sexta-feira, 15 de agosto de 2014

BIOGRAFIA - CHICO XAVIER - Traços biográficos - Nascimento - Sua iniciação espírita

O maior e mais prolífico médium psicógrafo do mundo em todas as épocas nasceu em Pedro Leopoldo, modesta cidade de Minas Gerais, Brasil, em 2 de abril de 1910. Vive, desde 1959, em Uberaba, no mesmo Estado. Completou o curso primário, apenas. Pais: João Cândido Xavier e Maria João de Deus, desencarnados em 1960 e 1915, respectivamente. Infância difícil; foi caixeiro de armazém e modesto funcionário público, aposentado desde 1958. Em 7 de maio de 1927 participa de sua primeira reunião espírita. Até 1931 recebe muitas poesias e mensagens, várias das quais saíram a público, estampadas à revelia do médium em jornais e revistas, como de autoria de F. Xavier. Nesse mesmo ano, vê, pela primeira vez, o Espírito Emmanuel, seu inseparável mentor espiritual até hoje.

O menino Chico

Desde os 4 anos de idade o menino Chico teve a sua vida assinalada por singulares manifestações. Seu pai chegou, inclusive, a crer que o seu verdadeiro filho havia sido trocado por outro... Aquele seu filho era estranho!... De formação católica, o garoto orava com extrema devoção, conforme lhe ensinara D. Maria João de Deus, a querida mãezinha, que o deixaria órfão aos 5 anos. Dentro de grandes conflitos e extremas dificuldades, o menino ia crescendo, sempre puro e sempre bom, incapaz de uma palavra obscena, de um gesto de desobediência. As "sombras" amigas, porém, não o deixavam... Conversava com a mãezinha desencarnada, ouvia vozes confortadoras. Na escola, sentia a presença delas, auxiliando-o nas tarefas habituais. O certo é que os seus primeiros anos o marcaram profundamente; ele nunca os esqueceu... A necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi em sua vida, conforme ele mesmo o diz, uma bênção indefinível.

Sim, a doença também viera precocemente fazer-lhe companhia. Primeiro os pulmões, quando trabalhava na tecelagem; depois os olhos; agora é a angina.

Começo do seu mediunato

Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) iniciou, publicamente, seu mandato mediúnico em 8 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo. Contando 17 anos de idade, recebeu as primeiras páginas mediúnicas. Em noite memorável, os Espíritos deram início a um dos trabalhos mais belos de toda a história da humanidade. Dezessete folhas de papel foram preenchidas, celeremente, versando sobre os deveres do espírita-cristão.
Depoimento de Chico Xavier: (...) "Era uma noite quase gelada e os companheiros que se acomodavam junto à mesa me seguiram os movimentos do braço, curiosos e comovidos. A sala não era grande, mas, no começo da primeira transmissão de um comunicado do mais Além, por meu intermédio, senti-me fora de meu próprio corpo físico, embora junto dele. No entanto, ao passo que o mensageiro escrevia as dezessete páginas que nos dedicou, minha visão habitual experimentou significativa alteração. As paredes que nos limitavam o espaço desapareceram. O telhado como que se desfez e, fixando o olhar no alto, podia ver estrelas que tremeluziam no escuro da noite. Entretanto, relanceando o olhar no ambiente, notei que toda uma assembléia de entidades amigas me fitavam com simpatia e bondade, em cuja expressão adivinhava, por telepatia espontânea, que me encorajavam em silêncio para o trabalho a ser realizado, sobretudo, animando-me para que nada receasse quanto ao caminho a percorrer."

Emmanuel e duas orientações para o resto da vida

Emmanuel, nos primórdios da mediunidade de Chico Xavier, deu-lhe duas orientações básicas para o trabalho que deveria desempenhar. Fora de qualquer uma delas, tudo seria malogrado. Eis a primeira.

- "Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?"
 - Sim, se os bons espíritos não me abandonarem... -respondeu o médium.
 - Não será você desamparado - disse-lhe Emmanuel - mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem.
 - E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? - tornou o Chico.
 - Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço... Porque o protetor se calasse o rapaz perguntou:

- Qual é o primeiro? A resposta veio firme:

- Disciplina.
 - E o segundo?
 - Disciplina.
 - E o terceiro?
 - Disciplina.

" A segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim relembrada: - "Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.

Em 1932 publica a FEB seu primeiro livro, o famoso "Parnaso de Além-Túmulo"; hoje as obras que psicografou vão a mais de 400. Várias delas estão traduzidas e publicadas em castelhano, esperanto, francês, inglês, japonês, grego, etc.

De moral ilibada, realmente humilde e simples, Chico Xavier jamais auferiu vantagens, de qualquer espécie, da mediunidade. Sua vida privada e pública tem sido objeto de toda especulação possível, na informação falada, escrita e televisionada. Ápodos e críticas ferinas, têm-no colhido de miúdo, sabendo suportá-los com verdadeiro espírito cristão.

Viajou com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos e à Europa, onde visitaram a Inglaterra, a França, a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço da Doutrina Espírita.

Chico Xavier é hoje uma figura de projeção nacional e internacional, suas entrevistas despertam a atenção de milhares de pessoas, mesmo alheias ao Espiritismo; tem aparecido em programas de TV, respondendo a perguntas as mais diversas, orientando as respostas pelos postulados espíritas.

Já recebeu o título de Cidadão Honorário de várias cidades: Rio Preto, São Bernardo do Campo, Franca, Campinas, Santos, Catanduva, em São Paulo; Uberlândia, Araguari e Belo Horizonte, em Minas Gerais; Campos, no Estado do Rio de Janeiro, etc., etc.

Dos livros que psicografou já se venderam mais de 12 milhões de exemplares, só dos editados pela FEB, em número de 88. "Parnaso de Além-Túmulo", a primeira obra publicada em 1932, provocou (e comprovou) a questão da identificação das produções mediúnicas, pelo pronunciamento espontâneo dos críticos, tais como Humberto de Campos, ainda vivo na época, Agripino Grieco, severo crítico literário, de renome nacional, Zeferino Brasil, poeta gaúcho, Edmundo Lys, cronista, Garcia Júnior, etc. Prefaciando "Parnaso de Além-Túmulo", escreveu Manuel Quintão: "Romantismo, Condoreirismo, Parnasianismo, Simbolismo, aí se ostentam em louçanias de sons e de cores, para afirmar não mais subjetiva, mas objetivamente, a sobrevivência de seus intérpretes.

