terça-feira, 9 de setembro de 2014

COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE I

Nelson Costa da Silva

A ignorância dos Princípios – O caminho filosófico – O crítico sério – O conceito da ortodoxia Espírita – Espíritas-espiritualistas – 
A defesa da coerência doutrinária

Segundo Allan Kardec, “a experiência nos confirma todos os dias que as dificuldades e as decepções que encontramos na prática do Espiritismo - doutrina fundada sobre a crença na existência dos Espíritos e em suas manifestações - têm sua origem na ignorância dos princípios dessa ciência.”
O Espiritismo, mesmo que alguns neguem, fez grandes progressos desde a sua divulgação para a humanidade, mas o seu maior progresso se fez a partir do momento que entrou no caminho filosófico e passou a ser apreciado por pessoas esclarecidas.

O Espiritismo não se solidariza com as extravagâncias que são cometidas em seu nome, assim também como dizia A.Kardec “como a verdadeira ciência não o é com os abusos da ignorância nem a verdadeira religião não o é com os excessos do fanatismo”.

O Espiritismo, abordando as questões mais graves da filosofia em todos os ramos da ordem social, compreendendo ao mesmo tempo o homem físico e o homem moral, é por si só toda uma ciência e uma filosofia que não se apreende em algumas horas, como qualquer outra ciência.

É crítico sério do Espiritismo e, por seus seguidores, assim considerado, somente aquele que tenha visto tudo, estudando e se aprofundando com paciência e perseverança, qualidades essas próprias de um observador consciencioso. Que demonstrasse o seu saber sobre o assunto, de idêntica forma que os mais esclarecidos dos seus seguidores e estudiosos o fizesse e, ainda assim, que tivesse alcançado os seus conhecimentos em outros lugares que não nos romances. Seria aquele a quem não se poderia apresentar nenhum postulado que ele não conhecesse, e tampouco qualquer argumento que deixasse de passar pela sua meditação. Que contestasse a base da Doutrina dos Espíritos não por meras negações ou inserções contraditórias, maculando a lógica e o crivo da razão na doutrina apresentados, mas que pudesse comprovar, enfim, causas mais lógicas daquelas que o Espiritismo apresenta.

Esse crítico ou esse inovador ainda está por vir. Se vier.

Sendo o Espiritismo toda uma ciência e toda uma filosofia, para que alguém possa conhecê-lo seriamente, a primeira condição é a dedicação a um estudo sério e compenetrado; não pode ser aprendido por curiosidade ou brincadeira. O Espiritismo aborda todas as questões que interessam aos humanos, tem um campo imenso de ensinamentos e é nas conseqüências que deve ser mais bem examinado. Crer nos Espíritos não é suficiente para autoproclamar-se espírita esclarecido.

Quando se menciona a palavra ortodoxia, está-se referindo a um conceito pronto e acabado dentro dos seus fundamentos e da sua base. E é desse conceito que todo aquele que defende a ortodoxia Espírita se vale, seguindo a rota segura preconizada nas orientações e esclarecimentos apontados no CUEE (Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos).

É a partir desse conceito que todo Espírita deve buscar os meios de aprender e também ensinar. Que não se espante o Espírita com a palavra ensinar; não significa que se deva fazer do alto de uma cátedra ou de uma tribuna. Ensinar também é conversar, debater, trocar idéias, seja por explicações, seja por experiências. O desejo maior de todo aquele que queira ser um Espírita esclarecido e coerente com a doutrina é que o seu esforço alcance resultados, e é por isso que deve dar conselhos sempre proveitosos para os que queiram se instruir por si mesmos. Só assim esses encontrarão meios mais seguros de chegar ao seu objetivo: a evolução e o progresso do Espírito.

Há no meio Espírita, uma imensidão de espiritualistas. Mesmo sendo o Espírita um espiritualista de origem, aqueles não podem, ainda, serem considerados Espíritas, segundo os princípios da doutrina mencionados em O Livro dos Espíritos, Introdução, I -ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO -, pois que conservam os traços do apego aos rituais, aos sacramentos, à hierarquia ministerial e sacerdotal, aos avatares religiosos, às oferendas, ao misticismo e à idolatria a personagens espirituais, ainda que a Doutrina dos Espíritos esclareça a sua inconsistência para as coisas do Espírito.

Acredita-se que para se convencer alguém basta mostrar os fatos. E que esses fatos, sendo fundamentados com lógica e sustentados pelo crivo da razão, bastariam para demover ao mais ferrenho espiritualista. A experiência mostra que não é o melhor a se fazer, pois há pessoas a quem nem um argumento ou fundamentos bem sustentados são suficientes e não as convencem. Difícil saber por que isso acontece, porém é possível tecer algumas considerações explicativas que podem ser demonstradas.

