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quarta-feira, 30 de julho de 2014

EM QUE PRINCÍPIOS SE FUNDAMENTA O TATO MAGNÉTICO? COMO DESENVOLVÊ-LO?

 Os leitores do Vórtice seguramente conhecem a estreita ligação do Espiritismo, desde seu surgimento, com o Magnetismo. Não terá sido apenas casualidade o fato de Allan Kardec ter-se especializado e praticado o magnetismo ao longo de 35 anos, assim como não pode ser visto como ocasional ou extemporâneo o fato dos Espíritos, na Codificação e em todas obras publicadas sob a responsabilidade do mesmo Kardec, falarem, comentarem, sugerirem o estudo e apresentarem o embasamento de muitos fatos tendo por base a ciência magnética.

Muito embora seja, em si mesma, uma ciência independente, o Magnetismo está interligado ao Espiritismo de uma forma tão indissociável que, usando as palavras de Kardec, uma estará incompleta sem a outra. A despeito disso, os espíritas, em sua maioria, parecem não se dar conta dessa verdade insofismável, o que é lamentável.

O tato magnético mais não é do que a capacidade (que alguns possuem e outros – uma grande maioria – podem desenvolver) de sentir, perceber, registrar e até diagnosticar o que um paciente está sentindo, onde ou do que está acometido. Mas, dizem alguns, que nos livros básicos do Espiritismo não se fala do tato magnético. É verdade, pelo menos nessa grafia, não fala mesmo. Mas... que tal relermos pelo menos isso que está registrado em O Livro dos Espíritos (“Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista”, no item 455)?

“A emancipação da alma se verifica às vezes no estado de vigília e produz o fenômeno conhecido pelo nome de  segunda vista ou dupla vista, que é a faculdade graças à qual quem a possui vê, ouve e sente além dos limites dos sentidos humanos.

Percebe o que exista até onde estende a alma a sua ação. Vê, por assim dizer, através da vista ordinária, e como por uma espécie de miragem”... (grifos originais)... “O poder da vista dupla varia, indo desde a sensação confusa até a percepção clara  e nítida das coisas presentes ou ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma certa segurança nos atos, a que se pode dar o qualificativo de precisão de golpe de vista moral. Um pouco desenvolvida, desperta os pressentimentos. Mais desenvolvida mostra os acontecimentos que deram ou estão para dar-se”. (grifos originais)

Tranquilamente posso assegurar que o que chamamos e conhecemos como tato magnético nada mais é do que uma das variantes do fenômeno chamado dupla vista. Afinal, o tato magnético nos permite uma  percepção além dos limites dos sentidos humanos e, nalguns, confere o tato, a perspicácia, uma certa segurança.

Mas, como a justificar o fato de Kardec não ter sido muito explícito nesta, como em outras questões do Magnetismo, recordemos aqui o que ele anotou em um dos seus mais brilhantes artigos acerca do Magnetismo e o Espiritismo: “Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas há apenas um passo; sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem falar do outro. Se tivermos que ficar fora da ciência do Magnetismo, nosso quadro ficará incompleto poderemos ser comparados a um professor de  Física que se abstivesse de falar da luz. Contudo,  como o Magnetismo já possui entre nós órgãos  especiais justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre um assunto tratado com  superioridade de talento e de experiência. A ele (o Magnetismo) não nos referiremos, pois, senão  acessoriamente, mas de maneira suficiente para  mostrar as relações íntimas das duas Ciências que,  na verdade, não passam de uma”. (grifei) – (In:  Revista Espírita, edição março-1858, artigo  “Magnetismo e Espiritismo).

Além da ligação direta do Magnetismo com o Espiritismo, também dá base ao conhecimento do tato magnético, a sua existência inclusive, muitas vezes, à revelia de muitos possuidores dessa preciosa leitura fluídica ou energética.E será viável se desenvolver o tato magnético? 
Voltemos a Allan Kardec, novamente em O Livro dos Espíritos, questão 450:
A dupla vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?
“Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas.”
a) - Esta faculdade tem qualquer ligação com a organização física?
“Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são refratários.”

E completemos essas respostas com o que ele anotou em A Gênese, Cap. 14, item 22: “É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, frequentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica”.
Portanto, é perfeitamente possível o desenvolvimento dessa prática, e aqui trago o que há de mais simples nesse exercício.

Como nem todos magnetizadores trazem o tato magnético desenvolvido espontaneamente, muitas vezes é preciso treiná-lo, dar-lhe precisão. Os exercícios costumam se dar pela aproximação, lenta e gradual, da ou das mãos do magnetizador em direção ao magnetizado, oportunidade em que o magnetizador deve estar bastante atento para a infinidade de sensações que poderão ocorrer enquanto “tateia” – quase sempre sem toque físico – os campos magnéticos do magnetizado.

