quinta-feira, 11 de setembro de 2014

ESCOLA FUNDADA NO MONT-JURA

Artigo escrito pelo jovem Hippolyte-Léon Denizard Rivail, em 1825.1
  
“Falamos sempre com prazer renovado desses verdadeiros amigos da humanidade que sacrificam sua vida, seu repouso e seus recursos financeiros ao alívio de seus semelhantes; esses seres tão raros hoje em dia são muito preciosos, e como no tempo em que vivemos muitas pessoas se dão gratuitamente o título de filantropos e escondem sob esse véu o mais sórdido egoísmo, é importante conhecer em que consiste a verdadeira filantropia a fim de que se possa reconhecer aqueles que dela possuem apenas a máscara, e que, por uma hipocrisia frequentemente estudada durante muitos anos, se divertem abusando do público, a fim de tirar dele o melhor partido para seus interesses. O que digo relativamente a esses pretensos amigos da humanidade, é apenas para fazer ressaltar com mais nitidez os que realmente consagram sua vida à felicidade de seus semelhantes.

Em uma de minhas viagem à Suíça, tive oportunidade de visitar uma escola fundada sobre o verdadeiro amor do bem público, e que, sob todos os aspectos, deve inspirar o mais vivo interesse. A Srta. C... fundou essa escola numa aldeia do Mont-Jura, onde reside. Suas posses, ainda que suficientes para que ela viva tranquilamente, não eram bastante consideráveis para suprir a todas as necessidade de semelhante estabelecimento. No entanto, ela sofria ao ver uma quantidade inumerável de crianças infelizes, abatidas pela miséria tanto quanto seus pais, contraindo todos os vícios a que a ociosidade e a vagabundagem necessariamente arrastam. Ela resolveu tirá-las de sua infeliz condição e proporcionar àquelas pobres crianças meios de existência mais honrados, e também recursos para o futuro. Que empreendimento! Que obstáculos a vencer! No entanto, ela superou todos. Quando uma alma virtuosa resolve fazer o bem é raro que não logre êxito. É preciso coragem e uma vontade firme, e certamente não lhe faltava nem uma, nem outra.

Ajudada por sua pequena fortuna e por alguns parcos recursos, ela reuniu um certo número de garotas cuja única ocupação era a mendicância, e que agora recebem uma educação bem cuidada. Na época em que visitei a escola havia em torno de setenta. Essas garotas são alojadas, alimentadas, banhadas, enfim, inteiramente sustentadas naquela casa. A ocupação principal das meninas, fora as lições, é fazer renda. Do produto arrecadado, uma parte é investida no sustento do estabelecimento, e a outra fica à disposição daquelas que o ganharam, e que se apressam em fazer uso digno, no sustento de seus infelizes pais.

Um dia eu manifestei a minha admiração à Srta. C... pela mudança que se havia operado em todas as suas alunas, e lhe testemunhei o quanto estava surpreso pelo fato de ela ter conseguido endireitar aqueles caracteres, entre os quais deveria ter encontrado uns bem rebeldes. – Certamente, disse-me ela, tive bastante dificuldade; havia caracteres que traziam todos os vícios a que a miséria e a mendicância arrastam; mas com perseverança atinge-se o objetivo, e sou amplamente recompensada pelos esforços, quando percebo que consegui. – Deveis estar muito feliz, acrescentei, pois até hoje os acontecimentos foram de acordo com os vossos desejos. – Oh! Como isso é possível? Perguntei-lhe. Ela respondeu-me: - Sinto que bem pouco fiz até o presente; e não serei completamente feliz senão quando tiver feito tudo o que está em meu poder; infelizmente, os meus meios são bem frágeis; pudera o céu secundar meus intentos...

Mulher virtuosa, pensei ao deixá-la, tu contas teus momentos de felicidade pelo número daqueles aos quais fazes felizes, enquanto tantos outros não os contam senão pelas vítimas de sua avareza!

Muitas daquelas jovens obtiveram cargos de professoras no estrangeiro, ou têm outros empregos que lhes proporcionam, bem como a seus pais, uma perspectiva honrosa, pelo que sabem se mostrar reconhecidas para com a sua generosa benfeitora.”
  
