quinta-feira, 6 de setembro de 2012

OS FENÔMENOS ANÍMICOS E O ESPIRITISMO



Há mais de 10 anos conheço uma jovem que, vez ou outra, passa por certas dificuldades, as quais acontecem com ela desde criança. São crises de ausência, transe prolongado, força física exacerbada, saídas conscientes do corpo, percepções extrasensoriais, etc., sendo tudo isto reputado a um prolongado e difícil problema obsessivo. Tratamentos desobsessivos foram tentados ao longo do tempo com poucos resultados positivos.
Não faz muito tempo, ao ler Magnetismo Espiritual de Michaellus, a “ficha foi caindo” a cada capítulo. Descobri que esta irmã é sonâmbula.
Ficou claro para mim, naquele momento, o porquê do desdobramento consciente, da insensibilidade física, da dupla vista. Aquilo que sempre foi tido à conta de obsessão, nada mais é do que sonambulismo natural que, mal orientado, tem provocado distúrbios diversos na vida dela e dos que lhe rodeiam. Como foi possível ninguém ter percebido esta ligação?
Inclusive eu, nunca tinha pensado nesta possibilidade até a leitura do livro, o que me causa uma certa vergonha.
Afinal de contas, Kardec deixou um capítulo inteiro (e extenso) escrito em O Livro dos Espíritos sobre os fenômenos anímicos intitulado “Emancipação da Alma”.
Nas demais obras da Codificação existem muitas referências ao assunto, tanto quanto na Revista Espírita nos seus diversos volumes.
E eu que já li e reli O Livro dos Espíritos inúmeras vezes!
Será que estamos sabendo estudar Kardec? De outra forma: será que estamos dando o devido valor às obras do codificador? Quantos espíritas será que existem que fazem confusão entre os fenômenos anímicos e os fenômenos mediúnicos e que todo tipo de dificuldade enfrentada, remete à influência dos Espíritos? Conhecer então a importância do sonambulismo para o Espiritismo... nem pensar. Para ilustrar, transcrevo abaixo o e-mail que uma amiga espírita me enviou.

Trabalho em um Centro Espírita onde estudamos a polaridade como uma técnica de passe (se é que assim posso dizer). Estudamos um livro de Richard Gordon "A cura pelas mãos". Daí comecei a sentir dores pelo corpo no momento de aplicação.
Curiosamente eu senti uma dor na perna esquerda em um paciente e, quando ele voltou, oito dias depois, mancava e sentia dor na mesma perna (lá nós não comentamos nada com os pacientes, às vezes sutilmente percebemos ou o mesmo fala); depois comecei a ver manchas escuras que passeiam pelo corpo; certa feita vi minha mão entrar no corpo e voltar com algo redondo e escuro e tinha a sensação que segurava algo. Quando toco nos pacientes, às vezes é como se suas células conversassem comigo e me dissessem de “algo” fisico ou psíquico. Recentemente, vejo por dentro do corpo humano como um ultrassom de última geração em 3D e colorido. Não são em todos os pacientes, varia muito. Vejo médicos, cirurgias e, por vezes, com auxílio de irmãos espirituais alivio dores. Em outros momentos aumento estas dores. Até agora fiquei quieta, achei que o telefone só toca de lá prá cá. Mas, como vem aumentando os detalhes, acho que devo aprender e auxiliar os “amigos”. Só não sei como, às vezes fico na dúvida do que sinto e vejo e nada falo aos amigos médiuns que me cercam. Antes que você pense, não tenho formação na área de saúde. Depois disso tudo, leio e, quando vejo os orgãos, recorro aos mapas de anatomia e fico pasma, são iguais. O que devo fazer? Você pode me ajudar? As pessoas que converso aqui me dizem que estou em desenvolvimento mediúnico, faz oito anos, que tudo isso acontece. Já esperei demais sem me aprofundar, sei que os amigos espirituais precisam de instrumentos afinados. Agradeço mais uma vez.
Muita paz.

