sábado, 26 de janeiro de 2013

DA SENSIBILIDADE MAGNÉTICA

Há doentes sobre os quais se atua em dois ou três minutos; em outros é necessário muitos dias e em alguns muitos meses. (Koreff, Deleuze)

Há doentes nos quais os efeitos vão sempre aumentando; outros que sentem desde o primeiro dia tudo quanto experimentaram no decurso de um longo tratamento; outros, finalmente, que, depois de manifestarem sintomas notáveis, cessam de manifestar de repente a menor impressão. (Mesmer, Deleuze, Aubin Gauthier)

A magnetização produz efeitos puramente físicos; o doente cuja mão seguramos na posição da relação por contato experimenta geralmente os efeitos seguintes: umidade na palma das mãos, titilações nos dedos, formigamentos; a sensação encaminha-se às vezes aos braços, aos ombros até a cabeça, ou vai atacar o epigástrio, e há então irradiação por todo o corpo, que determina leves calafrios, bocejos, aos quais sucede a dormência dos membros e do cérebro. Em uns, o pulso diminui, o rosto empalidece, as pálpebras oscilam e fecham-se, os queixos e os membros se contraem, há sensação de frio; em outros, o pulso se acelera, sobem ao rosto fugachos que o avermelham, o olhar aviva-se, há transpiração, acessos de riso ou pranto.

Quando estes efeitos parecem querer acentuar-se, podemos, se se tem em vista obter-se o sono magnético, prolongar a ação que os determina; mas se não quisermos o sono (o que deve ser o caso mais habitual, por isso que ele não é necessário ao tratamento) apressemo-nos em romper a relação abandonando as mãos do sonâmbulo e fazendo-lhe alguns passes à distância.

Acontece frequentemente que o magnetismo restabelece a harmonia das funções de que acabamos de falar, isto é: tendência à transpiração, sensação de frio ou de calor, espasmos, movimentos musculares, contrações, dormência, displicência, formigamentos, bocejos etc.; e só o percebemos ao efeito produzido pela melhora da saúde.
O magnetismo nem sempre se manifesta, pois, por efeitos que anunciam a sua ação; e procederia mal quem desanimasse muito depressa, ou declarasse que o magnetismo é impotente só porque ao cabo de oito ou quinze dias, algumas vezes dois meses ou mais, não tivesse produzido nenhum efeito aparente. (Deleuze, Koreff, Aubin Gauthier)

As pessoas que parecem mais rapidamente sensíveis à ação magnética são as que levam uma vida simples e frugal, que não são agitadas pelas paixões, que não abusaram dos narcóticos e dos minerais, e que não fazem uso imoderado dos perfumes de toucador. Os hábitos da alta sociedade, a vida agitada da política e dos negócios, as preocupações morais, o abuso dos anestésicos e dos narcóticos, os excessos da mesa e das bebidas alcoólicas ou fermentadas, diminuem cada vez mais a receptividade magnética; é por isso que os campônios que vivem com toda a simplicidade e ao ar livre, sem terem habitualmente recorrido às excitações artificiais dos prazeres da cidade e da terapêutica moderna, têm mais probabilidade de sentir com maior facilidade e rapidez que os outros os efeitos da ação magnética, no entanto que os alcoólatras e os morfinomaníacos são quase insensíveis. Nas crianças em quem o movimento natural não é ainda contrariado pelos maus hábitos de uma vida mal regulada, a ação magnética é mais notável, mais pronta e salutar que entre as pessoas adultas; e o mesmo se dá com os animais. As crianças e os animais são geralmente muito sensíveis ao magnetismo, e obtém-se sobre eles curas muito rápidas.

É preconceito acreditar-se que as pessoas de compleição delicada ou enfraquecidas pelas moléstias crônicas são mais sensíveis que as outras; geralmente, não são os indivíduos edemaciados ou de temperamento nervoso que dão mais depressa indícios de sensibilidade magnética; pelo contrário, são antes as naturezas enérgicas e vivazes que melhor correspondem aos movimentos de reação que se procura produzir pela magnetização.
Há igualmente uma opinião segundo a qual a sensibilidade magnética e, consecutivamente, o efeito curador dependem sobretudo de certas analogias de relação entre o magnetizador e o paciente; é evidente que se deve levar em conta influências que resultam dos caracteres, dos temperamentos e dos meios: os climas, as estações, o regime, os hábitos, a idiossincrasia têm efeitos incontestáveis num tratamento, e é muito admissível que certas pessoas sejam mais aptas que outras para produzirem certos efeitos e curarem determinadas moléstias. Não é duvidoso que os corpos são mais ou menos condutores das correntes, e por conseguinte, mais ou menos radiantes; que as trocas magnéticas entre os corpos variam portanto até ao infinito, mas isto é uma questão de mais ou menos em que não devemos deter-nos por muito tempo.