Para o espiritualista-refratário, será em vão reunir todas as provas ou argumentos lógicos; ele contestará todas, porque não admite o Espiritismo, por si só. É preciso, antes de tudo, dar-lhe tempo de amadurecer os ensinamentos da Doutrina, para que possa compreender o desapego a que se acostumou durante sua vida.

Há o espiritualista-orgulhoso, e para esse não existem dúvidas, apenas a negação absoluta, à qual raciocina à sua maneira. A maioria deles teima com as suas opiniões apenas por orgulho, pois acredita, por amor-próprio, que são obrigados a persistir espiritualista. Persistem, apesar de todos os argumentos e provas lógicas contrários, porque não querem se rebaixar às evidências do raciocínio e da razão. Esses são os mais difíceis de convencer, pois muitas vezes, sob falsa aparência de sinceridade dizem: “concordo com a Doutrina, mas ela precisa se atualizar com as doutrinas milenares”. Há os que vaidosamente, como se francos fossem, dizem: “a Doutrina é limitada para a minha capacidade de compreensão”. Com essas pessoas não há nada a fazer, já que o orgulho e a vaidade sobrepõem-se ao Espiritismo.

Há, ainda, o espiritualista-indiferente. Até compreendem que são “espíritas” por indiferença, podendo-se até dizer que é “por falta de coisa melhor”. Não que sejam indiferentes de caso pensado, pois o que mais desejariam é crer integralmente e exclusivamente no Espiritismo como ele é, mas a indiferença para a leitura e para o estudo leva-os a seguirem o que lhes é apresentado. E esse é o que tem o contingente mais numeroso entre os “espíritas”.

O fato de alguém defender a ORTODOXIA (coerência) Espírita, não quer dizer que outra qualquer forma de crença deixe de ser válida afinal; cada um usa o seu conhecimento e a sua crença naquilo que mais o conforta e responde aos seus anseios de momento. Da mesma forma, não quer dizer que alguém que compreenda os fundamentos da DE e os defenda de qualquer inserção ou sincretismo de outra crença ou práticas que o Espiritismo esclarece que sejam desnecessárias para o crescimento e progresso do indivíduo, o torne um SER mais evoluído ou superior.

Todos nós estamos evoluindo e progredindo de alguma forma. Todos nós somos falíveis e deixamos transparecer, quando menos esperamos, as nossas fraquezas, notadamente as fraquezas morais.

No entanto, defender a pureza doutrinária do Espiritismo é buscar melhorar a nossa conduta como um todo. Alguns avançam, outros ainda têm um longo caminho pela frente, e nesse caminho está vencer a vaidade, o orgulho e a indiferença. Não quer dizer que sabendo quase tudo da DE em seus detalhes, que esse caminho já tenha sido percorrido.

E quanto a perceber comportamentos e posturas que não condizem com o conhecimento da Doutrina, não caberá a nós fazermos tais julgamentos de valor moral sobre ninguém, mesmo porque se estamos todos juntos, é para que possamos aprender uns com os outros.

O ideal é que cada um procure fazer a sua parte, sempre que possível. Se estivermos aptos a fazer uma análise de palavras ou escritos, que sejamos duros, porém comedidos na abordagem. Que tenhamos sempre argumentos e fundamentos que façam o outro compreender o seu erro. Somente com tolerância e paciência, mas, também, com palavras que não deixem margens a dúvidas, é que poderemos traçar um caminho mais proveitoso para todos nós seguidores do Espiritismo.

Não desistir e não desanimar. Todo trabalho para frutificar, necessita de uma boa aragem e uma boa semeadura. Muitas vezes, encontraremos intempéries morais para prejudicar nossa lavoura, mas devemos sempre persistir.

Fonte; NEFCA - NÚCLEO ESPÍRITA DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS APLICADAS


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BIOGRAFIA - ANÁLIA FRANCO

Redação do Correio Espírita

Nascida na cidade de Resende, Estado do Rio de Janeiro, no dia 10 de fevereiro de 1856, e desencarnada em S. Paulo, no dia 13 de janeiro de 1919. Seu nome de solteira era Anália Emília Franco. Após consorciar-se em matrimônio com Francisco Antônio Bastos, seu nome passou a ser Anália Franco Bastos, entretanto, é mais conhecida por Anália Franco.

Com 16 anos de idade entrou num Concurso de Câmara dessa cidade e logrou aprovação para exercer o cargo de professora primária. Trabalhou como assistente de sua própria mãe durante algum tempo. Anteriormente a 1875 diplomou-se Normalista, em S. Paulo.