Dá para imaginar o drama desta irmã, possuindo inúmeras faculdades valiosas que podem e devem ser utilizadas para beneficiar o próximo, porém, sem conhecimentos adequados por parte dela e das pessoas com as quais convive nas atividades do Centro Espírita.
Aquilo que se tem entendido como mediunidade, pode-se ver que é fenômeno anímico, ou seja, faculdades da própria alma encarnada, como por exemplo, percepções e sensações com relação às desarmonias do paciente, visão interna dos órgãos físicos, dupla vista. Ao que parece, existe uma capacidade mediúnica, porém complementada por uma bela faculdade anímica. São, portanto, recursos medianímicos que necessitam de estudo por parte da sua portadora e de todos os envolvidos, a fim de se encontrar formas adequadas de aproveitá-los para o benefício do próximo.
Muitas Casas Espíritas não contemplam estes assuntos em seus estudos doutrinários. Além do mais, as pessoas não podem comentar o que sentem e, quando comentam, recebem respostas ou explicações evasivas e superficiais. Os pacientes também não podem relatar o que sentem a fim de se fazer um acompanhamento eficiente das suas problemáticas. E quanto se aprenderia com estes relatos! Sendo assim, é preciso adequar as estruturas de trabalho pois, do contrário, pode-se simplesmente desperdiçar estas oportunidades por não se saber lidar com elas ou por força de uma estrutura que não condiz com os instrumentos humanos e psíquicos disponíveis.
Inúmeras “Casas” não oferecem condições nos seus trabalhos de cura para que se possa acompanhar a situação do paciente ao longo do tratamento, nem estabelecem trocas de experiência entre os trabalhadores, onde facilmente se detectaria as ansiedades e angústias de pessoas como a autora do e-mail acima.
Não é à toa que o magnetismo e o sonambulismo são tão desconhecidos por nós espíritas, o que realça a nossa ignorância. Logicamente, não estou generalizando pois há inúmeros companheiros que se dedicam ao aprendizado teórico e prático destes fenômenos que formam a base do Espiritismo. É do conhecimento de todos, acredito, que toda mediunidade tem seu pilar de sustentação nos fenômenos de emancipação da alma.
Evolutivamente, a faculdade mediúnica surgiu a partir do momento em que o espírito encarnado desenvolveu a capacidade de dissociar-se do corpo físico iniciando, cada vez de forma mais direta, os contatos com os seres de outras dimensões que, aos poucos, procederam ao processo de transmissão mental através do indivíduo em transe, vindo, com o tempo, a surgirem as mais variadas nuances mediúnicas tão bem estudadas por Allan Kardec e que compõem as suas obras.
Os fenômenos anímicos se revestem da maior importância para a ciência magnética no ponto em que esta engloba desde a telepatia e a visão à distância, passando pela dupla vista, catalepsia e letargia até chegar ao êxtase, dentre outros. Todas estas variações da emancipação da alma já eram conhecidas dos magnetizadores antigos, inclusive de Kardec, mesmo antes do surgimento da Doutrina Espírita.
Através do sonambulismo, por exemplo, os magnetizadores detectaram a existência do Espírito como princípio imortal no ser humano.
O sonâmbulo, que a maioria das pessoas só conhece como sendo alguém que acorda no meio da noite e caminha pela casa (sonambulismo natural), era utilizado largamente pelos magnetizadores durante os tratamentos, quando a faculdade se manifestava espontaneamente no paciente, como meio de diagnóstico e orientação quanto ao método de cura. Estes indivíduos que conseguiam realizar as maiores proezas psíquicas como enxergar o interior do seu corpo físico e detectar as doenças, ver através das paredes ou de qualquer corpo opaco, ler com os olhos vendados, captar pensamentos, ver à distância, tornar-se insensíveis à dor, etc., provavam, através destas faculdades, que existe algo no ser humano que não pode ser físico pois que transcende a todas as possibilidades de realização dos sentidos físicos.
E saber que Kardec estudou tudo isto e colocou na Codificação Espírita. Pena que nos grupos de estudo, nas palestras, seminários, congressos, etc. este tema é tão pouco abordado. Não é que dou menor valor à mediunidade, em hipótese alguma, mas é que nós encarnados somos também Espíritos. E todas as faculdades que aqui relatamos, e ainda outras, fazem parte da herança espiritual que carregamos. Somos dotados destas capacidades em menor ou maior grau por que somos Espíritos. E muita gente as possui sem se dar conta, muitas vezes confundindo com mediunidade ou mesmo com obsessão.
A única saída é repensarmos a nossa maneira de estudar e aprender Kardec. Deixar de lado o “fulano disse que é assim” ou “o Espírito tal disse que é assim” e voltarmos a usar a lógica que Kardec sempre utilizou. E em matéria de lógica Kardec é exemplar.