Em tese, todos os doentes são sensíveis à ação magnética, e o são mais ou menos rapidamente; quando não se é bem sucedido, provém isto de mais uma falta de perseverança no tratamento ou da gravidade da desordem produzida no organismo por uma moléstia antiga, do que de qualquer outra coisa.

Na maior parte dos indivíduos nervosos e nas moléstias que mais especialmente afetam o sistema nervoso, onde a prostração e a anemia alternam com uma grande superexcitabilidade, o magnetismo atua na maioria dos casos, sem produzir efeitos aparentes; e se, às vezes, com o correr do tempo, o magnetismo consegue triunfar dessas perturbações profundas da enervação, acontece frequentemente que se obtém a produção de fenômenos singulares que não são sempre seguidos dos resultados curativos que dele se espera. Em suma, seria erro acreditar-se que as afecções nervosas caem, mais especialmente que as demais moléstias, sob a competência do magnetismo; a ideia falsa que se fez e ainda se faz do papel fisiológico do magnetismo e de seus efeitos curadores contribui grandemente para entreter este preconceito, que a observação e a experiência deveriam ter há muito tempo desarraigado.

Do livro: “Magnetismo Curador” (Cap. XVIII)
Autor: Alphonse Bue


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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO


Cesar Reis

Caridade é a palavra fundamental da Doutrina Espírita. Aparece mais de cinquenta vezes em O Livro dos Espíritos. Primeiramente a humanidade recebeu, através de
Moisés, os dez mandamentos. Certamente que os homens não os entenderam e, muito menos, cumpriram o que ali estava definido. Veio Jesus e sintetizou os ensinos em uma frase: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Certamente que os homens não entenderam a frase e, muito menos, cumpriram o que
ali estava definido.
Agora vem uma nova tentativa do mundo maior, a síntese da síntese, numa só alavra: caridade.
É a virtude que espiritualiza o ser humano. Enquanto a fé coloca o ser humano na estrada da evolução porque vincula suas vibrações com o mundo superior, a esperança faz com que o homem se levante após as naturais quedas no caminho evolutivo e retome sua trajetória. No entanto, o que luariza o ser humano, o que
lhe dá a luz inapagável, o que lhe oferece efetivas condições de ascensão espiritual, é a prática da caridade.
Paulo refere-se às três virtudes, que nossos irmãos da Igreja Católica definiram como teologais, e deixa claro que a caridade é a maior delas.
A questão 886 de O Livro dos Espíritos define com clareza a questão da caridade tal como Jesus a entendia:
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” Logo após, em Nota, Allan Kardec esclarece: “A caridade, segundo
Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores.”
Bom refletir sobre essas três expressões que caracterizam a prática da caridade: benevolência, indulgência e perdão.

Benevolencia e formada de bene mais volo, forma irregular do verbo latino velle, querer. Trata-se de uma volicao, de uma forca intima que nos faz querer bem ao
outro, independente de quem o outro seja. Qualquer outro, para quem pratica a caridade, e um legitimo outro e, portanto, merece o nosso bem querer.
Indulgencia e um processo de adocamento interior, vem do latim, indulgentia, signifi cando apreco, concordancia.
Mais uma vez trata-se de um processo de aceitar o outro. Para tanto, evitar o atrito,
a violencia, a agressividade. Quando estamos cheios de amargura, o que sai de nos e amargo. Quando estamos cheios de acidez, o que sai de nos acido e. Quando estamos cheios de docura, nosso sorriso e doce, nossos gestos sao doces, nosso olhar e doce, nossa voz e repassada de docura.
Nao ha caridade sem docura. Finalmente, a terceira expressão que caracteriza a pratica da caridade e o perdao. Tambem de origem latina – per mais a forma do verbo dono.
Per signifi ca completamente, de todo, alem, mais alem. O verbo dono significa dar, dar de presente, perdoar.
Perdoar e um pouco mais do que dar. E doar-se. A caridade e o amor em acao, e a pedra de toque que dara a conhecer ao mundo os verdadeiros discípulos do Cristo “nisto conhecerao todos que sois meus discipulos, se tiverdes amor uns aos outros”. Caridade brota da essencia do ser. E impulso divino. E, portanto, exercicio de divindade. Tal exercicio sera a nossa salvacao, no sentido de purificarmos o nosso coracao, lembrando as bem-aventurancas: “Os puros de coração verao a Deus”.
   
Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espiritos. Traducao de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. comemorativa do Sesquicentenario. Brasilia: FEB, 2006. Livro III, Cap. XI.
JORGE, Jose. Indice remissivo de O Livro dos Espiritos. 1.ed. Rio de Janeiro: CELD, 1990. v.1.
PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria do Evangelho. 1.ed. Rio de Janeiro: SABEDORIA, 1970. p. 177 e 178.

Fonte;
ICEB - Instituto de Cultura Espírita do Brasil / Rio de Janeiro
Ano III - no 31 - Outubro / 2011 
Foto tirada do Google;

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JESUS E OS ESSÊNIOS


Autor: Fabiano Pereira Nunes

Os Essênios(1) foram uma das Seitas Judaicas mais admiráveis, ao tempo de Jesus. Seus preceitos nobres mereceram registro de insignes historiadores, como Fílon de Alexandria, Plínio O Jovem e Flávio Josefo. O mais notório mosteiro Esseu existiu na cidade de Qumran, às margens do Mar Morto, constituindo-se em um dos mais importantes sítios de pesquisas arqueológicas até os dias atuais.

Devotados estudiosos das Escrituras Sagradas do Judaísmo, os Esseus vivenciavam elevados padrões morais: celibato, fraternidade, abstenção de sacrifícios animais nas cerimônias religiosas, rejeição à escravidão, assistência ao idoso e aos órfãos, abstinência de vinho e alimentos impuros, abominação à guerra, cuidados com os enfermos. Observavam rigorosa atenção aos rituais de purificação, adotando indumentárias específicas para cada atividade do dia, conquanto, era as práticas com a água - como as abluções e a expurgação do pecado através do batismo - o objeto de especial zelo(2) religioso.

As semelhanças entre a vida dos Essênios e a da primeira geração de cristãos levou muitos pesquisadores(1-2) a levantarem a hipótese de Jesus, e João Batista, terem convivido e aprendido com a Comunidade Essênia, ou mais ainda, terem sido membros Essênios, sobretudo em virtude da prática do batismo, amplamente adotada pelo Precursor e pelos discípulos e apóstolos do Cristo. Tal conjectura não só esteve viva até o século XX, como ainda jaz no imaginário de alguns cristãos.

Nada obstante, foi Allan Kardec – codinome de Hyppolite Léon Denizard Rivail, o  prodigioso pedagogo e cientista francês que serviu de intérprete ao Espírito de Verdade para o advento do Consolador - quem se colocou na vanguarda das mais modernas pesquisas bíblicas.

Em 1864, ocasião da publicação de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o eminente discípulo de Pestalozzi apresentou, no item III da introdução dessa obra, um relevante estudo sobre contexto histórico do tempo de Jesus, a fim de facilitar a compreensão das passagens obscuras dos evangelhos. Analisando a questão da participação de Jesus na Sociedade Essênia, o Codificador do Espiritismo elucidou:

[...] Seu (dos Essênios) gênero de vida os aproximava dos primeiros cristãos, e os princípios de moral que professavam fizeram com que algumas pessoas pensassem que Jesus fez parte dessa seita, antes de iniciar a sua missão pública. O que é certo é que ele deve tê-la conhecido, mas nada prova que se filiou a ela, e tudo o que se escreveu a esse respeito é hipotético(4). [...] [...] A Morte de Jesus, livro supostamente escrito por um irmão essênio, completamente apócrifo, cujo objetivo é servir a uma opinião e que traz em si mesmo a prova da sua origem moderna(5). [...]

