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quinta-feira, 23 de junho de 2016

História da Era Apostólica Jesus – Governador Espiritual do Orbe


HAROLDO DUTRA DIAS

“Não podemos conhecer o Jesus ‘real’ através da pesquisa histórica, quer isto signifique sua realidade total ou apenas um quadro biográfico razoavelmente completo. No entanto podemos conhecer o ‘Jesus histórico’. Por Jesus da história, refiro-me ao Jesus que podemos ‘resgatar’ e examinar utilizando os instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica.”


Um longo itinerário foi percorrido para que pudéssemos resumir as fases da pesquisa histórica sobre o Cristianismo, antes de compará-la com o material revelado pela Espiritualidade superior.

Novamente, utilizamos como epígrafe a citação do historiador John P. Meier, professor na Universidade Católica de Washington D. C., considerado um dos mais
eminentes pesquisadores bíblicos de sua geração. Ao estabelecer os limites da ciência e da investigação humanas, ele adverte:

Por Jesus da história, refiro-me ao Jesus que podemos “resgatar” e examinar utilizando os instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica.

A atitude de prudência e humildade esboçada por esse autor, favorece o diálogo com a Doutrina Espírita que, por sua vez, oferece subsídios valiosos, inacessíveis aos “instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica”. Não se trata de sobrepujar a Ciência, desprezar suas conclusões, numa atitude mística incompatível com a fé raciocinada. O desafio é “complementar”, “unir”, “dialogar”, onde ambas as partes estão dispostas a ouvir e a falar, sem submissão ou subserviência.

Doravante, destacaremos a contribuição oferecida pela revelação espiritual no equacionamento de  graves problemas relativos à história de Jesus, dos seus seguidores diretos, e do Cristianismo, de modo geral, visando à apropriação, com maior segurança e legitimidade, da essência da Boa Nova, alicerce de todas as propostas de renovação veiculadas pela Doutrina dos Espíritos.

 Nessa linha de raciocínio, somos inevitavelmente levados a indagar: Quem é Jesus na visão da Espiritualidade superior? A resposta, em O Livro dos Espíritos, é sobejamente conhecida, mas ainda nos convida a profundas reflexões:

625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? “Jesus.”

Para o homem, Jesus representa o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque, sendo Jesus o ser mais puro que já apareceu na Terra, o Espírito Divino o animava. Se alguns dos que pretenderam instruir o homem na lei de Deus, algumas vezes o desencaminharam, ensinando-lhe falsos princípios, foi porque se deixaram dominar por sentimentos demasiado terrenos e porque confundiram as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo.Muitos deles apresentaram como leis divinas o que eram simples leis humanas, criadas para servir às paixões e para dominar os homens. (Comentário de Kardec.)2

O Benfeitor Emmanuel, por sua vez, enriqueceu nossos estudos com surpreendentes informações sobre o papel desempenhado por Jesus na condução dos destinos humanos:

Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas  as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos  e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.

A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.3

Diante do assombro dessas revelações de Emmanuel, resta-nos indagar o que são Espíritos puros.A  informação é encontrada em O Livro dos Espíritos, nas respostas dadas pelos benfeitores espirituais a Allan Kardec, nas seguintes questões:

112. CARACTERÍSTICAS GERAIS – Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.

113. Primeira classe. Classe única. Percorreram todos os graus da escala [ver questões 100 e seguintes] e se despojaram de todas as impurezas da matéria.
Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm que sofrer mais provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.
.....................................................
128. Os seres que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos?
“Não; são os Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.”
....................................................
170. Em que se transforma o  Espírito depois da sua última encarnação?

“Em Espírito bem-aventurado; em Espírito puro.”4

É forçoso concluir, com o professor John P. Meier, que os instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica não são capazes de nos mostrar o “Jesus real”. Talvez seja essa a razão pela qual os historiadores, como demonstrado nos artigos anteriores, acabam por apresentar uma imagem distorcida de Jesus.

Jesus é o Governador Espiritual do Planeta, em cujas mãos repousam os destinos de toda a humanidade terrena.

A tentativa de reduzir o Mestre aos parâmetros estritamente humanos decorre da visão materialista da maioria dos pesquisadores. É nesse ponto que a revelação espiritual pode contribuir para a reconstituição do “Jesus real”, restabelecendo a legítima compreensão do Cristianismo.

Emmanuel destaca a relevância da atuação do Mestre, a pujança da sua influência, no que diz respeito aos rumos do progresso terrestre.

Encerramos este artigo com mais uma notável citação desse Espírito, que descortina detalhes do Governo espiritual do Cristo:

Vê-se, então, o fio inquebrantável que sustenta os séculos das experiências terrestres, reunindo- as, harmoniosamente, umas às outras, a fim de que constituam
o tesouro imortal da alma humana em sua gloriosa ascensão para o Infinito.
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Na tela mágica dos nossos estudos, destacam-se esses missionários que o mundo muitas vezes crucificou na incompreensão das almas vulgares, mas, em tudo e sobre todos, irradia-se a luz desse fio de espiritualidade que diviniza a matéria, encadeando o trabalho das civilizações, e, mais acima, ofuscando o “écran” das nossas observações e dos nossos estudos, vemos a fonte de extraordinária luz, de
onde parte o primeiro ponto geométrico desse fio de vida e de harmonia, que equilibra e satura toda a Terra numa apoteose de movimento e divinas claridades.

Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse deslumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está nas suas mãos. É Ele quem sustenta
todos os elementos ativos e passivos da existência planetária.No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do princípio. Um sopro de sua vontade pode
renovar todas as coisas, e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres.5

Referência:

1MEIER, John P. Um judeu marginal:  repensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1993. p. 35.
2 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edição Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2007. 3XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. I, item A Comunidade dos Espíritos Puros, p. 17.
3XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. I, item A Comunidade dos Espíritos Puros, p. 17.
4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edição Comemorativa do Sesquicentenário.
Rio de Janeiro: FEB, 2007.
5 XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. “Introdução”, p. 14-15. reformador março 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:48 Page 33

Fonte: Reformador Ano 126 • Nº 2. 148 • Março  2008

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