UM CASO EUROPEU ATUAL
Ana Vargas
Aproximadamente
400 a.C, Platão escreveu o mito da caverna. Resumidamente, conta a istória de
pessoas para quem o mundo era a caverna onde viviam e a vida fora dela era algo
ameaçador que elas contemplavam e conheciam pelas sombras projetadas nas
paredes. É incrível como Platão consegue manter-se atual e aplicável ainda
hoje, passados 2400 anos. Ainda encontramos criaturas com mentes fechadas,
temerosas do que julgam ser “novo”, apenas porque não faz parte da caverna onde
está. O magnetismo, no meio espírita brasileiro, enquadra-se bem nesse caso. E
quando sai da caverna deslumbra-se com a beleza do que há lá fora, às vezes
retorna, decidido a contar, a falar o que viu, o que descobriu, o que
experimentou,o quanto se pode fazer e como isso pode nos ajudar a entender que
somos seres espirituais e viver essa realidade, aqui e agora, também. A vida
espiritual também sai da expectativa do amanhã, do depois da morte, e vem para
a realidade do hoje. Mas daí descobre que o medo, o orgulho e a preguiça causam
surdez psicológica (esse diagnóstico é meu, ainda não foi reconhecido por
nenhum órgão oficial), pois ele simplesmente é ignorado, quando não transferido
à categoria dos “não vistos”.
Caros
amigos, esse breve comentário é para provocar a nossa reflexão. Mostrando que
além da caverna existe muito que não conhecemos, traduzo abaixo a experiência
de um magnetizador francês, Laurent Lefebvre. Não foi realizada em 1700 ou em
1800, foi neste ano, em janeiro de 2013, em Nancy, França. Recebo o jornal que
distribuem “La Journal Spirite, La Revue du Circle Spirite Allan Kardec de
Nancy”, não os conheço pessoalmente, mas há alguns anos acompanho o trabalho
deles e noto muita seriedade e conhecimento teórico e prático de Magnetismo e Espiritismo.
Estão fora da “nossa caverna”, vale a pena conhecer e saber que fora daqui e
dos nativos brasileiros, também há vida, e vida em abundância. É confortador
sabermos que não somos o “povo escolhido”, nem os detentores da verdade. Talvez
o que falte por aqui seja coragem e humildade para sair da caverna. Analisemos,
pensemos, não tenhamos medo de mudar, aprender, de buscar ser feliz em tudo que
fazemos, só assim cresceremos como pessoas humanas.
CURA MAGNÉTICA DA ENXAQUECA
Laurent Lefebvre
Em
janeiro passado, A.P, uma jovem, me pediu atendimento magnético. Tratava-se de
um caso de enxaqueca e para avaliar o mais bem possível seu problema de saúde e
ver em que medida atuar para aliviá-la, combinamos uma entrevista inicial.
Expliquei-lhe o princípio de funcionamento do nosso trabalho e a origem dos eventuais
cuidados que poderia oferecer-lhe. Com efeito, a fim de dar ao magnetismo a
máxima eficácia, os magnetizadores da nossa associação seguem precisamente as
recomendações dos Espíritos para curar. Assim, para determinadas patologias,
temos recebido Espíritos médicos, em reuniões mediúnicas, que definem um protocolo
preciso de atendimento que consiste em uma sucessão de movimentos e imposições
a ser executados.
Desta
maneira, a energia magnética é colocada o mais exatamente possível sobre os
locais do corpo que devem ser reequilibrados. O magnetismo chega então ao
perispírito do paciente em forma vibratória e energética, repercute em suas
células e no psiquismo da pessoa.
Depois
de haver aceitado a origem das curas, AP descreveu-me em detalhes sua
patologia. A trinta e um anos sofre de fortes enxaquecas recorrentes. Esse
problema começou quando tinha dez anos e tem afetado sua vida diária.
As
enxaquecas são muito frequentes, três a quatro vezes por semana, e podem durar
dois dias seguidos, deixando-a incapaz de sair de casa. É obrigada a ficar no
escuro, em silêncio e também não se alimenta para evitar as náuseas.
Quando
era criança, as enxaquecas eram acompanhadas de sangramentos no nariz.
A.P estava grávida de seis meses e, por consequência, os
medicamentos que poderiam aliviá-la estavam proibidos.
Para atuar sobre a enxaqueca propus dois atendimentos magnéticos:
um para favorecer a circulação na cavidade craniana e a outra para
ajudar a evacuar congestões e coágulos. Estas duas ações são co mplementares e
favoreceriam a circulação sanguínea no cérebro. Se a origem da enxaqueca está
vinculada, em parte, a uma má irrigação do cérebro, o magnetismo atuará com
eficácia. Igualmente, desejei dar-lhe serenidade, pois o estresse também pode provocar
dores de cabeça. Mas, como A.P. espera um filho, obrigome a aplicar-lhe também
o atendimento específico a uma mulher grávida. Esta ação produzirá relaxamento
e facilitará a telepatia natural com a criança por nascer. Esta relação
telepática é descrita nestes termos: “A mulher grávida necessita relaxar,
libertar-se das tensões, reconhecer nela um profundo sentimento de
tranquilidade e doçura. A mulher grávida
está em permanente telepatia com seu filho. E o auxílio magnético pode
facilitar para que essa telepatia se desenvolva nas melhores condições” (grifo
no original). Era, então, por meio da aplicação destas diferentes técnicas
complementares que eu iria trabalhar.
