sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO


Cesar Reis

Caridade é a palavra fundamental da Doutrina Espírita. Aparece mais de cinquenta vezes em O Livro dos Espíritos. Primeiramente a humanidade recebeu, através de
Moisés, os dez mandamentos. Certamente que os homens não os entenderam e, muito menos, cumpriram o que ali estava definido. Veio Jesus e sintetizou os ensinos em uma frase: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Certamente que os homens não entenderam a frase e, muito menos, cumpriram o que
ali estava definido.
Agora vem uma nova tentativa do mundo maior, a síntese da síntese, numa só alavra: caridade.
É a virtude que espiritualiza o ser humano. Enquanto a fé coloca o ser humano na estrada da evolução porque vincula suas vibrações com o mundo superior, a esperança faz com que o homem se levante após as naturais quedas no caminho evolutivo e retome sua trajetória. No entanto, o que luariza o ser humano, o que
lhe dá a luz inapagável, o que lhe oferece efetivas condições de ascensão espiritual, é a prática da caridade.
Paulo refere-se às três virtudes, que nossos irmãos da Igreja Católica definiram como teologais, e deixa claro que a caridade é a maior delas.
A questão 886 de O Livro dos Espíritos define com clareza a questão da caridade tal como Jesus a entendia:
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” Logo após, em Nota, Allan Kardec esclarece: “A caridade, segundo
Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores.”
Bom refletir sobre essas três expressões que caracterizam a prática da caridade: benevolência, indulgência e perdão.

Benevolencia e formada de bene mais volo, forma irregular do verbo latino velle, querer. Trata-se de uma volicao, de uma forca intima que nos faz querer bem ao
outro, independente de quem o outro seja. Qualquer outro, para quem pratica a caridade, e um legitimo outro e, portanto, merece o nosso bem querer.
Indulgencia e um processo de adocamento interior, vem do latim, indulgentia, signifi cando apreco, concordancia.
Mais uma vez trata-se de um processo de aceitar o outro. Para tanto, evitar o atrito,
a violencia, a agressividade. Quando estamos cheios de amargura, o que sai de nos e amargo. Quando estamos cheios de acidez, o que sai de nos acido e. Quando estamos cheios de docura, nosso sorriso e doce, nossos gestos sao doces, nosso olhar e doce, nossa voz e repassada de docura.
Nao ha caridade sem docura. Finalmente, a terceira expressão que caracteriza a pratica da caridade e o perdao. Tambem de origem latina – per mais a forma do verbo dono.
Per signifi ca completamente, de todo, alem, mais alem. O verbo dono significa dar, dar de presente, perdoar.
Perdoar e um pouco mais do que dar. E doar-se. A caridade e o amor em acao, e a pedra de toque que dara a conhecer ao mundo os verdadeiros discípulos do Cristo “nisto conhecerao todos que sois meus discipulos, se tiverdes amor uns aos outros”. Caridade brota da essencia do ser. E impulso divino. E, portanto, exercicio de divindade. Tal exercicio sera a nossa salvacao, no sentido de purificarmos o nosso coracao, lembrando as bem-aventurancas: “Os puros de coração verao a Deus”.
   
Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espiritos. Traducao de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. comemorativa do Sesquicentenario. Brasilia: FEB, 2006. Livro III, Cap. XI.
JORGE, Jose. Indice remissivo de O Livro dos Espiritos. 1.ed. Rio de Janeiro: CELD, 1990. v.1.
PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria do Evangelho. 1.ed. Rio de Janeiro: SABEDORIA, 1970. p. 177 e 178.

Fonte;
ICEB - Instituto de Cultura Espírita do Brasil / Rio de Janeiro
Ano III - no 31 - Outubro / 2011 
Foto tirada do Google;

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JESUS E OS ESSÊNIOS


Autor: Fabiano Pereira Nunes

Os Essênios(1) foram uma das Seitas Judaicas mais admiráveis, ao tempo de Jesus. Seus preceitos nobres mereceram registro de insignes historiadores, como Fílon de Alexandria, Plínio O Jovem e Flávio Josefo. O mais notório mosteiro Esseu existiu na cidade de Qumran, às margens do Mar Morto, constituindo-se em um dos mais importantes sítios de pesquisas arqueológicas até os dias atuais.

