sábado, 9 de março de 2013

MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL SERÁ COISA MÁGICA OU MARAVILHOSA?

Ana Vargas / RS

Desde que me interessei pelo estudo do passe e do Magnetismo ouço que existem três formas de magnetização: a humana, a espiritual e a mista. Dentre as muitas dúvidas nessa área, destaco uma: como se faz magnetização espiritual?

Há alguns dias convidaram-me para um evento comemorativo em uma instituição espírita, aqui no sul. Tudo ia muito bem até o término, quando a pessoa que dirigia, após a palestra, fez a seguinte declaração:  “Hoje, em virtude de um evento especial, a sessão de fluidoterapia será espiritual. Desejo que os senhores retornem aos seus lares em paz e muito obrigado pela presença de todos.”

Pisquei os olhos um pouco chocada, confesso. Por que me deu a impressão de que magnetização espiritual, no entendimento daquela pessoa, era sinônimo de não fazer nada e que as exigências comuns que se fazem para uma magnetização mista, são desnecessárias à espiritualidade.

Imaginei o trabalho que os espíritos teriam: sairiam correndo atrás de cada uma das cento e poucas pessoas presentes; na melhor das hipóteses, aplicariam passes pelas calçadas da cidade ou em automóveis com as pessoas, obviamente, na melhor das condições de assimilarem as energias, alguns fumando, outros brigando no trânsito, alguns debatendo o tema da palestra, enfim, mil coisas poderiam envolver aquelas pessoas.

Outra: será que a espiritualidade havia sido previamente avisada e assim teriam tido tempo de informar-se sobre as necessidades daquelas pessoas? Fosse como fosse, deduzi que o esforço deve ter sido grande. Fiquei pensando e buscando na memória algum referencial teórico para aquela situação. Não recordei ter encontrado relatos na literatura de fato semelhante. Já li diversos casos de atendimento magnético realizado pela espiritualidade, especialmente nas obras de André Luiz, e, aliás, eles são frequentes em toda literatura mediúnica. Porém, realizados em residências, em hospitais, sempre em situações que os espíritos que as executam são conhecedores das necessidades de seus assistidos. Se alguém já leu um caso de magnetização espiritual sério feito no modelo que presenciei, por favor, me avise e indique a obra, desde já agradeço.

Como de todo episódio se deve extrair uma lição, fui à busca de maiores e seguros detalhes sobre a prática da magnetização espiritual. Busquei Kardec e encontrei na Revista Espírita de 1865, interessante estudo intitulado “Cura de uma fratura pela magnetização espiritual”.  Recomendo leitura integral, é muito rico. Mas lá encontrei algumas coisinhas deveras interessantes, a saber: não foi nada milagroso; o espírito dominava conhecimento da medicina, tinha sido médico quando encarnado, e era conhecido da médium; indicou-lhe faixas e a colocação de um aparelho, depois realizou a magnetização espiritual, indicou repouso e deu orientações para que no dia seguinte se reunissem vários adeptos (entenda-se espíritas magnetizadores); um médium magnetizador colocou a enferma em estado sonambúlico e então o espírito do Dr. Demeure prosseguiu o atendimento; os assistentes presenciaram movimentos espontâneos do membro fraturado “quando se viu esse membro tomar insensivelmente, sob influência da atração magnética espiritual, diversas posições próprias para facilitar a redução da fratura. Parecia ser, então, o objeto de toques inteligentes, sobretudo no ponto onde deveria se efetuar a soldadura dos ossos; alongando-se em seguida sob a ação de trações longitudinais”. Após a magnetização, foi recomendada a recolocação das tiras e do aparelho. A enferma durante o trabalho, em estado sonambúlico, murmurava: 

“Não aperteis tão forte!... Vós me fazeis mal!” Ela se dirigia ao espírito que a atendia e reclamava de dor.

O texto esclarece que o magnetizador encarnado durante o trabalho parecia inativo, sua mão direita, apoiava-se sobre a espádua da sonâmbula, contribuía com sua parte no fenômeno, pela emissão de fluidos necessários à sua realização.

A enferma teve uma recaída, havendo deslocado a fratura em decorrência de má posição durante o sono comum. Foi acometida de febre. Nova reunião foi realizada, formaram uma cadeia magnética, a pedido dos Espíritos. Já sabemos que essa era uma prática comum dos magnetizadores contemporâneos de Kardec, a qual consistia na reunião de vários magnetizadores em torno do atendido, todos colaborando com a doação de energia, daí alguns usarem a expressão  corrente magnética.  Depois de vários passes e manifestações semelhantes à anterior o braço foi recolocado no lugar, não sem que a enferma suportasse sua cota de dor necessária.