Demonstrando notável presciência, para ratificar sua posição contrária a ideia de que Jesus fora um essênio, o apóstolo da Terceira Revelação assevera, no item IV da introdução de O Evangelho Segundo O Espiritismo:

[...] Supondo-se que Jesus conheceu a seita dos essênios, seria errado concluir-se que foi dela que ele tirou a sua doutrina, e que, se tivesse vivido em outro meio, teria professado outros princípios(6). [...]

Em profícua concordância com o espiritismo, as Ciências Arqueológicas especializadas em Arqueologia Bíblica desvelaram a relação entre Jesus e os essênios.

Em 1947, um beduíno pastor de cabras chamado Muhammed Ed-Dhib(3), ao procurar por um de seus animais que estava perdido nos montes desérticos situados nas proximidades das ruínas do mosteiro essênio de Qumran, em Israel, descobriu uma caverna escavada na rocha arredondada que continha alguns pergaminhos muito antigos. Posteriormente, nesses montes rochosos foram localizadas onze cavernas que guardavam o mais valioso tesouro dos essênios: seus escritos e seus estudos.  Mais de trezentos pergaminhos – conhecidos como Os Manuscritos do Mar Morto – elementos da biblioteca da coletividade essênia, foram escondidos nas cavernas próximas ao mosteiro, a fim de protegê-los da ocupação romana na Judeia.

Estando atualmente grande parte dos Manuscritos no Museu de Israel, em Jerusalém, os pergaminhos foram objeto de minuciosos e rigorosos estudos por mais de 60 anos. Passadas mais de seis décadas desde a descoberta desse precioso tesouro arqueológico, sabe-se que os essênios aguardavam o Messias, contudo, não apenas não foi encontrada nenhuma referência a Jesus de Nazaré, como também não foi possível correlacionar o discurso, a vida, os ensinos e as práticas de Jesus com a filosofia Essênia, mas ao contrário, há inúmeros pontos de discordância entre as alocuções de Jesus e os Manuscritos do Mar Morto(7).

Porquanto, à luz das ciências arqueológico-bíblicas e da Codificação Kardeciana, é possível concluir que Jesus não participou da Seita dos Essênios, e tampouco dela foi aprendiz.

Referências Bibliográficas. .
1. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p. 457-458.
2. DRANE, John. Jesus, sua vida, seu evangelho para o homem de hoje. Tradução de Macintyre. São Paulo: Edições Paulinas, 1982. p. 44-47.
3. WALKER, Peter. Pelos Caminhos de Jesus: Guia Ecumênico de Jornada à Terra Santa. Tradução Andréa Mariz. São Paulo: Edições Rosari, 2007. p. 46-47.
4. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 1. Ed., Rio de Janeiro, CELD Ed: 2008. Introdução, item III, p. 27.
5. Idem. Ibidem. Item III, Nota de Rodapé, p.27.
6. Idem. Ibidem. Item IV, p.28.
7. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p.988.

 Artigo publicado na Revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil – ICEB, ano III, número 32, novembro de 2011, p. 15.
Fonte; http://ojesushistorico.blogspot.com.br/2011/11/artigo-jesus-e-os-essenios.html


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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

QUAIS OS FATORES QUE INTERFEREM NO RESULTADO DE UM PASSE?



JACOB MELO

O meio espírita está repleto de expressões com as quais se pretende definir métodos, caminhos, soluções ou acomodações para a realidade das ações magnéticas, sinteticamente chamadas de passes. E isso não tem produzido os resultados que seria de se esperar dessa atividade de socorro, de cura.

Posso começar a análise por uma palavrinha “mágica”, a qual parece ser solução para tudo, inclusive para a não solução. É a expressão merecimento – ou a falta dele. Se alguém ficou bom foi porque tinha merecimento; se não ficou ou não melhorou foi porque lhe faltou esse elemento. Daí ser muito vulgar se dizer que quem tem fé e merecimento tudo recebe, pois “os Bons Espíritos fazem tudo”.
Nessa “os Bons Espíritos fazem tudo” se esconde pelo menos uma faceta perigosa; a da acomodação generalizada. Senão vejamos.
Alguém diz confiar nos Espíritos, pois, alega, eles sabem enquanto nós não temos noção de como fazer a movimentação dos fluidos.

