Ana
Vargas
anavargas.adv@uol.com.br
Uma
das surpresas dos magnetizadores iniciantes é que, com frequência, deparam-se
com relatos inusitados dos atendidos. Ora alguém balança ou tem movimentos
pendulares involuntários, ora se assusta com a sensação de peso nas pernas ou
nos braços que “parece”
imobilizá-lo,
bocejos, sonolência, tontura e outros podem rir ou chorar. O que é isso? Como agir?
O que dizer?
E
principalmente: o que eu fiz errado? Por que isso está acontecendo?
São
pensamentos que atingem magnetizador e magnetizado e interferem no atendimento,
muitas vezes, anulando a ação benéfica quando se deixam dominar pela ansiedade,
o medo e a dúvida, perdendo a calma imprescindível ao trabalho. E isso porque
temos, muitas vezes, como crença que o passe não produz sensações físicas,
apenas emocionais de bem-estar e que um atendido não pode registrar sensações
como as acima enumeradas que, óbvio, a responsabilidade é do passista que não
sabe o que está fazendo, ou então a pessoa é obsidiada.
Pois
é, nem uma nem outra dessas colocações correspondem ao conhecimento do que seja
movimentar energia magnética através de passes. O magnetismo produz efeitos
físicos e morais, pura e simplesmente, decorrentes da sua aplicação. Não tem
outro significado além de reação natural.
O
Barão du Potet, no livro Manual do Estudante Magnetizador esclarece ao aprendiz
de magnetismo a respeito desses fenômenos.
Qualifica
como efeitos físicos todas as modificações causadas por um agente magnético sobre
os corpos. Entre estes os mais frequentes são: espasmos, atrações (quando o
magnetismo percorre o sistema nervoso do atendido, ele tem movimento
involuntário em direção ao magnetizador), e por esse efeito também haverá o
movimento pendular ou sensação de tontura, a catalepsia (enrijecimento total ou
parcial do corpo; a catalepsia magnética é um estado de contração muscular que
pode ocorrer espontaneamente durante o atendimento ou ser provocado pelo
magnetizador; ocorre quando há acumulo de fluido no cérebro e pela ação da
vontade), imobilidade, insensibilidade e, por fim, pode ocorrer exaltação da sensibilidade
sendo possível fenômeno de visão à distância, por exemplo.
Qual
a utilidade desses fenômenos? Não são terapêuticos nem servem à investigação
psíquica, então os magnetizadores clássicos os observaram e estudaram
empregando-os em seus saraus como demonstrações da ação magnética. Alguns
deles, como a catalepsia, a insensibilidade e a exaltação podem provocar
inconvenientes e perigos e somente recomendavam fossem realizados por
magnetizadores experientes.
Até
hoje esses fenômenos servem para impressionar. Os magnetizadores espíritas não
promovem mais saraus para popularizar esse conhecimento, no entanto em algumas
manifestações mediúnicas esses fenômenos ocorrem, sendo típicos daqueles
espíritos que desejam causar medo e demonstrar poder, que torcem e retorcem os
médiuns, parecendo desfigurá- los. Pura ação magnética espiritual sobre um
encarnado. Encontramos esses fenômenos nas “cirurgias espirituais”, em que
mesmo com emprego de cortes e objetos, não há dor, nem infecção, e a região
fica insensível. Basta conhecê-los para identificá-los e não mais temê-los em uma
série de situações. Conhecereis a verdade e ela vos libertará, ensinou Jesus. Pensamento válido para tudo na vida, e
mais ainda quando se estuda uma lei universal natural como o magnetismo. Saber
o que ele pode produzir e como dissipar esse efeito liberta do medo e da superstição.
Porém,
na prática dos atendimentos magnéticos, a intensidade desses efeitos é
relativamente pequena. Eles são comuns, mas inesperados pelas pessoas, daí a
importância de adverti-las no início do tratamento de que essas ocorrências são
normais e não devem causar preocupação, pois tendem a desaparecer naturalmente
na continuidade do atendimento ou poucos minutos após seu término.
Da
mesma forma, é imprescindível dar conhecimento teórico e prático (propiciando a
observação in loco) aos iniciantes desses fenômenos evitando que se assustem e
interrompam o atendimento, o que ocasionaria danos ao paciente.
Entre
os efeitos morais encontram-se o sonambulismo e o êxtase. A grande diferença
entre estes e os precedentes é que estes atuam sobre o espírito, enquanto
aqueles atuavam sobre o corpo. Há excelente material sobre sonambulismo nas
edições anteriores do Vórtice e podem ser acessadas pela internet, valendo
consultá-las, por isso não nos prolongaremos nesse tópico. Somente lembrando
que o magnetismo tem propriedade soporífera, por isso é comum as pessoas
declararem que dormem bem após o passe, e bebês são levados ao atendimento
quando não conseguem dormir e isso se regulariza prontamente. Assim, nada
anormal ou preocupante se o atendido adormecer durante o passe, efeito natural,
bastará despertá-lo com um sopro frio no frontal e voz serena.
“O êxtase de Santa Teresa”,
obra barroca produzida por
Bernini”
|
O êxtase, já é um fenômeno mais complexo. É a chamada morte sem morte, um arrebatamento da alma, é um estado em que a alma se emancipa parcialmente do corpo, recupera suas percepções espirituais. Ele pode causar histeria e tensão. O êxtase magnético se caracteriza pela privação total de comunicação entre o magnetizador e o magnetizado; a vontade do magnetizador sobre o sujeito tem ação limitada; o extático tem visão e conhecimento de lugares afastados durante a crise; em êxtase completo ele sofre diminuição do ritmo cardíaco e da temperatura corporal e ao acordar lembra por pouco tempo do que viu. Fato raro, ao menos eu nunca presenciei esse episódio seja provocado ou de forma espontânea.
“Da mesma forma, é imprescindível dar conhecimento teórico e
prático (propiciando a
observação inloco) aos iniciantes
desses fenômenos evitando que
se assustem e interrompam o atendimento, o que
ocasionaria danos ao paciente.”
JORNAL
VÓRTICE ANO V, N.º 12 - MAIO - 2013
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