Foram realizadas magnetizações espirituais nos moldes relatados em dias sucessivos. Aproximadamente em oito dias a fratura estava curada. Narra que na última sessão de magnetização espiritual, feita nos moldes acima, “ela tentou suas forças de mil modos; apresentando seu braço aos assistentes, fazendo os tocar as cicatrizes da soldadura dos ossos; ela lhes apertava a mão com força, anunciando-lhes com alegria a sua cura operada pelos bons Espíritos. Em seu despertar, vendo-se livre em todos seus movimentos, ela desmaiou, dominada por sua profunda emoção!...”

A explicação do fenômeno é breve e objetiva explicar o procedimento ordinário de magnetização realizado por um encarnado e comenta: “O Espírito não age de outro modo; sua ação fluídica se transmite de perispírito a perispírito, e deste para o corpo material. O estado de sonambulismo facilita consideravelmente essa ação, em consequência do desligamento perispiritual, que se identifica melhor com a natureza fluídica do Espírito, e sofre então a influência espiritual  elevada à sua maior força”.

Lido o texto da Revista Espírita de 1865, minhas dúvidas foram sanadas. Realmente, o mágico, o maravilhoso, o sobrenatural ainda dominam o pensamento de muitas pessoas. Não foi sem motivo que Kardec dedicou tantos capítulos em suas obras a combater essas ideias.

Jornal Vórtice ANO III, n.º 04, setembro/2010


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segunda-feira, 4 de março de 2013

ENSAIO TEÓRICO DAS CURAS INSTANTÂNEAS


Certas doenças têm sua causa original na própria alteração dos orgânicos; é a única que a ciência admitiu até hoje; e como ela não conhece para remediá-la senão as substâncias medicamentosas tangíveis, não compreende a ação de um fluido impalpável tendo por propulsor a vontade. No entanto, as curas magnéticas estão aí para provar que isso não é uma ilusão.

Na cura das doenças dessa natureza, pelo influxo fluídico, há substituição das moléculas orgânicas mórbidas por moléculas sadias; é a história de uma velha casa da qual se substituem as pedras carcomidas por boas pedras; sempre se tem a mesma casa, mas restaurada e consolidada. A torre Saint-Jacques e Notre-Dame de Paris acabam de sofrer um tratamento deste gênero.
A substância fluídica produz um efeito análogo ao da substância medicamentosa, com esta diferença de que sua penetração, sendo maior, em razão da tenuidade de seus princípios constituintes, ela age mais diretamente sobre as moléculas primárias do organismo que não podem fazê-lo as moléculas mais grosseiras das substâncias materiais. Em segundo lugar, sua eficácia é mais geral, sem ser universal, por que suas qualidades são modificáveis pelo pensamento, ao passo que as da matéria são fixas e invariáveis, e não podem se aplicar senão em casos determinados.

Tal é, em tese geral, o princípio sobre o qual repousam os tratamentos magnéticos. Acrescentamos sumariamente e por memória, não podendo aqui aprofundar o assunto, que a ação dos remédios homeopáticos em doses infinitesimais está fundada sobre o mesmo princípio; a substância medicamentosa sendo levada, pela divisão, ao estado atômico, adquire até um certo ponto as propriedades dos fluidos, menos, no entanto, o princípio anímico, que existe nos fluidos animalizados e lhes dá as qualidades especiais.

Em resumo, trata-se de reparar uma desordem orgânica pela introdução, na economia, de materiais sãos para substituir os materiais deteriorados. Esses materiais sãos podem ser fornecidos pelos medicamentos comuns em natureza; por esses mesmos medicamentos no estado de divisão homeopática; enfim, pelo fluido magnético, que não é outra do que a matéria espiritualizada. São três modos de reparação, ou melhor, de introdução e de assimilação dos elementos reparadores; todos os três estão igualmente na Natureza, e têm sua utilidade segundo os casos especiais, o que explica porque um triunfa onde outra fracassa, porque haveria parcialidade em negar os serviços prestados pela medicina comum. São, em nossa opinião, três ramos da arte de curar destinados a se suprirem e a se completarem segundo a circunstância, mas dos quais nenhum está fundado em se crer a panacéia universal do gênero humano.