Devotados estudiosos das Escrituras Sagradas do Judaísmo, os Esseus vivenciavam elevados padrões morais: celibato, fraternidade, abstenção de sacrifícios animais nas cerimônias religiosas, rejeição à escravidão, assistência ao idoso e aos órfãos, abstinência de vinho e alimentos impuros, abominação à guerra, cuidados com os enfermos. Observavam rigorosa atenção aos rituais de purificação, adotando indumentárias específicas para cada atividade do dia, conquanto, era as práticas com a água - como as abluções e a expurgação do pecado através do batismo - o objeto de especial zelo(2) religioso.

As semelhanças entre a vida dos Essênios e a da primeira geração de cristãos levou muitos pesquisadores(1-2) a levantarem a hipótese de Jesus, e João Batista, terem convivido e aprendido com a Comunidade Essênia, ou mais ainda, terem sido membros Essênios, sobretudo em virtude da prática do batismo, amplamente adotada pelo Precursor e pelos discípulos e apóstolos do Cristo. Tal conjectura não só esteve viva até o século XX, como ainda jaz no imaginário de alguns cristãos.

Nada obstante, foi Allan Kardec – codinome de Hyppolite Léon Denizard Rivail, o  prodigioso pedagogo e cientista francês que serviu de intérprete ao Espírito de Verdade para o advento do Consolador - quem se colocou na vanguarda das mais modernas pesquisas bíblicas.

Em 1864, ocasião da publicação de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o eminente discípulo de Pestalozzi apresentou, no item III da introdução dessa obra, um relevante estudo sobre contexto histórico do tempo de Jesus, a fim de facilitar a compreensão das passagens obscuras dos evangelhos. Analisando a questão da participação de Jesus na Sociedade Essênia, o Codificador do Espiritismo elucidou:

[...] Seu (dos Essênios) gênero de vida os aproximava dos primeiros cristãos, e os princípios de moral que professavam fizeram com que algumas pessoas pensassem que Jesus fez parte dessa seita, antes de iniciar a sua missão pública. O que é certo é que ele deve tê-la conhecido, mas nada prova que se filiou a ela, e tudo o que se escreveu a esse respeito é hipotético(4). [...] [...] A Morte de Jesus, livro supostamente escrito por um irmão essênio, completamente apócrifo, cujo objetivo é servir a uma opinião e que traz em si mesmo a prova da sua origem moderna(5). [...]

Demonstrando notável presciência, para ratificar sua posição contrária a ideia de que Jesus fora um essênio, o apóstolo da Terceira Revelação assevera, no item IV da introdução de O Evangelho Segundo O Espiritismo:

[...] Supondo-se que Jesus conheceu a seita dos essênios, seria errado concluir-se que foi dela que ele tirou a sua doutrina, e que, se tivesse vivido em outro meio, teria professado outros princípios(6). [...]

Em profícua concordância com o espiritismo, as Ciências Arqueológicas especializadas em Arqueologia Bíblica desvelaram a relação entre Jesus e os essênios.

Em 1947, um beduíno pastor de cabras chamado Muhammed Ed-Dhib(3), ao procurar por um de seus animais que estava perdido nos montes desérticos situados nas proximidades das ruínas do mosteiro essênio de Qumran, em Israel, descobriu uma caverna escavada na rocha arredondada que continha alguns pergaminhos muito antigos. Posteriormente, nesses montes rochosos foram localizadas onze cavernas que guardavam o mais valioso tesouro dos essênios: seus escritos e seus estudos.  Mais de trezentos pergaminhos – conhecidos como Os Manuscritos do Mar Morto – elementos da biblioteca da coletividade essênia, foram escondidos nas cavernas próximas ao mosteiro, a fim de protegê-los da ocupação romana na Judeia.

Estando atualmente grande parte dos Manuscritos no Museu de Israel, em Jerusalém, os pergaminhos foram objeto de minuciosos e rigorosos estudos por mais de 60 anos. Passadas mais de seis décadas desde a descoberta desse precioso tesouro arqueológico, sabe-se que os essênios aguardavam o Messias, contudo, não apenas não foi encontrada nenhuma referência a Jesus de Nazaré, como também não foi possível correlacionar o discurso, a vida, os ensinos e as práticas de Jesus com a filosofia Essênia, mas ao contrário, há inúmeros pontos de discordância entre as alocuções de Jesus e os Manuscritos do Mar Morto(7).