É ler Casimiro e reviver 'Primaveras'; é recitar Castro Alves e sentir 'Espumas Flutuantes'; é declamar Junqueiro e lembrar a 'Morte de D. João'; é frasear Augusto dos Anjos e evocar 'Eu'." Romances históricos formam a série Romana, de Emmanuel, composta de: "Há 2000 Anos...", "50 Anos Depois", "Ave, Cristo!", "Paulo e Estevão", provocando a elaboração do "Vocabulário Histórico-Geográfico dos Romances de Emmanuel", de Roberto Macedo, estudo elucidativo dos eventos históricos citados nas obras. "Há 2000 Anos..." é o relato da encarnação de Emmanuel à época de Jesus. De Humberto de Campos (Espírito), aparece, em 1938, o profético e discutido "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", uma história de nossa pátria e dos fatos e ela ligados, em dimensão espiritual. A série André Luiz é reveladora, doutrinária e científica; com obras notáveis e a maioria completa, no tocante à vida depois da desencarnação, obras anteriores, de Swedenborg, A. Jackson Davis, Cahagnet, G. Vale Owen e outros.

Pertencem a essa série: "Nosso Lar", "Os Mensageiros", "Missionários da Luz", "Obreiros da Vida Eterna", "No Mundo Maior", "Agenda Cristã", "Libertação", "Entre a Terra e o Céu", "Nos Domínios da Mediunidade", "Ação e Reação", "Evolução em dois Mundos", "Mecanismos da Mediunidade", "Conduta Espírita", "Sexo e Destino", "Desobsessão", "E a Vida Continua...". De parceria com o médium Waldo Vieira, Chico Xavier psicografou 17 obras.

A extraordinária capacidade mediúnica de Chico Xavier está comprovada pela grande quantidade de autores espirituais, da mais elevada categoria, que por seu intermédio se manifestam. Vários de seus livros foram adaptados para encenação no palco e sob a forma de radionovelas e telenovelas. O dom mediúnico mais conhecido de Francisco Xavier é o psicográfico. Não é, todavia, o único. Tem ele, e as exercita constantemente, outras mediunidades, tais como: psicofonia, vidência, audiência, receitista, e outras.

Sua vida, verdadeiramente apostolar, dedicou-a, o médium, aos sofredores e necessitados, provindos de longínquos lugares, e também aos afazeres medianeiros, pelos quais não aceita, em absoluto, qualquer espécie de paga. Os direitos autorais ele os tem cedido graciosamente a várias Editoras e Casas Espíritas, desde o primeiro livro. Sua vida e sua obra têm sido objeto de numerosas entrevistas radiofônicas e televisadas, e de comentários em jornais e revistas, espíritas ou não, e em livros dos quais podemos citar: o opúsculo intitulado "Pinga-Fogo, Entrevistas", obra publicada pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras; "Trinta Anos com Chico Xavier", de Clóvis Tavares; "No Mundo de Chico Xavier", de Elias Barbosa; "Lindos Casos de Chico Xavier", de Ramiro Gama; "40 Anos no Mundo da Mediunidade", de Roque Jacinto; "A Psicografia ante os Tribunais", de Miguel Timponi; "Amor e Sabedoria de Emmanuel", de Clóvis Tavares; "Presença de Chico Xavier", de Elias Barbosa; "Chico Xavier Pede Licença", de Irmão Saulo, pseudônimo de Herculano Pires; "Nosso Amigo Xavier", de Luciano Napoleão; "Chico Xavier, o Santo dos Nossos Dias" e "O Prisioneiro de Cristo", de R. A. Ranieri; “Chico Xavier - Mandato de Amor”, da U.E.M.; “As Vidas de Chico Xavier”, de Marcel Souto Maior, etc.

O caso de Humberto Campos

Desencarnado em 1934 o festejado escritor brasileiro Humberto de Campos, o Espírito deste iniciou, em 1937, pela mediunidade de Chico Xavier, a transmissão de várias obras de crônicas e reportagens, todas editadas pela Federação Espírita Brasileira, entre as quais sobressai “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Eis senão quando, em 1944, a viúva de Humberto de Campos ingressa em juízo, movendo um processo, que se torna célebre, contra a Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de obter uma declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica “é ou não do ‘Espírito’ de Humberto de Campos”, e que em caso afirmativo, se apliquem as sanções previstas em Lei. O assunto causou muita polêmica e, durante um bom tempo, ocupou espaço nos principais periódicos do País. Para que tenhamos uma idéia do que representou o referido processo na divulgação dos postulados espíritas, resumimos aqui alguns dos principais depoimentos da época extraídos da obra do Dr. Miguel Timponi, o principal advogado que trabalhou na defesa do médium e da FEB. Antes, porém, sintamos a beleza das palavras a seguir, enfeixadas no livro A Psicografia ante os Tribunais: "Entretanto, lá do Nordeste, desse Nordeste de encantamentos e de mistérios, a voz cheia de ternura e de emoção, de uma velhinha santificada pela dor e pelo sofrimento, D. Ana de Campos Veras, extremosa mãe do querido e popular escritor, rompeu o silêncio para ofertar ao médium de Pedro Leopoldo a fotografia do seu próprio filho, com esta expressiva dedicatória: 'Ao Prezado Sr. Francisco Xavier, dedicado intérprete espiritual do meu saudoso Humberto, ofereço com muito afeto esta fotografia, como prova de amizade e gratidão. Da crª. atª. Ana de Campos Veras Parnaíba, 21-5-38.’ Conforme se vê da edição de 'O Globo' de 19 de julho de 1944, essa exma. senhora confirma que o estilo é do seu filho e assegura ao redator de 'O Povo' e 'Press Parga': "- Realmente - disse dona Ana Campos - li emocionada as Crônicas de Além-Túmulo, e verifiquei que o estilo é o mesmo de meu filho. Não tenho dúvidas em afirmar isso e não conheço nenhuma explicação científica para esclarecer esse mistério, principalmente se considerarmos que Francisco Xavier é um cidadão de conhecimentos medíocres. Onde a fraude? Na hipótese de o Tribunal reconhecer aquela obra como realmente da autoria de Humberto, é claro que, por justiça, os direitos autorais venham a pertencer à família. No caso, porém, de os juízes decidirem em contrário, acho que os intelectuais patriotas fariam ato de justiça aceitando Francisco Cândido Xavier na Academia Brasileira de Letras... Só um homem muito inteligente, muito culto, e de fino talento literário, poderia ter escrito essa produção, tão identificada com a de meu filho." Na noite de 15 de julho de 1944, quando o processo atingia o clímax, o Espírito Humberto de Campos retorna pelo lápis do médium Chico Xavier, tecendo, no seu estilo inconfundível, uma belíssima e emocionante página sobre o triste problema levantado pela incompreensão humana, página que pode ser devidamente apreciada no livro "A Psicografia ante os Tribunais". Daí por diante, ele passou a assinar-se, simplesmente, Irmão X, versão evangelizada do Conselheiro XX, como era conhecido nos meios literários quando encarnado. A Autora, D. Catarina Vergolino de Campos, foi julgada carecedora da ação proposta, por sentença de 23 de agosto de 1944, do Dr. João Frederico Mourão Russell, juiz de Direito em exercício na 8ª Vara Cível do antigo Distrito Federal. Tendo ela recorrido dessa sentença, o Tribunal de Apelação do antigo DF manteve-a por seus jurídicos fundamentos, tendo sido relator o saudoso ministro Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa.