Rivail.

[1] Le Petit Album de la Jeunesse, de Alexandre de Villiers. Paris, 1825. Traduzido do francês pela Equipe IPEAK.

Fonte; Ipeak – Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec

Leitura Recomendada;
  
A  AURA E OS CHACRAS NO ESPIRITISMO                                              (NOVO)
AS PAIXÕES: UMA BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA E ESPÍRITA [1]          (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE II                                           (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE I                                            (NOVO)
ORGULHO                                                                                                     (NOVO)
SOBRE A EDUCAÇÃO1                                                                                (NOVO)
DA INVEJA                                                                                                     (NOVO)  
HUMILDADE - Termos traduzidos do francês                                                (NOVO)  
AS PIRÂMIDES DO EGITO E O MUNDO ESPIRITUAL                                (NOVO)  
LITERATURA MEDIÚNICA                                                                            (NOVO)
A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO                                        
CARTA DE ALLAN KARDEC AO PRÍNCIPE G.
A CIÊNCIA EM KARDEC
O QUE PENSA O ESPIRITISMO
ESPIRITISMO E FILOSOFIA
O PROBLEMA DO DESTINO
PIONEIRISMO E OPOSIÇÃO DA IGREJA
ESPIRITISMO Ou será científico ou não subsistirá
ESTUDO SEQUENCIAL OU SISTEMATIZADO?
CEM ANOS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA
DIMENSÕES ESPIRITUAIS DO CENTRO ESPÍRITA
O ESPIRITISMO E A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
PRIMEIRO LIVRO DE ALLAN KARDEC TRADUZIDO PARA O BRASIL
O SEGREDO DE ALLAN KARDEC
A DIMENSÃO ESPIRITUAL E A SAÚDE DA ALMA
O ASPECTO FILOSÓFICO DA DOUTRINA ESPÍRITA
O SILÊNCIO DO SERVIDOR
TALISMÃS, FITINHAS DO “SENHOR DO BONFIM” E OUTROS AMULETOS NUM CONCISO COMENTÁRIO ESPÍRITA
“CURANDEIROS ENDEUSADOS”, CIRURGIÕES DO ALÉM – SOB OS NARCÓTICOS INSENSATOS DO COMÉRCIO
DILÚVIO DE LIVROS “ESPÍRITAS” DELIRANTES
TRATAR OU NÃO TRATAR: EIS A QUESTÃO
ATRAÇÃO SEXUAL, MAGNETISMO, HOMOSSESUALIDADE E PRECONCEITO
RECORDANDO A VIAGEM ESPÍRITA DE ALLAN KARDEC, EM 1862
OS FRUTOS DO ESPIRITISMO
FALTA DE MERECIMENTO OU DE ESTUDO?
FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
EURÍPIDES E HÉCUBA
O HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO
FONTE DE PERFEIÇÃO
MESMERISMO E ESPIRITISMO
VIVÊNCIAS EVOLUTIVAS DE ALLAN KARDEC
AS MESAS GIRANTES
RESGUARDEMOS KARDEC
REFLEXÃO SOBRE O LIVRE-ARBÍTRIO
AUTO DE FÉ DE BARCELONA
ACERCA DA AURA HUMANA
COMO PODEMOS INTERPRETAR A FRASE DE JESUS: "A tua fé te curou"?
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/12/como-podemos-interpretar-frase-de-jesus.html

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

HUMILDADE - Termos traduzidos do francês

Enciclopédia da Bíblia

“A humildade é o sentimento de nossa pequenez perante Deus” (Vauvenargues); ou seja, “o sentimento de nossa insuficiência e particularmente de nossa pobreza espiritual” (Jean Monod). Trata-se de uma virtude um tanto insuspeitada no paganismo greco-romano: seus melhores moralistas tendem à exaltação da personalidade humana pelas qualidades heroicas que fazem a grandeza da alma (megalopsukhia), e as raras passagens de Platão, Aristóteles, etc., que se pode citar em sentido contrário, estão relacionados mais à modéstia; ora, a modéstia consiste simplesmente em não se mostrar orgulhoso diante dos homens, ao passo que a humildade consiste em não sê-lo perante Deus.