Porquanto, à luz das ciências arqueológico-bíblicas e da Codificação Kardeciana, é possível concluir que Jesus não participou da Seita dos Essênios, e tampouco dela foi aprendiz.

Referências Bibliográficas. .
1. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p. 457-458.
2. DRANE, John. Jesus, sua vida, seu evangelho para o homem de hoje. Tradução de Macintyre. São Paulo: Edições Paulinas, 1982. p. 44-47.
3. WALKER, Peter. Pelos Caminhos de Jesus: Guia Ecumênico de Jornada à Terra Santa. Tradução Andréa Mariz. São Paulo: Edições Rosari, 2007. p. 46-47.
4. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 1. Ed., Rio de Janeiro, CELD Ed: 2008. Introdução, item III, p. 27.
5. Idem. Ibidem. Item III, Nota de Rodapé, p.27.
6. Idem. Ibidem. Item IV, p.28.
7. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p.988.

 Artigo publicado na Revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil – ICEB, ano III, número 32, novembro de 2011, p. 15.
Fonte; http://ojesushistorico.blogspot.com.br/2011/11/artigo-jesus-e-os-essenios.html


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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

QUAIS OS FATORES QUE INTERFEREM NO RESULTADO DE UM PASSE?



JACOB MELO

O meio espírita está repleto de expressões com as quais se pretende definir métodos, caminhos, soluções ou acomodações para a realidade das ações magnéticas, sinteticamente chamadas de passes. E isso não tem produzido os resultados que seria de se esperar dessa atividade de socorro, de cura.

Posso começar a análise por uma palavrinha “mágica”, a qual parece ser solução para tudo, inclusive para a não solução. É a expressão merecimento – ou a falta dele. Se alguém ficou bom foi porque tinha merecimento; se não ficou ou não melhorou foi porque lhe faltou esse elemento. Daí ser muito vulgar se dizer que quem tem fé e merecimento tudo recebe, pois “os Bons Espíritos fazem tudo”.
Nessa “os Bons Espíritos fazem tudo” se esconde pelo menos uma faceta perigosa; a da acomodação generalizada. Senão vejamos.
Alguém diz confiar nos Espíritos, pois, alega, eles sabem enquanto nós não temos noção de como fazer a movimentação dos fluidos.

Portanto de partida já assumimos a postura da própria ignorância aliada à de transferência de responsabilidade para os Espíritos; daí, se algo não deu certo ou os resultados obtidos não batem com o que seria de se esperar, o problema, obviamente, recairá sobre o assistido. Contudo, como culpá-lo? A resposta é imediata: aponta-se a abstração mágica: “falta de merecimento”. Afinal dizemos que trabalhamos “com amor”, que os Espíritos ali estavam trabalhando com sabedoria e que, por isso, o passe teria que dar certo. Assim, até por não podermos usar o argumento de que tenha sido falta de fé do paciente (isto seria indelicado), já que são intermináveis os relatos e as evidências de que pessoas sem qualquer fé se curam enquanto outras, prenhes desse sentido, não obtém resultados semelhantes, só pode ter sido essa tal dessa falta, a falta de merecimento. Em suma, o problema é do paciente e não do passista. Cômoda a posição, não é?

Também dizemos que basta orar de coração e esperar que tudo se resolverá. Será???
Não, leitor, não pense que eu duvido nem um pouco da força e do poder da oração, mas não posso crer que Deus e a Natureza esperem de nós apenas orações para que o mundo mude. A ação é e será sempre indispensável, do contrário os adoradores seriam, só por isso, santificados em si mesmos e jamais precisariam mover o que fosse para suas vidas se perenizarem. Ademais vale lembrar a sugestão de Jesus que não se limitou a nos mandar orar e sim a primeiro vigiar para, em seguida, orar (Mateus 26, 41).
Há ainda os que alegam a literalidade das palavras de Jesus como providência única, ou seja, pedi e obtereis, como pedir e obter fosse igual a se colocar uma ficha numa máquina e aguardar o tempo de seu mecanismo para do lado apropriado se coletar aquilo que se buscou.