Foi após a Lei do Ventre Livre que sua verdadeira vocação se exteriorizou: a vocação literária. Já era por esse tempo notável como literata, jornalista e poetisa, entretanto, chegou ao seu conhecimento que os nascituros de escravas estavam previamente destinados à "Roda" da Santa Casa de Misericórdia. Já perambulavam, mendicantes, pelas estradas e pelas ruas, os negrinhos expulsos das fazendas por impróprios para o trabalho. Não eram, como até então "negociáveis", com seus pais e os adquirentes de cativos davam preferência às escravas que não tinham filhos no ventre.

Anália escreveu, apelando para as mulheres fazendeiras. Trocou seu cargo na Capital de São Paulo por outro no Interior, a fim de socorrer as criancinhas necessitadas. Num bairro duma cidade do norte do Estado de S. Paulo conseguiu uma casa para instalar uma escola primária. Uma fazendeira rica lhe cedeu a casa escolar com uma condição, que foi frontalmente repelida por Anália: não deveria haver promiscuidade de crianças brancas e negras.

Diante dessa condição humilhante foi recusada a gratuidade do uso da casa, passando a pagar um aluguel. A fazendeira guardou ressentimento à altivez da professora, porém, naquele local Anália inaugurou a sua primeira e original "Casa Maternal". Começou a receber todas as crianças que lhe batiam à porta, levadas por parentes ou apanhadas nas moitas e desvios dos caminhos.

A fazendeira, abusando do prestígio político do marido, vendo que a sua casa, embora alugada, se transformara num albergue de negrinhos, resolveu acabar com aquele "escândalo" em sua fazenda. Promoveu diligências junto ao coronel e este conseguiu facilmente a remoção da professora.

Anália foi para a cidade e alugou uma casa velha, pagando de seu bolso o aluguel correspondente à metade do seu ordenado. Como o restante era insuficiente para a alimentação das crianças, não trepidou em ir, pessoalmente, pedir esmolas para a meninada. Partiu de manhã, à pé, levando consigo o grupinho escuro que ela chamava, em seus escritos, de "meus alunos sem mães". Numa folha local anunciou que, ao lado da escola pública, havia um pequeno "abrigo" para as crianças desamparadas. A fama, nem sempre favorável da novel professora, encheu a cidade.

A curiosidade popular tomou-se de espanto, num domingo de festa religiosa. Ela apareceu nas ruas com seus "alunos sem mães", em bando precatório. Moça e magra, modesta e altiva, aquela impressionante figura de mulher, que mendigava para filhos de escravas, tornou-se o escândalo do dia. Era uma mulher perigosa, na opinião de muitos. Seu afastamento da cidade principiou a ser objeto de consideração em rodas políticas, nas farmácias. Mas rugiu a seu favor um grupo de abolicionistas e republicanos, contra o grande grupo de católicos, escravocratas e monarquistas.

Com o decorrer do tempo, deixando algumas escolas maternais no Interior, veio para S. Paulo. Aqui entrou brilhantemente para o grupo abolicionista e republicano. Sua missão, porém, não era política. Sua preocupação maior era com as crianças desamparadas, o que a levou a fundar uma revista própria, intitulada "Álbum das Meninas", cujo primeiro número veio a lume a 30 de abril de 1898. O artigo de fundo tinha o título "Às mães e educadoras". Seu prestígio no seio do professorado já era grande quando surgiram a abolição da escravatura e a República. O advento dessa nova era encontrou Anália com dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos. E logo que as leis o permitiram, ela, secundada por vinte senhoras amigas, fundou o instituto educacional que se denominou "Associação Feminina Beneficente e Instrutiva", no dia 17 de novembro de 1901, com sede no Largo do Arouche, em S. Paulo.

Em seguida criou várias "Escolas Maternais" e "Escolas Elementares", instalando, com inauguração solene a 25 de janeiro de 1902, o "Liceu Feminino", que tinha por finalidade instruir e preparar professoras para a direção daquelas escolas, com o curso de dois anos para as professoras de "Escolas Maternais" e de três anos para as "Escolas Elementares".

Anália Franco publicou numerosos folhetos e opúsculos referentes aos cursos ministrados em suas escolas, tratados especiais sobre a infância, nos quais as professoras encontraram meios de desenvolver as faculdades afetivas e morais das crianças, instruindo-as ao mesmo tempo. O seu opúsculo "O Novo Manual Educativo", era dividido em três partes: Infância, Adolescência e Juventude.

Em 10 de dezembro de 1903, passou a publicar "A Voz Maternal", revista mensal com a apreciável tiragem de 6.000 exemplares, impressos em oficinas próprias.

A Associação Feminina mantinha um Bazar na rua do Rosário n.o. 18, em S. Paulo, para a venda dos artefatos das suas oficinas, e uma sucursal desse estabelecimento na Ladeira do Piques n.o. 23.