Portanto de partida já assumimos a postura da própria ignorância aliada à de transferência de responsabilidade para os Espíritos; daí, se algo não deu certo ou os resultados obtidos não batem com o que seria de se esperar, o problema, obviamente, recairá sobre o assistido. Contudo, como culpá-lo? A resposta é imediata: aponta-se a abstração mágica: “falta de merecimento”. Afinal dizemos que trabalhamos “com amor”, que os Espíritos ali estavam trabalhando com sabedoria e que, por isso, o passe teria que dar certo. Assim, até por não podermos usar o argumento de que tenha sido falta de fé do paciente (isto seria indelicado), já que são intermináveis os relatos e as evidências de que pessoas sem qualquer fé se curam enquanto outras, prenhes desse sentido, não obtém resultados semelhantes, só pode ter sido essa tal dessa falta, a falta de merecimento. Em suma, o problema é do paciente e não do passista. Cômoda a posição, não é?

Também dizemos que basta orar de coração e esperar que tudo se resolverá. Será???
Não, leitor, não pense que eu duvido nem um pouco da força e do poder da oração, mas não posso crer que Deus e a Natureza esperem de nós apenas orações para que o mundo mude. A ação é e será sempre indispensável, do contrário os adoradores seriam, só por isso, santificados em si mesmos e jamais precisariam mover o que fosse para suas vidas se perenizarem. Ademais vale lembrar a sugestão de Jesus que não se limitou a nos mandar orar e sim a primeiro vigiar para, em seguida, orar (Mateus 26, 41).
Há ainda os que alegam a literalidade das palavras de Jesus como providência única, ou seja, pedi e obtereis, como pedir e obter fosse igual a se colocar uma ficha numa máquina e aguardar o tempo de seu mecanismo para do lado apropriado se coletar aquilo que se buscou.

O próprio Herculano Pires, tão respeitado e citado, escreveu a pérola “o passe é tão simples que não se deve fazer mais que dá-lo” (PIRES, J.
Herculano. Mediunidade prática. In: _____. Mediunidade - vida e comunicação. cap. 14, p. 127). Será??? Se assim for, para que estudar, para que se preparar, para que Allan Kardec dizer que o Magnetismo é uma ciência irmã do Espiritismo?
Mas o que se pede na questão inicial deste Vórtice é sobre que fatores interferem nos resultados do passe. Vamos lá.

Na verdade são inúmeros os fatores e eles ainda repercutem uns sobre os outros. Todavia procurarei relacionar os mais relevantes, dividindo em 2 grandes grupos: para os passistas (magnetizadores) e para os pacientes (assistidos).
Para um passista ser mais e mais eficiente em seu labor magnético é preciso que ele tenha uma boa saúde fisiológica, uma potente capacidade de usinagem (transformação de elementos orgânicos em elementos fluídicos, energéticos, de exteriorização ou de centripetação), harmonia em sua vida mental e emocional, vontade ardente de servir e curar e pureza de sentimentos. Pela oração sincera ele evocará bons Espíritos, que se interessam por ele e por seus doentes, e pela fé ele porá todos os potenciais em direção aos nobres objetivos que busca alcançar. Além disso, o conhecimento de boa base anatômica e fisiológica do corpo humano contribuirá enormemente para o sucesso de seus direcionamentos fluídicos.

Como dá para perceber, não  é tão simples e tão sem necessidade de estudos e experimentos o se alcançar um bom nível de realização magnética.
Para o paciente o ideal é que ele tenha consciência do que busca. Alguém pode inferir que eu esteja falando de ter ciência do que deseja; mas é diferente. Quem tem ciência apenas quer que algo ou alguém o cure; quem tem consciência busca se curar. Para tanto desenvolve uma fé bastante equilibrada e firme, faz os esforços necessários, segue recomendações e não distorce o bem recebido nem esconde o que ainda espera alcançar.
O paciente precisa saber que o sucesso do tratamento trará benefícios imediatos para ele e não necessariamente para quem o beneficia, daí ser necessário se perceber isso com clareza.

Deve ainda cuidar da alimentação, prestar as informações que forem pedidas (quando houver esse tipo de controle) e manter padrão de oração e vigilância igualmente harmônicos.
Tudo isso pode  parecer muito óbvio e simples. De certa forma o é. Mas a prática disso tudo pede muito esforço e dedicação de todos os envolvidos, sob pena do famoso refrão que envolve a palavrinha “merecimento” continuar sendo a tônica forte de todo o processo.

Jornal Vórtice ANO III, n.º 02, julho/2010

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