014

A FORÇA PSÍQUICA. OS FLUIDOS. O MAGNETISMO

O estudo dos fenômenos espíritas nos fez conhecer estados de matéria e condições de vida que a Ciência havia longo tempo ignorado. Ficamos sabendo que, além do estado gasoso e mesmo do estado radiante descoberto por W. Crookes, a matéria, tornada invisível, imponderável, se encontra sob formas cada vez mais sutis, que denominamos “fluidos”. À medida que se rarefaz, adquire  novas propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente; torna-se uma das formas da energia. E sob esse aspecto que se revela na maior parte das experiências de que falaremos nos capítulos seguintes.

Quando um Espírito se manifesta no meio humano, só o pode fazer com o auxílio de uma força haurida nos médiuns e nos assistentes.

Essa força é gerada pelo corpo fluídico. Tem sido alternativamente designada sob os nomes de força, magnética, nêurica, etérica; chamar-lhe-emos, por nossa parte, força psíquica, pois que obedece à vontade, que é de fato o seu motor; os membros lhe servem de agentes condutores; ela se desprende mais particularmente dos dedos e do cérebro.

Existe em cada um de nós um foco invisível cujas radiações variam de intensidade e amplitude conforme nossas disposições mentais. A vontade lhes pode comunicar propriedades especiais; nisso reside o segredo do poder curativo dos magnetizadores.

A estes, efetivamente, é que em primeiro lugar se revelou essa força, em suas aplicações terapêuticas. Reichenbach a estudou em sua natureza e deu lhe o nome de “od”. William Crookes foi o primeiro a medir-lhe a intensidade. 101

Os médiuns de efeitos físicos exteriorizam essa força em grande abundância; todos nós, porém, a possuímos em diversos graus. Mediante essa força é que se produz a suspensão de mesas ao ar, a mudança de objetos, sem contacto, de um lugar para outro, o fenômeno dos transportes, a escrita direta em ardósia, etc. E constante a sua ação em todas as manifestações espíritas.

Os eflúvios do corpo humano são luminosos, coloridos de tonalidades diferentes – dizem os sensitivos – que os distinguem na obscuridade. Certos médiuns os vêem, mesmo em plena luz, a escapar se  das mãos dos magnetizadores.
Analisados ao espectroscópio, a extensão de suas ondas tem sido determinada segundo cada uma das cores.

Esses eflúvios formam em torno de nós camadas concêntricas que constituem uma espécie de atmosfera fluídica. É a “aura” dos ocultistas, ou fotosfera humana, pela qual se explica o fenômeno de exteriorização da sensibilidade, estabelecida pelas numerosas experiências do Coronel De Rochas, do Dr. Luys, do Dr. Paul Joire, etc. 102 


Dr. Baraduc

O Dr. Baraduc fabricou um aparelho, denominado biômetro, com o qual conseguiu medir a força psíquica.

Esse aparelho compõe se de uma agulha de cobre suspensa por uni fio de seda, acima de um quadrante numerado, tudo isso disposto sob um globo de vidro, ao abrigo do ar e das influências exteriores. Nessas condições, a agulha pode ser influenciada sem contacto, através do vidro, pelas radiações que se escapam da mão do experimentador, colocado a distância. Por esse processo se obtêm desvios da agulha, que variam entre 40 e 75 graus, nos dois sexos, sendo a agulha atraída ou repelida conforme o estado de saúde ou as disposições mentais das pessoas. Em geral, a mão direita atrai e a esquerda repele. A força invisível pode influenciar a agulha através de um pedaço de vidro de dez centímetros de espessura, através de uma lamina de mica, de alúmen, de colódio isolador, etc.