O amor de Chico Xavier por Jesus

Depoimento de Chico Xavier: "(...) Deus nos permita a satisfação de continuar sempre trabalhando na Grande Causa d'Ele, Nosso Senhor e Mestre. Desde criança, a figura do Cristo me impressiona. Ao perder minha mãe, aos cinco janeiros de idade, conforme os próprios ensinamentos dela, acreditei n'Ele, na certeza de que Ele me sustentaria. Conduzido a uma casa estranha, na qual conheceria muitas dificuldades para continuar vivendo, lembrava-me d'Ele, na convicção de que Ele era um amigo poderoso e compassivo que me enviaria recursos de resistência e ao ver minha mãe desencarnada pela primeira vez, com o cérebro infantil sem qualquer conhecimento dos conflitos religiosos que dividem a Humanidade, pedi a ela me abençoasse segundo o nosso hábito em família e lembro-me perfeitamente de que perguntei a ela: - Mamãe, foi Jesus que mandou a senhora nos buscar? Ela sorriu e respondeu: - Foi sim, mas Jesus deseja que vocês, os meus filhos espalhados, ainda fiquem me esperando... Aceitei o que ela dizia, embora chorasse, porque a referência a Jesus me tranqüilizava. Quando meu pai se casou pela segunda vez e a minha segunda mãe mandou me buscar para junto dela, notando-lhe a bondade natural, indaguei: - Foi Jesus quem enviou a senhora para nos reunir? Ela me disse: - Chico, isso não sei... Mas minha fé era tamanha que respondi: - Foi Ele sim... Minha mãe, quando me aparece, sempre me fala que Ele mandaria alguém nos buscar para a nossa casa. E Jesus sempre esteve e está em minhas lembranças como um Protetor Poderoso e Bom, não desaparecido, não longe mas sempre perto, não indiferente aos nossos obstáculos humanos, e sim cada vez mais atuante e mais vivo." Não se pode negar o sentimento de veneração que envolve a nobre figura de Ismael, guia espiritual do Brasil. A responsabilidade que detém, na condição de mentor da Federação Espírita Brasileira suscita, da parte da comunidade espírita nacional, um profundo respeito, aliado a um imenso carinho e uma suave ternura. Certa vez, indagaram a Chico Xavier: - Como se processam os encontros, nas esferas resplandecentes da Espiritualidade, de Emmanuel com Ismael? Qual a postura do admirável Espírito do ex-senador romano, diante da também luminosa entidade a quem confiou Jesus os destinos do Brasil? Resposta do médium, curta, serena e firme: - De joelhos!

Breves depoimentos sobre o médium Chico Xavier

A bibliografia mediúnica, que foi acrescida à literatura espírita, nestes últimos cinqüenta anos, nascida do lápis de Chico Xavier - e o espaço não nos permite, sequer, considerações ligeiras sobre suas páginas -, é vultosa, considerável. É qualitativamente admirável. Poderíamos, sem dificuldade, num exame sereno e com absoluta isenção, dividir a obra mediúnica, orientada por Emmanuel, igualmente em fases perfeitamente delineadas, dentro de duas grandes divisões: a primeira, provando a sobrevivência e a imortalidade do espírito - 'Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho' - seguida de uma panorâmica da História universal - 'A Caminho da Luz' e de alguns manuais do maior valor: 'Emmanuel, Dissertações Mediúnicas', 'O Consolador', 'Roteiro', etc. Enfim, muitos estudos interessantes e instrutivos virão, a seu tempo. E a obra de Francisco Cândido Xavier, criteriosamente traduzida, estará, tempestivamente, à disposição dos leitores do mundo inteiro, juntamente com a de Allan Kardec e da dos autores que cuidaram dos escritos subsidiários e complementares da Codificação. Mas, enquanto isso, e para que tudo ocorra com a tranqüilidade que se almeja na difusão conscienciosa e responsável da Doutrina dos Espíritos, seria de bom alvitre não perder de vista o fato de que Chico Xavier jamais teria obtido êxito, como instrumento do Alto, se não tivesse seguido a rígida disciplina que lhe foi sugerida por Emmanuel, testemunhando e permanecendo na exemplificação do amor ao próximo e do amor a Deus, vivendo o Evangelho.

Francisco Thiesen Presidente da Federação Espírita Brasileira" (Fonte: "Revista Internacional de Espiritismo", número 6, Ano LII, julho de 1977.) "

"..Não me considero à altura para escrever algo sobre o Chico. Dele, dão testemunho (e que testemunho!) as belas obras que semeou e semeia por esse Brasil afora, com reflexos benéficos em diversas nações do mundo. E quando digo 'obras', refiro-me não só à palavra escrita e falada, como também aos seus exemplos de caridade, de perdão, de fé, de humildade, aos seus diálogos fraternos e frutíferos, enfim, à sua multiforme vivência evangélica junto a pobres e ricos, num trabalho diário de edificação e levantamento de espíritos." "Conheço o Chico há bastante tempo. Nos seus livros mediúnicos encontrei forças, luz e paz, e através de suas cartas pude senti-lo e amá-lo bem no fundo do seu ser. Por várias vezes chorei com suas preocupações e sua dor, vivendo-lhe as graves responsabilidades e lamentando a incompreensão dos homens. Mas sempre orei pedindo ao Senhor que não lhe tirasse o pesado fardo dos ombros e, sim, que o ajudasse a carregá-lo. Graças a Deus, o nosso caro Chico tem vencido todas as dificuldades e todos os óbices do caminho, numa maratona hercúlea que realmente o dignifica aos olhos dos homens e aos olhos do Pai."

(Trechos da carta do Sr. Zêus Wantuil, 3° secretário da Federação Espírita Brasileira, à presidente da União Espírita Mineira) (Fonte: "O Espírita Mineiro", número 172, maio/julho de 1977.)