A antiguidade desprezava uma tal disposição de espírito: o termo grego tapeïnos assim como o latino humilis derivados de palavras que designam a terra, aplicam-se comumente àquilo que é baixo, vil, e às pessoas curvadas até a terra, humilhando-se por abjeção. Foi o Evangelho que elevou os humildes (Lc 1:52); mas, como indica o fato que esta palavra de Maria é uma citação, ou mais exatamente uma adaptação do Antigo Testamento (Jó 5:11 etc.), a eclosão da virtude eminentemente cristã da humildade foi preparada pela experiência religiosa dos crentes de Israel.

O nome hebreu dos humildes (anâvim ou aniyîm) com efeito deriva da raiz que esigna a aflição, a prova, e os caracteriza não como apáticos resignados ou subservientes que se tornam servis, mas sim como almas que, na infelicidade tomaram uma posição moral ou religiosa (ver Doçura). Os anâvim, assim como os êbionim (= pobres), são os corações fiéis a Deus que mantiveram em sua vida pessoal a primazia espiritual, entre o ritual dos sacerdotes e o arrivismo dos grandes; desdenhados, oprimidos pelo egoísmo social, primeiras vítimas dos problemas políticos e das desgraças da derrota e do exílio, os «Pobres de Israel», os “humildes”, os “mansos”, sentindo sua total impotência e reagindo contra o orgulho de raça e de classe dos chefes judeus e dos fariseus intolerantes, voltaram toda a sua esperança para o Eterno; e foi assim que eles foram como as células vivas do meio religioso em que o Messias deveria ser esperado e bem-vindo (ver A. Causse, Os Pobres de Israel, Strasbourg, 1922).

Como a humildade é por essência a atitude da alma perante Deus, não é de espantar que além destes anônimos, conhecidos somente pela obra coletiva de sua fé, haja poucos exemplos  individuais a citar; e é às vezes difícil de separar a humildade da modéstia ou do medo das responsabilidades, nos casos como os de Abraão (Gen 18:7), Jacó (Gen 32:10), Moisés (Ex 3:11 etc.), Salomão (1Rom 3:7-9), Isaías (Is 6:5), Jeremias (Jer 1:6), etc.

É sobretudo em Davi e nos salmistas subsequentes (entre os quais encontramos precisamente os «Pobres») que aparece a prece humilde; não se pode esperar deles a proclamação de sua humildade, pois ao afirmar-se, ela deixaria de ser humilde, mas todo salmo de adoração e, ainda mais, de arrependimento, assim como os sete Salmos penitenciais (Sl 6, Sl 32, Sl 51 etc.), é o jorrar deste estado da alma. Talvez fosse possível encontrar algo de análogo em  certos hinos das religiões babilônica, persa ou hindu. Mas os crentes e profetas de Israel dão uma extrema importância à humildade, como condição mesma do acesso junto a Deus e da comunhão com ele (Sl 25:9 69:33 116:6 138:6, Prov 3:34 11:2 15:33 22:4 29:23, Sir 3:17 e seguintes, Sof 2:3 3:12, Is 57:15 66:2); é uma das três exigências primordiais de Jeová segundo a célebre declaração de Miqueias (Miq 6:8), é um dos caracteres do Servidor do Eterno, segundo Is 42:3 que a descreve sem nomeá-la, bem como do Rei-Messias anunciado por Zacarias (Zac 9:9)

No limiar do Evangelho, João Batista prega o arrependimento junto com a humildade (montanhas e colinas rebaixadas, etc.) como condição de entrada no Reino (Lc 3:4,8,16). É o sentido da primeira das beatitudes: «Bem aventurados os pobres de espírito», que através dos «Pobres de Israel» volta a dizer: «Bem aventurados os humildes!» (Mt 5:3, comp, v. 6 e Lc 6:20). Da mesma forma que o menino Jesus foi acolhido pelos crentes humildes (Lc 1 e Lc 2), assim o Senhor Jesus é enviado àqueles que se sentem pobres, crianças, doentes, perdidos (Mt 9:12 18:4, Lc 4:18 19:10 22:26); ele mostra um humilde diante de Deus no publicano da parábola (Lc 18:9-14). Os apóstolos exortam seus irmãos e a si mesmos à humildade (Rom 12:19, Ef 4:2, Flp 2:3, Tg 1:9 4:6,1Pe 3:8); em uma figura voluntariamente paradoxal, eles comparam esta virtude escondida por excelência a uma vestimenta (Col 3:12), a um ornamento (1Pe 5:5).