O próprio Herculano Pires, tão respeitado e citado, escreveu a pérola “o passe é tão simples que não se deve fazer mais que dá-lo” (PIRES, J.
Herculano. Mediunidade prática. In: _____. Mediunidade - vida e comunicação. cap. 14, p. 127). Será??? Se assim for, para que estudar, para que se preparar, para que Allan Kardec dizer que o Magnetismo é uma ciência irmã do Espiritismo?
Mas o que se pede na questão inicial deste Vórtice é sobre que fatores interferem nos resultados do passe. Vamos lá.

Na verdade são inúmeros os fatores e eles ainda repercutem uns sobre os outros. Todavia procurarei relacionar os mais relevantes, dividindo em 2 grandes grupos: para os passistas (magnetizadores) e para os pacientes (assistidos).
Para um passista ser mais e mais eficiente em seu labor magnético é preciso que ele tenha uma boa saúde fisiológica, uma potente capacidade de usinagem (transformação de elementos orgânicos em elementos fluídicos, energéticos, de exteriorização ou de centripetação), harmonia em sua vida mental e emocional, vontade ardente de servir e curar e pureza de sentimentos. Pela oração sincera ele evocará bons Espíritos, que se interessam por ele e por seus doentes, e pela fé ele porá todos os potenciais em direção aos nobres objetivos que busca alcançar. Além disso, o conhecimento de boa base anatômica e fisiológica do corpo humano contribuirá enormemente para o sucesso de seus direcionamentos fluídicos.

Como dá para perceber, não  é tão simples e tão sem necessidade de estudos e experimentos o se alcançar um bom nível de realização magnética.
Para o paciente o ideal é que ele tenha consciência do que busca. Alguém pode inferir que eu esteja falando de ter ciência do que deseja; mas é diferente. Quem tem ciência apenas quer que algo ou alguém o cure; quem tem consciência busca se curar. Para tanto desenvolve uma fé bastante equilibrada e firme, faz os esforços necessários, segue recomendações e não distorce o bem recebido nem esconde o que ainda espera alcançar.
O paciente precisa saber que o sucesso do tratamento trará benefícios imediatos para ele e não necessariamente para quem o beneficia, daí ser necessário se perceber isso com clareza.

Deve ainda cuidar da alimentação, prestar as informações que forem pedidas (quando houver esse tipo de controle) e manter padrão de oração e vigilância igualmente harmônicos.
Tudo isso pode  parecer muito óbvio e simples. De certa forma o é. Mas a prática disso tudo pede muito esforço e dedicação de todos os envolvidos, sob pena do famoso refrão que envolve a palavrinha “merecimento” continuar sendo a tônica forte de todo o processo.

Jornal Vórtice ANO III, n.º 02, julho/2010

PASSES EM CRIANÇAS                      ( NOVO )
PASSES ESPECIAIS
APLICADOR DE PASSE – SERVIDOR DE JESUS
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DIÁLOGO ENTRE UM PASSISTA E UM MAGNETIZADOR
O QUE PENSA O ESPIRITISMO
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SURGIMENTO DO PASSE
IMPOSIÇÃO DE MÃOS E PASSE
RESGATANDO O PASSADO
RESGATANDO O PASSADO
PASSE, TRABALHO DE EQUIPE
PASSES E MAGNETISMO
O PODER DO PASSE
OS PASSES ENERGÉTICOS E O ESPIRITISMO
O PASSE

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

PASSE, TRABALHO DE EQUIPE


Roberto Teixeira / RS

Falar sobre o passe magnético e sua trajetória desde a antiguidade até os dias atuais, por mais que seja enriquecedor não é o objetivo deste artigo e a isso não nos ateremos, senão superficialmente.
As doenças, segundo os historiadores, existem desde a pré-história, assim como a busca para controlá-las.

De Franz Anton Mesmer, do Barão du Potet, ao nosso Jacob Melo, reconhecidamente obteve-se muito progresso no tratamento de enfermidades pelo passe. Estes consagrados nomes do Magnetismo Terapêutico, assim como seus seguidores, demonstram consenso em afirmar a necessidade absoluta do estudo e da pesquisa permanentes sobre o assunto aqui tratado.