A palavra de Chico Xavier ao completar quarenta anos de mediunidade

"Estes quarenta anos de mediunidade passaram para o meu coração como se fossem um sonho bom. Foram quarenta anos de muita alegria, em cujos caminhos, feitos de minutos e de horas, de dias, só encontrei benefícios, felicidades, esperanças, otimismo, encorajamento da parte de todos aqueles que o Senhor me concedeu, dos familiares, irmãos, amigos e companheiros. Quarenta anos de felicidade que agradeço a Deus em vossos corações, porque sinto que Deus me concedeu nos vossos corações, que representam outros muitos corações que estão ausentes de nós. Agora, sinto que Deus me concedeu por vosso intermédio uma vida tocada de alegrias e bênçãos, como eu não poderia receber em nenhum outro setor de trabalho na Humanidade. Beijo-vos, assim, as mãos, os corações. Quanto ao livro, devo dizer que, certa feita, há muitos anos, procurando o contato com o Espírito de nosso benfeitor Emmanuel, ao pé de uma velha represa, na terra que me deu berço na presente encarnação, muitas vezes chegava ao sítio, pela manhã, antes do amanhecer. E quando o dia vinha de novo, fosse com sol, fosse com chuva, lá estava, não muito longe de mim, um pequeno charco. Esse charco, pouco a pouco se encheu de flores, pela misericórdia de Deus, naturalmente. E muitas almas boas, corações queridos, que passavam pelo mesmo caminho em que nós orávamos, colhiam essas flores, e as levavam consigo com transporte de alegria e encantamento. Enquanto que o charco era sempre o mesmo charco. Naturalmente, esperando também pela misericórdia de Deus, para se transformar em terra proveitosa e mais útil. Creio que nesses momentos, em que ouço as palavras desses corações maravilhosos, que usaram o verbo para comentar o aparecimento desses cem livros, agora cento e dois livros, lembro este quadro que nunca me saiu da memória, para declarar-vos que me sinto na condição do charco que, pela misericórdia de Deus, um dia recebeu essas flores que são os livros, e que pertencem muito mais a vós outros do que a mim. Rogo, assim, a todos os companheiros, que me ajudem através da oração, para que a luta natural da vida possa drenar a terra pantanosa que ainda sou, na intimidade do meu coração, para que eu possa um dia servir a Deus, de conformidade com os deveres que a Sua infinita misericórdia me traçou. E peço, então, permissão, em sinal de agradecimento, já que não tenho palavras para exprimir a minha gratidão. Peço-vos, a todos, licença para encerrar a minha palavra despretensiosa, com a oração que Nosso Senhor Jesus Cristo nos legou.

(Fonte: "O Espírita Mineiro", número 137, abril/maio/junho de 1970.)

Na tarefa mediúnica

"Pergunta - Em seu primeiro encontro com Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina. Teria falado algo mais?

Resposta - Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse: 'Temos algo a realizar.' Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o benfeitor esclareceu: 'Trinta livros pra começar!' Considerei, então: como avaliar esta informação se somos uma família sem maiores recursos, além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda tanto dinheiro!... Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei: será que meu pai vai tirar a sorte grande? Emmanuel respondeu: 'Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé viva na Providência de Deus. Os livros chegarão através de caminhos inesperados!' Algum tempo depois, enviando as poesias de 'Parnaso de Além- Túmulo' para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a grata surpresa de ver o livro aceito e publicado, em 1932. A este livro seguiram-se outros e, em 1947, atingimos a marca dos 30 livros. Ficamos muito contentes e perguntei ao amigo espiritual se a tarefa estava terminada. Ele, então, considerou, sorrindo: 'Agora, começaremos uma nova série de trinta volumes!' Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os 60 livros estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei a 5 de janeiro de 1959. O grande benfeitor explicou-me, com paciência: 'Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa tarefa estava completa e quero informar a você que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite de cem livros.' Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram. Quando alcançamos o número de 100 volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos. Ele esclareceu, com bondade: 'Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa. Agora, estou na obrigação de dizer a você que os mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência, do ponto de vista físico, à disposição das entidades espirituais que possam colaborar na execução das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as nossas atividades.' Muito desapontado, perguntei: então devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual até o fim da minha vida atual? Emmanuel acentuou: 'Sim, não temos outra alternativa!' Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar: e se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita ensina que somos portadores do livre arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos? Emmanuel, então, deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou: 'A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade na Terra. Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade bastante para retirar você de seu atual corpo físico!' Quando eu ouvi sua declaração, silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar de 'Desígnios de Cima."

(Fonte: "O Espírita Mineiro", número 205, abril/junho de 1988.)

Considerações finais

Em 1997, Chico Xavier completou 70 anos de incessante atividade mediúnica, da maior significação espiritual, em prol da Humanidade, abrangendo seus mais diversos segmentos. Até a presente data, outubro de 1997, Francisco Cândido Xavier psicografou mais de 400 (quatrocentas) obras mediúnicas, de centenas de autores espirituais, abarcando os mais diversos e diferentes assuntos, entre poesias, romances, contos, crônicas, história geral e do Brasil, ciência, religião, filosofia, literatura infantil, etc.

Dias e noites têm sido por ele ofertados aos seus semelhantes, com sacrifício da própria saúde. Problemas orgânicos acompanharam-lhe a mocidade e a madureza. Hoje, nos abençoados 87 anos de sua vida corporal, as dificuldades físicas continuam trazendo-lhe problemas. Releva observar que as doenças oculares a as intervenções cirúrgicas jamais o impediram de cumprir, fiel e dignamente, sua missão de amparo aos necessitados. Sua postura é uma só, obedece a uma só diretriz: amor ao próximo, desinteresse ante os bens materiais, preocupação exclusiva e constante com a felicidade do próximo. Ricos e pobres, velhos e crianças, homens e mulheres de todos os níveis sociais têm encontrado, no homem e no médium Chico Xavier, tudo quanto necessitam para o reajuste interior, para o crescimento, em função do conhecimento e da bondade. Francisco Cândido Xavier é um presente do Alto ao século XX, enriquecendo-lhe os valores com a sua vida de exemplar cidadão, com milhares de mensagens psicografias que, em catadupas de paz e luz, amor e esclarecimento, vêm fertilizando o solo planetário, sob a luminar supervisão do Espírito Emmanuel.

NOTA DA FEB - No presente trabalho, foram consultadas e utilizadas as seguintes obras:
A Psicografia ante os Tribunais. / Miguel Timponi. / FEB - 5ª ed.,
Brasil, Mais Além! / Duílio Lena Bérni. / FEB - 5ª ed., 1994.
Chico Xavier - Mandato de Amor. / União Espírita Mineira, 1992.
Chico Xavier - Mediunidade e Coração. / Carlos A. Bacelli.
Instituto Divulgação Ed. André Luiz, 1985
Espiritismo Básico. / Pedro Franco Barbosa. / FEB - 4ª ed., 1995
  
A desencarnação de Chico Xavier

A 30 de junho de 2002, por volta das 19h30, desencarnava em Uberaba o médium mineiro Francisco Cândido Xavier, em meio às vibrações de alegria do povo brasileiro pela conquista de mais um troféu mundial de futebol, como se o Plano Espiritual Superior quisera, propositadamente, diluir as repercussões que a partida do médium, por certo, viria causar em todos os segmentos da nossa sociedade. À medida que a notícia da desencarnação se espalhava pela cidade, centenas de pessoas se dirigiam para a casa do médium, de onde saiu o corpo, por volta das 23h, para ser velado no Grupo Espírita da Prece, ali permanecendo por cerca de 48 horas para receber as homenagens derradeiras do povo que ele tanto amou.