O Dr. Baraduc 103 efetuou, no espaço de dez anos, mais de duas mil experiências que lhe permitiram estabelecer, com a mais rigorosa exatidão, a existência dessa força e a intensidade de sua emissão ou o grau de atração sobre ela exercida, segundo o vigor ou a debilidade de nossa natureza. 104


William Crookes (1832-1919)
As experiências de W. Crookes ainda são mais demonstrativas. Operando em seu próprio laboratório com o médium Home, serviu-se o eminente sábio de uma balança de grande precisão. A mão do médium chegou a influenciar o aparelho, sem contacto, a ponto de produzir desvios de uma das conchas e aumento de peso até oito libras. As experiências foram repetidas múltiplas vezes, sob as mais rigorosas condições de verificação, em presença de várias testemunhas, com o auxílio de aparelhos construídos com o máximo cuidado e de uma extrema sensibilidade. Todas as precauções foram tomadas para excluir a possibilidade de qualquer fraude. 105

As irradiações da força psíquica podem ser fotografadas. Se, em completa obscuridade, se coloca a mão acima de uma placa sensível imergida no banho revelador, ao fim de alguns minutos de exposição verificase que a placa se acha impressionada. Se a ela aderiram os dedos, da mancha que cada um deles produzir se vê, como de outros tantos focos, desprenderem-se, e irradiarem em todos os sentidos, ondulações, espirais, o que demonstra que a força psíquica, como os raios ultravioleta ou os raios Roentgen, atua sobre os sais de prata.

Esse fenômeno foi posto em evidência, pela primeira vez, em 1872, pelas experiências dos Srs. Beattie 106 , Taylor, Dr. Thompson, professor Wagner, etc. O Sr. De Rochas o obteve no curso de suas experiências com a Sra. Lux. 107

A placa colocada a seco sobre a fronte, o coração ou a mão, lhes reproduz as irradiações conforme a intensidade dos pensamentos, dos sentimentos, das emoções. A cólera, a dor, o êxtase, a prece, o amor têm suas irradiações especiais. 108

Assim, a placa fotográfica, esse “olhar lançado ao invisível”, vem a ser o irrecusável testemunho da irradiação da alma humana.

Negado muito tempo pelas corporações doutas, como negadas foram, por elas, a circulação do sangue, a vacina, o método antiséptico e tantas outras descobertas, o magnetismo, tão antigo quanto o mundo, acabou por penetrar no domínio científico sob o nome de hipnotismo.

É verdade que os processos diferem. No hipnotismo, é pela sugestão que se atua sobre o sensitivo, a princípio para o adormecer, e em seguida para provocar fenômenos. A sugestão é a subordinação de uma vontade a outra. O sensitivo se abandona ao experimentador e executa suas ordens, expressas pela palavra e pelo gesto, ou simplesmente pelo pensamento. Pode obter se o mesmo resultado com as práticas magnéticas. A única diferença consiste nos meios empregados. Os dos hipnotizadores são, antes de tudo, violentos. Se podem curar certas afecções – e não é possível desconhecer que sua aplicação à terapêutica tenha dado resultados apreciáveis –, na maior parte das vezes ocasionam desordens no sistema nervoso e, com a continuação, desequilibram o sensitivo, ao passo que os eflúvios magnéticos, bem dirigidos, quer em estado de vigília, quer no sono, restabelecem com frequência a harmonia nos organismos perturbados.

Vimos que a sugestão pode ser exercida de perto ou de longe, tanto no plano visível quanto no invisível, quer por operadores humanos, quer por agentes ocultos. Permitindo ao indivíduo agir mentalmente sobre outro, sem o concurso dos sentidos, ela nos faz melhor compreender a ação do Espírito sobre o médium. O que, com efeito, pode obter o homem, cuja ação e poder são limitados, mesquinhos, restritos, uma inteligência desembaraçada dos obstáculos da matéria grosseira muito melhor o poderá: conseguirá influenciar o sensitivo, inspirálo, servirse dele para realizar os fins que se propõe.

O magnetismo, considerado em seu aspecto geral, é a utilização, sob o nome de fluido, da força psíquica por aqueles que abundantemente a possuem.

A ação do fluido magnético está demonstrada por exemplos tão numerosos e comprovativos que só a ignorância ou a máfé poderiam hoje lhe negar a existência. Citemos um caso entre mil. 109

“O Sr. Boirac, reitor da Academia de Grenoble, foi vicepresidente  da Sociedade Hipnótica de Paris, e abandonou o hipnotismo pelo magnetismo depois da seguinte experiência: entrando em casa um dia, à tarde, encontrou seu criado a dormir. O Sr. Boirac o avistou desde o patamar da escada em que se achava, e teve a idéia de tentar uma experiência magnética. Do lugar onde estava estendeu a mão direita na direção e à altura dos pés do criado adormecido. Após um ou dois minutos, tendo levantado a mão, viu, com surpresa, elevarem se os pés do criado e acompanharem o movimento ascensional da mão. Renovou diversas vezes a experiência, e de todas elas os resultados foram idênticos”. 

