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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A CARIDADE SEGUNDO O APÓSTOLO PAULO


"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".
"E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria."
" E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria". "A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; não trata com leviandade; não se ensoberbece".
"Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade".
"Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".
"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior destas é a caridade" ( Paulo, I Coríntios, cap. XIII, vers. 1 ao 13).

"Todos os deveres do homem se encontram resumidos na máxima: Fora da caridade não há salvação" (Allan Kardec, Evang. S. Esp., cap.XV, item 5).
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações". (Allan Kardec, E.S.E., XVII, 4).


Acima, colocamos um exemplo de como a palestra pode ser apresentada em uma lousa. A seguir, os comentários que podem ser feitos a cada item em destaque.

A Caridade Segundo o Apóstolo Paulo

O que é a caridade? Comece a palestra questionando isso. Seria darmos esmolas, levarmos comida aos necessitados, comprarmos uma rifa beneficente? Fazer isso nos daria a consciência tranquila do dever cumprido como cristãos? Este tipo de comentário fará o ouvinte refletir sobre seu posicionamento frente à vida. Ele estará mais apto a absorver os ensinos que lhe serão ministrados.
Paulo, nesta passagem, mostra aos cristãos de Corinto que a caridade é algo muito mais profundo e importante do que apenas darmos o que nos sobra aos carentes. Embora isto também seja um ato caritativo, não resume a grandiosidade desta virtude.
Procure, após a introdução, ler por completa a mensagem do apóstolo. Depois, comente seus trechos, de forma a relacionar cada frase com o que faria parte da verdadeira caridade.

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".

Este trecho é um alerta a todos os que são oradores, sejam espíritas, católicos, evangélicos, umbandistas, ou qualquer pregador que fale dos ensinos divinos. De nada adianta ser belo na palavra e pobre de ações. O exemplo de mudança íntima, de luta constante contra as imperfeições, deve fazer parte da vida dos que se dedicam a divulgar a mensagem cristã. Conheceremos se a árvore é boa pelos frutos, alertou Jesus. Caso contrário, a palavra será como o sino que tine, ou seja, fará muito barulho e chamará a atenção, mas não modificará os corações e inteligências a que é direcionada.

"E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria."

Ter conhecimento espiritual não faz do ser um indivíduo caridoso. É Jesus mesmo que se diz agradecido a Deus, por haver escondido os mistérios divinos dos sábios e os revelado aos simples (Mateus, cap. XI), referindo-se ao sentimento e à fé nos ensinamentos espirituais. A mediunidade e o entendimento das Leis do universo dão sim ao ser maior responsabilidade frente à vida, e de posse disso devem seus detentores modificar suas condutas e buscar a humildade.
A fé também não é sinônimo de caridade, pois sem obras é morta, segundo o apóstolo Tiago, em sua Epístola, cap. II, vers. 17. Com a afirmativa de que por mais fé que tivermos em Deus e em nossas próprias forças nada seremos se não tivermos a caridade, Paulo chama a atenção dos religiosos em geral. Muitos de nós acreditamos que a crença inabalável é porta aberta para ajuda do Alto. Porém, se não nos ajudarmos, praticando aquilo em que cremos através do bom exemplo, qual a vantagem de possuir fé?

" E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria".

Dar esmolas e acabar com a necessidade material do próximo é muito importante. Mas preciso é alertar às pessoas que tudo depende da intenção. Se fizermos a doação material com o objetivo de aparecermos aos outros, ou então para aliviarmos nossa consciência, estaremos nos enganando. Além disso, corremos o risco de ajudar ao necessitado, mas humilhá-lo ao mesmo tempo, com um ar de superioridade que o ferirá. A doação desinteressada deve brotar da compreensão da Lei de Deus, tornando-nos irmãos de quem ajudamos e tendo como único fim o amparo e alívio do sofredor.
Ainda neste trecho, Paulo instrui de que nada adianta nos auto-flagelarmos, com o intuito de mostrarmos para quem nos vê que somos crentes em Deus. Mais importante que castigar o corpo, com privações e sofrimentos, é sufocar as más tendências, verdadeiras mães de nossas desgraças.

"A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; não trata com leviandade; não se ensoberbece".

O apóstolo mostra que a verdadeira caridade traz a resignação, que é o entendimento das dificuldades da vida como obstáculos a serem vencidos, objetivando o progresso espiritual. Alia a bondade para com todos, independente do momento, pois a vingança e o ódio corroem o sentimento e turbam os sentidos racionais, enquanto o perdão enobrece o ser. Diz ainda que a prudência deve fazer parte de quem busca a caridade, pois ser leviano traz conseqüências inesperadas, e o orgulho do homem pode contribuir para o afastamento de Deus.

"Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade".

Em um mundo onde o que mais vale é a satisfação pessoal, mesmo em detrimento da paz alheia, a caridade busca decência e fraternidade. O público precisa ser levado a refletir sobre de que adianta levarmos vantagem em tudo se alguém estiver sofrendo com isso? Com certeza, esta dor do próximo será revertida em desespero, rancor, violência, que mais cedo ou mais tarde, acabará voltando-se contra nós mesmos, nossos filhos ou amigos.
Irritar-se é a melhor forma de perdermos a razão, por isso a paciência e a sensatez fazem parte da caridade, levando o homem a pensar antes de agir. Assim, devemos lembrar ao assistente que a justiça irá se fazer mais presente em nossa sociedade, libertando os seres das mentiras e intrigas que envolvem interesses pessoais. É a verdade prevalecendo, e só ela pode nos libertar da ignorância, disse Jesus.

"Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".

Tudo tem sua hora. Saber esperar é próprio da caridade. Quando o ser amplia sua visão além da vida material, vê no horizonte a luz necessária para manter-se animado e vivo. Busca na sabedoria cristã o esclarecimento para suas dúvidas, deixando de lado o desespero. É o caminho do equilíbrio proporcionado pela caridade.

"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior destas é a caridade" ( Paulo, I Coríntios, cap. XIII, vers. 1 ao 13).

Mudança íntima, humildade, obras, exemplo, doação desinteressada, resignação, bondade, perdão, prudência, decência, razão, tranqüilidade, sabedoria, justiça, amor ao próximo como a si mesmo. Agora é o momento de mostrar ao assistente o que verdadeiramente Paulo diz sobre o que é a caridade: um conjunto de atributos morais e intelectuais, que fará do Espírito ser dono de seu próprio destino.
A fé e a esperança, indispensáveis para uma existência sensata e confiante, são assessoras da caridade, que será o sentimento principal a ser buscado pelo homem de bem, libertando de seu egoísmo e encaminhando-o para o Reino de Deus.

"Todos os deveres do homem se encontram resumidos na máxima: Fora da caridade não há salvação (Allan Kardec, Evang. S. Esp., cap.XV, item 5).

Após a passagem de Paulo, o palestrante leva o ouvinte à citação de Kardec. Diferente de outras religiões que colocam como essencial para a salvação (entenda-se liberdade com conhecimento) a freqüência exclusiva em suas fileiras, a Doutrina Espírita mostra que o que interessa é a prática da caridade, seja ela feita em que religião for. Jesus nunca disse que esta ou aquela doutrina deveria ser seguida. Mas sim, resumiu a Lei e os profetas em: Amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a si mesmo. Este é o lema do Espiritismo:

"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações". (Allan Kardec, E.S.E., XVII, 4).

Para encerrar, mostre ao público que nem Paulo, nem Jesus e muito menos a Doutrina Espírita quer que sejamos santos. Os Espíritos superiores sabem de nossas limitações e os ensinamentos cristãos são exatamente para ajudar-nos a superá-los. O que se espera do verdadeiro espírita, ou cristão, que têm o mesmo sentido, é o esforço constante em analisar-se moralmente. E sempre que se perceber fora dos atributos que constituem a caridade, que erga a cabeça, recomece novamente o caminho, sem desesperos ou pressa, mas a passos firmes e corajosos.

Copyright by Grupo Espírita Apóstolo Paulo


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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO


Cesar Reis

Caridade é a palavra fundamental da Doutrina Espírita. Aparece mais de cinquenta vezes em O Livro dos Espíritos. Primeiramente a humanidade recebeu, através de
Moisés, os dez mandamentos. Certamente que os homens não os entenderam e, muito menos, cumpriram o que ali estava definido. Veio Jesus e sintetizou os ensinos em uma frase: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Certamente que os homens não entenderam a frase e, muito menos, cumpriram o que
ali estava definido.
Agora vem uma nova tentativa do mundo maior, a síntese da síntese, numa só alavra: caridade.
É a virtude que espiritualiza o ser humano. Enquanto a fé coloca o ser humano na estrada da evolução porque vincula suas vibrações com o mundo superior, a esperança faz com que o homem se levante após as naturais quedas no caminho evolutivo e retome sua trajetória. No entanto, o que luariza o ser humano, o que
lhe dá a luz inapagável, o que lhe oferece efetivas condições de ascensão espiritual, é a prática da caridade.
Paulo refere-se às três virtudes, que nossos irmãos da Igreja Católica definiram como teologais, e deixa claro que a caridade é a maior delas.
A questão 886 de O Livro dos Espíritos define com clareza a questão da caridade tal como Jesus a entendia:
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” Logo após, em Nota, Allan Kardec esclarece: “A caridade, segundo
Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores.”
Bom refletir sobre essas três expressões que caracterizam a prática da caridade: benevolência, indulgência e perdão.