Obviamente que haverá necessidade de confrontação entre o que ele percebe e o que o paciente sente, pois dessa forma, ele vai se assenhoreando do que cada percepção psico-tátil vai lhe dizendo. Tomemos, por exemplo, um paciente com câncer numa mama. Independente do magnetizador saber disso ou não, ele sentirá, quando passar a ou as mãos por aquela região, algo gerando uma sensação, um tipo de registro não comum aos demais, em relação àquele paciente. Quando confrontar as informações ele saberá que aquele registro provavelmente estará referindo ao câncer. À medida que ele vai reproduzindo esse procedimento com outros pacientes e obtendo os resultados do que vem registrando, adquirirá uma segurança sempre crescente, de forma que, depois de uma boa prática, terá bastante segurança dos diagnósticos que virá a fazer.

Importa distinguir, entretanto, que alguns magnetizadores possuem o que se chama tato magnético natural, também conhecido como empatia fluídica ou apenas como dupla vista dirigida à saúde. Nesses casos, costumam os possuidores dessa variante do tato magnético sentirem em si mesmos, todos os sintomas que o paciente está sentindo ou portando no momento em que é estabelecida relação magnética entre ambos.

Num primeiro momento, os exercícios costumam ser menos precisos; percebem-se regiões grandes, pouco específicas e com diagnósticos um tanto quanto superficiais. No caminhar dos exercícios, essa percepção vai-se refinando, até chegar ao ponto de se ter perfeito registro tanto de campos densos como daqueles por demais sutis, tais quais nadis, pequenos concentrados fluídicos em determinadas regiões do perispírito, doenças ainda não detectadas por aparelhos clínicos ou, ainda, crisálidas de futuros focos, verdadeiros estados latentes de desarmonias em processo de somatização.

Por fim, estando a prática feliz do magnetismo totalmente consorciada à Vontade do  magnetizador, não se desenvolverá o tato  magnético se não houver um desejo forte, vigoroso e sincero de se chegar ao ponto que se busca,  empregando os meios ao alcance e entregando-se sem parcimônia aos exercícios que levarão ao ápice  do desenvolvimento.

Jornal Vórtice ANO II, n.º 09, fevereiro/2010 


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sábado, 26 de outubro de 2013

A POSSESSÃO, SEGUNDO KARDEC


“Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz; o homem precisa habituar-se a ela pouco a pouco, do contrário fica deslumbrado.” (Allan Kardec)

Há possessos? Existe a possibilidade de dois Espíritos coabitarem num mesmo corpo? O mergulho cronológico nas obras da Doutrina Espírita nos leva ao seu berço, “O Livro dos Espíritos”:

1857
Questão 473 - Pode um Espírito tomar temporariamente o invólucro corporal de uma pessoa viva, isto é introduzir-se num corpo animado e obrar em lugar do outro que se acha encarnado nesse corpo?

– O Espírito não entra em um corpo como entrais numa casa. Identifica-se com um Espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de obrar conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é sempre quem atua, conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido. Um Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, por isso que este terá que permanecer ligado ao seu corpo até ao termo fixado para sua existência material. (1)

Kardec retira suas conclusões, prepara e formula a pergunta seguinte, e os Espíritos respondem:

Questão 474 - Desde que não há possessão propriamente dita, isto é, coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, pode a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada?

– Sem dúvida e são esses os verdadeiros possessos. Mas é preciso saibais que essa denominação não se efetua nunca sem que aquele que sofre o consinta, quer por sua fraqueza, quer por desejá-la. Muitos epilépticos ou loucos, que mais necessitam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos.

Os Espíritos, aí, fazem uma nítida distinção entre os verdadeiros e os falsos possessos.

Os verdadeiros são os subjugados até ao ponto de sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada; os falsos são os que não correspondem aos casos de obsessão, necessitando tratamento médico.

Comenta ainda Kardec, após a resposta dos Espíritos:

“O termo possesso só se deve admitir como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.”

1858
Se havia alguma dúvida sobre a opinião do Codificador até aquele momento, ele a desfaz no texto da Revista Espírita, por ele dirigida: (2)

“Antigamente dava-se o nome de possessão ao império exercido pelos maus Espíritos, quando sua influência ia até a aberração das faculdades. Mas a ignorância e os preconceitos, muitas vezes, tomaram como possessão, aquilo que não passava de um estado patológico. Para nós, a possessão seria sinônimo de subjugação. Não adotamos esse termo (...) porque ele implica igualmente a idéia de tomada de posse do corpo pelo Espírito estranho, uma espécie de coabitação ao passo que existe apenas uma ligação. O vocábulo subjugação da uma idéia perfeita. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar da palavra; há simplesmente obsedados, subjugados e fascinados.”

