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sábado, 12 de julho de 2014

INTELIGÊNCIA E MEDIUNIDADE

Jorge Andréa

   A primeira zona, a espiritual, comandaria toda a organização através do perispírito que lhe serve de filtro adaptador de energias e que, por sua vez, serão mergulhadas na zona física, a fim de conduzir e orientar o complexo metabolismo orgânico. Dessa forma, os processos intelectivos e afetivos emocionais que se projetam na tela física, são o resultado de elaborações espirituais a definirem e influenciarem os mecanismos psicológicos da nossa denominada zona consciente.
    De todos esses processos, os coligados à inteligência têm sido pesquisados e avaliados com nossas percepções, possibilitando uma escala ou quociente de inteligência.
    Desse modo, existem três variedades de inteligência que, apesar de se apresentarem em seus degraus, correspondem a um só bloco com uma única origem espiritual. Assim, uma linha horizontal representaria o coeficiente de inteligência (QI), a posição mais simples de pequeno desenvolvimento. Esta posição foi bastante festejada, a partir de meados do século XIX visando medir o grau de inteligência das pessoas. Em virtude de não representar, realmente, destacada posição avaliativa, aos poucos ficou sendo relegada a plano de pouco valor, embora utilizada em limitados testes.
    A partir da década de 90 do século XX, nasce a chamada inteligência emocional com as observações de Daniel Goleman, o denominado QE, podendo ser representado por linha oblíqua, de modo a traduzir um grau mais avançado de inteligência. Uma linha vertical representaria o mais expressivo grau de inteligência, a inteligência espiritual, o QS, resultado de observações e pesquisas que estão alastrando pela física quântica e a fenomenologia paranormal.
No coeficiente de inteligência, o QI, os processos instintivos primários estão bem salientes, onde as manifestações de entendimento revelam-se, preferentemente, nos processos fastidiosos das análises. É como se existissem apenas ligações neuroniais pobres em série, por isso com limitados recursos, embora havendo perspicácia perceptiva nos seres.
    Na inteligência emocional, a englobar o QI, já existe o pensamento associativo, em que os instintos se encontram mais aprimorados, no sentido de aptidões. Nesta posição, as emoções e sentimentos envolvem-se em suas atividades, denotando ligações neuroniais não mais em série, mas sim em rede, de modo a explicar uma fenomenologia psicológica mais rica.
    Na Inteligência espiritual, as ligações neuroniais alcançariam posições bastante complexas, com ativa participação da base cerebral, zona do conhecido lobo límbico. Este modelo mais aparelhado engloba todos os graus de inteligência, com pensamentos ordenados, participando das criações psicológicas em que a intuição representa a mola mestra do processo.
    Em face da fenomenologia paranormal, em que a mediunidade é de grande expressão, as três variedades – QI, QE e QS – mostrar-se-ão de acordo com os seus diversos graus e alcances. Assim, o fenômeno mediúnico, por fazer parte dos componentes orgânicos, quando ativado alcançará e será envolvido por qualquer tipo de inteligência. Diante de tal fato, compreendemos o teor das mensagens espirituais reveladas no processo mediúnico, com as características de maior ou menor significado, pela condição de filtragem que a organização mediúnica oferece.
    Joanna de Ângelis (Espírito) demarca as quatro forças dentro da visão psicológica:
    A primeira força marca praticamente o início mais ordenado dos fenômenos psicológicos, com Watson, o criador do modelo behaviorista, a denominada psicologia do comportamento, em que o processo seria de exclusiva função neuronial. Este modelo teve uma ampliação, no início do século XX. Skiner lhe deu um pequeno passo para as funções do inconsciente.
    A segunda força, com Sigmund Freud, ainda envolvida nas funções neuroniais, já apresenta abertura para o envolvimento da alma, com a tão expressiva psicanálise. A nosso ver, devemos a ele o lançamento dos valores existenciais da alma na Universidade com o nome de inconsciente.
    A terceira força, denominada de psicologia humanista, teve em Rogers seu grande impulsionador com as questões existenciais. Este modelo foi avançando, ampliando condições que foram propiciando o despertar da quarta força psicológica, a psicologia transpessoal ou do porvir.
    Esta quarta força teve início com Jung, o pioneiro, que se foi desenvolvendo com psicólogos ilustres como Assagioli e sua psicossíntese; Maslow com a hierarquia das necessidades, e com S. Grof, ratificando os conteúdos do inconsciente como autênticos depósitos de experiências pregressas.
    Esse modelo psicológico está se desenvolvendo, cada vez mais, em busca de uma totalidade conhecida como movimento holístico, onde muitas vertentes são analisadas e computadas, a fim de fornecer elementos que propiciem melhores definições do psiquismo humano.

