Ana Vargas
anavargas.adv@uol.com.br
“O
magnetismo pessoal amplia nossos meios de ação, multiplica nossos
êxitos na vida. Por meio dele, entramos em contato com as
energias que nos rodeiam, com as simpatias que flutuam, indecisas
e incertas, em torno de nós. Nós dominamo-las, prendemo-las,
incorporamo-las. Elas engrandecem nossa individualidade;
e nossas forças pessoais, assim ampliadas e intensificadas,
atuam com maior eficácia no âmbito que lhes é assinalado.”
W.W. Atkinson, in A Força do Pensamento.
Parece-nos tão recente a
importância de estudar anatomia para trabalhar com passes e o fazemos, regra
geral, pensando em doenças, e isso, de fato é importante. Mas ela já era citada
pelos autores clássicos de magnetismo, e, entre aquelas muitas “coincidências
da vida”, outro dia deparei-me em um mercado de pulgas com um exemplar de “A
usina humana”, de Henri Durville, edição de 1936. Em que pese a ortografia de
então, a leitura é muito boa e as ideias enriquecedoras, por isso compartilharei
alguns trechos com os amigos interessados no tema. O enfoque é o da saúde, das
forças pessoais, seu uso e bem-estar.
É interessante o pensamento de Henri
Durville1 a respeito da necessidade de tomarmos consciência do que ocorre
inconscientemente em nosso organismo. Ele defende que o iniciado em magnetismo
deve buscar o mais amplo autodomínio, compreendendo o corpo, o consciente e o
inconsciente. Diz ele: “Alguns querem disciplinar o inconsciente, suprimindo,
quer o instinto sexual,
quer mesmo todos os desejos, para alcançarem
o nirvana búdico.
Outros, enfim, só se interessam pelos
fenômenos superiores do espírito: atenção, reflexão, juízo, raciocínio,
vontade. Nenhum deles considera o ser humano na sua totalidade, quando um
equilíbrio perfeito só pode ser obtido pelo desenvolvimento progressivo,
regular, de todas as partes que compõe este conjunto, porque cada uma destas
partes governa as outras e elas se acham sob dependência mutua. (...) O que eu
desejo é desenvolver harmoniosamente todas as partes de vosso ser. Ficai certo
que nenhum insucesso deve temer aquele que sabe e quer perseverar, seguro de atingir
o fim que se propôs”.
O desenvolvimento pessoal do
magnetizador é uma proposta de vida, não é um módulo ou um tema em cursos e
seminários. É tomada de consciência lenta e progressiva acompanhada de tantas mudanças
quantas sejam necessárias fazer. O trabalho de Henri Durville acrescenta
importante material nesse longo tema. Proposta abrangente, ele a inicia, como
não poderia deixar de ser, pelo princípio: o corpo humano. “Vosso corpo é como
uma usina onde
há operários que fabricam, sem cessar,
produtos novos, ideias, sentimentos, enquanto outros reparam e conservam o
mecanismo”.
“A primeira engrenagem é constituída pelo
aparelho digestivo, com suas diferentes partes: boca, esôfago, estômago,
intestino delgado e intestino grosso. O fim dessa parte da usina humana é transformar
os alimentos em quimo, depois em quilo, líquido espesso e branco que passa
pelos vasos quilíferos, depois por um vaso linfático (isto é, contendo a linfa,
líquido espesso e branco, composto semelhante ao sangue). Este vaso é o canal
torácico que,
partindo do abdome, vai deitar seu produto na
veia subclávia esquerda, isto é, na corrente circulatória.
A este aparelho digestivo está
anexo um grande escritório de fiscalização, uma
grande usina química, o fígado, que vigia os produtos da digestão, emulsiona as
gorduras dos alimentos, prepara as gorduras próprias, fornece aos sucos
alimentares tudo o que lhes falta e transforma tudo o que lhes seria
prejudicial. O fim do aparelho digestivo é, pois, a formação da linfa e do
sangue.
1
Henri Durville (1887-1963), filho de Hector Durville, professava em sua escola,
o que ele chamou de "os princípios da física dinâmica", onde mostrou
a diferença entre magnetismo animal e hipnotismo. Seus estudos foram
extremamente avançados, e de acordo com François R. Dumas, em seu livro
"História da vara mágica", os estudos de Henri Durville abriram novos
horizontes, especialmente em suas investigações sobre sonambulismo e a ação nos
nervos centrais.