Considerado o maior magnetizador de todos os tempos, Du Potet afirmava que além do progresso alcançado por um século de estudos e pesquisas, seria ainda o Magnetismo chamado a se desenvolver e adquirir novos conhecimentos.
Engajando-se ao grupo de estudos do Barão du Potet, Hipolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec), ez referência à preparação do Espiritismo pelo Magnetismo. Obras como:  A Revista Espírita e  A Gênese (Curas através da ação fluídica) fazem alusão à prática do 

Magnetismo no combate às enfermidades do corpo e do EspíritoAtualmente, grande número de Casas Espíritas presta "atendimentos" de passes. Câncer, hepatite C, psoríase, autismo, depressão, síndrome do pânico, obsessão, são alguns dos problemas que nos chegam todas as semanas. A responsabilidade que assumimos é indiscutivelmente grande, maior ainda deverão ser nossos esforços em estarmos preparados para tratá-los adequadamente.
É evidente que o passe magnético, assim como o próprio Espiritismo, são sinônimos de estudo.

Aqueles que acreditam que todo trabalho deve ficar por conta dos bons Espíritos, perdem tempo precioso, e mesmo que inconscientemente, se eximem de parte fundamental no compromisso assumido.
As fontes estão à disposição de todos. Conservadorismo inoportuno e inconsequente só traz prejuízo e a prova disso são as migrações de pacientes que nos chegam de alguns lugares, com os centros de força congestionados pelas imposições de mãos constantes e indiscriminadas a que são submetidos. Assim como toda a Criação Divina, o passe magnético também está sujeito, como não poderia deixar de ser, à lei do progresso, e as questões que para alguns ainda estão obscuras, serão entendidas definitivamente, quando com imparcialidade analisarem os fatos, pois como ensina a Espiritualidade: aquilo que é fato, não deixa margem para dúvidas.

O passe na Casa Espírita, inquestionavelmente deve ser um trabalho de equipe.
A entrevista a que é submetido o paciente é primordial e necessita ser bem feita; um entrevistador experiente e bem treinado deixa o entrevistado seguro e a vontade o suficiente para que nãoomita fatos que possam ser essenciais ao tratamento.
Os pacientes precisam estar convictos do que realmente querem, e serem devidamente esclarecidos sobre os efeitos e etapas do tratamento que devem ser cumpridas, para não se perder tempo precioso, e principalmente, para que se obtenham resultados mais satisfatórios.
O expositor (encarregado da leitura e comentário de um texto nos instantes que precedem o passe), consciente da importância daqueles minutos de reflexão para a harmonização de todos, procura sempre leituras convenientes para o momento, que prendam a atenção dos presentes e que facilitem o estabelecimento da relação magnética.

Os passistas, não se acomodando, achando que somente o amor, a confiança e a vontade de ajudar serão suficientes, não transferirão aquilo que é de sua responsabilidade, para os Espíritos magnetizadores, que já fazem a sua parte, que é nos amparar, assistir, intuir e potencializar as energias magnéticas na hora do passe.
Muitos são os motivos que levam as pessoas às Casas Espíritas, e aqueles que estudam e praticam o Espiritismo sabem que a sede das doenças se encontra no Espírito; aquele que não conhece a imortalidade da alma e as leis que regem a vida espiritual, não conhece a si mesmo, nem a magnitude da criação de Deus. Os espíritas, que reconhecem verdadeiramente os benefícios que o conhecimento e a prática da Doutrina proporcionam, mais do que um dever, devem ter como ato de caridade, o despertar do interesse desses nossos irmãos para o Espiritismo.

Laboratórios de estudo e pesquisa, onde abordagens sobre doenças, estabelecimentos de método e técnicas magnéticas para tratá-las, anatomia, perispírito, centros de força, plexos, acompanhamento dos atendimentos dos pacientes através da análise das fichas e tudo mais que se entender necessário e oportuno poderá ser criado pelos grupos interessados.
Desafios é o que não falta, mas com grupos coesos, conscientes, determinados e trabalhando em equipe, os resultados positivos aparecerão.