Alguns fenômenos anímicos definidos por Kardec:

SONO: momento de repouso do corpo quando o Espírito, aproveitando que os laços que o ligam ao corpo afrouxam-se e não precisando este último da sua presença, se lança no espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.

SONHO: é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Nem sempre sonhamos por que nem sempre nos lembramos do que vimos ou de tudo que vimos. Devido a não termos a alma em pleno desenvolvimento das faculdades, não nos resta mais do que a lembrança da perturbação que acompanha a partida ou o regresso ao corpo, à qual se junta a lembrança do que fizemos ou do que nos preocupa no estado de vigília.

TELEPATIA: comunicação de pensamento com outros Espíritos, encarnados ou desencarnados, mesmo em vigília, embora o faça mais dificilmente.

LETARGIA: perda momentânea da sensibilidade e do movimento. A suspensão das forças vitais se dá de forma geral dando ao corpo todas as aparências da morte.

CATALEPSIA: semelhante à letargia, só que de forma localizada, podendo afetar uma parte mais ou menos extensa do corpo e deixando a inteligência livre para se manifestar.

SONAMBULISMO: estado de independência da alma em que esta se encontra na posse plena de si mesma. Pode ser natural ou magnético (provocado) e ocorre principalmente durante o sono. O sonâmbulo pode adquirir a clarividência com a qual pode ver à distância, através de corpos opacos, ou ainda demonstrar conhecimentos que não expressa no estado de vigília. Pode também conversar com Espíritos e deles receber orientações.

ÊXTASE: estado em que a alma se encontra mais independente ainda do que no sonambulismo. A alma do extático penetra nos Mundos Superiores, vê os Espíritos que lá habitam e compreende a sua felicidade.

DUPLA VISTA: é a vista da alma, embora o corpo não esteja adormecido. Dá a quem a possui a faculdade de ver, ouvir e sentir além dos limites do nossos sentidos. Percebem as coisas ausentes por toda parte onde a alma possa estender a sua ação; veem, por assim dizer, através da vista ordinária e como por uma espécie de miragem.

Extraído de O Livro dos Espíritos, cap. Emancipação da Alma.
 

QUEM SERIA O MEU ESPÍRITO PROTETOR?





Por Maria das Graças Cabral

Comumente no meio espírita, nos deparamos com pessoas tecendo os mais diversos comentários à respeito de seus Espíritos protetores. Tais companheiros, (principalmente em palestras públicas e livros) se reportam à presença dos Guias em momentos de intimidade, de dificuldades, de alegria. Relatam também as opiniões e/ou interferências dos Espíritos protetores em escolhas e decisões tomadas pelo tutelado. Importante ressaltar, que os referidos companheiros, alegam ver, ouvir, e interagir com seus protetores, chegando até mesmo a saber o nome do mesmo!
 
Entretanto, a grande maioria dos encarnados “fica só na vontade”. Pois é fato que vontade e curiosidade de se ter um contato mais efetivo, saber identidade e nome do Espírito Protetor, é sonho e/ou desejo, que habita a mente e o coração da grande maioria das pessoas!
 
Portanto, objetivando serenar os nossos corações, e para que não “morramos de inveja“ daqueles companheiros que relatam suas experiências com seus Guias Espirituais. Para que saibamos discernir, o que “procede” e o que “não procede” das experiências fantásticas, relatadas. Para que saibamos diferenciar um Espírito “Protetor“, de um Espírito “familiar“, ou de um Espírito “simpático“, é que escrevo o presente artigo. A fonte que saciará nossa sede, e nos confortará será O Livro dos Espíritos, que em seu Capítulo IX, Item VI, desenvolve o assunto sob o título de “Anjos da Guarda, Espíritos Protetores e Familiares ou Simpáticos”.
 
