Traduzido do termo francês orgueil, do Dictionnaire Encyclopédique de la Bible A. Westphal, por Viviane Ribeiro, para
o GEAK.
O Antigo Testamento retorna sem cessar
ao orgulho e usa nada menos do que doze palavras para designá-lo. Vê-se por
isso que ele lhe atribui uma importância capital e conhece sua complexidade.
O orgulho é um amor desregrado de si mesmo; é
o estado de um homem que se basta, que se admira em suas obras, vê em si
qualidades que não tem e empenha-se para que os outros compartilhem da opinião
que tem de si mesmo. Murray disse: “A humildade não é somente uma virtude entre
outras, mas sim a raiz de toda as virtudes”; pode-se dizer o mesmo do orgulho,
que não é apenas um vício entre outros, mas sim a raiz de todos os vícios. A
humildade exala um perfume que dá valor a todas as virtudes; o orgulho carrega
em si um fermento que faz eclodir todos os vícios. A inveja, é o orgulho que
não pode tirar partido das vantagens de outrem; a cólera nos mostra o orgulho
reagindo contra o que lhe resiste; o ciúme nasce da insuportável impressão
produzida sobre o orgulho por uma superioridade que se impõe; a própria mentira
é muito frequentemente o orgulho que se cobre e se mascara, esperando por seu falso
rosto obter a estima que ele não merece. Observou-se que ninguém gosta tanto de
alardear a sua humildade e as exigências de sua consciência quanto o orgulhoso.
Este alarde, que entra em contradição
com a sua atitude altaneira e suas mesquinhas intenções acarretou para os
fariseus a interpelação de Jesus: “Hipócritas (ou atores), vós expressais
fisionomias pesadas, vós vos preparais rostos extenuados pelo jejum... Vós
limpais o exterior do copo e do prato... Vós pagais o dízimo da menta, do endro
e do cominho e deixais de lado o que há de mais importante na lei: a justiça, a
misericórdia, a boa fé, o amor a Deus” (Mt 6 e Mt 23).
“O orgulho, diz La Rochefoucauld, nunca
é melhor disfarçado e mais capaz de enganar do que quando ele se esconde sob a
figura da humildade.”
Vê-se os estragos que o orgulho causa
na vida moral. Na vida religiosa, em que a humildade é a introdutora da graça,
os efeitos do orgulho são ainda mais temíveis. Ele é para a alma aquilo que a
lepra é para o corpo, ele enfeia, corrói, mata e é por isso que se encontram
homens que, no início de sua carreira cristã, exerciam, por seu entusiasmo, uma
verdadeira atração, mas que, ao viver uma situação em que o orgulho espreita as
almas inseguras, perderam pouco a pouco suas qualidades espirituais e até mesmo
a chama de seu olhar.
Após estas observações gerais, poderemos
compreender o papel que o orgulho desempenha na Bíblia e a insistência com que
ela procura prevenir os crentes contra o orgulho. Desde as suas primeiras
páginas, ela nos adverte que a habilidade do infernal sugestor foi ter semeado
de orgulho o coração virgem do primeiro casal humano : “Sereis como deuses!”
Quando o orgulho brotou, ele produziu a ganância; ela provocou a desobediência
e o homem foi expulso do Paraíso (Gen 3). Em todo o seu esforço para salvar a
humanidade perdida, Deus se choca contra o orgulho. Profetas, salmistas e sábios
denunciam o orgulho como o companheiro da maldade (Jó 20:6 35:12, Sl 31:19 73:6
119:51 123:4, Pv 21:24) e da estupidez (Pv 14:3, Sl 59:13); eles lhe atribuem,
como consequências, a vergonha, a humilhação, as divisões, a efusão do sangue,
a ruina (Pv 11:2 29:23 13:10 16:18) ; eles proclamam que Deus o odeia (2Rs
19:28, Is 37:29, Pv 8:13 16:5, Am 6:8) e dele se vingará (Deut 17:12 e
seguintes, Sl 119:21 31:24, cf. Sl 94:2 119:78,122, Is 13:11 2:12, Os 7:10, Jer
13:9-17, Ez 7:10,24 16:56 etc.). Pode-se sentir que para os profetas, todo o
destino do homem e em particular do povo eleito está em jogo entre os dois
polos: humildade e orgulho.