Benevolencia e formada de bene mais volo, forma irregular do verbo latino velle, querer. Trata-se de uma volicao, de uma forca intima que nos faz querer bem ao
outro, independente de quem o outro seja. Qualquer outro, para quem pratica a caridade, e um legitimo outro e, portanto, merece o nosso bem querer.
Indulgencia e um processo de adocamento interior, vem do latim, indulgentia, signifi cando apreco, concordancia.
Mais uma vez trata-se de um processo de aceitar o outro. Para tanto, evitar o atrito,
a violencia, a agressividade. Quando estamos cheios de amargura, o que sai de nos e amargo. Quando estamos cheios de acidez, o que sai de nos acido e. Quando estamos cheios de docura, nosso sorriso e doce, nossos gestos sao doces, nosso olhar e doce, nossa voz e repassada de docura.
Nao ha caridade sem docura. Finalmente, a terceira expressão que caracteriza a pratica da caridade e o perdao. Tambem de origem latina – per mais a forma do verbo dono.
Per signifi ca completamente, de todo, alem, mais alem. O verbo dono significa dar, dar de presente, perdoar.
Perdoar e um pouco mais do que dar. E doar-se. A caridade e o amor em acao, e a pedra de toque que dara a conhecer ao mundo os verdadeiros discípulos do Cristo “nisto conhecerao todos que sois meus discipulos, se tiverdes amor uns aos outros”. Caridade brota da essencia do ser. E impulso divino. E, portanto, exercicio de divindade. Tal exercicio sera a nossa salvacao, no sentido de purificarmos o nosso coracao, lembrando as bem-aventurancas: “Os puros de coração verao a Deus”.
   
Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espiritos. Traducao de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. comemorativa do Sesquicentenario. Brasilia: FEB, 2006. Livro III, Cap. XI.
JORGE, Jose. Indice remissivo de O Livro dos Espiritos. 1.ed. Rio de Janeiro: CELD, 1990. v.1.
PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria do Evangelho. 1.ed. Rio de Janeiro: SABEDORIA, 1970. p. 177 e 178.

Fonte;
ICEB - Instituto de Cultura Espírita do Brasil / Rio de Janeiro
Ano III - no 31 - Outubro / 2011 
Foto tirada do Google;

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JESUS E OS ESSÊNIOS


Autor: Fabiano Pereira Nunes

Os Essênios(1) foram uma das Seitas Judaicas mais admiráveis, ao tempo de Jesus. Seus preceitos nobres mereceram registro de insignes historiadores, como Fílon de Alexandria, Plínio O Jovem e Flávio Josefo. O mais notório mosteiro Esseu existiu na cidade de Qumran, às margens do Mar Morto, constituindo-se em um dos mais importantes sítios de pesquisas arqueológicas até os dias atuais.

Devotados estudiosos das Escrituras Sagradas do Judaísmo, os Esseus vivenciavam elevados padrões morais: celibato, fraternidade, abstenção de sacrifícios animais nas cerimônias religiosas, rejeição à escravidão, assistência ao idoso e aos órfãos, abstinência de vinho e alimentos impuros, abominação à guerra, cuidados com os enfermos. Observavam rigorosa atenção aos rituais de purificação, adotando indumentárias específicas para cada atividade do dia, conquanto, era as práticas com a água - como as abluções e a expurgação do pecado através do batismo - o objeto de especial zelo(2) religioso.

As semelhanças entre a vida dos Essênios e a da primeira geração de cristãos levou muitos pesquisadores(1-2) a levantarem a hipótese de Jesus, e João Batista, terem convivido e aprendido com a Comunidade Essênia, ou mais ainda, terem sido membros Essênios, sobretudo em virtude da prática do batismo, amplamente adotada pelo Precursor e pelos discípulos e apóstolos do Cristo. Tal conjectura não só esteve viva até o século XX, como ainda jaz no imaginário de alguns cristãos.