Inicialmente, busquemos saber “quem” são os Espíritos Protetores ou Anjos de Guarda e qual a sua missão. À esse respeito, nos dizem os Espíritos da Codificação, que os Guias Espirituais, são Espíritos de “ordem elevada“, que se ligam a um indivíduo em particular, como um irmão espiritual. Quanto a missão do Espírito protetor, é a missão de um pai para com o filho, ou seja, conduzi-lo pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida. (LE, 491) (negrito)
 
Importante ressaltar, que o Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento até a morte, pois freqüentemente a ligação prossegue no plano espiritual, e mesmo através de várias experiências reencarnatórias. Isto porque, segundo a Espiritualidade Superior, as vivências no mundo material não são nada mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.
 
Diante de tais afirmativas, ficamos cientes, que todo Espírito Protetor, é obrigatoriamente um Espírito de moralidade e intelectualidade elevada, haja vista a complexidade e grandiosidade de sua missão, que é de conduzir um Espírito imperfeito à perfeição. Conquanto, é profundo conhecedor da alma do seu protegido, sendo sabedor de seus conflitos, vícios morais, medos, limitações, qualidades, conquistas, e potencialidades evolutivas, por acompanhá-lo desde existências pretéritas.
 
São Luís e Santo Agostinho, asseveram que os Anjos da Guarda ou Espíritos protetores, acompanham os seus protegidos, “nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios conselhos.” E acrescentam: “Ah, porque não conheceis melhor esta verdade! Quantas vezes ela vos ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes ela vos salvaria dos maus Espíritos! (...) Ah, interpelai vossos anjos da guarda, estabelecei entre vós e eles essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos! Não penseis em lhe ocultar nada, pois eles são os olhos de Deus e não os podeis enganar!” (LE., Cap. XIX, Livro II, p. 459)
 
Importante ressaltar, que embora algumas pessoas considerem impossível que Espíritos de alta evolução fiquem restritos a uma tarefa tão penosa e contínua, asseguram os Mestres Espirituais, que mesmo estando a anos luz de distância, para os Espíritos Superiores não existe espaço, e mesmo vivendo em mundos evoluídos, permanecem ligados aos seus protegidos, pois gozam de dons por nós não concebidos. À esse respeito, Kardec de forma pedagógica esclarece, que os Espíritos dispõem do “fluido universal” (tema objeto de estudo em O Livro dos Espíritos) que permeia e liga todos os mundos, sendo portanto veículo da transmissão do pensamento, como o ar é para nós o veículo da transmissão do som.
 
Acrescentam ainda São Luís e Santo Agostinho, que em razão da comunicação do Espírito Protetor com o seu tutelado, somos todos médiuns, mesmo que hoje sejamos médiuns ignorados. Inferindo-se que “todos” nos comunicamos com nosso Guias Espirituais, mesmo que não tenhamos uma mediunidade ostensiva que nos permita, ver e/ou ouvir de forma objetiva.
 
Portanto, no que concerne à comunicação com nosso Espírito protetor, esta comunicação se faz através dos “pressentimentos” que comumente sentimos. São os pressentimentos, o conselho íntimo e oculto de um Espírito que nos deseja o bem. O Espírito protetor procura advertir seu tutelado no intuito de fazê-lo viver da melhor forma possível, entretanto, muito freqüentemente, fechamos os ouvidos e as portas do coração para as boas advertências, e nos tornamos infelizes por nossa culpa.
 
