CUIDADO DOS DIRIGENTES DE CENTROS
EM FACE DAS CONFUSÕES DOUTRINÁRIAS
Duas espécies de confusões: as intencionais e as
inocentes — Confusões de origem mediúnica — O caso de Ramatis.
J. HERCULANO PIRES
O Infinito e o Finito. Artigo 36.
Faz-se, em geral, muita confusão a propósito de Espiritismo.
Há confusões intencionais, promovidas por elementos interessados em combater a
propagação inevitável da Doutrina, e há confusões inocentes, feitas por pessoas de reduzido
conhecimento doutrinário. As primeiras, as intencionais, não seriam funestas,
porque facilmente identificáveis quanto ao seu objetivo, se não
houvesse confusões inocentes, que preparam o terreno para aquelas explorações.
Os Centros Espíritas têm um grande papel a desempenhar
na luta pelo esclarecimento do povo, devendo promover constantes programas de combate
a todas as formas de confusão doutrinária. Por isso mesmo, devem ser
dirigidos por pessoas que conheçam a Doutrina, que a estudem
incessantemente e que não se deixem levar por sugestões estranhas. Quando
os dirigentes
de Centro não se sentirem bastante informados dos princípios
doutrinários,
devem revestir-se, pelo menos, da humildade suficiente
para recorrerem aos conselhos de pessoas mais esclarecidas e à leitura de textos
orientadores.
Há um pequeno livro de Kardec que muitos dirigentes desprezam,
limitando-se a aconselhar a sua leitura aos leigos e principiantes: exatamente
“O Principiante Espírita”. Esse livrinho é precioso orientador doutrinário, que
os dirigentes
devem ler sempre. Outro pequeno volume aconselhável é “O Que É o
Espiritismo”, também de Kardec. Principalmente agora, nesta época de confusões
que estamos atravessando, os dirigentes de Centros, Grupos Familiares e demais
organizações doutrinárias, deviam ter esses livros como leitura diária,
obrigatória.
Além das confusões habituais entre Umbanda e Espiritismo,
Esoterismo, Teosofia, Ocultismo e Espiritismo, há outras formas de confusão
que vêm sendo amplamente espalhadas no meio espírita. São as confusões de origem
mediúnica, oriundas de comunicações de espíritos
que se apresentam como grandes instrutores, dando sempre respostas e
informações sobre todas as questões que lhes forem propostas. Um exemplo
marcante é o
de Ramatis, cujas mensagens vêm sendo fartamente distribuídas. Qualquer
estudioso da Doutrina percebe logo que se trata de um
espírito pseudo-sábio, segundo a “escala espírita” de Kardec. Não
obstante, suas mensagens estão assumindo o papel de sucedâneos
das obras doutrinárias, levando até mesmo oradores espíritas a
fazerem afirmações ridículas em suas palestras, com evidente
prejuízo para o bom conceito do movimento espírita.
Não é de hoje que existem mensagens dessa
espécie. Desde todos os
tempos, espíritos mistificadores, os falsos profetas da erraticidade, como
dizia Kardec,
e espíritos pseudo-sábios, que se julgam grandes missionários, trabalham, consciente ou
inconscientemente, na ingrata tarefa de ridicularizar o Espiritismo. Mas a
responsabilidade dos que aceitam e divulgam essas mensagens
não é menor do que a dos espíritos que as transmitem. Por isso mesmo, é
necessário que os confrades esclarecidos não cruzem os braços diante dessas ondas de perturbação,
procurando abrir os olhos dos que facilmente se deixam
levar por elas.
O Espiritismo é uma doutrina de bom
senso, de equilíbrio, de esclarecimento
positivo dos problemas espirituais, e não de hipóteses sem base ou de suposições
imaginosas. As linhas seguras da Doutrina estão na Codificação Kardeciana. Não devemos nos
esquecer de que
a Codificação representa o cumprimento da promessa evangélica do Consolador,
que veio na hora precisa. Deixar de lado a Codificação, para aceitar novidades
confusas, é simples temeridade. Tanto mais quando essas novidades, como no
caso de Ramatis,
são mais velhas do que a própria Codificação.