A vontade de aliviar, de curar – dissemos – comunica ao fluido magnético  propriedades curativas. O remédio para os nossos males está em nós. Um homem bom e sadio pode atuar sobre os seres débeis e enfermiços, regenerálos por meio de sopro, pela imposição das mãos e mesmo mediante objetos impregnados da sua energia. Opera-se mais freqüentemente por meio de gestos, denominados passes, rápidos ou lentos, longitudinais ou transversais, conforme o efeito, calmante ou excitante, que se quer produzir nos doentes. Esse tratamento deve ser seguido com regularidade, e as sessões renovadas todos os dias até à cura completa.

Pode assim a pessoa, pela automagnetização, tratar-se  a si mesma, descarregando com o auxílio de passes ou de fricções os órgãos enfraquecidos e impregnando-os das correntes de força desprendidas das mãos.

A fé vivaz, a vontade, a prece e a evocação dos poderes superiores amparam o operador e o sensitivo. Quando ambos se acham unidos pelo pensamento e pelo coração, a ação curativa é mais intensa.

A exaltação da fé, que provoca uma espécie de dilatação do ser psíquico e o torna mais acessível aos influxos do Alto, permite admitir e explicar certas curas extraordinárias operadas nos lugares de peregrinação e nos santuários religiosos. Esses casos de curas são numerosos e baseados em testemunhos muito importantes para que se possa a todos pôr em dúvida. Não são peculiares a tal ou tal religião: encontram se indistintamente nos mais diversos meios: católicos, gregos, muçulmanos, hindus, etc.

Livre de todo acessório teatral, de todo móvel interesseiro, praticado com o fim de caridade, o magnetismo vem a ser a medicina dos humildes e dos crentes, do pai de família, da mãe para seus filhos, de quantos sabem verdadeiramente amar. Sua aplicação está ao alcance dos mais simples. Não exige senão a confiança em si, a fé no Poder Infinito que por toda a parte faz irradiar a vida e a força. Como o Cristo e os apóstolos, como os santos, os profetas e os magos, todos nós podemos impor as mãos e curar, se temos amor aos nossos semelhantes e o desejo ardente de os aliviar.

Quando o paciente se acha adormecido sob a influência magnética e parece oferecer-se à sugestão, não a empregueis senão com palavras de doçura e de bondade. Persuadi, em lugar de intimar. Em todos os casos, recolhei-vos em silêncio, sozinho com o paciente, e apelai para os Espíritos benfazejos que pairam sobre as dores humanas. Então sentireis descer do Alto sobre vós e propagar-se ao sensitivo o poderoso influxo. Uma onda regeneradora penetrará por si mesma até à causa do mal; e demorando, renovando semelhante ação, tereis contribuído para aligeirar o fardo das misérias terrestres.

Quando se observa o grande poder do magnetismo curativo e os serviços que já tem prestado à Humanidade, sente-se que nunca seria demasiado protestar contra as tendências dos poderes públicos, em certos países, no sentido de lhe embaraçar o livre exercício. Assim procedendo, eles violam os mais respeitáveis princípios, calcam aos pés os sagrados direitos do sofrimento. O magnetismo é um dom da Natureza e de Deus. Regular-lhe o uso, coibir os abusos, é justo. Impedir, porém, a sua aplicação seria usurpar a ação divina, atentar contra a liberdade e o progresso da Ciência e fazer obra de obscurantismo.

*
O magnetismo não se limita, unicamente à ação terapêutica; tem um alcance muito maior. É um poder que desata os laços constritores da alma e descerra as portas do mundo invisível; é uma força que em nós dormita e que, utilizada, valorizada por uma preparação gradual, por uma vontade enérgica e persistente, nos desprende do pesadume carnal, nos emancipa das leis do tempo e do espaço, nos dá poder sobre a Natureza e sobre as criaturas.