De todas estas passagens pode-se ver que a humildade não é somente, como a define São Bernardo, o sentimento de nossa baixeza derivado do conhecimento mais exato de nós mesmos (ex verissima sui cognitione), pois podemos nos sentir fracos e sê-lo por orgulho invejoso, deprimido ou revoltado. Unicamente de nossas relações com Deus pode nascer nossa humildade: Deus infinito perante nós, os ínfimos (Sl 8:2-5), Deus santo diante de nós pecadores (Is 6:5), Deus Salvador que toma a iniciativa de sua reconciliação conosco (Rom 5:6,11), o Bom Deus que nos cumula de graças imerecidas (1Cor 4:7), Deus Pai que nos associa à sua obra de amor pela humanidade (2Cor 5: e seguintes). Se os primeiros aspectos do contraste eram de natureza a nos humilhar (ver Humilhação), a nos curvar na poeira para nos levar ao arrependimento, os seguintes nos fazem levantar a cabeça, acalmando nosso coração perdoado e apelando à nossa vontade consagrada.

Também a Escritura nos apresenta sempre a humildade não como um objetivo em si, mas como a condição das outras virtudes e da verdadeira elevação, a elevação da glória (Lc 14:11,Mt 23:12, cf. os textos já citados). Deste modo, a humildade cristã não tem nada de afetado ou de obsequioso; (cf. Col 2:18,23) ela não é, tampouco, a falsa modéstia ou o desânimo, o desconhecimento de nosso valor ou o abandono de nossa dignidade; ela é a alegre aceitação de nossa dependência de fato em relação a Deus, e de nossa dependência voluntária ao serviço de nossos irmãos; ela nos libera da satisfação de nós mesmos, sempre paralisante, e nos inspira continuamente a necessidade de novos progressos (Flp 3:12,14).Eminentemente estimulante e fecunda, é ela que nos ensina (para adaptar a linguagem de Kant ao nosso propósito) a nunca considerar nosso ser como um fim, mas sempre como um meio, a serviço de Deus e da humanidade.

Eis porque o próprio Jesus pôde, mesmo sendo Senhor e o Mestre, dar também o exemplo desta humildade. De Deus, o único Ser bom de maneira absoluta (Mc 10:18), ele se sentia completamente dependente para realizar Seus desígnios (Jo 5:19,30) aprendendo, mesmo sendo o Filho, a obediência no sofrimento, (Heb 5:8); não era a sua própria glória que ele buscava (Jo 8:30); e ele tinha também o direito de, ao mesmo tempo em que dizia: “Vinde a mim”, se qualificar “humilde de coração” (Mt 11:28,30). O quarto evangelho marca magnificamente nele a estreita união da dignidade suprema e da suprema humildade: “Jesus, que sabia que o Pai lhe colocara nas mãos todas as coisas, que ele viera de Deus e que iria a Deus” (tendo então consciência de sua incomensurável superioridade), “...cingiu-se de uma toalha, encheu de água uma bacia e começou a lavar os pés de seus discípulos” - trabalho de escravo! - para ensinar-lhes a humildade no serviço e no amor fraternal (Jo 13:3,12).
Da mesma forma, São Paulo devendo repetir uma exortação análoga a seus amigos os filipenses, lembra-lhes o ideal de humildade e de desinteresse do Mestre: “Tende os mesmos sentimentos que Jesus Cristo teve, ele que, estando em forma de Deus..., negou-se a si mesmo, tomando a forma de um servidor..., e apequenou-se, tornando-se obediente até amorte, e até a morte na cruz...” (Flp 2:3,8). Esta humildade do Senhor, sublimidade na consagração até o sacrifício, é o ideal divino que dita ao pecador, certamente! sua própria humildade, simplicidade em seu arrependimento e em sua consagração; e o que o torna capaz é o poder soberano desse Senhor vivo.