Fonte; Correio Espírita


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sábado, 16 de fevereiro de 2013

A CRIANÇA E O LUTO


Nadja do Couto Valle

Ainda há um quase estranhamento ocidental diante do desapego característico do pensamento oriental, porque nossa cultura é de posse, de apego, e enquanto os budistas, por exemplo, exercitam-se no desapego, como, aliás, também fazemos nós, os espíritas, o mundo ocidental não incorpora a morte como parte da vida, pensando-se nela mais como um castigo.
Conclui-se então que devemos educar também para a morte, para a perda, o que implica mudança de percepção, de hábitos, de escala de valores.

A Doutrina Espírita1 nos ensina que diariamente fazemos esse tipo de exercício, quando damos repouso ao corpo físico, numa espécie de “treinamento” para o momento de nossa desencarnação. Já a experiência de quem parte é tratada/exemplifi cada por Kardec em O céu e o inferno ou a justiça divina segundo o Espiritismo, enquanto que a de quem fica é abordada em O Evangelho segundo o Espiritismo, particularmente em se tratando da perda de pessoas amadas e de mortes prematuras2. Essa é uma grande dificuldade para a maioria das criaturas, mesmo em se tratando de adultos.

A Mentora Espiritual Joanna de Ângelis nos adverte para o fato de que sentimos falta do corpo, da voz etc. de quem desencarnou e, observamos nós, também do partilhamento ou mesmo da dependência de várias ações e providências próprias de quem partiu.
Ora, se essa experiência já é tão marcante para adultos, ela por certo é particularmente tocante para a sensibilidade infantil, tão ligada ainda aos referenciais de concretude, como, aliás, nos informa a psicogenética de Jean Piaget. Ele nos fala dos diversos estágios por que passa o desenvolvimento do  indivíduo, que apresenta estruturas variáveis como formas de organização da atividade mental, sob um duplo aspecto: motor ou intelectual, e afetivo, que, por sua vez, apresentam-se nas duas dimensões, individual e social (interindividual)3.
A experiência da perda de um ente querido, para a criança, repercute fundamente em seu psiquismo, pois, como o próprio Piaget pontua, desde o período pré-verbal, há “um paralelo constante entre a vida afetiva e a intelectual”4 e destacamos que a perda é muito particularmente sentida nos períodos dos dois aos sete anos (1ª. infância) e na infância dos sete aos doze anos.

Toda perda gera luto, que sempre provoca sensação de tristeza, desinteresse pelo mundo externo, perda da capacidade de amar e lidar com aspectos práticos da vida. As pesquisas classificam vários tipos de luto5, mas destacamos o luto da criança6, assunto delicado e desafiador, mesmo para educadores, do qual abordamos alguns aspectos principais, em uma linha de educação para a perda.

Por exemplo, variando as coisas e/ou o modo de fazê-las, preparando a criança para viver a udança; dando a ela a oportunidade de ver os pais, avô, avó, tios, primos, dando atenção a outras pessoas, com isso afastando-se física e psicologicamente dela, assim ensinando a adaptação ao afastamento; estimulando-a a ser independente e a exercitar a criatividade para encontrar soluções como novas maneiras de fazer as coisas.

Como a informação a respeito do fenômeno da morte, nos encontros de ação evangelizadora e no culto do Evangelho no lar, não elimina a dor da perda, há cuidados, providências e comportamentos dos adultos que se recomendam: não subestimar as perdas infantis (como a queda do sorvete ou o brinquedo quebrado); comunicar a perda real ocorrida na família, pois esse é um direito da criança, mas como dizer?