Hector Durville (1848 - 1923). Magnetizador, investigador metapsíquico e escritor francês. Continuador da obra do barão du Potet e de Mesmer.
A linfa contém os leucócitos ou fagócitos (...).
Estes fagócitos são os agentes de polícia de nosso corpo. Em toda parte onde o
organismo está ameaçado de uma invasão de micróbios, os fagócitos, embora não
tenham pernas, com uma extrema rapidez, atiram-se sobre os assassinos do organismo,
e fazem-nos desaparecer, quer absorvendo-os, que sacrificando-se, morrendo para
formar uma trincheira em torno do mal que nos ameaça e criar um abcesso.
Por outra parte, o intestino rejeita as
matérias que não puderam ser assimiladas, e essas excreções têm uma importância
capital, elas devem ser regulares (...).
Uma vez formado o sangue, é necessário que vá
alimentar todo o organismo. Para enviá-lo até as extremidades do corpo e para
retirá-lo em seguida, estamos munidos de uma bomba, ao mesmo tempo aspirante e
premente: o coração. Os vasos que transportam o sangue fresco e nutritivo para
todos os órgãos são, em geral, as artérias; aqueles que o reconduzem, são as
veias. Compreendei que uma higiene do coração e dos vasos sanguíneos é
indispensável.
(...)
Assim como o fígado é o escritório de
fiscalização das funções digestivas, os rins servem para filtrar as impurezas
do sangue, para desembaraçá-lo dos venenos ou toxinas que ele contém. Por outra
parte, nós temos, na superfície da pele, as glândulas sudoríparas, ou
produtoras de suor, que desempenham uma função análoga a dos rins. Compreende-
se que deve ser evitado a estes todo excesso
de trabalho. Evitai-lhes o terem que vos desembaraçar de álcool, isto é, não
bebei álcool; é preciso, por outro lado, permitir-lhes que funcionembem,
dar-lhes líquidos em quantidade suficiente e de qualidade excelente.
O sangue que alimentou vossos órgãos, que reparou
vossa máquina, está carregado de todas as suas impurezas; sobre vossos glóbulos
fixou-se o ácido carbônico. É preciso que ele seja substituído pelo oxigênio do
ar. Vossa vida é uma combustão; deveis alimentar vossa flama.
Respirar bem é preparar-se, pois, para bem
viver. Deveis aumentar, na medida necessária, a capacidade de vossos pulmões;
deveis estar vigilante com relação ao cubo de ar que lhe forneceis, bem como
com a sua qualidade. Procure o sol, que mata os micróbios, e, em particular o bacilo
de Koch, que origina a tuberculose. (...) Deixe sempre que possível vossas
janelas abertas. Assim, o sangue azul escuro de vossas veias, carregado de
todos os vossos miasmas, se transformará em um belo sangue vermelho, capaz de
alimentar copiosamente vosso plasma nervoso.
Chegamos à função essencial de vossa máquina.
Vosso corpo é percorrido até a pele por uma multidão de filetes nervosos, a
princípio infinitamente pequenos, terminados na pele por corpúsculos de formas
diversas, encarregados de funções especiais. Estes filetes delgados se reúnem.
São fios telegráficos, dos quais uns
transmitem ao cérebro as informações fornecidas por vossos sentidos e vossa
pele, outros levam aos músculos as ordens do cérebro.
Todos esses filetes vão se confinar e convergir
à medula espinhal a qual se alonga até o cerebelo e o encéfalo.
Este sistema constitui vossa rede telefônica.
É ele que vos permite perceber as sensações, realizar os movimentos, pensar e
agir.
Há outro sistema também importante em seu
gênero e formado de maneira toda diferente: é o que permite a todos os vossos
órgãos – digestivos, circulatórios, respiratórios – funcionarem; é o grande
simpático. Ele forma uma
espécie de circuito fechado, ligados ao
grande sistema nervoso central somente por dois nervos. Assim, se explica o
fato de que vivemos mal informados sobre o que se passa em nossas vísceras.
Veremos porque assim é necessário. Ao longo desse circuito encontram-se em
grande quantidade os gânglios nervosos. São centros inferiores de onde partem
diretamente ordens regulares que governam os órgãos do tronco. Estes órgãos
formam, em vários lugares, uns ajuntamentos entrelaçados, de onde o seu nome de
plexos (de plecto: enlaço).