REVISTA ESPÍRITA, março de 1868

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sábado, 2 de março de 2013

ESPIRITÍSTA

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

DA DURAÇÃO DO TRATAMENTO MAGNÉTICO CAPÍTULO X


TRADUÇÃO DE LIZARBE GOMES

É necessário distinguir entre um tratamento magnético e uma magnetização acidental e passageira.
Para curar uma doença é preciso tempo; é neste caso que se torna necessário um tratamento regular e não interrompido.
A duração de um tratamento varia segundo o estado do doente e o gênero de sua afecção; como as doenças diferem em cada indivíduo, é quase impossível determinar um tempo.
A experiência demonstra que algumas doenças se curam em oito dias, em quinze dias, em um, dois e três meses e outras em seis meses ou mesmo além disso.
Ocorre ainda, quando se começa a não ter mais confiança, a ação tornar-se mais sensível, a doença se atenuar e a cura acontecer.
Não seria demais repetir: se o magnetismo nem sempre produzir efeitos sensíveis e aparentes, não é preciso se desencorajar tão rápido.
CAPÍTULO XI
DO PERIGO DE COMEÇAR UM TRATAMENTO SEM ESPERANÇA DE CONCLUÍ-LO
§ I: Perigos resultantes do deslocamento de humores
Jussieu, tendo reconhecido ao magnetismo o poder de operar desvios salutares diz, em seu relatório ao Rei: “Deslocar-se-ia assim um humor que não teria tido tempo de se fixar, restabelecerse-ia muitas vezes o calor, a vida e o movimento nos membros recentemente paralisados.”
(Relatório ao Rei, pág. 38)
O deslocamento dos humores é, com efeito, um dos resultados mais freqüentes da magnetização e eu vou, entre milhares de provas, citar uma:
“Todo  magnetizador que não tenha nem a possibilidade nem a vontade de ocupar-se bastante com o lazer para bem conduzir um tratamento magnético não deve empreendê-lo diz Puységur, pois após um doente experimentar os bons e salutares efeitos da ação magnética, a cessação muito súbita desta ação a torna prejudicial e os fatos seguintes provam isto.
Um jovem afetado pela surdez veio me procurar em Busancy e o cura de Joli que foi mais surdo que ele, o encorajou a vir tentar o mesmo remédio que ele; este jovem não era sonâmbulo. O efeito que ele sentia era uma dor na cabeça e um zumbido nos ouvidos. Pouco a pouco sua dor de cabeça aumentou e ele tinha por vezes o ar hebetado.
Eu tinha então doentes sonâmbulas e eu o apresentei a uma delas: - Faz-se um grande trabalho em sua cabeça – me disse a sonâmbula – ele terá um mal a suportar.
- O que lhe acontecerá então?
- Ele se tornará louco e se você não tomar cuidado, ele partirá num belo dia sem que você saiba e você não o verá mais.
- E o que lhe causará este cruel acidente?
- O humor que se desloca em sua cabeça e que desejaria sair. Se continuar o magnetismo, pouco a pouco ele sairá por seu nariz e suas orelhas, mas ele é bem grande!
- E ele se curará?
- Sim, mas precisará de tempo.
Uma vez bem advertido, eu tomei todos os tipos de precauções para que meu doente não pudesse se escapar, sobretudo à noite; eu o via às vezes com o ar perturbado. Ao fim de um mês ele teve um escorrimento nos ouvidos e começou a ouvir bem melhor.
Mas o que me haviam anunciado aconteceu. Um dia vieram me dizer que meu surdo havia destrancado sua janelas e com a ajuda de uma corda saiu de seu quarto sem que eu soubesse onde pudesse estar. Eu escrevi a Dormans, onde seu pai tinha um albergue e soube que no dia de sua partida de Busancy ele disse que estava curado, pois havia entendido bem a todos aqueles que vieram lhe procurar naquele dia. Soube que este bem estar não havia durado muito tempo e que no dia seguinte a surdez havia retornado, levemente de início, até que, por fim, ela havia -  no momento em que me escrevia - retornado tão forte quanto antes de ser magnetizado.
Oito dias depois, o pobre rapaz veio me ver; ele não se lembrava nem de sua partida de Busancy, nem de sua viagem para casa e de nada que lhe aconteceu. Eu tentei, porque ele me pediu, recolocar uma segunda vez os humores de sua cabeça em movimento, mas foi em vão; como o  trabalho da  natureza  foi interrompido , o malretomou a vantagem e nenhuma força magnética  pode de novo deslocá-los.
Estes dois exemplos, acrescenta Puységur, tão instrutivos tanto para os magnetizadores como para os doentes, devem ensinar aos primeiros a jamais empreender tratamentos magnéticos sem estar bem seguros de sua continuidade... se nada é mais soberanamente e vitoriosamente curativo que o agente da natureza posto em ação por uma boa e constante vontade, nada é mais perigoso que suspendê-la ou cessar seu movimento quando seus bons efeitos se manifestam.” (Puységur, Pesquisas Psicológicas, 388 a 390).
§II – Perigos resultantes da provocação de germes mórbidos não seguida de desenvolvimento Joli, um dos doentes de Puységur, escreveu um dia, em estado de sonambulismo a seu magnetizador: “O magnetismo animal acaba de provocar em mim uma doença a qual chamam de catalepsia, que viria em seis meses da qual eu seria morto, mas talvez não morrerei a tendo atualmente; então é uma grande vantagem para mim dizer que morrerei talvez  em lugar de morrerei  certamente; estou convencido de que não é o grande número de crises nas quais eu entrei que precipitaram esta doença  da qual, eu espero, contudo, ter um resultado favorável.
Eu acredito, diz a este respeito Puységur, que não há circunstância em que não se deva esperar bons efeitos do magnetismo; mas quando os doentes são suscetíveis de entrar no estado magnético, talvez seja perigoso cessá-lo tão cedo porque o magnetismo, tendendo a desenvolver o germe das próximas doenças, um efeito começado e não sustentado pode contrariar a natureza sem acrescentar a seus recursos.” (Puységur, Memórias)