Nada obstante, foi Allan Kardec – codinome de Hyppolite Léon Denizard Rivail, o  prodigioso pedagogo e cientista francês que serviu de intérprete ao Espírito de Verdade para o advento do Consolador - quem se colocou na vanguarda das mais modernas pesquisas bíblicas.

Em 1864, ocasião da publicação de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o eminente discípulo de Pestalozzi apresentou, no item III da introdução dessa obra, um relevante estudo sobre contexto histórico do tempo de Jesus, a fim de facilitar a compreensão das passagens obscuras dos evangelhos. Analisando a questão da participação de Jesus na Sociedade Essênia, o Codificador do Espiritismo elucidou:

[...] Seu (dos Essênios) gênero de vida os aproximava dos primeiros cristãos, e os princípios de moral que professavam fizeram com que algumas pessoas pensassem que Jesus fez parte dessa seita, antes de iniciar a sua missão pública. O que é certo é que ele deve tê-la conhecido, mas nada prova que se filiou a ela, e tudo o que se escreveu a esse respeito é hipotético(4). [...] [...] A Morte de Jesus, livro supostamente escrito por um irmão essênio, completamente apócrifo, cujo objetivo é servir a uma opinião e que traz em si mesmo a prova da sua origem moderna(5). [...]

Demonstrando notável presciência, para ratificar sua posição contrária a ideia de que Jesus fora um essênio, o apóstolo da Terceira Revelação assevera, no item IV da introdução de O Evangelho Segundo O Espiritismo:

[...] Supondo-se que Jesus conheceu a seita dos essênios, seria errado concluir-se que foi dela que ele tirou a sua doutrina, e que, se tivesse vivido em outro meio, teria professado outros princípios(6). [...]

Em profícua concordância com o espiritismo, as Ciências Arqueológicas especializadas em Arqueologia Bíblica desvelaram a relação entre Jesus e os essênios.

Em 1947, um beduíno pastor de cabras chamado Muhammed Ed-Dhib(3), ao procurar por um de seus animais que estava perdido nos montes desérticos situados nas proximidades das ruínas do mosteiro essênio de Qumran, em Israel, descobriu uma caverna escavada na rocha arredondada que continha alguns pergaminhos muito antigos. Posteriormente, nesses montes rochosos foram localizadas onze cavernas que guardavam o mais valioso tesouro dos essênios: seus escritos e seus estudos.  Mais de trezentos pergaminhos – conhecidos como Os Manuscritos do Mar Morto – elementos da biblioteca da coletividade essênia, foram escondidos nas cavernas próximas ao mosteiro, a fim de protegê-los da ocupação romana na Judeia.

Estando atualmente grande parte dos Manuscritos no Museu de Israel, em Jerusalém, os pergaminhos foram objeto de minuciosos e rigorosos estudos por mais de 60 anos. Passadas mais de seis décadas desde a descoberta desse precioso tesouro arqueológico, sabe-se que os essênios aguardavam o Messias, contudo, não apenas não foi encontrada nenhuma referência a Jesus de Nazaré, como também não foi possível correlacionar o discurso, a vida, os ensinos e as práticas de Jesus com a filosofia Essênia, mas ao contrário, há inúmeros pontos de discordância entre as alocuções de Jesus e os Manuscritos do Mar Morto(7).

Porquanto, à luz das ciências arqueológico-bíblicas e da Codificação Kardeciana, é possível concluir que Jesus não participou da Seita dos Essênios, e tampouco dela foi aprendiz.

Referências Bibliográficas. .
1. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p. 457-458.
2. DRANE, John. Jesus, sua vida, seu evangelho para o homem de hoje. Tradução de Macintyre. São Paulo: Edições Paulinas, 1982. p. 44-47.
3. WALKER, Peter. Pelos Caminhos de Jesus: Guia Ecumênico de Jornada à Terra Santa. Tradução Andréa Mariz. São Paulo: Edições Rosari, 2007. p. 46-47.
4. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 1. Ed., Rio de Janeiro, CELD Ed: 2008. Introdução, item III, p. 27.
5. Idem. Ibidem. Item III, Nota de Rodapé, p.27.
6. Idem. Ibidem. Item IV, p.28.
7. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p.988.

 Artigo publicado na Revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil – ICEB, ano III, número 32, novembro de 2011, p. 15.
Fonte; http://ojesushistorico.blogspot.com.br/2011/11/artigo-jesus-e-os-essenios.html


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