Mesmer, Du Potet, Kardec e tantos outros, deram tudo de si, por algo em que realmente acreditavam, suportaram descasos e até mesmo a exposição ao ridículo, sem esmorecer. Deixaram como legado a possibilidade de seguirmos adiante nesse trabalho maravilhoso de levar alívio às dores da humanidade, agora só depende de nós. Não esperemos, assim como eles, encontrar facilidades, mas, sim, muito trabalho.

Jornal Vortice ANO III, n.º 02, julho/2010


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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DA EXTREMA SENSIBILIDADE DAS CRIANÇAS À AÇÃO DO MAGNETISMO E DE SEU PRONTO RESTABELECIMENTO


TRADUÇÃO DE LIZARBE GOMES

Todas as experiências feitas desde Mesmer, sobre as crianças provam que, por sua natureza não estar ainda contrariada pelos abusos da vida, a ação magnética é bem mais rápida e bem mais  salutar sobre elas que sobre os homens.
A filha primogênita da princesa M***, criança de dez a doze anos, disse Puységur (1811) estava em  convulsões violentas há várias horas; sua interessada mãe e a Sra. Ch... sua tia, chorando perto de seu leito, perdiam a esperança de conservá-la. Os pós e os remédios utilizados em casos semelhantes haviam sido infrutuosamente administrados; o mal resistia a energia de todos os medicamentos; ao menos foi o que me disseram as senhoras ao me solicitar que as seguissem a fim de  verificar se o magnetismo, do qual haviam ouvido louvar a eficácia, poderia produzir algum efeito feliz sobre sua pequena doente; atendi às suas súplicas.
Quando entrei na casa da Sra. M***, eu vi o quadro de todas as dores: a pequena Honorine, os olhos verdes e fixos, estava enrijecida e sem  movimento e seus pais,silenciosos em seu redor, pareciam apenas esperar pelo momento de receber seu último suspiro.
Sem lhes dirigir a palavra, sem mesmo lhes pedir um novo consentimento, eu tomei a pequena Honorine em meus braços com o travesseiro no qual ela descansava; eu me sentei e a coloquei assim sobre meus joelhos. Então, sem me ocupar com nada do que se passava ao meu redor, eu me concentrei  inteiramente tocando esta criança com o único propósito de produzir sobre ela o efeito que lhe seria mais salutar. Ao fim de alguns minutos, acreditei perceber o retorno da respiração. Eu coloquei uma mão sobre seu coração e senti fracos batimentos. Eu dizia a cada segundo, para mim mesmo, as observações consoladoras que eu fazia. Meu profundo recolhimento impôs um silêncio o qual, na dolorosa expectativa em que estávamos, ninguém tentou romper. De repente, ouviu-se o ruído tranquilizador de uma abundante evacuação.
Exprimi a alegria que senti e, sem descobrir ainda nem olhar a pequena, eu apenas continuei com mais energia o exercício de minha ação magnética; logo um repouso geral dos músculos e a cessação do estado convulsivo da criança foram os felizes resultados.
Em menos de meia-hora, enfim, eu tive a doce satisfação de devolver a criança aos braços de sua mãe, inteiramente salva do perigo que a ameaçava.
Na Rússia, na Prússia, na Baviera, os efeitos do magnetismo sobre as crianças têm sido pertinentes e admiráveis.
Vê-se frequentemente curas miraculosas entre as crianças, dizem o Sr. Brosse, médico russo e Muck, médico bávaro (1818). Eles não opõem nem dúvidas nem preconceitos à influência magnética.
As crianças são mais dependentes da vontade dos outros, mais suscetíveis, mãos irritáveis e a natureza mais ativa entre elas em todas as funções é mais disposta a se regularizar para restabelecer a saúde.
Uma criança de dez anos, indiferente a tudo e absolutamente idiota, foi trazida a casa do Sr. Wolfart, em Berlim. Ao fim de alguns dias, ele expressou o desejo de retornar ao tratamento quando a hora fixada se aproximava. Eu o vi, disse um desses senhores, quando entrava na casa do Sr. Wolfart, abrir passagem na multidão de doentes para se aproximar dele. Depois de um tratamento de alguns meses, as funções dos sentidos e as do espírito se desenvolveram  maravilhosamente.