Ver (Flp 2:9,11) Trench, Syn. Novo Testamento, parag. XLII; Jean Monod, artigo Humildade na Encycl., t. VI, p. 422. Jn L.

Fonte; Ipeak – Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec

Leitura Recomendada;

A  AURA E OS CHACRAS NO ESPIRITISMO                                              (NOVO)
AS PAIXÕES: UMA BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA E ESPÍRITA [1]          (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE II                                           (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE I                                            (NOVO)
ORGULHO                                                                                                     (NOVO)
SOBRE A EDUCAÇÃO1                                                                                (NOVO)
ESCOLA FUNDADA NO MONT-JURA                                                         (NOVO)
DA INVEJA                                                                                                     (NOVO)  
AS PIRÂMIDES DO EGITO E O MUNDO ESPIRITUAL                                (NOVO)  
LITERATURA MEDIÚNICA                                                                            (NOVO)
A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO                                        
CARTA DE ALLAN KARDEC AO PRÍNCIPE G.
A CIÊNCIA EM KARDEC
O QUE PENSA O ESPIRITISMO
ESPIRITISMO E FILOSOFIA
O PROBLEMA DO DESTINO
PIONEIRISMO E OPOSIÇÃO DA IGREJA
ESPIRITISMO Ou será científico ou não subsistirá
ESTUDO SEQUENCIAL OU SISTEMATIZADO?
CEM ANOS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA
DIMENSÕES ESPIRITUAIS DO CENTRO ESPÍRITA
O ESPIRITISMO E A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
PRIMEIRO LIVRO DE ALLAN KARDEC TRADUZIDO PARA O BRASIL
O SEGREDO DE ALLAN KARDEC
A DIMENSÃO ESPIRITUAL E A SAÚDE DA ALMA
O ASPECTO FILOSÓFICO DA DOUTRINA ESPÍRITA
O SILÊNCIO DO SERVIDOR
TALISMÃS, FITINHAS DO “SENHOR DO BONFIM” E OUTROS AMULETOS NUM CONCISO COMENTÁRIO ESPÍRITA
“CURANDEIROS ENDEUSADOS”, CIRURGIÕES DO ALÉM – SOB OS NARCÓTICOS INSENSATOS DO COMÉRCIO
DILÚVIO DE LIVROS “ESPÍRITAS” DELIRANTES
TRATAR OU NÃO TRATAR: EIS A QUESTÃO
ATRAÇÃO SEXUAL, MAGNETISMO, HOMOSSESUALIDADE E PRECONCEITO
RECORDANDO A VIAGEM ESPÍRITA DE ALLAN KARDEC, EM 1862
OS FRUTOS DO ESPIRITISMO
FALTA DE MERECIMENTO OU DE ESTUDO?
FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
EURÍPIDES E HÉCUBA
O HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO
FONTE DE PERFEIÇÃO
MESMERISMO E ESPIRITISMO
VIVÊNCIAS EVOLUTIVAS DE ALLAN KARDEC
AS MESAS GIRANTES
RESGUARDEMOS KARDEC
REFLEXÃO SOBRE O LIVRE-ARBÍTRIO
AUTO DE FÉ DE BARCELONA
ACERCA DA AURA HUMANA
COMO PODEMOS INTERPRETAR A FRASE DE JESUS: "A tua fé te curou"?
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/12/como-podemos-interpretar-frase-de-jesus.html

DA INVEJA

Terezinha Colle

“A inveja é uma das mais feias e tristes misérias do vosso globo. A caridade e a constante emissão da fé extirparão todos esses males, que desaparecerão, um a um, à medida que se multiplicarem os
homens de boa vontade que virão depois de vós.1