Durante todo o tempo em que ficou exposto em câmara ardente, filas quilométricas se faziam nas vizinhanças do Grupo Espírita da Prece, compostas por pessoas de todas as idades, sem distinção de raça e de condição social, professando os mais diferentes credos religiosos, numa espantosa demonstração de solidariedade e indisfarçadp reconhecimento pelo grande obreiro que partia para o Além. O Governador Itamar Franco decretou luto oficial de três dias no Estado de Minas Gerais e fez-se representar no velório pelo Secretário de Indústria e Comércio, Marcelo Prado.

Uma hora antes de o corpo do médium deixar o Grupo Espírita da Prece, o Presidente da Federação Espírita Brasileira, Nestor João Masotti, a convite, proferiu uma prece, depois de falar brevemente acerca da vida e da obra de Francisco Cândido Xavier, seguida posteriormente por outras manifestações de apreço do Prefeito Municipal de Uberaba, Marcos Montes, e de autoridades presentes, além dos líderes da comunidade espírita local e de outras cidades e Estados, amigos e companheiros do médium.

Às 17h do dia 2 de julho, conduzidos pela viatura do Corpo de Bombeiros, os restos mortais do médium deixaram o Grupo Espírita da Prece, acompanhados por uma multidão incalculável, que seguia a pé e em silêncio, em direção ao Cemitério de São João Batista, em Uberaba, sem falar no sem-número de criaturas que, espremidas, se dispunham de ambos os lados das ruas por onde passava o cortejo. Em várias ocasiões, pétalas de rosas em grande profusão derramavam-se sobre o cortejo, lançadas por um helicóptero da Polícia Militar de Minas Gerais.

Cálculos das autoridades militares dão conta de que mais de cem mil pessoas compareceram ao sepultamento. No cemitério foram prestadas as honras militares de estilo, inclusive uma salva de 21 tiros de fuzil, a cargo do 4º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, cuja banda tocou as músicas Amigos para sempre e Nossa Senhora. Por volta das 19 horas, o corpo do médium baixou à tumba, após o que a multidão se dispersou, lenta e silenciosamente.

Fonte:Reformador julho/2002 – Edição especial

O Retorno do Apóstolo Chico Xavier

Quando mergulhou no corpo físico, para o ministério que deveria desenvolver, tudo eram expectativas e promessas.

Aquinhoado com incomum patrimônio de bênçãos, especialmente na área da mediunidade, Mensageiros da Luz prometeram inspirá-lo e ampará-lo durante todo o tempo em que se encontrasse na trajetória física, advertindo-o dos perigos da travessia no mar encapelado das paixões bem como das lutas que deveria travar para alcançar o porto de segurança.

Orfandade, perseguições rudes na infância, solidão e amargura estabeleceram o cerco que lhe poderia ter dificultado o avanço, porém, as providências superiores auxiliaram-no a vencer esses desafios mais rudes e a crescer interiormente no rumo do objetivo de iluminação.

Adversários do ontem que se haviam reencarnado também, crivaram-no de aflições e de crueldade durante toda a existência orgânica, mas ele conseguiu amá-los, jamais devolvendo as mesmas farpas, os espículos e o mal que lhe dirigiam.

Experimentou abandono e descrédito, necessidades de toda ordem, tentações incontáveis que lhe rondaram os passos ameaçando-lhe a integridade moral, mas não cedeu ao dinheiro, ao sexo, às projeções enganosas da sociedade, nem aos sentimentos vis.

Sempre se manteve em clima de harmonia, sintonizado com as Fontes Geradoras da Vida, de onde hauria coragem e forças para não desfalecer.

Trabalhando infatigavelmente, alargou o campo da solidariedade, e acendendo o archote da fé racional que distendia através dos incomuns testemunhos mediúnicos, iluminou vidas que se tornaram faróis e amparo para outras tantas existências.

Nunca se exaltou e jamais se entregou ao desânimo, nem mesmo quando sob o metralhar de perversas acusações, permanecendo fiel ao dever, sem apresentar defesas pessoais, ou justificativas para os seus atos.

Lentamente, pelo exemplo, pela probidade e pelo esforço de herói cristão, sensibilizou o povo e os seus líderes, que passaram a amá-lo, tornou-se parâmetro do comportamento, transformando-se em pessoa de referências para as informações seguras sobre o Mundo Espiritual e os fenômenos da mediunidade.

Sua palavra doce e ungida de bondade sempre soava ensinando, direcionando e encaminhando as pessoas que o buscavam para a senda do Bem.

Em contínuo contato com o seu Anjo tutelar, nunca o decepcionou, extraviando-se na estrada do dever, mantendo disciplina e fidelidade ao compromisso assumido.

Abandonado por uns e por outros, afetos e amigos, conhecidos ou não, jamais deixou de realizar o seu compromisso para com a Vida, nunca desertando das suas tarefas.

As enfermidades minaram-lhe as energias, mas ele as renovava através da oração e do exercício intérmino da caridade.

A claridade dos olhos diminuiu até quase apagar-se, no entanto a visão interior tornou-se mais poderosa para penetrar nos arcanos da Espiritualidade.

Nunca se escusou a ajudar, mas nunca deu trabalho a ninguém.

Seus silêncios homéricos falaram mais alto do que as discussões perturbadoras e os debates insensatos que acontecia à sua volta e longe dele, sobre a Doutrina que esposava e os seus sublimes ensinamentos.

Tornou-se a maior antena parapsíquica do seu tempo, conseguindo viajar fora do corpo, quando parcialmetne desdobrado pelo sono natural, assim como penetrar em mentes e corações para melhor ajudá-los, tanto quanto tornando-se maleável aos Espíritos que o utilizaram por quase setenta e cinco anos de devotamento e de renúncia na mediunidade luminosa.

Por isso mesmo, o seu foi mediumato incomparável.

...E ao desencarnar, suave e docemente, permitindo que o corpo se aquietasse, ascendeu nos rumos do Infinito, sendo recebido por Jesus, que o acolheu com a Sua Bondade, asseverando-lhe:

- Descansa, por um pouco, meu filho, a fim de esqueceres as tristezas da Terra e desfrutares das inefáveis alegrias do reino dos Céus.

Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 2 de julho de 2002, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

Fonte; Redação do Correio Espírita

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EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO SÓCRATES

Seu nome em grego é Sokrátes. Sua cidade natal foi Atenas, no ano de 469 a . C., tendo nascido filho de um escultor, de nome Sofronisco e de uma parteira, Fenarete.

Fisicamente, era considerado feio, com seu nariz achatado, olhos esbugalhados, uma calva enorme, rosto pequeno, estômago saliente e uma longa barba crespa.