Após nossa entrevista e para não perder tempo propus a A.P o início
imediato das sessões.
Com seu consentimento, executei sucessivamente passes magnéticos e
imposições, começando pelo atendimento específico para mulheres grávidas,
depois as outras para circulação cerebral. Esse trabalho durou aproximadamente trinta minutos.
Era preciso fazer, segundo o protocolo definido, passes longitudinais,
imposições das mãos com ou sem pressão, e utilizar o sopro.
Ao fim da primeira sessão, combinamos o retorno para a próxima semana
e avaliarmos durante esse tempo os progressos realizados.
Em sua segunda visita, narrou uma considerável diminuição das dores.
As enxaquecas haviam diminuído de intensidade, embora persistissem, já não eram
as mesmas que havia suportado até então. Seguimos com esse protocolo por dois
meses com cinco ou seis sessões, com intervalos de uma ou duas semanas,
conforme as disponibilidades da paciente.
A cada nova sessão, A.P dizia estar melhor, fato notável por conta de
sua patologia. Teve efeitos notórios desde a primeira sessão.
O resultado foi muito convincente e se, todavia, ainda sofre algumas
enxaquecas, são esporádicas, são mais espaçadas e de pouca intensidade.
Assim, A.P encontrou equilíbrio em seu cotidiano e os atendimentos
feitos permitiram-lhe dar a luz com maior serenidade.
Comprovamos que o magnetismo é uma energia que utilizada em boas
condições pode atuar eficazmente em situações nas quais a medicina e os
medicamentos mostram seus limites.
O reconhecimento oficial da ação magnética dará nascimento a uma
medicina complementar e, em certos aspectos, mais respeitosa da natureza
humana. O magnetismo pode fazer muito, mas na medida em que for utilizado
convenientemente e com método. E é na base dos conselhos de Espíritos médicos e
magnetizadores desencarnados onde repousa a essência do magnetismo espírita e o
caracteriza.□
(Texto traduzido da versão em
espanhol do Le Journal Spirite, La Revue Du Circle Spirite Allan Kardec de
Nancy, nº 93 – Julho a Setembro, 2013, coluna Cuidados Espíritas, texto:
Curaciones magnéticas de migrañas, de Laurent Lefebvre)
Curaciones magnéticas de migrañas, de Laurent Lefebvre)
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância,
geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus
pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no
mesmo lugar e a olhar apenas a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás
nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre,
de modo que se possa, na
semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa a alta fogueira
externa. Entre eles e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente
ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um
palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas
de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por
causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam
na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem
poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as
sombras vistas eram as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são
sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há
outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam
porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade
possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os
prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia
toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a
fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar,
dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele
adentraria.
Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira
na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois,
acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas
e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que,
durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das
estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está
contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna,
ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria
libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros
zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo
com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando- o e, se mesmo assim, ele
teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente
acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a
vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.
Extraído de A República de Platão
Fonte: www.historianet.com.br
PLATAO
Este importante filósofo grego nasceu em Atenas, provavelmente
em 427 a.C. e morreu em 347 a.C. É considerado um dos principais pensadores
gregos, pois influenciou profundamente a filosofia ocidental. Suas ideias
baseiam-se na diferenciação do mundo entre as coisas sensíveis (mundo das
ideias e a inteligência) e as coisas visíveis (seres vivos e a matéria).Filho
de uma família de aristocratas, começou seus trabalhos filosóficos após
estabelecer contato com outro importante pensador grego: Sócrates. Platão
torna-se seguidor e discípulo de Sócrates. Em 387 a.C, fundou a Academia, uma
escola de filosofia com o propósito de recuperar e desenvolver as ideias e
pensamentos socráticos. Convidado pelo rei Dionísio, passa um bom tempo em Siracusa,
ensinando filosofia na corte. Ao voltar para Atenas, passa a administrar e comandar
a Academia, destinando mais energia no estudo e na pesquisa em diversas áreas
do conhecimento: ciências, matemática, retórica (arte de falar em público),
além da filosofia. Suas obras mais importantes e conhecidas são: Apologia de Sócrates,
em que valoriza os pensamentos do mestre; O Banquete, fala sobre o amor de uma forma
dialética; e A República, em que analisa a política grega, a ética, o
funcionamento das cidades, a cidadania e questões sobre a imortalidade da alma.