Em primeiro lugar, não usar eufemismos, como “o titio foi para o céu” etc., do contrário a criança vai fi car esperando que ele volte, mas pode acabar ficando com raiva, pois ele não se despediu dela, não telefona, não passa e-mail etc.; quanto ao comparecimento ao
 funeral, é aconselhável deixar a sensibilidade da criança escolher, e se ela se arrepender, não repreendê-la, mas cuidar para que ela se afaste do cenário sem qualquer comentário negativo; explicar a causa da morte – salvo em caso de situações chocantes, como suicídio, assassinato, carbonização etc. – para que ela não fique eventualmente com sentimento 
de culpa por ter dito, em algum momento, que “desejava” a morte do tio (no caso de nosso exemplo), pois às vezes as crianças – e até os adultos – dizem coisas desse tipo, sem intenção, obviamente. Nos dias subsequentes, adultos devem deixar transparecer, com equilíbrio, a sua dor diante das crianças, e cuidar para que a criança não fique com a impressão de que a família ficou sem controle: ela precisa sentir-se segura; por isso, não se deve tomar qualquer decisão que reforce o sentimento de perda da criança, como mudá-la de casa e/ou transferi-la da escola (sempre que possível, naturalmente), mas deve-se manter a rotina o mais inalterada possível; evitar a postura de que ela é “coitadinha”; e não censurá-la se apresenta agitação motora ou baixo rendimento escolar, distração, hiperatividade ou desorganização, falta de apetite e/ou de vontade de brincar etc. Se esses sintomas se prolongarem, recomenda-se consulta a especialistas.

Enfim, reafirmar sempre a esperança, e deixar claro para a criança que todos vamos desencarnar um dia, que toda desencarnação tem uma causa, que a vida real é diferente de filmes, novelas e desenhos animados, nos quais os protagonistas voltam fisicamente da morte. Mas assegurar que todos continuamos a viver em outro plano, e que o reencontro com nossos afetos está garantido pelo amor de Deus e de Jesus.

Referências
1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.Tradução de Guillon Ribeiro. 71.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1991. Q.400 a 455. Kardec trata da emancipação da alma em suas diversas manifestações e mecanismos.
2 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 102. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1990. Cap. V, item 21.
3,4 PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução de Maria Alice Magalhães d’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 12. impressão. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária Ltda., 1984. p. 13-27.
5,6 COUTO VALLE, Nadja do. Pelos caminhos da educação 1. Rio de Janeiro: Edilar, 2007. Cap. 10, “Lutos”, p. 139-156. Para “Como falar de morte a uma criança”, p. 145-150.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

BIOGRAFIA - JOANNA DE ÂNGELIS


Um espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome JOANNA DE ÂNGELIS, e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de JOANA DE CUSA, numa discípula de Francisco de Assis, na grandiosa SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ e na intimorata JOANA ANGÉLICA DE JESUS. Conheça agora cada um deste personagens que marcaram a história com o seu exemplo de humildade e heroísmo.

JOANA DE CUSA
Joana de Cusa, segundo informações de Humberto de Campos, no livro “Boa Nova”, era alguém que possuía verdadeira fé. Narra o autor que: “Entre a multidão que invariavelmente acompanhava JESUS nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjulgavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores”.

O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele Mestre que Joana seguia com acendrado amor. Vergada ao peso das injunções domésticas, angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou ouvir a palavra de conforto de JESUS que, ao invés de convidá-la a engrossar as fileiras dos que O seguiam pelas ruas e estradas da Galiléia, aconselhou-a a seguí-Lo a distância, servido-O dentro do próprio lar, tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo: seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho.

JESUS traçou-lhe um roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida. Mais tarde, tornou-se mãe.
Com o passar do tempo, as atribuições se foram avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo “o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão”. Trabalhou até a velhisse. Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por JESUS, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz.

Narra Humberto de Campos, no livro citado:
“Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações.
- Abjura!… – excalama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio.
A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas: – “Repudia a JESUS, minha mãe!… Não vês que nós perdemos?! Abjura!… por mim, que sou teu filho!…”
Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angustia que lhe retalham o coração.
Após recordar sua existência inteira, responde:
“- Cala-te, meu filho! JESUS era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a DEUS!”
Logo em seguida, as labaredas consomem o seu corpo envelhecido, libertando-a para a companhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a sublimar o amor.