Fica bastante claro que, para ele, até aqui, não existia possessão.

1861
O texto acima é parecido com o exarado no “O Livro dos Médiuns” (3), com uma diferença significativa no parágrafo, qual seja, a troca da palavra “ligação”, por “constrangimento”.

1862
Momentaneamente, temos a impressão de que estariam respondidas as indagações formuladas na inicial, mas, apesar dessas considerações, o termo possessão reaparece na Revista Espírita: (4)

“Ninguém ignora que quando o Cristo, nosso muito amado mestre, encarnou-se na Judéia, sob os traços do carpinteiro Jesus, aquela região havia sido invadida por legiões de maus Espíritos que, pela possessão, como hoje, se apoderavam das classes sociais mais ignorantes, dos Espíritos encarnados mais fracos e menos adiantados (...) é preciso lembrar que os cientistas, os médicos do século de Augusto, trataram, conforme os processos hipocráticos, os infelizes possessos da Palestina e que toda sua ciência esbarrou ante esse poder desconhecido. (Erasto)”

Na mesma revista e no mesmo ano, (5) Kardec, nos “Estudos sobre os Possessos de Morzine”, acrescenta a seguinte consideração:

“O paroxismo da subjugação é geralmente chamado de possessão.”

1863
A retomada do termo tinha uma razão, e Kardec é bem incisivo na sua opinião na Revista Espírita, sobre os mesmos Possessos de Morzine, que certamente o impressionaram e influíram na mudança de sua conceituação sobre possessão, e valeram doze citações no índice remissivo da Revista Espírita (1862, 63, 64, 65 e 68), além de outros estudos, na mesma revista, como, por exemplo, quando analisa “Um Caso de Possessão”. (6) (7) Senão vejamos:

“Temos dito que não havia possessos, no sentido vulgar do vocábulo, mas subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta, porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um encarnado.(...) Não vendo senão o efeito, e não remontando à causa, eis por que todos os obsedados, subjugados e possessos passam por loucos (...). Eis um primeiro fato, que o prova, e apresenta o fenômeno em toda a sua simplicidade. (...)”

(O Sr. Charles) Declarou que, querendo conversar com seu velho amigo, aproveitava o momento em que o Espírito da Sra. A..., a sonâmbula, estava afastado do corpo, para tomar-lhe o lugar. (....). Eis algumas de suas respostas.

– Já que tomastes posse do corpo da Sra.A... poderíeis nele ficar ?
– Não; mas vontade não me falta.
– Por que não podeis ?

– Porque seu Espírito está sempre ligado ao seu corpo. Ah! Se eu pudesse romper esse laço eu pregaria uma peça.
– Que faz durante este tempo o Espírito da Sra. A....
– Está aqui ao meu lado; olha-me e ri, vendo-me em suas vestes.

O Sr. Charles (...) era pouco adiantado como Espírito, mas naturalmente bom e benevolente. Apoderando-se do corpo da Sra. A... não tinha qualquer intenção má; assim aquela Sra. nada sofria com a situação, a que se prestava de boa vontade.

Aqui a possessão é evidente e ressalta ainda melhor dos detalhes, que seria longo enumerar. Mas é uma possessão inocente e sem inconvenientes.

Na mesma página, no entanto, Kardec descreve um caso de possessão da Sra. Júlia, agora dirigida por um Espírito malévolo e mal intencionado.

Há cerca de seis meses tornou-se presa de crises de um caráter estranho, que sempre corriam no estado sonambúlico, que, de certo modo, se tornara seu estado normal. Torcia-se, rolava pelo chão, como se se debatesse, em luta com alguém que a quisesse estrangular e, com efeito, apresentava todos os sintomas de estrangulamento.

Acabava vencendo esse ser fantástico, tomava-o pelos cabelos, derrubava-o a sopapos, com injúrias e imprecações, apostrofando-o incessantemente com o nome de Fredegunda, infame regente, rainha impudica, criatura vil e manchada por todos os crimes, etc. Pisoteava como se acalcasse aos pés com raiva, arrancando-lhe as vestes. Coisa bizarra, tomando-se ela própria por Fredegunda, dando em si própria redobrados golpes nos braços, no peito, no rosto, dizendo: “Toma! Toma! É bastante,  infame Fredegunda? Queres me sufocar, mas não o conseguirás; queres meter-se em minha caixa, mas eu te expulsarei.” Minha caixa era o termo que se servia para designar o próprio corpo.(...)

Um dia, para livrar-se de sua adversária, tomou de uma faca e vibrou contra si mesma, mas foi socorrida a tempo de evitar-se um acidente.