Casou-se com Xantipa e teve três filhos mas dizem que trabalhava apenas o necessário para que a família não viesse a perecer à fome.

Tendo sido proclamado pelo oráculo de Delfos, como o mais sábio dos homens, Sócrates passou a se incumbir de converter os seus concidadãos à sabedoria e à virtude. Considerava-se protegido por um "daimon" , gênio, demônio, espírito, cuja voz, afirmava, desde a infância, o aconselhava a se afastar do mal.

Não tinha propriamente uma escola, mas um círculo de familiares, discípulos com os quais se encontrava, de preferência , no ginásio do Liceu. Em verdade, onde quer que se encontrasse, na casa de amigos, no ginásio, na praça pública, interrogava os seus interlocutores a respeito das coisas que, por hipótese, deveriam saber, fossem eles um adolescente, um escravo, um futuro político, um militar, uma cortesã ou sofistas.

Desta forma, conclue que eles não sabem o que julgam saber e, o que é mais grave, não sabem que não sabem. Por sua vez, ele, Sócrates, não sabe mas sabe que não sabe.

Era considerado um homem corajoso e de muita resistência física. Todos se recordavam de como ele, sozinho, enfrentara a histeria coletiva que se seguira à batalha naval de Arginusas, quando dez generais foram condenados à morte por não terem salvo soldados que estavam a se afogar.

Ele ensinava que a boa conduta era aquela controlada pelo espírito e que as virtudes consistiam na predominância da razão sobre os sentimentos. Introduziu a idéia de definir os termos, pois, "antes de se começar a falar, era preciso saber sobre o que é que se estava falando."

Para Sócrates, a virtude supõe o conhecimento racional do bem. Para fazer o bem, basta, portanto, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade, quer dizer, o bem, e o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal voluntariamente.

Foi denunciado como subversivo , por não acreditar nos deuses da cidade, e também corruptor da mocidade. Não se sabe exatamente o que os seus acusadores pretendiam dizer, mas o certo é que os moços o amavam e o seguiam. O convite a pensar por si mesmos atraía os jovens e talvez fosse isso que temessem pais e políticos. Ocorreu também que um dos seus discípulos, de nome Alcibíades, durante a guerra com Esparta tinha se passado para o lado do inimigo. Embora a culpa não fosse de Sócrates, pois a decisão fora pessoal, Atenas buscava culpados.

Foi julgado por um tribunal popular de 501 cidadãos e condenado à morte. Poderia ter recorrido da sentença e, com certeza, receber uma pena mais branda. Entretanto, racional como era, afirmou aos discípulos que o visitaram na prisão:

"Uma das coisas em que acredito é no reinado da lei. Bom cidadão, como eu tantas vezes vos tenho dito, é aquele que obedece às leis de sua cidade. As leis de Atenas condenaram-me à morte, e a inferência lógica é que, como bom cidadão, eu deva morrer."

É Platão quem descreve a morte do seu mestre, no diálogo Fédon. Sócrates passou esta noite a discutir filosofia com seus jovens amigos. O tema, "Haverá uma outra vida depois da morte?"

Embora fosse morrer em poucas horas, discutiu sem paixão sobre as probabilidades de uma vida futura, ouvindo mesmo as objeções dos discípulos que eram contrários à sua própria opinião.

Quando o carcereiro lhe apresentou a taça de veneno, em tom calmo e prático, Sócrates lhe disse:

"Agora, você que entende dessas coisas, diga-me o que fazer."

"Beba a cicuta, depois levante-se e passeie até sentir as pernas pesadas, respondeu o carcereiro. Então, deite-se, e o torpor subirá para o coração."
Sócrates a tudo obedeceu. Como os amigos chorassem e soluçassem muito, ele os censurou. Seu último pensamento foi de uma pequena dívida que havia esquecido. Afastou a coberta que lhe haviam colocado sobre o rosto e pediu:

"Crito, devo um galo a Esculápio...Providencie para que a dívida seja paga."

Fechou os olhos e cobriu novamente o rosto. Quando Crito tornou a lhe indagar se tinha outras recomendações a fazer, ele não mais respondeu. Havia penetrado o mundo dos espíritos. Era o ano 399 a .C.

Sócrates nada escreveu e sua doutrina somente nos chegou pelos escritos de seu discípulo Platão. Ambos, mestre e discípulo, são considerados precursores da idéia cristã e do espiritismo, tendo o Codificador dedicado as páginas da introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo para esse detalhamento.

O nome de Sócrates se encontra especialmente em Prolegômenos de O livro dos espíritos, logo após o de O espírito da verdade, seguido de Platão. Ainda encontramos seus comentários aos itens 197 e 198 de O livro dos médiuns, no capítulo que trata dos médiuns especiais, demonstrando que o trabalhador verdadeiro não cessa suas atividades, embora a morte do corpo fisico e de que, afinal, somos verdadeiramente uma só e única família universal: espíritos e homens , envidando esforços para o atingimento da Perfeição.

Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 19.
Grandes vidas, grandes obras , Seleções do Reader's Digest, 1968.
Jornal Mundo Espírita - Dezembro de 2000


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EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO BLAISE PASCAL



Certo dia, um menino de 10 anos bateu com uma colher num prato e escutou atentamente o som, que continuou a vibrar por algum tempo, parando, no entanto, quando o pequeno pôs a mão sobre o prato.

Com certeza, em muitos lugares do mundo, outros tantos garotos terão feito o mesmo e observado o fenômeno. Mas, só um gênio como Blaise Pascal resolveu investigar o mistério e escreveu um tratado sobre o som: "Traité des sons".

Nascido aos 19 de junho de 1623, em Clermont (Auvergue), cedo demonstrou a sua genialidade. Certo dia, o pai o encontrou a riscar, com um pedaço de giz, "rodas e barras" no soalho do seu quarto. Rodas e barras eram na verdade os círculos e as linhas retas da Geometria, traduzidos na linguagem infantil.

Logo mais provaria que a soma dos ângulos de um triângulo perfaz dois retos, resolvendo num passatempo, o 32º teorema de Euclides, cujo nome ignorava.

Na adolescência, aos 16 anos, escreveu um Tratado sobre as secções dos cones "Traité des sections coniques", um problema de alta Geometria, que assombrou o mundo profissional da época. O próprio Descartes, ao lê-lo, se recusou a acreditar tivesse sido escrito por um jovem dessa idade.

Dois anos mais tarde, construiu o jovem matemático uma máquina de contar, com o principal objetivo de aliviar seu pai dos complicados cálculos que necessitava fazer na sua lida com as finanças do Município.

Numa época em que não estavam aperfeiçoadas as tábuas logarítmicas, este engenho prestou grandes serviços aos que se ocupavam com a aritmética e mereceu numerosas reproduções.