No que tange à presença constante do Espírito Protetor com o seu protegido, dizem os Espíritos da Codificação que há circunstâncias em que a presença não se faz necessária. Entretanto, enquanto estivermos necessitando reencarnar no planeta Terra, (planeta de provas e expiações) não temos condições de guiar-nos por nós mesmos, precisando portanto da orientação e proteção efetiva do Guia Espiritual.
Quanto ao contato entre tutelado e Espírito protetor, como falamos no início do artigo, a “grande maioria das pessoas” não têm experiências ostensivas, que possam lembrar e relatar. Pelo que foi dito anteriormente pelos Mestres Espirituais, já entendemos, que em razão do elevado grau evolutivo do Anjo Guardião, ele não tem como ser visto e/ou ouvido objetivamente pelos encarnados no planeta Terra.
 
Em seguida, Kardec lança o seguinte questionamento aos Espíritos da Codificação: - Por que a ação dos Espíritos em nossa vida é oculta, e por que, quando eles nos protegem, não o fazem de maneira ostensiva? A resposta dada foi a seguinte: “- Se contásseis com o seu apoio não agiríeis por vós mesmos e o vosso Espírito não progrediria. Para que ele possa adiantar-se necessita de experiência, e em geral é preciso que adquira à sua custa; é necessário que exercite as suas forças, sem o que não seria como uma criança a quem não deixam andar sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre de maneira a vos deixar o livre-arbítrio, porque se não tivésseis responsabilidade não vos adiantaríeis na senda que vos deve conduzir a Deus. Não vendo quem o ampara, o homem se entrega às suas próprias forças; não obstante, o seu guia vela por ele e de quando em quando o adverte do perigo.” (grifei) (LE., Cap. XIX, Livro II, p. 501)
 
Diante das palavras acima expostas, fica evidente que os Guias Espirituais não interferem objetivamente na vida de seus tutelados. É fato, que temos como condição “sine qua non” para a evolução espiritual, a liberdade de fazer escolhas, e responder por estas, advindo daí, o aprendizado e conseqüente evolução do Espírito. O livre-arbítrio do tutelado jamais será desrespeitado pelos Protetores Espirituais! O que efetivamente nos dará força e coragem para avançarmos nos caminhos evolutivos, é a certeza de que se tem um amigo, um irmão, a velar por nós, solidário na dor e na alegria.
 
Vale ressaltar, que o nosso sucesso, será um mérito a ser levado em conta para o próprio adiantamento do Espírito protetor, como também para sua própria felicidade. Em contrapartida, sofrerá com os erros do seu tutelado, e os lamentará. Não obstante, sua aflição não se assemelhe às angustias de um pai e/ou uma mãe terrenos, pois é sabedor de que há remédio e solução para o mal, pois o que não foi feito hoje, se fará amanhã - estando ele por perto, sempre que se fizer necessário, para nos impulsionar nas boas realizações.
 
Vamos agora tratar de outro aspecto provocador de grande curiosidade, que é a questão de se saber o “nome” do Guia Espiritual. À esse respeito, é Kardec quem indaga aos Mestres Espirituais na questão 504 de O Livro dos Espíritos, se podemos sempre saber o nome do nosso Espírito protetor ou Anjo da Guarda. Observemos a resposta dada pelos Espíritos: “- Como quereis saber nomes que não existem para vós? Acreditais, então, que só existem os Espíritos que conheceis?” (grifei) Logo em seguida, na questão complementar 504-a, o Codificador questiona, que se não o conhecemos, como vamos invocá-lo? E mais uma vez, com toda a presteza respondem os Espíritos Superiores, que podemos dar o nome que quisermos, sugerindo inclusive, que escolhamos o de um Espírito superior que tenhamos simpatia e respeito. Asseveram os Mestres que o nosso protetor atenderá prontamente ao nosso apelo, pois todos os Espíritos elevados são irmãos e se assistem mutuamente.
 
Não se dando por satisfeito no que tange à questão do nome dos Espíritos protetores, persiste Kardec na questão 505 indagando, se os Espíritos protetores que tomam nomes comuns seriam sempre os de pessoas que tiveram esses nomes. Os Mentores respondem categoricamente que não, acrescentando, que muito comumente, Espíritos simpáticos aos nossos Guias Espirituais, ou, por determinação destes, podem vir a nos atender.
 