Vemos, aí, a luta de dois Espíritos pelo mesmo corpo. Este Espírito, Fredegunda, foi posteriormente evocado em sessões mediúnicas e convertido ao bem. (8)

Mas, voltando aos Possessos de Morzine, (9) diz Kardec referindo-se ao perispírito:

“Pela natureza fluídica e expansiva do perispírito, o Espírito atinge o indivíduo sobre o qual quer agir, rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza. (...) Como se vê, isto é inteiramente independente da faculdade mediúnica (...)”

Estes últimos, sobretudo (os possessos do tempo de Cristo), apresentam notável analogia com os de Morzine.

Na mesma revista e no mesmo ano, selecionamos e pinçamos, para dimensionarmos a extensão daquela possessão coletiva: (10)

“Os primeiros casos da epidemia de Morzine se declararam em março de 1857 (...) e em 1861 atingiram o máximo de 120. (...)

(...) o caráter dominante destes momentos terríveis é o ódio a Deus e a tudo quanto a ele se refere.”

1864
Ainda sobre a possessão da Sra. Júlia (12), refere-se Kardec na Revista Espírita, (11):

“No artigo anterior (1863) descrevemos a triste situação dessa moça e as circunstâncias que provavam uma verdadeira possessão.”

O grau de intensidade das possessões e sua reatividade a tentativa de exorcização, vai bem descrita na Revista Espírita: (12)

“Desde que o bispo pisou em terras de Morzine”, diz uma testemunha ocular, “sentindo que ele se aproximava, os possessos foram tomados de convulsões as mais violentas; e (...) soltavam gritos e urros, que nada tinham de humano. (...)

As possessas, cerca de setenta, com um único rapaz, juravam, rugiam, saltavam em todos os sentidos. (...) A última resistiu a todos os esforços; vencido de fadiga e de emoção, ele (o bispo) teve que renunciar a lhe impor as mãos; saiu da igreja trêmulo, desequilibrado, as pernas cheias de contusões recebidas das possessas, enquanto estas se agitavam sob suas benções.” (...)

Encontramos no Evangelho segundo o Espiritismo (13) a seguinte referência sobre possessão e reforma íntima:

“(...) para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para se livrar do obsessor, sem recorrer a terceiros. O auxílio destes se faz indispensável, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque aí não raro o paciente perde a vontade e o livre arbítrio.”

No mesmo livro (14), há considerações sobre as causas da possessão:

“O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições.

Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão.”

1867
Ainda na Revista Espírita (15) encontramos informações de como é esta perda do livre arbítrio e como impedi-la:

“Objetar-me-eis, talvez, que nos casos de obsessão, de possessão, o aniquilamento do livre arbítrio parece ser completo. Haveria muito a dizer sobre esta questão porque a ação aniquiladora se faz mais sobre as forças vitais materiais do que sobre o Espírito, que pode achar-se paralisado, dominado e impotente para resistir, mas cujo pensamento jamais é aniquilado, como foi possível constatar em muitas ocasiões. (...)

Procedeis em relação aos Espíritos obsessores ou inferiores que desejais moralizar (...) algumas vezes conscientemente, quando estabeleceis, em torno deles uma toalha fluídica, que eles não podem penetrar sem vossa permissão, e agis sobre eles pela força moral, que não é outra coisa senão uma ação magnética quintessenciada.”

1868

Em “A Gênese”, (16) Kardec disserta sobre domicílio espiritual, típico caso de coabitação, ou como agora quer Hermínio Miranda, “condomínio espiritual, com síndico e convenção”.

“Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado, tomando-lhe o corpo por domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado por seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção.

De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito serve-se dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e obra (...)”

“Na obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode tratar-se de um Espírito bom que queira falar e que, para causar maior impressão nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado, que voluntariamente lho empresta, como emprestaria seu fato a outro encarnado.”

“Quando é mau o Espírito possessor, (...) ele não toma moderadamente o corpo do encarnado, arrebata-o (...)”