Uma criança de quatro anos tinha sido curada de uma coxalgia pela aplicação de um cautério; mas como se havia várias vezes excitado o cautério com o pó epispástico, a criança sofria muito. As dores cessavam assim que eu a magnetizava.
À noite, a mãe tentou magnetizá-la para adormecê-la e consegui tão bem quanto eu. A criança lhe dizia: continue, mamãe, isto me faz bem.
Eu vi, acrescentou este médico, crianças fracas, pálidas, magras, tendo o ventre duro e inchado, em estado de atrofia enfim, e entre as quais o quadro era bem avançado, se restabelecer em pouco tempo pelo magnetismo; a digestão e a nutrição se operavam, os corpos engordavam, os músculos se fortificavam e o crescimento parado se desenvolvia perfeitamente.
Eu sempre notei que o magnetismo agia com mais prontidão, mais força e mais sucesso sobre as crianças.
Eu lembro de uma cura da qual fui testemunha e que me surpreendeu por sua rapidez; é a de uma menina de dois ou três anos. Esta criança parecia bem nutrida, havia engordado, mas não podia se apoiar sobre suas pernas. Quando ela ficava em pé, os joelhos dobravam, ela caía e começava a chorar. Os membros eram, contudo, bem feitos, somente os músculos pareciam frouxos e moles.
Na segunda vez que esta criança foi magnetizada, ela se pôs em pé e na terceira vez, caminhou muito bem.
Entre as doenças as quais já vi curar entre as crianças pelo magnetismo, eu posso citar as paralisias dos membros, as erisipelas, as doenças de pele, os catarros pulmonares obstinados e que faziam temer pela tísica  mucosa, os inchamentos das glândulas, diarréias, vômitos convulsivos, doenças dos olhos.
Os efeitos do magnetismo não são menos surpreendentes nas deformidades do tórax e de outros produzidos pelo raquitismo. Eu vi uma criança em que um desvio bastante considerável da espinha dorsal diminuiu de duas a três polegadas durante um tratamento de cerca de três meses.
Nas dores de cabeça, nas enxaquecas, nas hidrocefalias, na surdez, eu observei crises notáveis pelas secreções e escorrimentos nas orelhas, nos olhos, no nariz e mesmo pela salivação.
Na França, o magnetismo operou com o mesmo sucesso e com a mesma rapidez sobre as crianças.
Uma menina de dezoito meses, diz Deleuze (1825) tinha um terçol que lhe fazia mal. Seu pai a
colocou sobre seus joelhos; ela a magnetizou colocando-lhe a mão sobre os olhos; a criança logo adormeceu. Uma hora depois ela se acordou e o terçol havia desaparecido.
A Sra. *** em Châlons-sur-Marne tinha um filho de seis anos cujos intestinos eram tão relaxados que ele se sujava todas as noites. Tinha-se empregado todos os meios imagináveis para remediar esta enfermidade; enfim, sua mãe tomou a tarefa de magnetizá-lo.
Na primeira vez o magnetismo produziu uma evacuação extraordinária; na segunda vez houve ainda um movimento, mas na terceira vez a criança foi curada.
Conheci uma jovem de doze anos cujas vértebras lombares formavam uma saliência considerável; um respeitável eclesiástico, com quem ela havia feito sua primeira comunhão, aconselhou sua mãe a magnetizá-la e se encarregou de dirigir o tratamento. Em quinze dias as vértebras retornaram a posição que elas deviam ter.
Conforme diz Bruno, como não admirar esta providência adorável que coloca o remédio ao lado do mal, põe entre as mãos de cada um dos membros de uma família os meios de curara ou de aliviar os males inevitáveis aos quais a humanidade está exposta.
Ó mães!! Escutem a natureza, cedam a este instinto que as levam a abraçar sua criança, a apertá-la docemente contra seu seio; levem sobre ela sua mão benfeitora; aplique-a por longo tempo em prece pelo doente sobre as principais vísceras do baixo ventre, sobre o estômago.
Procurem apenas nas preces o socorro que possa ajudá-las em sua ação. Rejeitem com horror estes venenos que, se não matam sua criança alterarão sensivelmente as partes ainda sensíveis de sua organização.

AUBIN GAUTHIER
Jornal Vortice  ANO III, n.º 01,  junho/2010.

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