Os dois mais importantes são o plexo
cardíaco, na altura do coração, e o plexo
solar, ao nível do estômago. Os gânglios do
duplo cordão que limitam o grande
simpático se correspondem regularmente e
estão situados de cada lado da raque ou coluna vertebral.
Há, pois, em nós dois quadros ou, como se diz
hoje, dois centros telefônicos:
Um, o centro cerebral, liga todos os
pontos do nosso corpo aos nossos emisférios cerebrais, por uma dupla linha, uma
de ida, outra de volta. Nelas as comunicações são muito rápidas. Trata-se, com
efeito, de uma parte, de guiar nossos movimentos musculares para evitar todos
os perigos; de outra parte, de preparar, por combinações novas, uma adaptação
sempre mais perfeita do organismo no meio do qual nós evoluímos. As forças que
permitem esta adaptação têm sido chamadas: razão, ciências, artes, indústrias.
De outra parte, o segundo quadro ou
centro do grande simpático dirige todas as nossas funções vitais internas:
digestão, circulação, respiração. Ora, aqui, não há necessidade de interrupção
brusca; tudo deve ser regular, sem cessar idêntico a si mesmo. Não se deve
permitir a força nervosa que perturbe esta parte do sistema nervoso. Um bom
contramestre não é aquele que transforma as ordens de seu diretor, mas o que as
executa com pontualidade.
Ao primeiro centro (cérebro e órgãos
anexos) se liga tudo o que é consciente,tudo o que sabemos e vemos claramente,
quer a propósito de nós mesmos, quer a propósito do mundo exterior. Ao segundo
centro (grande simpático) corresponde tudo o que se relaciona com os nossos
aparelhos internos em nosso tórax ou abdome, tudo o que assegura a regularidade
de nossa vida fisiológica, tudo o que pouco sabemos
e mal conhecemos de nós mesmos, tudo o que deveríamos conhecer melhor para
assegurar a regularidade de nossa vida, de nossa saúde, de nossa
felicidade.”(grifos do original)
Para não tornar excessivamente longo esse
compartilhamento de informações,
seguirei o texto de Durville na próxima
edição, abordando seu estudo a respeito
do inconsciente.
Fonte; JORNAL VORTICE - ANO VII,
Nº 07 - dezembro - 2014
Feliz 2015 aos amigos que nos acompanham no
Vórtice!
Leitura
Recomendada;
MAGNETISMO
PESSOAL, estudos de Henri Durville (parte I) (NOVO)
ELE
É NOVIDADE, EMBORA NÃO SEJA. (MAGNETISMO) (NOVO)
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MAGNÉTICO
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O
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O
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O
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PIONEIROS MARQUÊS DE PUYSÉGUR E O SÁBIO DELEUZE.
RIVAIL
E O MAGNETISMO
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DE
QUE FORMA O MAGNETISMO PODE AUXILIAR EM CASOS DE OBSESSÃO?
MESMER
FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
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NO NOVO TESTAMENTO
A
FILOSOFIA DO MAGNETISMO 2
A
FILOSOFIA DO MAGNETISMO
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EXTREMA SENSIBILIDADE DAS CRIANÇAS À AÇÃO DO MAGNETISMO E DE
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PRONTO RESTABELECIMENTO
PERÍODO
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CLÁSSICO (Jornal do Magnetismo critica o Espiritismo)
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DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte I)
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PRECURSORES
DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte Final)
EMPREGO
OFICIAL DO MAGNETISMO ANIMAL - A DOENÇA DO REI DA SUÉCIA
PASSES
E MAGNETISMO
MAGNETISMO,UM
SABER A SER RESGATADO
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DE UMA FRATURA PELA MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
QUAIS
OS LIMITES QUE SE PODE ALCANÇAR ATRAVÉS DO MAGNETISMO?
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TATO MAGNÉTICO E A FICHA DE ATENDIMENTO
DA
DURAÇÃO DO TRATAMENTO MAGNÉTICO CAPÍTULO X
ENSAIO
TEÓRICO DAS CURAS INSTANTÂNEAS
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2013/03/ensaio-teorico-das-curas-instantaneas.html