Oportunamente, Pascal presenteou com uma dessas máquinas ao célebre Condé e a Rainha Cristina da Suécia, quando ela esteve na França. Mais tarde, entre seus 23 e 25 anos, interessou-se pelos estudos da Física, escrevendo sobre o "espaço vazio": "Nouvelles experiences touchant le vide".

Foi também nesta época que o pai de Blaise sofreu um acidente e, por permanecer longo período na cama, teve a lhe servir de enfermeiros dois fervorosos discípulos de Cornélio Jansênio que, ao se despedirem, deixando Etienne Pascal curado, deixaram toda a família Pascal profundamente impressionada com o ideal religioso.

Em outubro de 1654, estando Blaise Pascal a passear de carruagem por uma ponte, assustaram-se os cavalos, tendo dois deles se precipitado da ponte, após rompidos os arreios. Os outros, com a carruagem ficaram suspensos sobre o abismo, salvando a vida do cientista. Dizem alguns de seus biógrafos que este fato lhe teria produzido um violento abalo, fazendo-o se dedicar às questões religiosas.

Contudo, depois de sua morte foi encontrado, cosido no forro de sua vestimenta, um bilhete datado de 23 a 24 de novembro de 1654, em que ele relata uma espécie de êxtase que teria experimentado, e demonstra um desejo ardente de se consagrar às coisas espirituais.

Escrevendo suas "Cartas Provinciais", Pascal apresenta a verdadeira Igreja do Cristo não circunscrita a uma determinada organização eclesiástica, menos ainda a determinados homens de um certo período, representando casualmente a Igreja, mesmo porque, falíveis os homens, insegura seria a fé. Em 1657, suas "Cartas", dezoito ao todo, foram relacionadas no Index, da Igreja. São consideradas um dos maiores monumentos da literatura francesa e o atestado de uma grande sinceridade cristã.

A respeito, pronunciou-se Pascal: "Roma condenou as minhas Cartas; mas o que nelas condenei está condenado no céu _ apelo para o teu tribunal, Senhor Jesus!"

Relata que pediu a Deus 10 anos de saúde para poder escrever sua apologia do Cristianismo, que o mundo viria a conhecer com o nome de "Pensées", contudo, confessa, Deus lhe deu quatro anos de enfermidade.

Nessa Apologia, ele apresenta Cristo não como o "Senhor morto" de tantos cristãos, mas o Cristo vivo, sempre-vivo, aquele Cristo que segue com os homens, todos os dias.

Amar era para ele a melhor forma de crer, a "razão do coração que a razão ignora". Deus é, antes de tudo o Sumo Bem, o alvo do amor, e ele afirmava não poder crer senão num Deus que pudesse amar sinceramente. A mensagem para a humanidade de sua época, para os melhores homens do século, foi uma mensagem de vasta, profunda e panorâmica espiritualidade cristã. Uma espiritualidade que brilha em todas as páginas do Evangelho, a espiritualidade do Cristo.

Tal espiritualidade transcende das suas mensagens, inseridas pelo Codificador em O Evangelho Segundo o Espiritismo: a primeira, datada de 1860, recebida em Genebra, que alude à verdadeira propriedade e a segunda, do ano 1862, de Sens, da qual destacamos especialmente: "(...) Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade;(...) " e , logo adiante, "(...) esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, no seu reino, o joio do trigo."

Não menos oportunas as observações em sua mensagem "Sobre os médiuns" (O livro dos médiuns, cap. XXXI, item XIII) de excelente atualidade para os dias que estamos vivendo, onde a mediunidde tem sido levada, muita vez, à conta de exclusiva projeção pessoal e destaque social: "Que, dentre vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar no ensino espírita, se abstenha; porquanto, não fazendo proveitosa a luz que ilumina, será menos escusável do que outro qualquer e terá que expiar a sua cegueira."

Sua morte se deu a 19 de agosto de 1662, aos 39 anos, sendo que os dois últimos anos de sua vida foram de intenso sofrimento. A enfermidade que o tomou lhe furtou qualquer possibilidade de esforços físicos e intelectuais.

Fonte: ROHDEN, Huberto. Pascal,São Paulo, 1956.
Enciclopédia Mirador Internacional, vol 16, verbete : Pascal.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, Rio de Janeiro, 1987.
Jornal Mundo Espírita - Setembro de 2001


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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO

Por José Passini

A volta do Espírito ao mundo corpóreo, ou seja, a reencarnação é conhecida desde tempos remotos. Os Hindus, os Egípcios e os Gregos sabiam que a alma poderia voltar à Terra, usando um novo corpo. Esses povos acreditavam que, por efeito de determinada punição, essa volta à vida física poderia dar-se até num corpo animal.

Também os Judeus sabiam da volta do Espírito ao mundo corpóreo, mas não há referências que pudesse esse retorno dar-se num corpo que não fosse humano. A reencarnação, para eles, ocorria em algumas situações um tanto especiais: ou para concluir o que não tivessem conseguido terminar numa vida, ou para serem punidos, face a males praticados.

Jesus, ensinando, diz claramente isso: Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti: melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.1 Está claro que Jesus se referia a uma nova encarnação do Espírito, pois seria absurda uma recomendação no sentido de alguém mutilar seu próprio corpo. Além do mais, o Mestre diz: Melhor te é entrar na vida…1

Há outra situação em que os Judeus julgavam ser possível a reencarnação: o cumprimento de missão. O exemplo mais claro é o da esperada volta do Profeta Elias para a preparação dos caminhos do Messias, conforme atesta o próprio Mestre: E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir2, referindo-se a João Batista.

Coube ao Espiritismo trazer o conhecimento da reencarnação ao mundo ocidental, e o fez dando uma visão muito mais ampla e profunda, demonstrando que todos os Espíritos reencarnam, não apenas para a solução de equívocos de uma vida passada, ou para o cumprimento de determinada missão, mas pela necessidade inerente a toda a Criação: o imperativo do progresso, da evolução.

Em verdade, ainda que não houvesse nenhuma afirmação a respeito da pluralidade das existências, ela seria depreendida como necessidade absoluta, face à amplitude do programa de aperfeiçoamento da alma apresentado por Jesus, através do Evangelho. De quantos milênios vamos necessitar para pormos em prática, integralmente, um ensinamento como esse: Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem e caluniam?3 De quantos milênios vamos necessitar, Espíritos ainda vacilantes entre o bem e o mal, que não sabemos amar plenamente nem os amigos? O Codificador demonstra sua visão lúcida a respeito do assunto, quando inquire os Espíritos: Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se?4

A reencarnação – opondo-se frontalmente à salvação gratuita pela fé – dignifica o Espírito imortal, que vai galgando os degraus do aperfeiçoamento, ao longo dos milênios sucessivos, crescendo em sentimento e intelectualidade, num trabalhoso processo de exteriorização da herança Divina, concedida igualmente a todos os Espíritos. No nascedouro, todos absolutamente iguais. As diferenças individuais, portanto, não decorrem de capricho Divino, mas sim do empenho de cada Espírito, no sentido de promover o seu próprio progresso. Nesse caminhar, vai recebendo, por justiça, os frutos de todo o bem semeado e, em função dessa mesma justiça, é compelido a reparar os males praticados, mas não em igual medida, graças à misericórdia Divina que, invariavelmente, defere amparo ao Espírito faltoso, ajudando-o a remover de sua consciência o peso da culpa. Aquilo que algumas religiões veem como castigo, o Espiritismo ensina-nos a ver como a simples consequência de equívocos do passado.