Jornal Vórtice ANO III, n.º 04, setembro/2010  


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domingo, 17 de fevereiro de 2013

A VERDADEIRA APARÊNCIA DE JESUS


Fabiano P. Nunes

Por mais de dois milênios, o enigma da real aparência de Jesus tem sido motivo de infindáveis especulações, inquietando o imaginário de religiosos, devotos, artistas e investigadores científicos.
Desde a época da renascença cultural, a arte tem sido inspirada por modelos de um homem-Jesus com finos e belos traços europeus, olhos azuis e cabelos com matizes do louro. Conquanto esse arquétipo mental continue dominando o psiquismo de grande parte da cristandade até os dias atuais, não existem evidências histórico-científicas que confirmem tal pressuposição.
Sob o rigor do método científico, a carta dirigida pelo senador Públio Lentulus – personagem ainda não identificado pelos historiadores1 – ao imperador romano Tibério, contendo uma descrição física e moral de Jesus, tem sido considerada apócrifa2, por ora.

De igual modo, a autenticidade de O Sudário de Turim – o lençol de linho longo e desigual que exibe a imagem, frente e costas, de um indivíduo crucificado, a qual muitos acreditam pertencer a Jesus – tem sido duramente contestada por renomados pesquisadores3, sobretudo em função dos resultados de testes com o carbono-14 feitos em fragmento do Sudário, que não demonstraram uma datação compatível com o século I.

O assunto da legitimidade do Sudário ainda carece de maiores verificações científicas para lograr concordância na comunidade científica. Além disso, nenhum dos oito autores - nove, para os exegetas que não consideram Paulo como o autor da Epístola aos Romanos - dos 27 livros que compõem o Novo Testamento ofereceu qualquer informação direta quanto aos aspectos corporais de Jesus, levando muitos pesquisadores a acreditarem que a feição de Jesus não apresentaria diferenças em relação aos traços faciais característicos do grupo étnico hebreu da região da Judeia, como pode, por exemplo, ser inferido pela análise dos relatos evangélicos sobre a prisão de Jesus no Jardim do Getsêmani. Naquela ocasião, os soldados do Templo de Jerusalém não conseguiram distingui-Lo dentre os demais discípulos, sendo necessária a autodenominação feita por Jesus e o beijo de Judas Iscariotes, para que se O identificassem sem equívocos4. Por outro lado, há indícios bíblicos de que a aparência de Jesus viria ser bastante desgastada pelas duras pelejas de sua vida.

No livro de Isaías5, o profeta que trouxera as ricas anunciações sobre o advento do Messias Hebreu nos oferece as notícias proféticas acerca do Ungido de Deus: “Ele cresceu diante dele como um renovo, como raiz que brota em terra árida; não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar. Era desprezado e abandonado pelos homens, um homem sujeito à dor, familiarizado com o sofrimento, como uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, não fazíamos caso nenhum dele.” Poder-se-ia, ainda, fazer uma ilação sobre uma aparência envelhentada de Jesus no relato contido em O Evangelho Segundo João6: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu Dia. Ele o viu e encheu-se de alegria!” Disseram-lhe, então, os judeus: “Não tens ainda cinquenta anos e viste Abraão!” Jesus lhes disse: “Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU”. Então apanharam pedras para atirar nele;”

Nesse relato do Evangelista João6, constata-se que Jesus fora confundido pelos Doutores da Lei com um homem de quase cinquenta anos, não obstante ainda fosse um moço com trinta e poucos anos, em virtude de uma vida especialmente áspera para com Ele: perseguições intermináveis desde a infância, orfandade e precoce arrimo à família, pobreza, trabalhos extenuantes, incompreensões e caridade ininterrupta com absoluto olvido de si mesmo.