Seguindo ainda, no mesmo livro:

“Parece que ao tempo de Jesus, eram em grande número, na Judéia, os obsidiados e os possessos (...) Sem dúvida, os Espíritos maus haviam invadido aquele país e causado uma epidemia de possessões.” (17)

Com as curas, as libertações do possessos figuram entre os mais numerosos atos de Jesus.(...) “Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é que o reino de Deus veio até vós.” (S. Mateus, cap. XII, 22 e 23) (18)

Deduzimos com base no exposto que, para que exista possessão, é preciso que o Espírito obsessor identifique-se com o Espírito encarnado; aquele atinge o indivíduo sobre o qual quer agir, rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza; o aniquilamento do livre arbítrio parece ser completo, porque a ação aniquiladora se faz mais sobre as forças vitais materiais do que sobre o Espírito, que pode achar-se paralisado, dominado e impotente para resistir, mas cujo pensamento jamais é aniquilado, pois o encarnado é que atua conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido e portanto aquela dominação não se efetua nunca sem que aquele que a sofre o consinta, quer por sua fraqueza, quer por desejá-la; em vez de agir exteriormente ao Espírito encarnado, toma-lhe o corpo por domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado por seu dono, pois isso só se pode dar pela morte, por isso, a possessão é sempre momentânea, temporária e intermitente. Para se libertar da possessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe para sua própria melhoria, estabelecendo em torno de si uma toalha fluídica, que eles não possam penetrar sem sua permissão, agindo sobre eles pela força moral, por uma ação magnética quintessenciada. Na possessão isto só é possível, com a ajuda indispensável de terceiros.

Portanto, respondendo às indagações iniciais deste trabalho, podemos dizer que Kardec analisou todas as facetas e prismas da possessão e concluiu que existe possessão e também coabitação.

Uma obra, como a da Codificação Espírita, é indivisível e portanto deve ser analisada como um todo, jamais devendo ser fragmentada ou dividida, na análise de seu conteúdo; existem vários temas, nas obras básicas (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo O Espiritismo, A Gênese, O Céu e o Inferno) e na Revista Espírita, em que as verdades foram estudadas à luz dos conhecimentos adquiridos no dia-a-dia e suas opiniões, às vezes alteradas, sem que correspondessem a uma mudança de idéia, mas, sim, a uma evolução de verdade em verdade, degrau a degrau na escada ascensional do conhecimento, como convém a um cientista sábio, astuto, inteligente, honesto e, antes de tudo, humilde, coisa rara, aliás.

A fé raciocinada sob a égide desta humildade, aconselhada e praticada pelo mestre lionês, levou-o à busca incessante da verdade, que sempre caracterizou suas ações, a correta elucidação conceptual de possessão, incitando-nos também a libertarmo-nos de duas outras, a dos dogmas e a do fanatismo.

Tenhamos igual têmpera e nos deixemos contaminar pela sua lição e pelo seu exemplo; a lição inclina, o exemplo arrasta.

FERNANDO A. MOREIRA
fermorei@uol.com.br

Bibliografia:

(1) KARDEC, Allan . O Livro dos Espíritos, ed. FEB, 1987, perg. 473, pg. 250.
(2) Revista Espírita , 1858, pg. 278.
(3) KARDEC, Allan . O Livro dos Médiuns, ed. FEB, 1982 , item 240, pg. 300.
(4) Revista Espírita, 1862, pg. 109.
(5) Idem , 1862, pg. 359.
(6) Idem , 1863, pg. 373.
(7) KARDEC, Allan . Obsessão, ed. “O Clarim”, 1993, pg. 225.
(8) Idem , pg. 229.
(9) Revista Espírita, 1863 pg. 01.
(10) Idem, 1863, pg. 103.
(11) Idem, 1864, pg. 11.
(12) Idem, 1864, pg.225.
(13) KARDEC, Allan . O Evangelho Segundo o Espiritismo, ed. FEB, 1995, pg. 432.
(14) Idem, pg. 171.
(15) Revista Espírita, 1867, pg. 192.
(16) KARDEC, Allan . A Gênese, ed. FEB, 1980, pg. 306.
(17) Idem, pg. 330.
(18) Idem, pg. 329.


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terça-feira, 25 de setembro de 2012

BIOGRAFIA - GABRIEL DELANNE


GABRIEL DELANNE 
1857-1926

Nasceu no dia 23 de março de 1857, exatamente no ano em que Kardec publicava a 1.ª edição de "O Livro dos Espíritos".
Seu pai, Alexandre Delanne, era espírita e amicíssimo de Kardec, motivo porque foi ele grandemente influenciado pela idéia. Sua mãe trabalhou como médium, cooperando com o mestre de Lyon na Codificação.
Delanne foi um dos maiores propagadores da sobrevivência e comunicabilidade dos Espíritos.

Afirma ele:

"A inteligência que se manifesta não emana dos operadores; ela declara ser aquele cujo nome declina. Não vemos porque se obstinaria em negar sua existência. Vamos, agora, acumular as provas da existência dos Espíritos, e elas irão se revestindo de um caráter cada vez mais forte, por forma que nenhuma denegação será capaz de combater a evidência da intervenção dos Espíritos nessas novas manifestações."
Publicou "O Espiritismo Perante a Ciência", "O Fenômeno Espírita", "A Evolução Anímica", "Pesquisas sobre a Mediunidade", "As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos", além de outras obras de cunho científico.

