Retrocedendo nos séculos vamos encontrar entre os amigos gregos a consciência mítica, cujos vexilários mais expressivos foram Homero e Hesíodo, com seus imortais poemas.
À era da conciência mítica sucedeu a era da consciência racional, e nessa passagem de fase surgiram os primeiros sábios: Sofhos em grego. Foi um desses sábios surgidos nessa fase de transição, famoso até hoje por sua expressiva contribuição na área das matemáticas, chamado Pitágoras (Século VI- a.C.) quem pela primeira vez usou a palavra filosofia (Philos-Sophia), que significa: amor à sabedoria.
No entanto, embora tenha sido Pitágoras a dar-lhe expressão na área do conhecimento humano, é importante realçar que até etimologicamente falando, a filosofia não apresenta fortes conotações do racional (logos), mas em compensação, apresenta-se como insofismável desveladora amorosa da verdade.
Segundo os entendidos, ao contrário da Ciência que tende cada vez mais para a especialização, a Filosofia no sentido inverso, quer superar a fragmentação do real a fim de resgatar o homem de maneira holística. Por isso a Filosofia tem a função de interdisciplinaridade, estabelecendo o elo de ligação entre as mais variegadas formas do saber e do agir.
A precípua função da Filosofia é, pois, projetar – multidirecionalmente – pelos quadrantes do saber, uma ampla rede de interrogações, interrogações essas que irão se transformar em "ganchos" onde nos firmaremos para, finalmente deciframos as incógnitas que nos afligem, isto é, desvelar a verdade consubstanciada em nossas próprias e independentes elucubrações.
E por causa da caracterísitica iluminadora da Filosofia que vemos sufocada nos Estados totalitários, já que impedir o ensino da filosofia é silenciar a crítica dos livres pensadores, cujas ações causam bulício na massa passiva e ignara dos cidadãos, gerando a desobediência civil e fazendo destruir os grossos e ancestrais muros dogmáticos que "engessavam" as expansões do conhecimento emancipador, esvaziando – conseqüentemente – o poder das classes dominadoras, com substanciais alterações no status quo vigente.
Portanto, o estudo da filosofia é essencial para a vida de relação, uma vez que, gregárias por natureza, as criaturas interagem entre si, e ninguém, sob pena de ser tachado de alienado, está dispensado de refletir e agir em conformidade com a sua própria consciência dentro dos parâmetros e limites eleitos como diretrizes para seus atos e modus vivendi.
No âmbito das mais variadas atividades humanas, quer profissionais, religiosas, etc., sempre haverá o espaço e a necessidade da reflexão filosófica para expansão da consciência crítica, para o exercício da maiêutica socrática tão sábia e amplamente manejada por Allan Kardec na feitura da Codificação Espírita.
A Doutrina Espírita não poderia deixar, portanto, de ter a sua vertente filosófica, para não lhe faltar instrumentação básica com a qual abriria as picadas nas incognoscíveis veredas das transcendentais regiões do Espírito, e mostrar-se empós , como a única Doutrina capaz de responder convenientemente e logicamente às milenares interrogações humanas, guiando as criatura nos intricados dédalos do saber.
O aspecto filosófico do Espiritismo enseja a consciência crítica, essa grande demolidora do mal-alinhavados e ancilosados dogmas medievais que até hoje geram tensão e sufocam o pensamento religioso da Humanidade.
A novel Doutrina do Espíritos com seu tripé de sustentação nos aspectos Científico, Filosófico e Religioso, possui, portanto, todos os componentes necessários para fazer levedar a massa do saber, permitindo ao homem alcandorar-se aos altiplanos da sua definitiva emancipação espiritual.
Destarte, com a Filosofia Espírita o homem poderá "reaprender" a ver o mundo que o cerca, e estamos falando tanto do mundo visível quanto do mundo invisível, obtendo, assim, respostas que até hoje pedia – debalde – aos mais diversificados ismos que existem espalhados por aí...
Ancorada na imarcescível segurança da Ciência e amuniciada com o acerado buril da Filosofia, a Doutrina Espírita desvela-nos ilimitados horizontes, impulsionando-nos da horizontalidade do áspero chão terrestre à transcendental verticalidade dos gloriosos cimos da Espiritualidade, também e principalmente sob a chancela de sua mais importante vertente que é a vertente religiosa, nos re-ligando ao Pai Celestial de quem nos havíamos apartado por mérito e obra da onipresente ignorância humana.
Não existiu na face da Terra maior Filósofo e Psicólogo que Jesus, o meigo Pegureiro, que veio apontar-nos o rumo certo das moradas felizes da Casa do Pai; Ele que é o nosso mais perfeito Guia e Modelo, conforme no-lo revelaram os Benfeitores Espirituais. Portanto, sigamos a Sua Filosofia e a Sua Psicologia a fim de alcançarmos presto o lugar que Ele nos tem preparado desde o princípio dos tempos.
Fonte:
(Revista Reformador. Rio de Janeiro, RJ. Fevereiro de 2002. Nº 2075.
ANO 120 - p.62-63)
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