     Inveja e ciúme muitas vezes são confundidos, e talvez seja porque esses dois vícios têm algo em comum: são tristeza e causa de tristeza. Em outra oportunidade refletiremos sobre o ciúme, mas agora vamos nos ocupar um pouco sobre a inveja.
A palavra inveja vem do termo latino invidia. Em muitas línguas essa palavra está
relacionada com o que se tem “em vista”.
     Na linguagem popular também encontramos as expressões: “olho mau”, “olho gordo”,
“mau olhado”, etc. O vocabulário francês possui a palavra envie, da família etimológica do verbo voir (ver), cuja origem é latina, do verbo videre. O termo francês envie significa inveja, desejo intenso, cobiça. Em português, segundo o Dicionário Houaiss (2001), inveja é o “sentimento em que se misturam o ódio e o desgosto, e que é provocado pela felicidade ou a prosperidade de outrem.
     Jesus, em suas parábolas, nos deixou valiosos ensinamentos, sempre muito atuais. A
parábola sobre “Os trabalhadores da última hora”, por exemplo, contém vários preceitos dos quais podemos extrair grandes lições de vida. Neste artigo vamos nos deter somente no que diz respeito ao vício da inveja. 2
     A parábola fala sobre um pai de família que saiu de madrugada a contratar homens
para trabalhar na sua vinha. Tratou com eles que pagaria um denário por dia, a cada         um. Uns começam a trabalhar de madrugada, outros à hora sexta, alguns à hora nona,       e também teve os que chegaram à hora undécima.
      Vejamos esta parte da parábola, que reproduzimos:
 Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios:           Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos                   primeiros. – Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado,          receberam um denário cada um. – Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados           em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um                 denário cada um. – Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família –dizendo: Estes               últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor.
Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano           algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? Toma o que te             pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. – Não me 
é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom?
     
     Notemos quão marcante é o ensinamento sobre a inveja contido nessa parábola.
Quando o dono da vinha pergunta: Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom? O “mau olho”, nesse caso, é o que Descartes define como inveja: uma perversidade de natureza, que faz certas pessoas ficarem contrariadas com o bem que veem acontecer aos outros homens. 3
     Observemos que o senhor da vinha diz a um dos reclamantes: Meu amigo, não te
causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia?
     É provável que se o patrão tivesse pago um valor menor aos trabalhadores da última
hora, os da primeira não tivessem reclamado, o que indica claramente um sentimento de inveja, ou seja, achar injusto que o outro receba. O filósofo romano Cícero, considerou que “ainveja é a amargura que se sofre ao ver a felicidade alheia.”
   Aqui vale uma reflexão aos pais que desejam educar seus filhos para que sejam virtuosos e evitem o sofrimento que as más paixões causam. De muito boa vontade, muitas vezes desejam corrigir o filho lançando mão de argumentos que despertam na alma infantil o vício da inveja, e outros mais.
     Eis um exemplo: o filho não quer comer ou tomar algo. Os pais, querendo que ele se
alimente, dizem: “se você não comer, daremos a porção ao seu irmão, ou a outra criança. Diante dessa ameaça, é muito comum ver a criança abocanhar o alimento rapidamente...
     Ela aprendeu duas lições: de gulodice e inveja. De gulodice, porque come sem ter
fome; de inveja, para que o outro não tenha o alimento.
    
     Interessante de se notar é que há na inveja uma peculiaridade: geralmente ela tem por alvo os irmãos, parentes, vizinhos e amigos que estão numa mesma posição.
É o que expressa sabiamente o provérbio: Ninguém é profeta em sua terra.
Tanto isso é verdade, que nem mesmo Jesus foi acreditado em Nazaré, sua terra natal. E por que?
     O princípio de tal verdade reside numa consequência natural da fraqueza humana e
pode explicar-se deste modo:
    O hábito de se verem desde a infância, em todas as circunstâncias ordinárias da vida, estabelece entre os homens uma espécie de igualdade material que, muitas vezes, faz que a maioria deles se negue a reconhecer superioridade moral num de quem foram companheiros ou comensais, que saiu do mesmo meio que eles e cujas primeiras fraquezas todos testemunharam.
     O orgulho os faz sofrer ao terem de reconhecer o ascendente do outro. Quem quer que se eleve acima do nível comum está sempre em luta com o ciúme e a inveja. Os que se sentem incapazes de chegar à sua altura esforçam-se para rebaixá-lo por meio da difamação, da maledicência e da calúnia; tanto mais forte gritam, quanto menores se acham, crendo que se engrandecem e o eclipsam pelo ruído que fazem.
  Tal foi e será a História da Humanidade, enquanto os homens não houverem compreendido a sua natureza espiritual e alargado seu horizonte moral. Por aí se vê que semelhante preconceito é próprio dos espíritos acanhados e vulgares, que reportam tudo a sua personalidade.4
   Se assim é, se a inveja e tantos outros vícios são causadores de infelicidade e sofrimento, de que antídoto podemos lançar mão para neutralizar a causa e o feito desses males em nós?
Eis um sábio conselho: “O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que têm como antídoto: a caridade e a humildade. 5