Anália Franco mantinha Escolas Reunidas na Capital e Escolas Isoladas no Interior, Escolas Maternais, Creches na Capital e no Interior do Estado, Bibliotecas anexas às escolas, Escolas Profissionais, Arte Tipográfica, Curso de Escrituração Mercantil, Prática de Enfermagem e Arte Dentária, Línguas (francês, italiano, inglês e alemão); Música, Desenho, Pintura, Pedagogia, Costura, Bordados, Flores artificiais e Chapéus, num total de 37 instituições.

Era romancista, escritora, teatróloga e poetisa. Escreveu uma infinidade de livretos para a educação das crianças e para as Escolas, os quais são dignos de serem adotados nas Escolas públicas.

Era espírita fervorosa, revelando sempre inusitado interesse pelas coisas atinentes à Doutrina Espírita.

Produziu a sua vasta cultura três ótimos romances: "A Égide Materna", "A Filha do Artista", e "A Filha Adotiva". Foi autora de numerosas peças teatrais, de diálogos e de várias estrofes, destacando-se "Hino a Deus", "Hino a Ana Nery", "Minha Terra", "Hino a Jesus" e outros.

Em 1911 conseguiu, sem qualquer recurso financeiro, adquirir a "Chácara Paraíso". Eram 75 alqueires de terra, parte em matas e capoeiras e o restante ocupado com benfeitorias diversas, entre as quais um velho solar, ocupado durante longos anos por uma das mais notáveis figuras da História do Brasil: Diogo Antônio Feijó.

Nessa chácara fundou Anália Franco a "Colônia Regeneradora D. Romualdo", aproveitando o casarão, a estrebaria e a antiga senzala, internando ali sob direção feminina, os garotos mais aptos para a Lavoura, a horticultura e outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas, conseguindo assim regenerar centenas de mulheres.

A vasta sementeira de Anália Franco consistiu em 71 Escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, etc., em 24 cidades do Interior e da Capital.

Sua desencarnação ocorreu precisamente quando havia tomado a deliberação de ir ao Rio de Janeiro fundar mais uma instituição, idéia essa concretizada posteriormente pelo seu esposo, que ali fundou o "Asilo Anália Franco".

 A obra de Anália Franco foi, incontestavelmente, uma das mais salientes e meritórias da História do Espiritismo.

Fonte; http://www.correioespirita.org.br/

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Introdução

Fénelon nasceu (ou foi batizado) em 6 de agosto de 1651 no Chateau de Fénelon (Périgord - França) e desencarnou em Cambrai em 7 de janeiro de 1715. Sua família era da nobreza, ilustre nas armas e na diplomacia, mas empobrecida. Sendo um dos filhos menores, seguindo um costume da época, ele foi destinado para a carreira eclesiástica e diz-se que começou seus estudos no colégio dos Jesuitas em Cahors. Continuou os Estudos junto aos Jesuítas em Paris e manteve contatos com o seminário de Saint-Sulpice.


Na sua existência terrena foi um orador, escritor e prelado frânces de grande influência. É considerado um precursor do Iluminismo e na pedagogia propôs idéias que seriam desenvolvidas por Rosseau e Pestalozzi. Contemporâneo de Luis XIV (5 de setembro de 1658 - 1 de setembro de 1715), o "Rei Sol", viveu o apogeu do Antigo Regime frânces. Foi preceptor do filho mais novo do rei e herdeiro do trono, o Duque de Borgonha, que desencarnou em 1712 sem chegar a assumir o trono. Suas obras são reeditadas na França até nossos dias e continuam a ser estudadas nas escolas como veículos para compreender a antiguidade clássica, a moral e as regras da arte de escrever. Jacques Le Brun, apresentando o volume com as obras Completas de Fénelon, diz que há em seus textos uma elegância inimitável, uma discreta sensibilidade pela beleza e uma harmonia entre a herança cultural e o moderno.

Como espírito, fez parte do grupo que acompanhou Kardec na Codificação Espírita. Assinou juntamente com outros espíritos ilustres o "Prolegônemos" de "O Livro dos Espíritos" e mensagens suas foram publicadas nas obras básicas e na Revista Espírita
.

Fénelon se torna conhecido

Fénelon em muitos aspectos foi um homem de seu tempo, nascido em uma época e país onde a religião tinha uma importância para a vida das pessoas que é dificil de ser compreendida em nossos dias, foi Católico sincero. Mas defendeu o Catolicismo com eloquência, nunca com fanatismo, os sermões que restaram e os escritos que deixou mostram uma argumentação bem montada, sempre na busca do esclarecimento do ouvinte e nunca atacando-o. Neste aspecto pode-se dizer que destou de seus contemporâneos, pois enquanto governos e os povos ainda matavam pelas diferenças religiosas, a tolerância com os que tinham idéias diferentes da sua e a afabilidade com todos com que lidava foram traços marcantes de sua personalidade.

