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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

BIOGRAFIA - LUIZ OLYMPIO TELLES DE MENEZES

1828 - 1893

Foi um dos maiores jornalista brasileiro. É considerado como um dos pioneiros do Espiritismo no país.
Foi professor primário, estenógrafo, funcionário da Assembleia Legislativa e Oficial da Biblioteca Pública da Bahia. Falava o Inglês, o Francês, o Castelhano e o Latim. Colaborou nos seguintes periódicos: "Diário da Bahia", "Jornal da Bahia", "A Época Literária" (onde ingressou como redator em 1849, tendo mais tarde passado a seu diretor) e autor do romance Os Dois Rivais.
Em Salvador, foi um dos fundadores do Conservatório Dramático da Bahia (agosto de 1857), do qual participavam, entre outros, personalidades como Rui Barbosa. Neste grupo Telles de Menezes travou contato com os fenômenos espíritas, vindo a corresponder-se com espíritas franceses. Posteriormente viria a tornar-se sócio-honorário da Sociedade Magnética da Itália, bem como a filiar-se a várias sociedades espíritas e espiritualistas da Europa à época. Correspondia-se com o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail e com o seu secretário. (Ver Artigos Espíritas - Luiz Olympio Telles de Menezes - O Eco de Além-Túmulo)
Fundou a 17 de setembro de 1865 em Salvador, o Grupo Familiar do Espiritismo, primeira agremiação doutrinária no Brasil.
Naquela data, durante a primeira reunião do Grupo que se iniciou às 20:30h, um espírito que se denominou "Anjo de Deus" ("Anjo Brasil", segundo outros autores, e que alguns associam ao próprio "Ismael"), enviou psicograficamente uma mensagem, cujo teor muito sensibilizou os presentes. (Ver logo abaixo)
Mensagem espiritual:
Meu filho deves hoje somente preocupar-te com o sublime mistério da Redenção; porque foi este incompreensível sacrifício, que abriu à humanidade o caminho da Bem aventurança, que o pecado havia fechado; porque até o dia, em que consumou-se este pasmoso sacrifício, os Espíritos bons, que já tinham deixado as encarnações terrestres, onde se tinham purificado, não gozavam da luz, só gozavam da paz da alma e do Espírito, mas de envolta com os Espíritos impuros nas trevas exteriores.
Este ato da infinita Misericórdia de DEUS foi tão espantoso no mundo, que habitas, como no mundo dos Espíritos, porque desde então a salvação foi prometida a todos os Espíritos por mais impuros que estivessem, se se arrependessem, e dessem provas desse arrependimento, praticando o bem só por amor de DEUS e de Sua Mãe a VIRGEM SANTÍSSIMA, e sofrendo os males da vida corpórea com resignação e paciência, que por meio da oração sempre alcançariam de DEUS; e essa resignação e paciência são sempre aumentadas na razão da fé, com que se ora a DEUS e cumprem-se os preceitos de sua Lei santíssima.
Meu filho não deixes de orar sempre a DEUS, dando assim prova de tua fé e de tua boa vontade, e DEUS te encherá de suas graças.
ADEUS, meu filho.
Anjo de Deus
Bahia: 1867 - Abril 19

No ano seguinte (1866) publicou o opúsculo "O Espiritismo - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita" (segundo outros, a Filosofia Espiritualista), uma seleção de trechos que traduziu de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Luiz Olympio Telles de Menezes detém igualmente o título de pioneiro da imprensa espírita no Brasil.
Em 8 de março de 1869 anunciou, através de discurso proferido no Grêmio dos Estudos Espiríticos da Bahia, o futuro aparecimento do jornal O Écho D'Além-Túmulo - Monitor do Espiritismo no Brasil.

Em julho de 1869 Luiz Olympio Telles de Menezes lançava o primeiro jornal espírita do Brasil - O Écho D'Além-Túmulo