Eugène Auguste Albert de Rochas d'Aiglun

O sono magnético tem diversas graduações, que se desdobram e vão do sono ligeiro até ao êxtase e ao transe. O Coronel De Rochas considera os três primeiros graus como superficiais e constitutivos da hipnose. A sugestão é aplicável a esses estados; desde que, porém, aos processos hipnóticos se acrescentam os dos magnetizadores, fenômenos superiores se apresentam: catalepsia, sonambulismo, transe. No primeiro caso, verifica-se o estado favorável às manifestações espíritas: materializações de Espíritos, aparições de clarões, mãos, fantasmas, etc.; no segundo, apresenta-se a lucidez, o estado de clarividência, que permite ao médium guiar o magnetizador em sua ação curativa, descrevendo a natureza das enfermidades, indicando remédios, etc. 110

Nos estados superiores do sonambulismo, o sensitivo escapa à ação do magnetizador e readquire sua liberdade própria, sua vida espiritual. Quanto mais se acentua o desprendimento do corpo fluídico, mais inerte se torna o corpo físico, em um estado semelhante à morte. Ao mesmo tempo, os pensamentos, as sensações se
apuram, a repulsa à vida terrestre se manifesta. A volta ao organismo provoca cenas pungitivas, acessos de lágrimas, amargos queixumes.

O mundo dos fluidos, mais que qualquer outro, está submetido às leis da atração. Pela vontade, atraímos forças boas ou más, em harmonia com os nossos pensamentos e sentimentos. Delas se pode fazer uso formidável; mas aquele que se serve do poder magnético para o mal, cedo ou tarde o vê contra si próprio voltar-se.
A influência perniciosa exercida sobre os outros, em forma de sortilégios, de feitiçaria, de enguiço, recai fatalmente sobre aquele que a engendrou.

Em hipnotismo, como em magnetismo, se o operador não tem intenções puras, caráter reto, a experimentação será arriscada tanto para ele quanto para o sensitivo.

Não penetreis, pois, nesse domínio sem a pureza de coração e a caridade. Nunca ponhais em ação as forças magnéticas, sem lhes acrescentar o impulso da prece e um pensamento de amor sincero por vossos semelhantes. Assim procedendo, estabelecereis a harmonia de vossos fluidos com o dinamismo divino e tornareis sua ação mais profunda e eficaz.

Pelo magnetismo transcendente – o dos grandes terapeutas e dos iniciados – o pensamento se ilumina; sob o influxo do Alto os nossos sentimentos se exaltam; uma sensação de calma, de vigor, de serenidade nos penetra; a alma sente, pouco a pouco, dissiparem-se todas as mesquinhas subalternidades do “eu” humano e surgirem os aspectos superiores de sua natureza. Ao mesmo tempo em que aprende a esquecer-se de si, em benefício e para salvação dos outros, sente despertaremse-lhe novas e desconhecidas energias.

Possa o magnetismo benfazejo desenvolver-se na Terra, pelas aspirações generosas e pela elevação das almas! Tenhamos bem presente que toda idéia contém no estado potencial sua realização, e saibamos comunicar a nossas vibrações fluídicas a irradiação de nobres e elevados pensamentos. Que uma vigorosa corrente ligue entre si as almas terrestres e as vincule a suas irmãs mais velhas do Espaço! Então as maléficas influências, que retardam a marcha e o progresso da Humanidade, se dispersarão sob os influxos do espírito de amor e sacrifício.
  