UMA DISCÍPULA DE FRANCISCO DE ASSIS
Séculos depois, Francisco, o “Pobrezinho de Deus”, o “Sol de Assis”, reorganiza o “Exército de Amor do Rei Galileu”, ela também se candidata a viver com ele a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende, entoando a canção da fraternidade universal.

SOROR JUANA INÉS DE LA CRUZ
No século XVII ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilômetros da cidade do México, com o nome de JUANA DE ASBAJE Y RAMIREZ DE SANTILLANA, filha de pai basco e mãe indígena.

Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia ás perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.
Começou a fazer versos aos 5 anos. Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a idéia de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores.
Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando:

-”Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar.” Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.
Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição européia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher.

Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A platéia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a platéia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei.

Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.
A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, podendo dedicar-se às letras e à ciência. Tomou o nome de SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ.

Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era freqüentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências.
A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a “Monja da Biblioteca”.
Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.
Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs reliogiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.

SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS
Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual, retornou, agora na cidade de Salvador na Bahia, em 1761, como JOANA ANGÉLICA, filha de uma abastada família. Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária, quando, e, 1815, tornou-se Abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.

Nos planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida no Brasil, desde antes, quando reencarnara no México como Sóror Juana Inés de La Cruz. Daí, sua facilidade estrema para aprender português. É que, nas terras brasileiras, estavam reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família espiritual e aos quais desejava auxiliar.
Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista, dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início deste.

JOANNA NA ESPIRITUALIDADE
Quando, na metade do século passado, “as potências do Céu” se abalaram, e um movimento de renovação se alastrou pela América e pala Europa, fazendo soar aos “quatro cantos” a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus. E ela, no livro “Após a Tempestade”, em sua última mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de trabalho diz:
“Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, que ando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino.”

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” vamos encontrar duas mensagens assinadas por “Um Espírito amigo”. A primeira, no Cap. IX, item 7 com o título “A paciência”, escrita em Havre, 1.862. A segunda no Cap. XVIII itens 13 e 15 intitulada “Dar-se-á àquele que tem”, psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus. Se observarmos bem, veremos a mesma Joanna que nos escreve hoje, ditando no passado uma bela página, como o modelo das nossas atitudes, em qualquer situação. No mundo Espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da Crosta terrestre.

Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da Comunidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos cristãos, criar uma experiência educativa que demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade, realmente cristã, nos dias atuais. Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente vinculados aos seus orientadores encarnados, viriam na condições de órfãos, proporcionando oportunidade de burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se iriam liberando das injunções cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus.
Engenheiros capacitados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os pioneiros da futura Obra.
Quando estava tudo esboçado, Joanna procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse os seus planos e auxiliasse na concretização dos mesmos, no Plano Material.

O “Pobrezinho de Deus” concordou com a Mentora e se prontificou a colaborar com a Obra, desde que “nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos “filhos do Calvário”, nem se estabelecesse a presunção que é vérmina a destruir as melhores edificações do sentimento moral’.
Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde seria construída a “Mansão do Caminho”, nome dado à alusão à “Casa do Caminho” dos primeiros cristãos.

Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando, em lugares diversos, em épocas diferente, com instrução variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário, serem “chamados” para atender aos compromissos assumidos na espiritualidade. Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica, solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum.

A Instituição crescendo sempre comprometida a assistir os sofredores da Terra, os tombados nas provações, os que se encontram a um passo da loucura e do suicídio. Graças às atividades desenvolvidas, tanto no plano material como no plano espiritual, com a terapia de emergência a recém-desencarnados e atendimentos especiais, a “Mansão do Caminho” adquiriu uma vibração de espiritualidade que suplantas humanas vibrações dos que ali residem e colaboram.

Texto extraído do livro: “A Veneranda Joanna de Ângelis”
Autoria de Celeste Carneiro em Parceria com Divaldo Pereira Franco

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