No primeiro periódico Espírita no país conclamou aos espíritas.
"A nós, que nos achamos hoje reunidos, constituindo, naturalmente, o Grêmio dos Estudos Espiríticos na Bahia, e a quem uma certa vocação do Alto cometeu o empenho desta árdua missão, árdua e até espinhosa, sim, mas irradiante de bem fundadas esperanças, incumbe, pelos meios que de mister é serem empregados, propagar essa crença regeneradora e cristã, fazendo-a chegar indistintamente a todos os homens; e o meio material que a Providência sabiamente nos oferece para levar rapidamente a palavra da verdade à inteligência e ao coração de todos os homens, é a Imprensa."
O periódico, impresso na tipografia do Diário da Bahia, contava com 56 páginas e chegou a circular no exterior - em Londres, Madri, Nova Iorque e Paris.
Em breve se fez sentir a reação da Igreja Católica, que começou a pregar acerca dos malefícios da nova doutrina, vindo a lançar uma Carta Pastoral, datada de 16 de junho, mas apenas divulgada a 25 de julho de 1867.
Essa Carta, em forma de opúsculo, com o título "Erros perniciosos do Espiritismo", acusava violentamente o Espiritismo recorrendo a inverdades.
(2) Nesta Capital publicou-se um pequeno livro com o título – Filosofia Espiritualista – o Espiritismo, cujas perniciosas doutrinas, contra toda expectação, tem tomado incremento, pondo-se em prática certas superstições perigosas e reprovadas, que estão no domínio do público; e no interesse de vossa salvação, amados filhos, nós julgamos conveniente dirigir-vos esta Carta Pastoral, para prevenir-vos contra os principais erros, que contém esse pequeno livro, e contra as superstições que segundo as doutrinas nele contidas se estão praticando, como se nos tem informado, e do que já não é possível duvidar.
Telles de Meneses, para refutá-la, escreveu uma carta aberta, da qual publicou duas edições no mesmo ano, ao Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, D. Manoel Joaquim da Silveira, onde afirma:
(1) "O Espiritismo tem de passar por provas rudes, e nelas Deus reconhecerá sua coragem, sua firmeza e sua perseverança. Os que se ausentam por um simples temor, ou por uma decepção, assemelham-se a soldados que somente são corajosos em tempo de paz, mas que, ao primeiro tiro, abandonam as armas."
Acredita-se que essa carta tenha se constituído na primeira obra espírita de autor brasileiro, publicada no Brasil. Sendo o ponto mais aceso a questão da reencarnação, a polêmica veio a encerrar-se depois de longo tempo, quando o padre Juliano José de Miranda, sabendo que Telles de Meneses era católico de nascimento, deu-a por encerrada afirmando que "Espiritismo e Catolicismo são a mesma Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo".
Telles de Menezes faz questão de reafirmar sobre a resposta do padre Juliano José de Miranda.
(1) O Espiritismo e o Catolicismo são a mesma Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo; somente estão mudados os tempos e as palavras; o Espiritismo é o tradutor fiel, pelos enviados de Deus, das Doutrinas do Evangelho; e sendo Deus Uno em substância e Trino em pessoas, os homens todos, quer Espíritas quer não, também só tem uma Igreja verdadeira, a Igreja Católica; que nos primeiros tempos fora perseguida pela incredulidade, como hoje está sendo o Espiritismo.
Luiz Olympio Telles de Menezes foi o primeiro presidente da Associação Espírita Brasileira, entidade que visava "ao desenvolvimento moral e intelectual do homem nas largas bases que cria a filosofia espirítica, e a exemplificação do sublime e celestial preceito da caridade cristã".
Considerando a sua missão cumprida na Bahia, Telles de Menezes transferiu-se para o Rio de Janeiro, vindo a trabalhar na corporação taquigráfica do Senado do Império, onde prestou relevantes serviços. Ali publicou, em 1885, o Manual de Estenografia Brasiliense, deixando, ainda, outros trabalhos inéditos.
Faleceu em extrema pobreza, na sua residência na rua Barão de São Félix, sendo sepultado no Cemitério São Francisco Xavier a expensas de colegas e amigos.


Como pioneiro do Espiritismo no Brasil, Telles de Meneses foi homenageado, por proposta da Federação Espírita Brasileira ao então Departamento de Correios e Telégrafos, que autorizou a utilização de um carimbo postal, no dia 17 de setembro de 1965 – comemorando um século da fundação do Grupo Familiar do Espiritismo que foi aplicado nas cidades de Salvador e do Rio de Janeiro.




Bibliografia
(1) Luiz Olympio Telles de Menezes, Carta ao Senhor Arcebispo, Bahia: Tip. De Camilo de Lellis Masson & C., 1867, p. vi.

(2) Dom Manuel Joaquim da Silveira, Carta Pastoral Premunindo os seus Diocesanos contra os erros perniciosos do Spiritismo, Bahia: Tip. De Camilo de Lellis Masson & C., 1867, p. 5.


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