101 W. Crookes, RECHERCHES SUR LE SPIRITUALISME, páginas 62 e seguintes; LE FLUIDE DES MAGNETISEURS, tradução de Rochas, passim. “A emissão de radiações pelo sistema nervoso – disse o professor D'Arsonval, do Colégio de França, em sua nota à Academia de Ciências, em 28 de dezembro de 1903 – pode, em certas condições, persistir depois da morte, pelo menos aparente, do organismo e ser aumentada por excitações de origem reflexa." E mais adiante: “Tenho motivos para crer que o pensamento não expresso, a atenção, e o esforço mental produzem uma emissão de raios que agem sobre a fosforescência”.
102 Ver Coronel De Rochas, EXTÉRIORISATION DE IA SENSIBILITÉ, passim; Dr. Luys, PHÉNOMÈNES PRODUITS PAR I'ACTION DES MEDICAMENTS À DISTANCE, passim. Já desde 1860 (REVUE SPIRITE, pág. 81), Allan Kardec afirmava, de acordo com as revelações do Espírito do Dr. Vignal, que os corpos emitem vibrações luminosas, invisíveis aos sentidos materiais, o que mais tarde a Ciência confirmou. O Espiritismo tem, pois, o mérito de haver, em primeiro lugar, sobre esse como sobre tantos outros pontos, apresentado teorias físicas que a Ciência não admitiu senão trinta anos depois, sob a reiterada pressão dos fatos.
103 Ver sua exposição, RESENHA DO CONGRESSO ESPÍRITA E ESPIRITUALISTA, de 1900, pág. 99.
104 Uma objeção tem sido feita no sentido de que os desvios da agulha se podiam explicar pela ação calorífica dos dedos. Essa ação se exerce evidentemente em certo limite; além dessa, porém, existe uma outra ação que se não pode explicar senão pelo dinamismo vital. Suprimida, com efeito, a influência do calor pela interposição de uma lâmina de alúmen ou um pedaço de vidro entre o aparelho e a mão, apesar disso produzemse desvios, sendo estes em sentidos opostos, na mesma extremidade da agulha, conforme se apresenta a mão direita ou a esquerda. Sendo a mesma, nos dois casos, a posição da mão, não poderiam ser as vibrações caloríficas que agissem ora em um sentido ora no outro, pois que irradiam Identicamente do mesmo modo nos dois casos. Além disso, as experiências do Sr. Geoffriault, relatadas em ANNALES PSYCHIQUES de dezembro de 1901, demonstraram que todos os seres vivos, abstração feita do calor animal, exercem ação atrativa.
105 W. Crookes. RECHERCHES SUR LE SPIRITUALISME, pág. 37.
106 Ver Aksakof, ANIMISME ET SPIRITISME, pág. 27 e seguintes. Podese ver, no fim dessa obra, a reprodução de uma série de clichês, que mostram de que modo à força psíquica age sobre a mesa e como pode ela, sob a direção dos Espíritos, revestir as mais variadas formas.
107 Ver De Rochas, EXTERIORIZAÇÃO DA SENSIBILIDADE.
108 Fiz diversas vezes esta experiência: colocada a extremidade dos dedos sobre a placa mergulhada no banho revelador, se, elevando o pensamento, num subitâneo e ardente impulso, fazemos uma prece, verificaremos em seguida que as irradiações adquiriram no vidro uma forma particular – a de uma coluna de chamas que se eleva de um jato. Esse fato demonstra, não somente a ação do nosso pensamento sobre os fluidos, mas também quanto influem as nossas disposições psíquicas sobre o meio em que operamos e lhe podem modificar as condições vibratórias.
109 BULLETIN DE IA SOCIÉTÉ D'ETUDES PSYCHIQUES DE NANCY, fevereiro de 1901, Pág. 60.

110 Ver em Flammarion, O DESCONHECIDO E OS PROBLEMAS PSÍQUICOS, cap. IX, dois exemplos notáveis.

Referencia;
NO INVISÍVEL Léon Denis Lançamento original em 1911, Paris, França


Leitura Recomendada;

OS FLUIDOS (A GÊNESE, CAPÍTULO XIV)
OS CORPOS SUTIS NA OBRA DE KARDEC
O FLUIDO VITAL E O DUPLO ETÉRICO
DOS CORPOS ESPIRITUAIS (A VISÃO DE ANDRÉ LUIZ)
FLUIDO MENTAL - MATÉRIA MENTAL
FLUXO DO PENSAMENTO - LEIS DO CAMPO MENTAL
A “FREQÜÊNCIA” DOS PENSAMENTOS – CARLOS TORRES PASTORINO
O PODER DO PENSAMENTO
A VONTADE E O PODER DO MAGNETIZADOR
O CORPO É UM REFLEXO DA MENTE
A DISCIPLINA DO PENSAMENTO E A REFORMA DO CARÁTER
O PENSAMENTO –“As Potências da Alma”
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2014/07/o-pensamento-as-potencias-da-alma.html

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CAMPO MAGNÉTICO


Sob o título “Cura de uma Fratura por Magnetização Espiritual”, Allan Kardec publicou em setembro de 1865, na Revista Espírita, uma matéria relatando um caso de cura espiritual de uma fratura sofrida no antebraço pela Sra. Maurel.

Vamos ao resumo do ocorrido, remetendo o leitor à Revista Espírita, a fim de que leia a história na íntegra.