Fonte: ABC do Espiritismo de Victor Ribas Carneiro



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(1857 - 1926)

Gabriel Delanne era filho de pais espíritas convictos e praticantes, sendo o seu pai um dos fundadores da Liga Parisiense de Ensino e afeiçoado amigo de Allan Kardec, fazendo parte com este da direção da Sociedade Espírita fundada por ambos. Sua mãe, portadora de mediunidade ostensiva, muito colaborou na codificação kardequiana com suas comunicações, transmitindo informações confiáveis filtradas do mundo espiritual através de seus dons. Nasceu portanto esse grande defensor do Espiritismo em ambiente espiritual propício a sua preparação, o que se fez nos moldes rigorosamente científicos e com estrita fidelidade ao seu codificador. Afirmando sempre que a sua crença inabalável era a espírita, e dedicando-se desde cedo à pesquisa experimental dos fatos presenciados dentro da sua própria casa, veio a receber da espiritualidade uma mensagem cujo teor o faria mais dedicado e disciplinado para com suas pesquisas. Dizia a mensagem: "Nada temas. Tem confiança. Jamais ser rico do ponto de vista material. Coisa alguma, porém, te faltar na vida".
 Em 1883 ele fundou a revista "O Espiritismo" graças à generosidade de uma inglesa, Elisabeth D'Esperance, que lhe doou o dinheiro para as despesas. Passou então a realizar experiências com grandes médiuns. Em 1904 juntamente com Charles Richet e outros estudiosos,presenciou os prodigiosos fenômenos de materialização de Vila Cármen, em Argel. A produção literária de Delanne não se apóia em especulações imaginárias, mas em fatos por ele mesmo investigados e confirmados. Dedicando-se de maneira especial ao trabalho de demonstrar que o Espiritismo se apóia em bases científicas, escreveu essas principais obras hoje conhecidas em todo o mundo: "Pesquisas sobre a Mediunidade", "A Alma é Imortal", "O Espiritismo perante a Ciência", "O Fenômeno Espírita","A Evolução Anímica", "As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos", "Documentos para o Estudo da Reincarnação". e finalmente "A Reencarnação".
Em "O Espiritismo perante a Ciência", ele traça com rara maestria um quadro completo dos dados que o psiquismo pode apresentar para merecer o respeito dos cientistas. E como demonstração da admirável segurança de sua argumentação, basta que se lance os olhos sobre suas páginas e verifique-se, que desde a época já distante em que apareceu a primeira edição desta obra, o seu autor teve a satisfação de verificar que algumas das mais importantes teorias expostas tiveram a consagração da Ciência.
 Em sua luta para estabelecer a verdade espírita, sabedor dos males gerados pela ignorância, pelo fanatismo e pela paixão desregrada escreve: "A luta é inflamada e provavelmente ser longa, de vez que os prejuízos religiosos e científicos se mostram obstinados. Insensivelmente, porém, a evidência acaba impondo-se. Temos agora a convicção de que a certeza da imortalidade se tornar uma verdade científica, cujas conseqüências benfazejas, fazendo-se sentir no mundo inteiro, mudarão os destinos da humanidade". Homem de mentalidade politécnica, afeiçoado desde cedo aos estudos exatos, às observações frias, às deduções rigorosas, foi o chefe supremo da parte experimental do Espiritismo à qual deu o maior desenvolvimento, ainda não suplantado.
 Delanne fez ver através de suas obras que a Física moderna, o magnetismo, o hipnotismo, a sugestão verbal ou mental, a clarividência, a telepatia e o Espiritismo, todos esses conhecimentos novos são convergentes para as fronteiras espirituais. Tornou evidente que as provas das comunicações dos espíritos, sendo tão numerosas quão variadas tornariam o Espiritismo uma demonstração científica da imortalidade. Em sua luta incessante iniciada aos 13 anos, publicou aos 68 anos de idade uma obra de incomparável valor intitulada "A Reencarnação", última de seu gênio privilegiado. Pela solidez apresentada, pelo rigor de sua lógica, pelo valor de sua argumentação, pela escolha de suas provas, pela superioridade de sua tese, e pela imparcialidade com que apresenta os fatos, essa obra  a primeira da coleção delanneana.
Abordando todas as angulações elaboradas pela codificação, Delanne sempre respondia com humildade sobre sua prória obra: "Nada tenho dilatado. Tudo que há é de Kardec. Apenas tenho feito constatações. Mostrei-as em meus livros e demonstro-as na prática diária. Nada acrescento". Excesso de modéstia dele. Sua obra complementa e solidifica os ensinamentos de Kardec, abordando temas correlatos e aprofundando outros onde o grande codificador não dispusera de tempo para considerações maiores.
 Delanne foi o pesquisador que de maneira incansável soube aproximar a ciência da religião, certo que ambas teriam que caminhar unidas para uma compreensão lógica do universo e dos seus habitantes, os espíritos. O insigne pesquisador dedicou toda a sua vida à propagação do Espiritismo, pelo qual se sacrificou inutilmente aos olhos daqueles que só vêem no imediatismo a verdadeira razão do viver humano e por isso não podem compreender que, por força desse desprezo pelas vaidades e ambições terrenas, ele se cobriu de glórias espirituais pelo trabalho bem conduzido, sem vacilações e fielmente executado até seu derradeiro instante da vida corpórea.