Para que melhor compreendamos como se dá a substituição, usam os Espíritos da seguinte analogia: quando nós encarnados, não podemos por alguma razão realizar pessoalmente alguma atividade, ou missão, enviamos alguém de nossa confiança para que nos represente agindo em nosso nome. Portanto, a questão do nome é o de menos, pois o que importa é a certeza da existência desse Guia Espiritual que segundo os Espíritos da Codificação, conheceremos a sua identidade e o reconheceremos quando estivermos na vida espírita, pois freqüentemente, já o conhecemos de outras encarnações.
 
Quanto à possibilidade de um pai, ou uma mãe, virem a se tornar o Espírito protetor do filho ou filha sobrevivente, nos dizem os Mestres Espirituais, que para que um Espírito se torne “protetor” de alguém, deverá ter um certo grau de elevação, além de um poder e uma virtude a mais, concedidos por Deus. Portanto, quando o Espírito de pais ou mães, protegem filhos ou filhas, estarão certamente sendo assistidos por um Espírito mais elevado, pois seu poder é mais ou menos restrito à posição evolutiva em que se encontram, não lhes sendo permitido sempre, inteira liberdade de ação. (LE., Cap. XIX, Livro II, p. 507/508)
 
Outra questão a ser aventada, trata da possibilidade de termos vários Espíritos protetores. À esse respeito, nos dizem os Mestres espirituais que “cada homem tem sempre Espíritos “simpáticos”, mais ou menos elevados, que lhe dedicam afeição e se interessam por ele, como há também, os que lhe assistem no mal.” Acrescentam, que esses Espíritos “simpáticos”, às vezes podem ter uma missão temporária, mas em geral são apenas solicitados pela similitude de pensamentos e de sentimentos, no bem como no mal”, posto que, “o homem encontra sempre Espíritos que simpatizam com ele, qualquer que seja o seu caráter.” (grifei) (LE., Cap. XIX, Livro II, p. 512/513 e 513-a)
 
Objetivando uma melhor compreensão do que foi exposto, vou me apropriar do fechamento feito por Kardec, quando assim resumiu as explicações dadas pelos Mestres Espirituais sobre a natureza dos Espíritos que se ligam ao homem:
- O Espírito protetor, anjo da guarda ou bom gênio, é aquele que tem por missão seguir o homem na vida e o ajudar a progredir. É sempre de uma natureza superior à do protegido.
- Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por meio de laços mais ou menos duráveis, com o fim de ajudá-las na medida de seu poder, freqüentemente bastante limitado. São bons, mas às vezes pouco adiantados e mesmo levianos; ocupam-se voluntariamente de pormenores da vida íntima e só agem por ordem ou com permissão dos Espíritos protetores.
- Os Espíritos simpáticos são os que atraímos a nós por afeições particulares e uma certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto no bem como no mal. A duração de sua relações é quase sempre subordinada às circunstâncias.
 
Para finalizar, estejamos cientes e confiantes de que “todos nós” seres humanos encarnados e desencarnados, enquanto estivermos em uma condição de elevação espiritual sofrível, vinculados aos mais diversos vícios morais, reencarnando em planetas de provas, expiação, regeneração, teremos por necessidade de amparo e orientação, um Espírito protetor de alta elevação - por isso não visível. A esse amoroso Guia Espiritual, poderemos atribuir o nome que quisermos, pois ele nos atenderá sempre, independentemente de “nomes“ - pois ele não tem nome de Espíritos conhecidos na Terra. Estejamos atentos aos nossos “pressentimentos“, pois nosso Anjo Guardião, se comunica conosco através de intuições e pressentimentos. Nosso Guia Espiritual é o amigo que mais nos conhece, por nos acompanhar em numerosas jornadas reencarnatórias, estando sempre presente nos momentos mais solitários, infelizes, dolorosos, como nos momentos mais felizes de nossa vida! E por fim, tenhamos a certeza, que será ele a nos recepcionar quando do nosso retorno ao mundo espiritual, quando para nossa alegria, o reconheceremos e o identificaremos! Haverá algo mais consolador?

Fonte;  http://umolharespirita1.blogspot.com.br/