Os Apócrifos dão também um grande
destaque ao orgulho (cf. 2Mac 5:21 9:7,1115:6,Tob 4:13, Sab 5:8, Sir1 13:20
15:8 etc.). Sir 10 encerra uma tocante descrição do orgulho que parece ter
inspirado uma passagem do Magnificat (cf. Sir 10:14 e seguintes e
Lc 15:1 e seguintes). Jesus, por sua atitude
a respeito dos fariseus sanciona a revelação do Antigo Testamento. Seu discurso,
em Mt 23, não é senão um requisitório, e dos mais ardentes, contra os pecados
do orgulho. O orgulho dos fariseus os impediu de ir ao
batismo de João Batista, por isso diz Jesus,
“eles tornaram inútil o desígnio de Deus em relação a eles” (Lc 7:30, cf. Lc
15:1). O orgulho sugere ao homem enfermo que ele está bem de saúde, ao pecador
que ele é justo; Jesus declara: “Aqueles que têm boa saúde não precisam de
médicos mas sim aqueles que estão doentes. Eu não vim chamar os justos mas sim
os pecadores.” (Mc 2:13-17). A parábola do fariseu e do publicano é o texto
clássico desta questão: (Lc 18:9-14) “Oh Deus, eu te rendo graças por não ser
como o resto dos homens.”
Aquele cujo orgulho chega a este ponto, não
tem próximo. Ele está distante demais para compadecer-se com a dor dos outros,
não espereis que ele admita ou ceda: se ele confessasse ser falível, ele se
diminuiria. O orgulho instala o coração na atmosfera das resistências. O
orgulho é o grande isolante. Se ele nos isola dos outros, como ele não nos isolaria
de Deus de quem só podemos nos aproximar através da atmosfera da graça.
“Aquele que se eleva será rebaixado.”
Os apóstolos usam, para este ponto, a mesma
linguagem do A. T. e Jesus. Tiago e Pedro, citando Pv 3:34 segundo os LXX,
concordam em dizer: “Deus resiste aos orgulhosos, mas ele dá sua graça aos
humildes.” (Tg 4:6,1Pe 5:5). João, referindo-se ao relato da queda (Gen 3:6),
escreve: “A cupidez da carne, a cupidez dos olhos e o orgulho da vida não vêm
do Pai mas do mundo, ora, o mundo passa...” (1Jo 2:16 e seguinte). Já se podia
esperar que Paulo, o apóstolo da graça, fosse implacável contra o orgulho (Rom 1:30,
2Tim 3:2 e seguintes, cf. 1Tim 6:4, 1Cor 5:2, 2Cor 12:20, Rom 11:20, 1Tim 6:17)
e colocasse aos ministros do Evangelho o dever de se manter longe dele (1Tim
3:6, Tt 1:7).Ver Humildade. Alex. W.
1 Eclesiástico ou Sirácida (Não confundir
Eclesiástico com Eclesiaste)
Fonte; Geak - Grupo de Estudos Allan Kardec
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FITINHAS DO “SENHOR DO BONFIM” E OUTROS AMULETOS NUM CONCISO COMENTÁRIO
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DILÚVIO
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TRATAR
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RECORDANDO
A VIAGEM ESPÍRITA DE ALLAN KARDEC, EM 1862
OS
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FALTA
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HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO
FONTE
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MESMERISMO
E ESPIRITISMO
VIVÊNCIAS
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RESGUARDEMOS
KARDEC
REFLEXÃO
SOBRE O LIVRE-ARBÍTRIO
AUTO
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ACERCA
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