No século XVIII, antes da Revolução Francesa (1789), a Igreja era o único lugar onde a multidão podia ouvir grandes oradores. Existiam os sermões de quaresma, as grandes festas e os elogios fúnebres. O historiador Jacques Wilhelm (WILHELM, 1988) observa que enquanto as almas simples procuravam sobretudo as verdades da religião e uma exortação ao bem, as pessoas cultas buscavam também a perfeição da linguagem e a riqueza das idéias.


Fénelon, já no começo de sua carreira eclesiástica, chamou a atenção pela beleza e perfeição de seus sermões e foi nomeado em 1678 para diretor do "Institute des Nouvelles Catholiques" (Instituto dos Católicos Novos). Este instituição buscava reeducar na religião Católica as jovens de familias protestantes que haviam se convertido ao Catolicismo. Suas experiências pedagógicas o levaram a escrever em 1681 o livro "Traité de l'éducation des filles" (Tratado sobre a Educação de Meninas). Essa experiência lhe trouxe alguns problemas, pois a moderação com que tratava os protestantes e a recusa em impor aos convertidos práticas devocionacias exageradas ou desnecessárias,  provocou inimizades e acusações de simpatia pelo Jansenismo.

Em 1685 ele escreveu uma obra teológica em refutação ao Jansenismo. Esta corrente religiosa defendia posições diferentes das adotadas pelo Catolicismo na relação do "Livre Arbitrio" e da "Graça Divina" com a questão da salvação humana. O livro se chamava le "Traité de l'existence de Dieu et de la réfutation du système de Malebranche sur la nature et sur la Grâce" (Tratado sobre a existência de Deus e de refutação ao sistema de Malebranche sobre a Natureza e a Graça).


Neste ano ele também viajou algumas vezes em missão de pregação. Luis XIV foi o responsável por estas viagens. Ele revogou o Édito de Nantes promulgado pelo rei Henrique IV em 13 de abril de 1598 que reconhecia os direitos religiosos e políticos dos protestantes na França e, entre outras medidas para convertê-los ao Catolicismo, enviou oradores brilhantes em missões de pregação pelas provincias onde eles tinham grande representatividade.

A reação imediata ao fim da tolerância limitada garantida pelo Édito de Nantes foi a migração em massa dos Huguenotes (como eram chamados os Protestantes franceses) para outros países da Europa e para a América. Cerca de 300.000 deixaram a França nessa época. Cultos e laboriosos, sua saída trouxe consequências graves para a economia francesa e, em conjunto com as continuas guerras travadas contra outras potências européias, agravou a miséria no campo e nas cidades.

O Quietismo e a Corte

Em 1684 chegou na França uma nova querela teológica a partir de uma doutrina pregada por Madame Guyon (Jeanne Marie Bouvier de La Mothe-Guyon, 13 de abril de 1638 - 9 de junho de 1717). Extremamente piedosa, ela tinha visões desde os 5 anos de idade e expôs suas idéias em uma obra de 1684 intitulada "Moyen court et très facile pour l'oraison" (Meio rápido e simples para orar). Ela era adepta do "Quietismo", movimento iniciado pelo teólogo espanhol Miguel de Molinos (nasceu em 1628 e morreu em Roma, na prisão, em dezembro de 1696). O Quietismo era assim chamado porque valorizava o estado de quietude interior e confiança em Deus em detrimento das práticas exteriores e da liturgia. É muito semelhante com as idéias de Juan de La Cruz (1542-1591) e de Teresa de Jesus (1515-1582). O Quietismo foi condenado como heresia em 1687 pelo Papa Inocêncio XI (1676-1689) na bula "Coelestis Pastor".

Fénelon é apresentado a Madame de Maintenon, casada secretamente com Luis XIV, em 1688 e se torna seu conselheiro espiritual. É através de Madame de Maintenon que ele toma conhecimento das idéias de Madame Guyon, vindo a conhecê-la no inverno de 1688-1689. As idéias de Madame Guyon causam profunda impressão a Fénelon e durante os anos seguintes ele mantem correspondência com ela.

Em 1689 Fénelon é indicado para preceptor do herdeiro do trono, que estava então com sete anos de idade, e inicia nova etapa em sua vida. É uma fase fecunda, em que escreve suas principais obras literarias e em que exerce sua maior influência política e religiosa. Principalmente ele procurou formar moralmente o herdeiro real, orientando-o para que se tornasse um bom governante.


Em 1693 ele foi admitido na Acadêmia Francesa. Para a instrução de seu aluno real ele escreve a partir de 1694 "les Dialogues des Morts" (Os Dialogos dos Mortos), "les Fables" (as Fábulas) e os contos que compõe "Les Aventures de Télémaque, fils d'Ulysse" (As aventuras deTelemáco, filho de Ulisses). Esse período brilhante da vida de Fénelon atinge seu apogeu em 4 de fevereiro de 1695 quando ele foi nomeado Arcebispo da diocese de Cambrai.