A despeito do nobre esforço de investigadores em desvelar a aparência de Jesus, seria realmente importante conhecer Suas verdadeiras linhas físicas? Com base na voluntária inexistência de informes legada pelos Seus mais admiráveis discípulos, acreditamos 
que não. Observaremos que Lucas de Antioquia, a quem são atribuídos a autoria de O Evangelho Segundo Lucas e de Atos dos Apóstolos, na condição de o primeiro investigador do “Jesus Histórico”, não dispensara qualquer atenção à Sua aparência fisionômica.

Outrossim, notaremos que Paulo de Tarso, o grande apóstolo que tivera a experiência de ver o Cristo na Sua condição de espírito puro (I Cor 9:1; I Cor 15:8) e com Ele se comunicar em várias ocasiões (Gal 1:12; I Cor 11: 23), cujas epístolas são consideradas magistrais dissertações acerca da doutrina cristã, igualmente não franqueara nenhuma consideração sobre as feições do Mestre, ainda que indiretamente.

No entanto, é Allan Kardec – alcunha do cientista e pedagogo francês H.L.D. Rivail – quem, 143 anos antes dos grandes autores contemporâneos, apresenta a luz da exegese perfeita para mais esta temática, novamente desvelando extraordinária sintonia com o próprio pensamento do Cristo7. Em A gênese8, o apóstolo do cristianismo da Idade Moderna9 lega à ciência hermenêutica admirável interpretação para a irrelevância do conhecimento da real feição de Jesus: [...] “Como homem, tinha a organização dos seres carnais, mas como espírito puro, desprendido da matéria, devia viver mais da vida espiritual do que da vida corporal, da qual não possuía as fraquezas.

Sua superioridade sobre os homens não resultava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu espírito, que dominava a matéria de uma maneira absoluta, e da qualidade do seu perispírito, constituído da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres.” [...]

O Espiritismo também tem por missão restituir o cristianismo ao seu sentido genuinamente espiritual9, porquanto, nesse capítulo, o fi el servo lionês de O Espírito de Verdade conduz-nos o entendimento acerca dos fanais que verdadeiramente devem arrebatar o cristão sincero: a vida, os ensinos e a obra do Cristo.

Consonante com a visão dos Evangelistas, de Paulo de Tarso e de Allan Kardec, apreende-se, pois, ser condição essencial para fazermos uma imersão na clareza diamantina dos ensinos de Jesus que libertemo-nos integralmente de toda e qualquer forma de idolatria, desvinculando-nos dos atavismos multisseculares que ainda possam se nos agrilhoar, com o fito de incorporarmos o exato espírito do cristianismo, definitivamente fi xando-nos na alma seus sublimes e verazes conteúdos.

Referências:
1. Publius Lentulus. In: Wikipédia – A enciclopédia livre. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Publius_Lentulus. Acesso em abril de 2011.
2. Oliveira, Therezinha. Estudos espíritas do Evangelho. Campinas, SP: Allan Kardec Ed, 2005. 6. Ed. p. 110.
3. Zugibe, Frederick T. Crucifi cação de Jesus. As conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. Tradução de Paulo Cavalcante. São Paulo: Ideia & Ação, 2008. 455 p.
4. Debarros, Aramis C. Doze homens, uma missão. Curitiba, PR: Editora Luz e Vida, 1999. 338p.
5. BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Nova edição rev. e ampl. São Paulo: Paulus, 2002. 3 a. Impressão: 2004. Isaías, cap. 53, vers. 1-4, p. 1340.
6. BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Nova edição rev. e ampl. São Paulo: Paulus, 2002. 3 a. Impressão: 2004. O Evangelho Segundo João, cap. 8, vers. 56-59, p. 1867. 7. KARDEC, Allan. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Segunda parte, p.307-308.
8. KARDEC, Allan. A gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 2. Ed., Rio de Janeiro: CELD. ed. 2008. Cap. XV, item 2. p. 332
9. KARDEC, Allan. Revista Espírita. Jornal de Estudos Psicológicos. Ano sexto, novembro de 1863. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 476.

ICEB - Instituto de Cultura Espírita do Brasil - III - no 28 - Julho / 2011 


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