Os sonhos representam as vivências do Espírito nos momentos em que o
corpo adormece e libera aquele parcialmente das amarras da matéria física.
Nesse estado, a alma encontra-se mais livre e em condições melhores para
utilizar as suas faculdades com maior amplitude. “O sonho é a lembrança do que
o vosso Espírito viu durante o sono”*, escreveu Kardec. Às vezes os sonhos são
lembrados com precisão, às vezes parece que foram apagados da mente. De outras,
vão se desva-necendo com o passar dos minutos ou das horas, após o sujeito ter
despertado no corpo.
Quanto mais profundo o sono, maior pode ser o desprendimento do Espírito.
Isto significa que as suas andanças fora do corpo sofrem me-nos influência da
matéria ao mesmo tempo em que ficam menos grava-das no cérebro físico, pois não
foram captadas através dos sentidos corporais.
Por vezes, os sonhos se mostram simbólicos. Para entendermos o porquê
disso, é preciso lembrar que há uma diferença vibratória muito grande entre o
Espírito, que é muito sutil, e o corpo, que é muito denso. Assim sendo, o que
se passa ao nível do Espírito não consegue ser registrado de forma eficiente e
completa pelos mecanismos biológicos. Daí, surge um simbolismo como se fosse um
recurso de conversão a fim de que fique marcado no cérebro físico aquilo que
foi experienciado pela alma.
Dito isso, podemos entender que não existe interpretação dos sonhos como
vulgarmente se pensa. Cada símbolo utilizado é particular, não tem uma
conotação genérica, “(...) de modo que é absurdo acreditar-se que sonhar com
tal coisa anuncia tal outra”.** Além disso, os sonhos podem ser confusos quando se misturam imagens do
passado com o presente, a visão do Espírito fora do corpo com as suas
preocupações do dia a dia, ou quando as lem-branças são fragmentadas, como se
faltassem pedaços. É comum não ficar impresso no sonho o momento em que o
Espírito se au-senta do corpo e quando a ele retorna. Assim, se tornam
ininte-ligíveis os sonhos. De qualquer modo, na maioria das vezes, não importa
saber o que significam os sonhos que tivemos ou o que fizemos quando semidesligados
do corpo. Se recebemos orienta-ções dos Bons Espíritos e não lembramos, que
elas fiquem guarda-das no nosso íntimo e que consigam ser colocadas em prática
quan-do necessário, que alimentem a alma com uma luz nova a clarear a nossa
inteligência na direção do bem.
O sono e os sonhos são fases do processo geral de emancipação da alma.
São momentos de refrigério em que podemos nos encontrar com seres melhores que
nós ou aliviar a saudade que sentimos daqueles que já partiram. É como uma
oportunidade de suavizar a “dureza” da vida material que Deus permite esses
momentos fora do corpo físico.
Referências:
* O Livro dos Espíritos, questão 402.
** O Livro dos Espíritos, questão 404.
Fonte: Jornal Vortice ANO
VIII, Nº 06 – Novembro - 2015
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