Os problemas políticos e o Banimento

A situação de Fénelon começa a se reverter quando ele se opõe a Bousset - uma das principais vozes do episcopado francês no reinado de Luis XIV - na questão do Quietismo e escreve um texto em defesa de Madame Guyon, "Explication des maximes des saints sur la vie intérieure" (Explicação das máximas dos santos sobre a vida interior - 1697) que acaba sendo condenado pelo Papa Inocêncio XII. A pregação de Fénelon também começa a gerar inqueitação na corte e nos meios religiosos, sua defesa das idéias quietistas gera uma efervescência espiritual que é mal vista pela hierarquia da Igreja.

O Catolicismo era a religião de estado na França do Antigo Regime e os dois poderes, o civil e o eclesiástico exerciam um controle rigoroso das consciências. A Igreja prestava serviço ao poder político legitimando-o e apoiando a ordem estabelecida de todas as formas e, por outro lado, a monarquia a defendia, mantendo-lhe os privilégios e reprimindo com todo rigor quem se afastasse dela. Assim religião e a política estavam de tal forma ligadas no reinado de Luis XIV que Madame Guyon acabou sendo considerada inimiga do estado e presa em 1698. Por acreditar que era possivel ligar o ser humano a Deus diretamente, sem intermediação da Igreja, permaneceu 5 anos encarcerada na Bastilha e depois foi banida para Blois.

Como dito acima, Fénelon ao escrever a obra Telêmaco criou um verdadeiro programa de educação moral para seu aluno. O objetivo da obra era formar-lhe o caráter para que, ao assumir o trono, fosse um bom governante, sem fanatismos e preocupado com o bem estar do seu povo. O problema é que assim que em 1698 começaram a circular na corte as primeiras cópias do texto, Luis XIV a viu como uma critíca direta a seu comportamento e a sua política.


Em janeiro de 1699 Fénelon foi afastado de seu cargo de preceptor do herdeiro ao trono. Em maio de 1699, quando Telemáco é publicado, Fénelon é  banido da Corte. Aceitando com humildade o revés em sua situação retirou-se para sua diocese. A partir de então viveu uma vida regular e austera, ritmado pelas visitas as paroquias de sua diocese, as suas predicações e homilias aos seminaristas. Ao redor de Fénelon ficaram a familia e os amigos. Deu conselhos políticos aos que o procuraram nas crises por que passou a França nos últimos anos de Luis XIV, mas o rei não lhe permitiu jamais voltar a Paris e recusou todos os pedidos que lhe foram feitos neste sentido.

Desencarnou em 1715 deixando muitas obras - em geral sobre assuntos políticos, de educação e de religião - e a fama de homem de bem que persiste até nossos dias
.

Fénelon - Espírito
As mensagens de Fénelon, registradas nas obras básicas e na Revista Espírita, mostram que a formação moral do homem terrestre continua sendo o centro de suas atividades. É o educador e conselheiro, profundo conhecedor do ser humano, que com sua característica benevolência segue trabalhando  no plano espiritual. Transcrevemos abaixo a resposta de Fénelon à questão 917 do Livro dos Espíritos  (tradução de J. Herculano Pires, edição FEESP):
Qual é o meio de se destruir o egoísmo?
De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influência; suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais. O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, ele combate necessariamente o egoísmo.
É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é levado a ocupar-se de si mesmo mais que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá, assim, a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face do atual desdobramento do egoísmo é necessária uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade em proveito dos outros, que em geral não o reconhecem. É a esses, sobretudo, que possuem essa virtude, que está aberto o reino dos céus; a eles sobretudo está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será posto de lado e sofrerá no abandono. (Ver item 785).
FÉNELON
Bibliografia


ARNAULT e LANCELOT. Gramática de Port-Royal. Tradução de Bruno Fregni Bassetto e Henrique Graciano Muracho. São Paulo: Martins Fontes, 1992. (Este livro traz uma boa introdução sobre o Jansenismo).
FÉNELON. Oeuvres. Compilação e Introdução de Jacques Le Brun. França: Éditions Gallimard, 1983
FILHO. J. A. Índice Bio-Bibliográfico. In: Vol. XVIII da coleção das Obras Completas de Allan Kardec. São Paulo: EDICEL, 1976.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. In: GEAE. Disponível em: <http://www.geae.inf.br/pt/livros/le>. Tradução de J. Herculano Pires, publicada no site do GEAE com autorização da FEESP em 1995.
WIKIPEDIA. Fénelon. In: Wikipedia, the free encyclopedia. Disponível em: <http://fr.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9nelon>. Acesso em 28 de fevereiro de 2006.
WILHELM. J. Paris no Tempo do Rei Sol. Tradução Cassia R. da Silveira e Denise Moreno Pegorim. São Paulo: Companhia das Letras 1988.
 