No dia 26 de maio daquele ano a Sra. Maurel que era médium vidente e psicógrafa mecânica, caiu vindo a fraturar o antebraço direito com distenções no punho e cotovelo. É, a partir daí, alvo da ação dos Bons Espíritos, dentre eles o Dr. Demeure, que a curaram, através do magnetismo espiritual, de orientações, de fricções e manipulações do membro, em apenas nove dias, coisa verdadeiramente impressionante, mais ainda, pela completa soldadura do osso quebrado.

Desde o primeiro dia até o último que fora designado pelos Espíritos, a Sra. Maurel foi sendo atendida e cada vez que o médico espiritual mexia no seu braço, ela soltava gritos de dor como se estivesse sendo examinada por um médico encarnado.

Participou de todo o processo um grupo de amigos encarnados, solicitados pelos Espíritos, além de um magnetizador que colocava a médium em estado sonambúlico, através do qual ela percebia todos os movimentos dos Espíritos, relatando-os para os presentes.

No último dia do tratamento, estavam presentes trinta Espíritos que a felicitavam e lhe incentivavam ao bem. Ao término, a médium testou de todas as formas o seu membro, comprovando que realmente estava curada e em tempo recorde para a medicina humana.”

Destacamos do relato acima dois pontos dos quais iremos tratar: o modo de ação dos Espíritos e a rapidez da cura.

Um magnetizador agiria focando a sua atenção e dirigindo os seus fluidos para o ponto que quer atingir, atuando, através dos seus fluidos e das técnicas magnéticas, sobre o organismo que necessita de reparo. Segundo Kardec, o Espírito age da mesma forma que o magnetizador humano: “sua ação fluídica se transmite de perispírito a perispírito, e deste para o corpo material. O estado de sonambulismo facilita consideravelmente essa ação, em consequência do desligamento do perispírito, que se identifica melhor com a natureza fluídica do Espírito, e sofre então a influência espiritual elevada à sua maior força”.
 
No caso citado, os Espíritos não dispensaram o auxílio das energias humanas visto que eles mesmos solicitaram a presença de um grupo de encarnados que pudessem formar uma espécie de corrente magnética, a qual forneceria material fluídico para a ação curativa. Estes fluidos doados pelos presentes encarnados seriam utilizados pelos Espíritos que, manipulando-os ou misturando-os aos seus, lhes propiciariam as necessárias modificações sugeridas pelo caso do momento.

Os Espíritos utilizaram ainda os recursos de um magnetizador que, além de levar a paciente ao estado de sonambulismo, o qual facilitou a ação espiritual, como vimos acima, estando “sua mão direita, apoiada sobre a espádua da sonâmbula, contribuía com sua parte no fenômeno, pela emissão dos fluidos necessários à sua realização”.

Poderiam os Espíritos agir sozinhos, sem a participação magnética de um encarnado? Poderiam, sim. Mas isto é a exceção à regra, visto que os fluidos animalizados são mais compatíveis com as necessidades de um órgão físico.

Falta-nos analisar a questão da rapidez da cura. Se o tratamento fosse executado por um magnetizador, ele teria sido, provavelmente, mais lento. A capacidade de influenciar o campo vital de alguém, os fluidos vitais a possuem em escala muito menor que os fluidos dos Espíritos bons. A sutilidade dos fluidos destes últimos lhes dá um poder de transformação e de penetração capaz de operar curas de forma imediata ou em prazos bastante curtos, de acordo com a sua elevação.

Já os nossos fluidos densos operam com lentidão, necessitando de um verdadeiro tratamento, mais ou menos longo, metódico e continuado.

O fluido humano sendo menos ativo, exige uma magnetização prolongada e um verdadeiro tratamento, às vezes, muito longo... O fluido espiritual, mais poderoso em razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, frequentemente, quase instantâneos”, escreveu Kardec em outro artigo da mesma Revista.

Existe então, na realidade, esta gradação nos efeitos de acordo com o potencial fluídico, a origem do fluido e a sua maior ou menor qualidade. Esta última depende diretamente do nosso estado de saúde física e emocional, além do nosso padrão moral, colocando-se em primeira linha a humildade e o desinteresse.

Por: Adilson Mota
Texto presente no 'Jornal Vórtice' – Novembro/2008.


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