O Espiritismo, ao revelar ao mundo ocidental a reencarnação, prova que a verdade religiosa não é incompatível com a verdade científica, explicando que a evolução do Espírito caminha pari passu com a evolução física, demonstrada por Darwin, ao tempo em que resgata, diante da consciência humana, um dos atributos básicos de um Ser Perfeito: a Justiça. Tudo provém de uma mesma fonte, todos partimos de um mesmo ponto, dotados da mesma potencialidade evolutiva, conforme ensinaram os Espíritos: É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo ao arcanjo, que também começou por ser átomo.5 Por conhecer essa luz Divina, imanente em toda a Criação, é que Jesus lançou o desafio evolutivo: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (…)6

A evolução do Espírito fica muito evidente nas palavras de Jesus, quando se declara, Ele também, um Espírito em evolução: Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas (…).7 É verdade que, no dia em que chegarmos a fazer o que o Mestre fazia à época em que pronunciou essas palavras, – daqui a alguns milhões de anos –, pensando que nos igualamos a Ele, Ele estará ainda à nossa frente, pois disse que poderíamos fazer obras maiores do que as que Ele fazia, mas não disse que nós O ultrapassaríamos. Ultrapassaremos o ponto evolutivo em que Ele se encontrava, naquele dia, mas Ele estará ainda à nossa frente, de vez que a evolução é infinita. E  nem sabemos o que é infinito, a não ser através de uma definição terrivelmente circular: aquilo que não tem fim!

Kardec, em brilhante ensaio8, defende, com argumentação irretorquível, o imperativo da reencarnação, sob a ótica da justiça e da misericórdia de Deus. É um trabalho monumental, até hoje não contestado por filósofo ou teólogo algum. Muitos livros foram escritos tendo como tema a reencarnação, mas não se conhece nenhum trabalho sério que rebata os argumentos ali apresentados.

Aos argumentos alinhados pelo Codificador, pode-se ainda acrescentar uma série de outros, graças aos esclarecimentos trazidos pelo Espiritismo:

Se o Espírito fosse criado juntamente com o corpo, como ficaria a justiça Divina, ante a flagrante diferença que existe entre as oportunidades deferidas ao homem e à mulher, na família, na sociedade e até mesmo nas religiões? Seria o caso de a mulher perguntar – e muitas perguntam – por que Deus as criou mulheres, sem as consultar, para sofrerem, em muitos casos, cerceamento de liberdade por parte dos pais, e depois as exigências e, não raro, a brutalidade dos maridos, enquanto lhes pesam nos ombros as sérias responsabilidades no encaminhamento e na manutenção da saúde dos filhos. O Espiritismo, dentro de uma visão evolucionista, mostra que o Espírito não tem sexo, podendo encarnar-se como homem ou como mulher, segundo o seu livre-arbítrio.

De acordo com a doutrina da unicidade das existências, a criação de novas almas não seria decorrente da vontade do Criador, mas estaria sujeita ao arbítrio dos casais, pois que poderiam usar um contraceptivo, impedindo Deus de usar o Seu poder de criar uma nova alma. O Espiritismo nos ensina que, ao usar qualquer recurso anticoncepcional, um casal apenas impede que um Espírito, já criado por Deus, que encarnou outras vezes, volte à Terra para uma nova etapa de aprendizagem.

No caso de um estupro, por que se valeria Deus de um ato de violência, de ultraje, de desrespeito, para criar um Espírito? Onde estaria a justiça Divina, se outros são criados, ao contrário, em momentos de amor sublime, como filhos altamente desejados? Por que teria esse Espírito, fruto de uma violência, de ficar estigmatizado por toda a Eternidade? Através dos esclarecimentos da Doutrina Espírita, sabe-se que o acontecimento brutal, que se deu, tem causas anteriores, e que o Espírito que  reencarna, aceitando ou sendo compelido a aceitar tal situação, tem ligações de variada natureza, estabelecidas no passado, principalmente com aquela que lhe será mãe.

Se não houvesse experiências anteriores, como explicar a rebeldia, a brutalidade, o mau caráter de um filho, que tem toda uma ancestralidade constituída de pessoas dignas? Alguém poderá objetar, dizendo que é herança genética de um parente longínquo. Mas, que culpa têm os pais? Por que Deus permitiria que esses genes danosos entrassem na formação daquela alma? A própria alma seria um produto do corpo? A prosperar essa ideia, chegar-se-ia ao absurdo de, no esforço de impedir Deus de criar Espíritos de mau caráter, dever-se-ia esterilizar todos os que não fossem portadores de virtudes. Seria assim fácil aperfeiçoar a raça humana, como pretenderam, no campo físico, os cultores da louca teoria da raça pura.

O Espiritismo esclarece que ninguém herda inteligência, virtudes ou defeitos morais, por serem atributos do Espírito, que os traz como bagagem própria, intransferível quando reencarna. Se um casal tem um filho que lhes nega as linhas morais da família, trata-se de um Espírito que foi por eles adotado, em função do desejo de auxiliá-lo, ou o receberam como consequência de um passado comprometido com ele, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. 9 Dentro dessa linha de raciocínio, chega-se à conclusão que todos os filhos são adotivos, enquanto Espíritos criados por Deus. O casal apenas fornece o invólucro corporal. 9 Diga-se, de passagem, que, para um ajustamento de linguagem, dever-se-ia dizer: filhos consanguíneos e não consanguíneos, porque todos são adotivos.

A doutrina reencarnacionista é a única que não é racista, pois demonstra que Deus não seria justo se criasse um Espírito imortal dentro de uma raça. O Espírito é criado por Deus e evolui, passando pela humanização, no processo de angelizar-se. Ao humanizar-se, encarna inúmeras vezes, nas mais variadas raças, mas seu início, sua criação não está vinculada a grupo étnico nenhum. A bem dizer, todos os Espíritos pertencemos a uma única raça, pertencemos à raça Divina, porque somos filhos de Deus.
  
Referências bibliográficas:

 1 – Mt, 18:8.
 2 – Mt, 11:14.
 3 – Mt, 5:44.
 4 – O livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 166.
 5 – Idem, item 540.
 6 – Mt, 5:16.
 7 – Jo, 14:12.
 8 – O livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 222.
 9 -  O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 14, item 8.