PENSAMENTOS DE FÉNELON

O trecho seguinte foi dirigido a uma dama da corte que se queixava de estar sempre triste:
"Muitas vezes a tristeza vem de que, procurando a Deus, nós não temos o sentimento da sua presença. Querer sentir não é querer possuir: é uma espécie de amor próprio; queremos ter certeza de possuir, para só então sentir a consolação. A nossa natureza comum se impacienta de viver apenas da fé. Ela quer sair dessa situação, porque na verdadeira fé, parecem faltar os apoios; a alma fica como que no ar; ela gostaria de “sentir” que está progredindo. Gostaríamos, por amor próprio, de ter o prazer de nos vermos perfeitos; resmungamos porque isso ainda não é visível; ficamos impacientes, altivos, de mau humor contra os outros e contra nós mesmos. É um erro. Como se a obra de Deus pudesse concretizar-se pela nossa tristeza! Como se pudéssemos nos unir ao Deus da paz perdendo a paz interior... “Marta, Marta, você se preocupa com muitas coisas”, diz o Cristo, que acrescenta: “Só uma coisa é necessária”; e essa coisa é amá-lo e saber viver tranqüilamente a seus pés."
As cartas de direção espiritual que Fénelon escreveu são famosas; de uma delas extraiu-se o trecho seguinte:
"É certo, segundo a Escritura, que o espírito de Deus habita dentro de nós, que ali ele age, reza sem cessar, geme, deseja, pede o que nós mesmos não sabemos pedir, nos anima, nos impele, nos fala em silêncio, nos sugere toda a verdade, e nos une de tal modo a ele que nós nos tornamos um mesmo espírito com Deus. Eis o que a fé nos ensina; eis o que os doutores mais afastados da vida interior não podem deixar de reconhecer. Entretanto, apesar desses princípios, eles tendem sempre a supor, na prática, que a leiexterior, ou uma certa luz de doutrina e de raciocínio, nos ilumina interiormente, e que em seguida é a nossa razão que age por ela mesma a partir dessa instrução. Não contamos suficientemente com o mestre interior que é o Espírito Santo, e que faz tudo em nós. Ele é a alma da nossa alma: não poderíamos formar nem pensamento nem desejo a não ser por ele. Infelizmente, assim é a nossa cegueira: agimos como se estivéssemos sós nesse santuário interior; quando, bem ao contrário, Deus está ali mais intimamente do que nós mesmos".
O trecho seguinte chama-se “Fidelidade nas pequenas coisas”:
"Gostaríamos cem vezes mais de fazer a Deus alguns grandes sacrifícios, por dolorosos que fossem, com a condição de ganhar em seguida a liberdade de seguir nossos gostos e hábitos em todos os pequenos detalhes. E, no entanto, é pela fidelidade nas pequenas coisas que a graça do verdadeiro amor se apóia, e se distingue dos fervores passageiros".
"Deveríamos saber que Deus não considera tanto as nossas ações quanto o espírito de amor com que as praticamos. As pessoas julgam as nossas ações pelo exterior; mas para Deus, pouco importa o que brilha aos olhos dos homens. O que Ele quer é uma intenção pura, é uma vontade dócil em Suas mãos, é um sincero desprendimento de nós mesmos. Esse exercício pode ser praticado muito melhor nas coisas comuns do que nas extraordinárias — onde a tentação do orgulho é sempre muito grande".
"Tudo o que pedimos é morrer antes de sermos infiéis ao Senhor. Não nos dê a vida se formos amá-la demais".
"Muitas vezes nossos erros nos beneficiam mais do que nossos acertos. As façanhas enchem o coração de presunção perigosa; os erros obrigam o homem a recolher-se em si mesmo e devolvem-lhe aquela prudência de que os sucessos o privaram".
"Senhor, dê a nós, seus filhos, aquilo que não sabemos pedir. Não teríamos outro desejo a não ser cumprir Sua vontade. Ensina-nos a rezar, ora em nós".
"Meu Deus, resquarde-me da escravidão fatal que os homens insanamente chamam de liberdade. Apenas no Senhor está a liberdade. É a Sua verdade que nos liberta. Servir ao Senhor é a verdadeira conquista".
"Não basta mostrar a verdade, é preciso apresentá-la amavelmente".
"Já é saber muito quando se sabe que não se sabe nada".
"O mais livre de todos os homens é aquele que consegue ser livre na própria escravidão".
"Nenhum poder humano consegue forçar o impenetrável reduto da liberdade de um coração".
"Desconfiem dos sábios e dos grandes argumentadores. Eles esmorecem à volta dos problemas [...], a sua curiosidade é uma avareza espiritual que é insaciável. São como os conquistadores que destroem o mundo sem o possuir".
"Antes de buscarmos o perigo, torna-se indispensável prevê-lo e temê-lo; mas, quando estamos metidos nele, só nos resta desprezá-lo".
"Aquele pensa que sabe muito, mas não sabe de nada, e a sua ignorância é tanta que nem sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta".
"Aqueles que nunca sofreram não sabem nada; não conhecem nem os bens nem os males; ignoram os homens; ignoram-se a si próprios".
"Desejar o impossível é doença da alma".
"Se quereis formar juízo acerca de um homem, observai quem são os seus amigos".
"Reservando ao pintor a tarefa severa e controlável de começar os quadros, atribuímos ao espectador o papel vantajoso, cómodo e cómico de os acabar pela sua meditação ou pelo seu sonho".
"Só é digno de glória o coração capaz de suportar o desgosto e de desprezar os prazeres".
"A pátria de um porco encontra-se por toda a parte onde há bolotas".
"As injúrias são os argumentos daqueles que não têm razão".
"As almas belas são as únicas que sabem o que há de grande na bondade".
"Todos os homens procuram a paz da alma, mas não a procuram onde ela existe".
"Tão-somente o infortúnio pode converter um coração de pedra num coração humano".
"A avareza e a ambição mostram-se mais descontentes do que não têm, do que satisfeitas com o que possuem"
"Para que uma obra de arte seja realmente bela, é preciso que nela o autor se esqueça de si mesmo e me permita esquecê-lo".

