Há
questões simples, como existem as complexas. Tem aquelas que pensamos saber e nos
confundem, tal como outras que sequer sabíamos que sabíamos… e sabíamos. Em
suas “Confissões”, Santo Agostinho se questionou: “Que é, pois, o tempo? Se
ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei”.
O
Magnetismo, em seu surgimento moderno, deve ter disputado com a ideia de que a
Terra era redonda, a primazia da contrariedade dos que se sentiam como os
balizadores das essências humanas. Enquanto esta sempre termina deixando por
terra as faces dos religiosos, aquele roubaria aos farmacêuticos e às Academias
o poder de colar rótulos e, por isso, cobrar e fazer fortunas.
Muito provavelmente terá sido o fato do Magnetismo ser dom natural, a cujos possuidores só se pedia ação equilibrada e vontade determinante, que o colocou numa redoma condenada ao despautério, pois seria de grande risco essa força desbancar as bancas acadêmicas e os cofres dos produtores de saúde em pílulas, injetáveis, xaropes ou encapsulados. Do Magnetismo curar doenças tidas como incuráveis, sem imputar nenhum outro medicamento além da água magnetizada, brotou violenta campanha para desacreditá-lo. E esta, ao que parece, tem vencido até os dias atuais.
Mas neste ponto entra a parte que pensamos que sabemos, mas que nenhuma lógica é suficientemente rica para explicar ou justificar.
Allan Kardec, já a partir de O Livro dos Espíritos, e estendendo-se até o último número de sua Revista Espírita, foi essencialmente claro e convincente acerca da imperiosidade de que o Espiritismo se desenvolvesse coladinho ao Magnetismo (sugiro ao leitor que ainda não o tenha feito, a leitura de meu livro Reavaliando Verdades Distorcidas, onde apresento os principais pontos em que o vínculo Espiritismo/Magnetismo é ratificado a mancheias). Mas se apenas ele tivesse se referido ao Magnetismo, poderia ser advogado que estava “puxando brasas para sua sardinha”, já que era magnetizador há 35 anos quando compôs O Livro dos Espíritos; na verdade são inúmeras as citações e referências diretas dos Espíritos acerca do Magnetismo e seu uso, o que dá total aval ao bendito consórcio Espiritismo e Magnetismo.
E o que tem isso de intrigante? Simplesmente o fato a que se refere a questão do texto: por que o Movimento Espírita cria tantos obstáculos para a implantação dessa ciência em favor da Humanidade?
Se não me perguntam esses motivos sinto que sei, mas quando me pedem para explicitá-los vejo que me faltam argumentos, posto que não há lógica, ética, sentido ou moral que os justifiquem.
Quando Jesus pronunciou “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 7:21), parece que igualmente dizia, à posteridade: “Nem todo que se diz kardecista segue Allan Kardec”. Pois se Allan Kardec orienta a busca e o uso do Magnetismo, como se estar contra ele? Será que o fato de se ser “administrador de Casa Espírita, ou mesmo de Federação”, muda a essência? Os antigos dirigentes religiosos pensaram que sim; a maioria dos atuais continua pensando igual. E Jesus assevera: “Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco” (Mateus 15:14). Porém o cego verdadeiro não é o que não vê e sim aquele que não quer ver. Só que para quem guia violando o que seria de dever e de direito, também há advertência: “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. (Mateus 5:19).
Certamente o leitor estará me achando muito bíblico nesta resposta, mas se minha experiência e minha vida espírita, se os meus mais de 45 anos estudando e praticando o Magnetismo e todo o resultado que vem sendo constatado em tantas Casas e junto a tantas pessoas que utilizam essa maravilha não tem valido para atestar o valor do Magnetismo em nosso meio, só mesmo buscando a palavra do Novo Testamento para tentar fazer refletir quem deveria estar “defendendo” a Codificação e o Espiritismo em si.
Não existe lógica para as desculpas esfarrapadas que dão. Já cansei de repetir que se o passe espírita fosse só imposição de mãos, oração e boa vontade, a própria razão que orientam aos passistas, recomendando-lhes estudo e aprofundamento, estaria integralmente negada. Se os chamados “passes simples” fossem suficientes, não haveria razão para tão pouco efeito em seus resultados. Se aos Espíritos coubesse mesmo tudo fazerem, eles simplesmente estariam demonstrando pouquíssima eficiência. Porém nada disso parece importar muito…
Afinal, qual a razão dos dirigentes de muitas e muitas Casas serem contra o Magnetismo? Que lógica se esconde nas mentes que dizem ou pensam dirigir o Movimento Espírita quando se posicionam contra Kardec e os Espíritos Superiores da Codificação? Certamente estarão ganhando alguma coisa com isso; só que como esse ganho não é intelectual, espiritual, moral ou educacional, qual será então?
Creio que esta é a primeira vez que escrevo para o Vórtice sem deixar clara uma posição ante o questionamento feito. Simplesmente não sei, não entendo, não concebo e nem sequer formulo hipóteses concretas acerca do assunto, pois não quero crer se tratar de uma grande, poderosa e violenta onda obsessiva que grasa nas mentes e nos corações, os quais deveriam divulgar e incentivar o Magnetismo, fosse por amor à ciência, por amor ao Espiritismo, por amor aos iniciadores, por amor a Jesus, por amor ao próximo ou apenas por fidelidade. Só não cabe mesmo é alguém se designar dirigente espírita e jactar-se de ser contra o Magnetismo. Quem sabe eles saberiam e poderiam nos explicar as razões?
Acho
difícil também, pois o que eles mais semeiam é o silêncio inoperante no lugar
da luz que iluminaria a todos.
Enquanto
isso, continuemos estudando, aplicando, elevando o próprio Espiritismo e aproveitando
as benesses do Magnetismo, pois enquanto os cães ladram, a caravana do bem
segue firme com a base mais segura: Jesus e Kardec.