1 São Luís, Revista Espírita, julho de 1858 - A inveja.
2 Essa parabola está desenvolvida no capítulo XX, de O Evangelho segundo o Espiritismo, acrescida de Instruções dos Espíritos.
3 René Descartes, Paixões da alma, art. 182.
4 Allan Kardec, A Gênese, cap. XVII - Predições do Evangelho - Ninguém é profeta em sua terra, item 2. 5 O Espiritismo em sua mais simples expressão - Máximas extraídas do ensinamento dos Espíritos, 37.

Fonte; Ipeak – Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec


Leitura Recomendada;

A  AURA E OS CHACRAS NO ESPIRITISMO                                              (NOVO)
AS PAIXÕES: UMA BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA E ESPÍRITA [1]          (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE II                                           (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE I                                            (NOVO)
ORGULHO                                                                                                     (NOVO)
SOBRE A EDUCAÇÃO1                                                                                (NOVO)
ESCOLA FUNDADA NO MONT-JURA                                                         (NOVO)
HUMILDADE - Termos traduzidos do francês                                                (NOVO)  
AS PIRÂMIDES DO EGITO E O MUNDO ESPIRITUAL                                (NOVO)  
LITERATURA MEDIÚNICA                                                                            (NOVO)
A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO                                        
CARTA DE ALLAN KARDEC AO PRÍNCIPE G.
A CIÊNCIA EM KARDEC
O QUE PENSA O ESPIRITISMO
ESPIRITISMO E FILOSOFIA
O PROBLEMA DO DESTINO
PIONEIRISMO E OPOSIÇÃO DA IGREJA
ESPIRITISMO Ou será científico ou não subsistirá
ESTUDO SEQUENCIAL OU SISTEMATIZADO?
CEM ANOS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA
DIMENSÕES ESPIRITUAIS DO CENTRO ESPÍRITA
O ESPIRITISMO E A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
PRIMEIRO LIVRO DE ALLAN KARDEC TRADUZIDO PARA O BRASIL
O SEGREDO DE ALLAN KARDEC
A DIMENSÃO ESPIRITUAL E A SAÚDE DA ALMA
O ASPECTO FILOSÓFICO DA DOUTRINA ESPÍRITA
O SILÊNCIO DO SERVIDOR
TALISMÃS, FITINHAS DO “SENHOR DO BONFIM” E OUTROS AMULETOS NUM CONCISO COMENTÁRIO ESPÍRITA
“CURANDEIROS ENDEUSADOS”, CIRURGIÕES DO ALÉM – SOB OS NARCÓTICOS INSENSATOS DO COMÉRCIO
DILÚVIO DE LIVROS “ESPÍRITAS” DELIRANTES
TRATAR OU NÃO TRATAR: EIS A QUESTÃO
ATRAÇÃO SEXUAL, MAGNETISMO, HOMOSSESUALIDADE E PRECONCEITO
RECORDANDO A VIAGEM ESPÍRITA DE ALLAN KARDEC, EM 1862
OS FRUTOS DO ESPIRITISMO
FALTA DE MERECIMENTO OU DE ESTUDO?
FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
EURÍPIDES E HÉCUBA
O HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO
FONTE DE PERFEIÇÃO
MESMERISMO E ESPIRITISMO
VIVÊNCIAS EVOLUTIVAS DE ALLAN KARDEC
AS MESAS GIRANTES
RESGUARDEMOS KARDEC
REFLEXÃO SOBRE O LIVRE-ARBÍTRIO
AUTO DE FÉ DE BARCELONA
ACERCA DA AURA HUMANA
COMO PODEMOS INTERPRETAR A FRASE DE JESUS: "A tua fé te curou"?
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/12/como-podemos-interpretar-frase-de-jesus.html