"É indigno de um homem honesto servir-se dos restos de uma amizade que termina, para satisfazer um ódio que começa".

Fonte; http://coracaomistico.blogspot.com.br/2007/12/franois-fnelon.html


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http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/09/a-vida-e-obra-de-allan-kardec.html

domingo, 7 de setembro de 2014

HUMILDADE – em Lachâtre

Termo do Nouveau Dictionnaire Universel1 , de Maurice Lachâtre, traduzido do francês pela Equipe do GEAK.

Humildade – s. f. (do lat. Humilitas, mesmo sentido; rad. Humilis, humble).

Virtude que reprime em nós o orgulho; disposição moral que nos lembra nossa fragilidade sem nos rebaixar; tendência de nosso coração e de nosso espírito para combater nossos sentimentos de vaidade. Grande humildade. Profunda humildade. Fazer atos de humildade. Praticar a humildade. Sofrer injúrias com humildade. Em muitos falsos devotos o orgulho é o princípio da humildade. A humildade à prova da grandeza é a principal obra da graça. (Bourdaloue) Nós nos limitaremos a dizer que a humildade é a modéstia da alma. (Voltaire) A humildade, enquanto virtude, é, por assim dizer, a perfeição da modéstia. A modéstia é uma marca de bom gosto e de bom senso, uma das graças da linguagem, da decência e da conduta. A humildade é menos exterior; em nosso coração e em nosso espírito é um ato de alta razão, que nos eleva tanto mais quanto mais nosso sentimento e nosso julgamento sobre nós mesmos forem mais ponderados. Pode-se ter motivos de interesse na modéstia; a experiência, que se encarrega de nos ensinar muito frequentemente às nossas custas, não nos desembaraça sempre do orgulho; ela nos faz ver o que arriscamos ao mostrá-la e o que ganhamos deixando-a na sombra. O que há de mais hábil do que não elogiar a si mesmo, do que parecer não buscar o louvor que se espera? Esse papel é suficiente para a modéstia, mas não para a humildade. Ser humilde não é dissimular seu orgulho, é suprimi-lo; é dizer-se: Eu sou apenas um homem, elo frágil na cadeia das gerações. Os Latinos não tinham palavra equivalente à humildade, empregada nesse sentido; o que eles entendiam por modéstia não era senão uma moderação de desejos, de afeições e de ações, enquanto a humildade indica um sentimento de si mesmo regrado não somente sobre o conhecimento que temos da fragilidade do homem, mas também sobre a grandeza de Deus comparada à natureza das coisas daqui da Terra. Humilitas, para os Latinos, continha ideias de aviltamento, de desonra, de desprezo e de indignidade de condição. Deferência, submissão, rebaixamento. Pedir, alguém, com toda humildade. Confessar com humildade que se cometeu faltas. Fam. Com toda humildade, tão humildemente quanto possível. Os antigos representavam a Humildade sob a figura de uma mulher que segura na mão um cesto de pão e tem um saco sobre os ombros. Vestida simplesmente, ela calca sob os pés vestimentas preciosas, um espelho e um pavão. A arte cristã representa a Humildade por uma mulher, cabeça abaixada e os braços cruzados. Ao lado dela está um cordeiro, símbolo da doçura, e sob seus pés uma coroa, para indicar o pouco caso que ela faz das grandezas.

1 Nouveau Dictionnaire Universel, tome troisième. Paris, 1867

Fonte; Ipeak – Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec