quinta-feira, 22 de agosto de 2013

OS CORPOS SUTIS NA OBRA DE KARDEC

Ao definir o perispírito em O Livro dos Espíritos, Kardec o descreveu como sendo um laço que liga o espírito ao corpo físico.
Afirmou ser este constituído de eletricidade, de fluido magnético animalizado, de fluido nervoso, de matéria inerte, semimaterial, “matéria elétrica ou de outra tão sutil quanto esta”. É evidente que tais palavras não são sinônimas e que Kardec procurava abarcar mais amplamente a natureza do perispírito, dando a entender a existência de uma constituição plúrima (= múltipla), como se pode deduzir da assertiva de se tratar de um fluido nervoso.

Se o perispírito também se constitui de fluido nervoso, o espírito o conduziria, quando desencarnado, para o mundo espiritual? É evidente que não, pois o espírito terá que se desvencilhar dele ao abandonar o corpo. Se o perispírito é formado também por matéria inerte, é justo pensar que esta não acompanharia o corpo físico.

Segundo o espírito Erasto, o fluido vital é um apanágio (=atributo) exclusivo do encarnado. O espírito impele e dirige o fluido vital fornecido pelo médium no fenômeno mediúnico. Se Kardec considerou essa terminologia, então, deve se entender que, de alguma forma, ele reconhecia um compósito (=composto) na natureza do perispírito enquanto encarnado ao afirmar, no item 77 de O Livro dos Médiuns, que ele é formado por fluido vital, o elemento que é apanágio do homem.

Sendo este elemento que animaliza a matéria, desfazendo-se após a morte do corpo, constituinte do perispírito e transmissível em parte entre os indivíduos, devemos identificá-lo como a substância que, exteriorizada, chamamos de ectoplasma.

O Fluido Vital
Portanto, Erasto não estava se referindo ao fluido vital no sentido empregado algumas vezes por André Luiz, ou seja, como fluido de espíritos desencarnados, pertencente ao corpo astral, de acordo com a terminologia que adota para se referir aos colaboradores mediúnicos do mundo invisível.
Atentando-se para esse elemento que nasce com o homem e desaparece logo após a morte, podemos deduzir que ele constitui o duplo etérico, ao qual os grandes magnetizadores, os teosofistas e as doutrinas orientais também se referem. Na época, não se empregava o termo duplo etérico, mas quando Kardec escreveu que o perispírito é constituído de matéria sutil, nervosa e inerte, é evidente que ele estava se referindo ao perispírito como um corpo complexo, não de natureza única.

Outro indício dessa complexidade surge quando Kardec se refere à evolução do perispírito. No capítulo IV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o espírito São Luiz afirma que “o próprio perispírito sofre transformações sucessivas, eterizando-se cada vez mais até a depuração completa, que constitui os espíritos puros”. Segundo o codificador, “sabemos que, quanto mais eles se depuram, mais a essência do perispírito se torna etérea, de onde se segue que a influência material diminui à medida que o espírito progride, isto é, conforme o perispírito mesmo se torna menos grosseiro”.

Em O Livro dos Médiuns, disse ainda que “sua natureza se eteriza à medida que ele se depura e eleva na hierarquia”. É claro que, para a compreensão dos textos, existem duas hipóteses: o perispírito tornar-se-ia mais leve, os fluidos ficariam menos grosseiros, porém, a natureza seria idêntica, não sendo necessária a referência a um corpo complexo; a eterização do perispírito é de tal ordem que ele abandona determinadas camadas, próprias de certas zonas invisíveis, quando é elevado na hierarquia espiritual, passando a viver em esferas mais altas. Neste caso, teríamos indicações de uma natureza complexa para o perispírito nas referências. As duas hipóteses de compreensão não se excluem, pois as mensagens espirituais que têm sido recolhidas e a própria vidência deixam claro que o perispírito se mostra mais diáfano e luminoso à medida que o espírito se eleva.
O que se coloca como questão é se o espírito conserva um corpo espiritual da mesma natureza ao se elevar para zonas mais próximas da Terra ou se realmente há uma mudança em sua estrutura, necessária para a nova ambientação, levando à admissão de uma complexidade em sua organização.

Em outras palavras, a evolução do perispírito não seria mais do que a própria modificação dos corpos espirituais.
Kardec apenas ensaiava o estudo do perispírito e, portanto, não poderia conhecer tudo o que lhe dizia respeito. Os próprios espíritos não foram muito expressivos, seja porque preferiam dosar o ensino (como, aliás, sempre advertiram), porque a linguagem humana lhes assinalava óbvias restrições ou porque faltava conhecimento mais preciso do assunto para muitos dos comunicadores, decorrente da relatividade dos próprios espíritos, conforme Kardec assinalou tantas vezes.

No entanto, devemos recordar que, no Ensaio Teórico da Sensação nos Espíritos, presente no item 257 de O Livro dos Espíritos, o codificador deu mostras de sua larga visão. Partindo da eterização do perispírito (“quanto mais eles se depuram, mais a essência do perispírito se torna etérea”), ele concluiu que as sensações do ambiente terreno seriam inacessíveis para espíritos muito elevados, o que só poderia ocorrer se sua natureza fosse completamente diferente.

Ver a continuação dessa matéria aqui.:  DOS CORPOS ESPIRITUAIS (A VISÃO DE ANDRÉ LUIZ)
Fonte, http://tdmmagnetismobatuira.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html

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O PENSAMENTO –“As Potências da Alma”
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2014/07/o-pensamento-as-potencias-da-alma.html

CORRESPONDÊNCIAS (ENTRE OS CORPOS)

CORRESPONDÊNCIAS (ENTRE OS CORPOS)

Sabemos que os fenômenos psicológicos exigem uma base física no organismo humano, isto é, eles se produzem em nosso nível de ação ancorados pelo sistema nervoso central e periférico. Do mesmo modo, existem nos vários corpos espirituais sistemas próprios equivalentes que sustentam esses fenômenos. Registrando as palavras do assistente espiritual Calderaro, André Luiz descreve: “Todo campo nervoso da criatura constitui a representação das potências perispiríticas, vagarosamente conquistadas pelo ser, através de milênios e milênios “. O sistema nervoso é o ponto de contato entre o perispírito e o corpo físico.
Ele “mais não é do que a representação de importante setor do organismo perispirítico”. É no sistema nervoso e no sistema hemático que possuímos as duas grandes âncoras do organismo perispiritual com relação ao físico. Não há de causar admiração o fato de haver, no perispírito, sistemas correspondentes aos do organismo físico, desde que, afinal, aquele é que modela este.
“(...) o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem para nosso uso, um veículo de “células elétricas”, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado”.

André Luiz descreve o perispírito como sendo formado de matéria rarefeita, intimamente regido por sete centros de força que se conjugam nas ramificações dos plexos e que vibram em sintonia.


A concepção tríplice do Homem (Espiritismo):
Espírito – Perispírito – Corpo.
Nesta visão, o perispírito representa toda
a gama de corpos sutis (corpo astral e mental e causal)
ensinados nas demais doutrinas espiritualistas.

Para os hindus, o chacra esplênico não é considerado um dos sete principais.
É um chacra secundário.
Veja continuação dessa matéria aqui.:  OS CHACRAS

Jacob Melo disse...

Olá, bom dia!
A matéria é curta, mas sempre instiga.
Ressalto que apesar de muitas culturas e estudos acharem o centro esplênico como de menor relevância, desde que o consideremos os órgãos diretamente associados ao esplênico (baço, pâncreas, fígado, rins e as glândulas suprarrenais, não tem como ele ser de 2a ou terceira linha, sob pena de não conseguirmos os avanços que teem sido obtidos a partir dessas condições.
Um abraço.

 Fonte, http://tdmmagnetismobatuira.blogspot.com.br

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terça-feira, 20 de agosto de 2013

ESTUDOS DA MEDIUNIDADE ANTES DA CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA

Djalma Argollo

1. A SITUAÇÃO DA MEDIUNIDADE ANTES DE ALLAN KARDEC

O Anarquismo mediúnico

Antes de 18 de abril de 1857 não podemos falar de Espiritismo. Pelo simples fato de somente nessa data o termo, com a sua atual acepção, ter sido criado. Podemos, sim, falar sobre o fenômeno mediúnico, pois este é independente e anterior ao Espiritismo.

Observando desde a mais remota antiguidade, não encontramos a mediunidade sistematizada e estudada como o fez Kardec. O que existia era a explosão do fenômeno e sua utilização, de forma espontânea e anárquica. Muitas vezes, como acontece ainda em larga escala nos dias correntes, era o desequilíbrio mediúnico se patenteando nos diversos graus da obsessão. Quem sabe, se não foi tal fato que levou ao costume, encontrado entre vários povos e épocas, de se respeitar o louco como um ser santificado?

O sobrenatural e o ritualismo em torno da mediunidade

Sem ser estudada amplamente, portanto sem uma sistematização racional, a mediunidade viu surgir, em torno de sua atividade,toda uma estrutura de concepções sobrenaturais absurdas. Pelo desconhecimento das leis que acionam o fenômeno, os criaram inúmeros rituais para fazê-lo acontecer, utilizando nestes, toda sorte de excitantes sonoros e químicos, como o álcool e os alucinógenos. Hoje ainda persistem estes rituais, tanto entre os povos civilizados como os primitivos.

2. SURGIMENTO DA MEDIUNIDADE E SUA INFLUENCIA NA HISTÓRIA

O enterro dos mortos

Num ponto todos os antropólogos, estão de acordo: o enterro dos mortos marca a existência, entre os seus praticantes, de uma idéia de continuidade da vida após o túmulo. Isto aconteceu durante o último meio milhão de anos, quando o homem do Neanderthal começou a enterrar seus mortos com evidentes sinais de ritualismo, nos quais são usados flores e animais, o que demonstra também o surgimento da Zoolatria.

Segundo alguns antropólogos a idéia da imortalidade teria surgido dos sonhos que o homem primitivo tinha com os seus companheiros já mortos; do sopro do vento por entre os galhos das árvores, que os faziam pensar em lamentos fantasmagóricos; de ver seus rostos refletidos nas águas,etc.

O que não se leva em conta é que o homem do Neanderthal, como os seus contemporâneos, não podia ser dado a grandes abstrações. Ele era tocado pela experiência concreta. A idéia de continuação da vida além da sepultura é por demais abstrata, para ser inferida dos fatos citados. Somente uma experiência fortemente concreta poderia fazer surgir a idéia da imortalidade pessoal.

Ernesto Bozzano, o extraordinário espírita italiano, diz-nos que a crença imortalista nasceu da experiência mediúnica. Durante o período do pleistoceno médio, quando as glaciações se abateram sobre os continentes, o homem do N. foi obrigado a viver em cavernas, para se abrigar do frio. No interior delas, combalido pela falta de alimentos e pelas doenças que deviam grassar na promiscuidade reinante, houve a culminação de uma série de fatos mediúnicos que de algum tempo vinham acontecendo no seio dos inúmeros ramos neandertalenses: a ectoplasmia e demais formas de comunicação mediúnica. Assim, diz Bozzano, os sonhos premonitórios, as visões de Espíritos, a audição da voz dos mortos, inclusive nos fenômenos de voz direta - e a materialização de Espíritos, foram fatos concretos, que levaram o homem primitivo à crença na continuação da vida após a morte.

Diretamente dos médiuns neandertalenses surgiram os feiticeiros, ancestrais dos sacerdotes de todas as religiões.

A invocação dos mortos

Durante toda a antiguidade, numa herança direta dos períodos pré-históricos, encontramos a evocação dos mortos como um fato corriqueiro no seio dos povos. Existia, também, todo um ritualismo voltado para o aplacamento e conquista da simpatia dos Espíritos dos mortos. Entre vários povos, os Espíritos dos ancestrais eram cultuados em altares domésticos como divindades menores.

Baseado no trato com os mortos ou tendo este fato como revelação maior, surgiram os " famosos " mistérios da antiguidade.

A própria religião hebraica, da qual nossas crenças derivam, se baseou amplamente na mediunidade dos profetas, chegando a existir, conforme nos informa o Livro de Samuel, uma escola de profetas, onde os médiuns aprendiam os segredos da sua atividade. Os profetas eram usados pelo povo para consultas semelhantes às que se fazem hoje a cartomantes, videntes, etc. , pelas quais recebiam pagamento, daí a perseguição sistemática aos que não fossem da classe.

Os gregos usaram muito a mediunidade profética exacerbada por fatores químicos, em Delfos.

Com o surgimento do Cristianismo, a mediunidade foi amplamente usada pelos seus profitentes. O que caracterizava o trato mediúnico na comunidade cristã das origens era a absoluta ignorância do fenômeno e suas leis.

As reuniões eram, muitas vezes, um verdadeiro pandemônio, semelhantes as dos pentecostais e da corrente carismática do Catolicismo atual, inclusive, inúmeras " heresias" surgiram em tornos dos médiuns e das revelações dos seus guias, então denominados " Espírito Santo", sendo um dos fatores para as proibições conciliares a respeito do uso da mediunidade.

Durante o obscurantismo da Idade Média, vários médiuns foram queimados nas fogueiras, ou morreram sob torturas brutais, nas prisões oficiais, por injunções do Santo Ofício, enquanto a mediunidade resplandecia no seio da comunidade de padres e freiras, produzindo notáveis demonstrações da assistência constante do mundo espiritual.

Na idade moderna o trato com os Espíritos produziu médiuns como Swedenborg, Andrew Jackson Davis, Campbell e MacDonald e os fenômenos na congregação de Edward Irving. Também podemos falar nos célebres possessos, que produziam fenômenos diversos e impressionantes.

3. REVIVESCÊNCIA MEDIÚNICA

Hydesville e os fenômenos mediúnicos

As irmãs Fox foram o ponto de partida de uma ofensiva dos Espíritos para chamar a atenção geral para a problemática da imortalidade. O Espírito Charles Rosma foi o pioneiro deste trabalho, e Isaac Post pode ser considerado uma antecipação de Kardec, já que teve o honroso privilégio de ter recebido, na nova idade do mediunismo, a primeira comunicação longa e coerente, de um Espírito, por via tiptológica. Da mesma forma, a família Koons, contemporânea dos Fox, foi a precursora do mediunismo cientificamente conduzido, graças às indicações dos Espíritos, e o seu " Condensador Ectoplásmico, que nunca mais foi reproduzido.

Durante o período imediatamente antes de Kardec, a mediunidade floresceu de maneira extraordinária. Médiuns de ectoplasmia surgiram e sofreram, mas foram as humildes mesas girantes que, impulsionadas pelos Espíritos, fizeram um trabalho extraordinário de divulgação da mediunidade. Foi graças a elas que Madame de Girardin conseguiu atrair a atenção de pessoas notáveis como o escritor e poeta Victor Hugo. Também foram as mesas que iniciaram Allan Kardec, dando o primeiro impulso para a sua vocação missionária.

Finalmente, não podemos deixar de lembrar que aqui no Brasil, mais especificamente em Mata de S. João, no interior da Bahia, antes das irmãs Fox, a policia foi acionada para fechar uma casa onde pessoas se reuniam para falar com os mortos.

Conclusão

Em rápidas pinceladas, procuramos mostrar que a comunicação com os mortos tem sido constante na história da Humanidade. Tal atividade, entretanto, sempre se desenvolveu de maneira anárquica, já que havia uma completa ignorância das leis que regem a mediunidade. Nem os famosos iniciados sabiam muito a respeito do assunto. Somente após o surgimento de " O Livro dos Médiuns", de A. Kardec, a mediunidade passou a ser usada de forma coerente e lógica, para permitir um contato profundo e proveitoso com o Mundo Espiritual.

Revista "Presença Espírita", jan. /fev. de 1986.

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domingo, 4 de agosto de 2013

MEDIUNIDADE NA BÍBLIA


MEDIUNIDADE NA BÍBLIA


Mesmo proibida, pois geralmente era praticada com fins inferiores, a comunicação mediúnica é um fato bíblico.

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Dentre vários outros, a comunicação com os chamados “mortos” é um dos princípios básicos do espiritismo, inclusive, podemos dizer que é um dos fundamentais, pois foi de onde surgiu todo o seu arcabouço doutrinário.

Na conclusão de O Livro dos Espíritos, Kardec argumenta que: “Esses fenômenos ... não são mais sobrenaturais que todos os fenômenos aos quais a Ciência hoje dá a solução, e que pareceram maravilhosos numa outra época. Todos os fenômenos espíritas, sem exceção, são a conseqüência de leis gerais e nos revelam um dos poderes da Natureza, poder desconhecido, ou dizendo melhor, incompreendido até aqui, mas que a observação demonstra estar na ordem das coisas”.

Essa abordagem de Kardec é necessária, pois apesar de muitos considerarem tais fenômenos como sobrenaturais, enquanto que inúmeros outros os quererem como fenômenos de ordem religiosa, as duas teses são incorretas. A origem deles é espontânea e natural e ocorre conforme as leis que regem não só o contato entre o mundo material e o espiritual, mas toda a complexa interação que mantém o equilíbrio universal. Por isso não precisaríamos relacioná-los, nem mesmo buscar comprovação de sua realidade entre as narrativas bíblicas.

MEDIUNIDADE NA BÍBLIA

Primeiramente, selecionei alguns trechos com relação à sobrevivência do espírito, pois ela é a peça fundamental nas comunicações. Leiamos:

- Quanto a você [Abraão], irá reunir-se em paz com seus antepassados e será sepultado após uma velhice feliz. (Gn.15,15).

- Quando Jacó acabou de dar instruções aos filhos, recolheu os pés na cama, expirou e se reuniu com seus antepassados. (Gn 49,33).

- Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. (Mt 8,11).

- E, quanto à ressurreição, será que não leram o que Deus disse a vocês: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos. (Mt 22,31-32).

Podemos concluir dessas passagens que há no homem algo que sobrevive à morte física. Não haveria sentido algum dizer que uma pessoa, após a morte, irá se reunir com seus antepassados, se não se acreditasse na sobrevivência do espírito. Além disso, para que ocorra a possibilidade de alguém poder “sentar à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó” teria que ser porque esses patriarcas estão tão vivos quanto nós.

Os relatos bíblicos nos dão conta que o intercâmbio com os mortos era um fato corriqueiro na vida dos hebreus. Por outro lado, quase todos os povos com quem mantiveram contato tinham práticas relacionadas à evocação dos espíritos para fins de adivinhação, denominada necromancia. O Dicionário Bíblico Universal a define com sendo ,.o meio de adivinhação interrogando um morto.

Babilônios, egípcios e gregos a praticavam. Hetiodoro, autor grego do III ou IV século d.C. relata uma cena semelhante àquela descrita em 1Sm (Etíope 6,14). O Deuteronômio atribui aos habitantes da Palestina “a interrogação dos espíritos ou a evocação dos mortos” (18,11). Os israelitas também se entregaram a essas práticas, mas logo são condenadas, particularmente por Saul (lSm 28,38). Mas, forçado pela necessidade, o rei manda evocar a sombra de Samuel (28, 7-25): o relato constitui uma das mais impressionantes páginas da Bíblia. Mais tarde, Isaías atesta uma prática bastante difundida (Is 8,19): parece que ele ouviu “uma voz como a de um fantasma que vem da terra” (29,4). Manasses favoreceu a prática da necromancia (2Rs 21,6), mas Josias a eliminou quando fez sua reforma (2Rs 23,24). Então o Deuteronômio considera a necromancia e as outras práticas divinatórias como “abominação” diante de Deus, e como o motivo da destruição das nações, efetuada pelo Senhor em favor de Israel (18,12). O Levítico considera a
necromancia como ocasião de impureza e condena os necromantes à morte por apedrejamento (19,31; 20,27).

Vejamos mais algumas passagens:

- Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não apreenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal cousa é abominação ao Senhor; e por tais abominações o Senhor teu Deus os lança de diante de ti. Perfeito serás para com o Senhor teu Deus. Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal cousa. (Dt 18,9-14).

Esta passagem diz respeito à adivinhação e à necromancia. Elas se encontram entre as proibições. A preocupação central era proibir qualquer tipo de coisa relacionada à adivinhação, não importando por qual meio fosse realizada, como fica claro pela última passagem onde se diz “... estas nações, ... ouvem os prognosticadores e os adivinhadores...”, reunindo assim todas as práticas a essas duas.

AS COMUNICAÇÕES E SUA PROIBIÇÃO

Por outro lado, a grande questão a ser levantada é: os mortos atendiam às evocações ou não? Se não, por que da proibição? Seria ilógico proibir algo que não acontece. Teremos que tentar encontrar as razões de tal proibição. Duas podemos destacar. A primeira é que os espíritos dos mortos eram considerados, por muitos, como deuses. Levando-se em conta que era necessário manter, a todo custo, a idéia de um Deus único, Moisés, sabiamente, institui a proibição de qualquer evento que viesse a prejudicar essa unicidade divina. As consultas deveriam ser dirigidas somente a Deus, daí, por forças das circunstâncias, precisou proibir todas as outras. A segunda estaria relacionada ao motivo pelo qual iam consultar os mortos. Normalmente, eram para coisas relacionadas ao futuro, como no caso de Saul, que iremos ver logo à frente, ou para situações do cotidiano, quando, por exemplo, do desaparecimento das jumentas de Cis, em que Saul, seu filho, procura um vidente para que ele dissesse onde poderiam encontrá-las.

A figura do profeta aparece como sendo a pessoa que tem poderes para fazer consultas a Deus ou receber da divindade as revelações que deveriam ser transmitidas ao povo. Em razão de querer a exclusividade das consultas a Deus é que Moisés disse “Javé, seu Deus fará surgir, dentre seus irmãos, um profeta como eu em seu meio, e vocês o ouvirão”. (Dt 18,15). Elucidamos essa questão com o seguinte passo: “Em Israel, antigamente, quando alguém ia consultar a Deus, costumava dizer: ‘Vamos ao vidente’. Porque, em lugar de ‘profeta’, como se diz hoje, dizia-se ‘vidente’”(1Sm 9,9). O que é vidente (clarividente) senão quem tem a faculdade de ver os espíritos? Em alguns casos poderá ver inclusive o futuro; daí a idéia de que poderia prever alguma coisa, uma profecia, derivando-se daí, então, o nome profeta. Podemos confirmar o que estamos dizendo aqui nesse parágrafo, peta explicação dada à passagem Dt 18,9-22:

Moisés não era totalmente contra o profetismo (mediunismo), apenas era contrário ao uso indevido que davam a essa faculdade. Podemos, inclusive, vê-lo aprovando a forma com que dois homens a faziam, conforme a seguinte narrativa em Nm 11, 24-30:

- Moisés saiu e disse ao povo as palavras de Iahweh. Em seguida reuniu setenta anciães dentre o povo e os colocou ao redor da Tenda. Iahweh desceu na Nuvem. Falou-lhe e tomou do Espírito que repousava sobre ele e o colocou nos setenta anciães. Quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; porém, nunca mais o fizeram.

- Dois homens haviam permanecido no acampamento: um deles se chamava Eldad e o outro Medad. O Espírito repousou sobre eles; ainda que não tivessem vindo à Tenda, estavam entre os inscritos. Puseram-se a profetizar no acampamento. Um jovem correu e foi anunciar a Moisés: “Eis que Eldad e Medad”, disse ele, “estão profetizando no acampamento”. Josué, filho de Nun, que desde a sua infância servia a Moisés, tomou a palavra e disse: “Moisés, meu senhor, proíbe-os!” Respondeu-lhe Moisés: “Estás ciumento por minha causa? Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta, dando-lhe Iahweh o seu Espírito!” A seguir Moisés voltou ao acampamento e com ele os anciães de Israel. Fica claro, então, que pelo menos duas pessoas faziam dignamente o uso da faculdade mediúnica (profeta), daí Moisés até desejar que todos fizessem como eles.

Outro ponto importante que convém ressaltar é a respeito da palavra espírito, que aparece inúmeras vezes na Bíblia. Mas afinal o que é espírito? Hoje sabemos que os espíritos são as almas dos homens que foram desligadas do corpo físico pelo fenômeno da morte. Assim, podemos perfeitamente aceitar que, exceto quando atribuem essa palavra ao próprio Deus, todas as outras estão incluídas nessa categoria.

Tudo, na verdade, não passava de manifestações dos espíritos, que muitas vezes eram tomados à conta de deuses, devido a ignorância da época, coisa absurda nos dias de hoje. Isso fica tão claro que podemos até mesmo encontrar recomendações de como nos comportar diante deles para sabermos suas verdadeiras intenções. Citamos: “Amados, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus,...” (1 Jo 4, 1).

JESUS E AS COMUNICAÇÕES

Disso pode-se concluir que era comum, àquela época, o contato com os espíritos. Podemos confirmar isso com o Apóstolo dos gentios, que recomendou sobre o uso dos “dons” (mediunidade), conforme podemos ver em sua primeira carta aos Coríntios (cap. 14). Neta ele procura demonstrar que o dom da profecia é superior ao dom de falar em línguas (xenoglossia), pois não via nisso nenhuma utilidade senão quando, juntamente, houvesse alguém com o dom de interpretá-las.

Uma coisa nós podemos considerar. Se ocorriam manifestações naquela época, por que não as aconteceria nos dias de hoje? Veremos agora a mais notável de todas as manifestações de espíritos que podemos encontrar na Bíblia, pois ela acontece com o próprio Cristo. Leiamos:

- Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles: o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se quiseres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.” Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz.” Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados, e caíram com o rosto por terra. Jesus se aproxi.mou, tocou neles e disse: “Levantem-se, e não tenham medo.” Os discípulos ergueram os olhos, e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não contem a ninguém essa visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos” (Mt 17,1-9).

Ocorrência inequívoca de comunicação com os mortos, no caso, os espíritos Moisés e Elias, que conversam pessoalmente com Jesus. E aí afirmamos que se fosse mesmo proibida por Deus, Moisés não viria se apresentar a Jesus e seus discípulos, já que foi ele mesmo, quando vivo, quem informou dessa proibição, e nem Jesus iria infringir uma lei divina. Portanto, a proibição de Moisés era apenas uma proibição particular sua ou de sua legislação de época. Os partidários do demônio ficam sem saída nessa passagem, pois não podem afirmar que foi o “demônio” quem apareceu para eles, já que teriam que admitir que Jesus fora enganado.

Podemos ainda ressaltar que, depois desse episódio, Jesus não proibiu a comunicação com os mortos. Apenas disse aos discípulos para não que contassem a ninguém sobre aquela “sessão espírita”, até que acontecesse a sua “ressurreição”. E se ele mesmo disse: “tudo que eu fiz vós podeis fazer e até mais” (Jo 14,12) os que se comunicam com os mortos estão seguindo o exemplo de Jesus. Os cegos até poderão ficar contra, mas os de mente aberta não verão nenhum mal nisso.

Quem já teve a oportunidade de ler a Bíblia, pelo menos uma vez, percebe que ela está recheada de narrativas com aparições de anjos. Na ocasião da ressurreição de Jesus, algumas delas nos dão conta do aparecimento, junto ao sepulcro, de “anjos vestidos de branco” (Jo 20,12; Mt 28,2), enquanto que outras nos dizem ser “homens vestidos de branco” (Lc 24,4; Mc 16,5). Isso demonstra que os anjos são espíritos, e que muitos podem até ter vivido na Terra. Até mesmo os nomes dos anjos são nomes dados a seres humanos: Gabriel, Rafael, Miguel etc.

Podemos concluir que realmente a comunicação com os mortos está presente na Bíblia, por mais que se esforcem em querer tirar dela esse fato.

Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 29, páginas 12-17


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NOVO ESTUDO COM MÉDIUNS OBTÉM FORTÍSSIMAS EVIDÊNCIAS DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA
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MÉDIUNS DE ONTEM E DE HOJE
EVOLUÇÃO E MEDIUNIDADE
INTELIGÊNCIA E MEDIUNIDADE
PROCESSOS DA MEDIUNIDADE
MÉDIUNS CURADORES
A MEDIUNIDADE DE SANTA BRÍGIDA
DIVULGAÇÃO DE MENSAGENS MEDIÚNICAS
ESTUDOS DA MEDIUNIDADE ANTES DA CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA
TRANSE E MEDIUNIDADE
O FENÔMENO MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE, ESTUDO CLÍNICO
A EDUCAÇÃO DO MÉDIUM
A MEDIUNIDADE, POR LÉON DENIS
MEDIUNIDADE E ANIMISMO
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
O FENÔMENO MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE CURADORA
PALAVRAS DO CODIFICADOR - MEDIUNIDADE CURADORA