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GABRIEL DELANNE

(1857 - 1926)

GABRIEL DELANNE, discípulo e continuador da obra de Kardec. Reencarnou em Paris, França, no dia 23 de Março de 1857; desencarnou em 15 de fevereiro de 1926, com 69 anos de idade.
Engenheiro Eletricista (que hoje se denomina Eletrotécnico), formado pela Escola de Artes e Ofícios.
 Seu pai, Alexandre Delanne, foi contemporâneo e companheiro de Allan Kardec e, por ocasião da desencarnação deste, foi quem falou à beira do túmulo, em nome dos espíritas dos centros distantes.
 Alexandrina Delanne, sua mãe, segundo nos relata Canuto Abreu, foi uma das médiuns de Allan Kardec.
 Gabriel Delanne foi, pois, espírita "de berço". E se fez o mais destacado valor da parte experimental e uma das maiores figuras da história do Espiritismo, até os dias de hoje.

Ninguém o suplantou.

O Dr. Canuto Abreu se ufanava por ter conhecido e convivido pessoalmente com Gabriel Delanne. Freqüentou sua casa, que era, diz Canuto, "também sede duma sociedade espirítica. Assisti a trabalhos por ele presididos. Ouvi suas lições práticas. Suas longas e cintilantes narrativas. Suas discussões, em que às vezes erguia a voz, exaltado pela convicção posta em dúvida, e logo a baixava, sorridente, ao perceber a porta do misticismo, que detestava como cientista."
 "Ninguém", dia João Teixeira de Paula, "mais e melhor do que Delanne se importou com a magna questão de se saber quando um fenômeno é anímico ou estritamente espirítico. Nem Alexandre Aksakoff, cuja distinção entre um fenômeno e outro é algo confusa e contraditória, nem Ernesto Bozzano, que se limitou a mostrar que o Animismo prova o Espiritismo - estudaram, com tanta abundância de exemplos, comparações, restrições e cessões, o que é o

Animismo."

 Gabriel Delanne foi presidente da "Union Spirite Française", onde fundou, em 1884, "Le Spiritisme", e foi o seu representante no Congresso Espírita de Bruxelas, Bélgica, desse mesmo ano (1884); foi Presidente da "Société Française d´Études des Phénomènes Psychiques", onde, também, fundou, em 1897, e dirigiu, a "Tribune Psychique"; foi membro do Comitê do Instituto Metapsíquico Internacional, e membro honorário da "Société d´Études Psychiques de Nancy".
 Em 1882, juntamente com Leymarie participou da assembléia que fundou a Federação Espírita Francesa e Belga.
 Em 1896 fundou a "Revue Scientifique et Morale du Spiritisme", da qual foi o seu Diretor e, em 1898, apresentou, no Congresso Espiritualista de Londres, extensa "memória".
 Em 1897, fundou "La Tribune Psychique", órgão da "Société Française d´Études des Phénomènes Psychiques".
 O seu primeiro livro - "Le Spiritisme devant la Science", foi publicado por Librairie Dentu, de Paris, em 1883, ‘in' 18, 472 pp.; vertido para o espanhol, "El Espiritismo ante la Ciência", Barcelona, 1886, Ed. El Cortijo, e traduzido, por Carlos Imbassahy, para o português, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1ª. ed. 1939, 365 pp.

A seguir publicou:

"Le Phénomène Spirite". Testemunho dos sábios. Estudo histórico. Exposição metódica de todos os fenômenos. Discussão das hipóteses. Conselho aos médiuns. A teoria filosófica. Paris, Chamuel, 1893, ‘in' 12, 296 pp. Obra traduzida para o português pelo Marechal Francisco Raymundo Ewerton Quadros, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1951, 1ª. ed. 276 pp.

"L´Évolution Animique". Ensaio de psicologia fisiológica segundo o Espiritismo. Trata da força vital, do perispírito, da força nervosa psíquica, do amor conjugal, do inconsciente psíquico, do sonambulismo provocado, da obsessão e da loucura, etc. Chamuel, Paris, 1897, ‘in' 18, 368 pp. Versão castelhana, de J. Torrens, "La Evolución Anímica", Barcelona, 1899, e traduzida para o português por M. Quintão, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1938, 1ª. ed. 288 pp.

"Recherches sur la Mediumnité". Investigações sobre a mediunidade. Paris. 1898.
 "L'Âme est Immortelle". Demonstração experimental. Chamuel, Paris, 1899, ‘in' 18, 468 pp. Traduzida para o português , por Guillon Ribeiro, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1901, 1ª. ed. 314 pp.
 "Le Périsprit", Paris Chamuel, 1899.
"Documents pour servir à l´étude de La Reincarnation". Éditions de La B.P.S., Paris, 1924. - Posteriormente foi titulada "La Reincarnation" Editions de La B.P.S. , Paris, 1924., 1ª. ed. 408 pp. Traduzida para o português - Reencarnação - por Carlos Imbassahy, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1940, 1ª. ed. 323 pp.

"Le Magnetisme Animal".

"Les Vies Sucessives". Memória apresentada ao Congresso Internacional de Londres. Traduzida para o espanhol por Victor Melcior y Farré, com prefácio de Quintín Lopes Gomes, Barcelona, 1898, Est. Tip. de Juan Torrens, 127 pp.
 "Les Apparitions Matérialisées des Vivants et des Morts", Librairie Spirite - Leymarie Editeur, Paris, França, 1909, Tomo I - " Les Fantômes de Vivants", 1ª. ed. 527 pp. Tomo II, 1911.
 Na construção das suas obras, na ordenação das suas deduções, em todas as suas exposições, ressalta o senso da precisão científica, o respeito pela verdade demonstrada, a necessidade racional de apoiar a afirmação no testemunho concreto.
 Na notável e extensa memória que apresentou ao Congresso Espiritualista de Londres, em Junho de 1898, dizia Delanne que a Providência fizera surgir missionários em todas as nações para pregarem a moral eterna: Confúcio, Buda, Zoroastro, Jesus, são as grandes vozes que ensinaram uma doutrina idêntica sob diversos aspectos.

São dessa Memória as seguintes conclusões:

1. O ser vivo não é realmente senão uma forma em que passa a matéria.
 2.A conservação dessa forma é devida ao princípio inteligente revestido de uma certa substancialidade.
 3.Tanto em relação ao animal como em relação ao homem, a conservação dessa forma tem lugar depois da morte.
 4.As modificações moleculares nesses invólucro são indestrutíveis.
 5.A repetição dos mesmos atos, físicos, ou intelectuais, tem resultado torná-los fáceis, depois habituais, depois reflexos, isto é, automáticos e inconscientes (Não sendo os instintos senão hábitos, de milhões de anos seculares).

6.A série dos seres organizados é fisicamente contínua tanto atualmente como no passado.
 7.As manifestações do instinto, depois mais tarde, da inteligência, em todos os seres vivos, são graduais em seu conjunto e intimamente ligadas ao desenvolvimento dos organismos.
 8.O homem resume e sintetiza todas as modalidades anatômicas e intelectuais que existiram na Terra.
9. Os fatos de observação estabelecem a reminiscência de estados anteriores nos animais e a recordação das precedentes vidas no homem.
 10.Finalmente, certos Espíritos predizem a sua volta a este mundo e outros afirmam as vidas sucessivas.
 Das obras referidas, a FEB - Federação Espírita Brasileira publicou, em nosso idioma, cinco delas:
 A alma é imortal. Tradução de Guillon Ribeiro, 1901.
 A evolução anímica. Estudos sobre psicologia fisiológica. Tradução de Manuel Quintão - FEB, 1938. 1ª. edição, 288 pp.
 O espiritismo perante a ciência. Tradução de Carlos Imbassahy. FEB, 1939. 1ª. edição, 365 pp.
Reencarnação. Tradução de Carlos Imbassahy. FEB, 1940, 1ª. edição, 323 pp.
 O fenômeno espírita. Tradução de Francisco Ewerton Quadros, 1ª. edição, anotada pela FEB, 1951.
 Dedicando-se integralmente ao Espiritismo, viveu dos direitos autorais dos seus livros. Sua vida foi paupérrima, sob esse aspecto. Sob o ponto de vista físico, teve grave incapacidade: paralítico e cego, porém sempre lúcido. Por tal razão seu "último trabalho, que ditou, foi lido na sessão inaugural do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no dia 7 de Setembro de 1925".

(Da Revista ICESP, nº 18 - autoria Dr. Paulo Toledo Machado)


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