Ana Vargas
anavargas.adv@uol.com.br
Todos os fatos de
consciência apresentam três propriedades: eles se gravam e se reproduzem; são
ligados a outros e podem ser isolados. Eles se gravam na memória; são
reproduzidos pelo hábito, são ligados pela associação; são isolados uns dos
outros pela atenção. Para conquistardes um perfeito domínio sobre vós mesmos e
sobre os outros, é essencial bem compreenderdes a natureza e as condições
destas propriedades, pois toda a vossa vida – física, mental e emocional –
depende de vossas lembranças, de vossos hábitos, de vossas associações de
ideias e de vossa força e atenção.
Dissecaremos em poucas
palavras cada um desses elementos, procurando mostrar sua conexão íntima.
Todo fato de consciência:
ideia, prazer ou dor, ação, resolução, se grava em vossa memória. Ele aí
subsiste e em certos casos, como no delírio, vedes reaparecer, com estupor, em
um enfermo, lembranças de acontecimentos muito distantes e que pareciam
completamente esquecidos. Possuis, pois, em vós um tesouro cujo valor talvez
nem sequer suspeitais. Cabe-vos zelar por ele para que não se perca. Estas
lembranças não perduram como clichês sobre uma placa fotográfica, poder-se-ia
compará-las aos carneiros encerrados em um aprisco no momento em que a pastora
vai buscá-los para os conduzir a pascer. Elas se comprimem para sair do
inconsciente; uma luta violenta se trava entre todas, as mais fracas ficam na
sombra e só as mais fortes conseguem sair.Compreendereis sem
dificuldade quanto vos importa saber por que algumas destas lembranças são mais
fortes do que as outras.
Um fato de consciência
reaparece tanto melhor quanto ele foi mais frequentemente registrado, ligado a
um maior número de outros fatos, acompanhado de uma dor ou de um prazer mais
vivo, enfim, que ele já tenha aparecido com muita frequência.
Ficai certo que vossa
memória será tanto melhor quanto mais vos dedicardes ao trabalho de rever, sem
cessar, o que desejais saber; ligar entre si, cada vez melhor, todos os vossos
conhecimentos; estudar alegremente o que desejardes saber, procurando criar-vos
hábitos metódicos. Não esquecei que vossas lembranças são conservadas pelo
vosso inconsciente, isto é, por vossas máquinas psicológicas. Importa, pois,
antes de tudo, que estas se conservem em bom estado. Um cérebro banhado,
irrigado por um sangue puro e nutritivo será mais poderoso do que todos os
outros. Quando tiverdes lido nosso capítulo sobre a alimentação, compreendereis
porque os pensadores, os sábios, os artistas mais notáveis têm um regime muito
regular (exemplo: Victor Hugo) e uma alimentação muito frugal.
Podeis atuar sobre vossas
lembranças; atuareis, portanto, sobre vossos hábitos, que são as lembranças de
vossos atos. Sois o senhor de sua repetição, do prazer que ela vos causa, das
associações que estabeleceis entre esses atos. Criastes os hábitos que tendes
de ler, de escrever, de nadar, de montar em bicicletas, de cultivar a música.
Podeis criar uma infinidade de outros mais. A aquisição de todas as profissões,
de todas as artes, de todas as ciências é devida ao hábito. Se compreenderes
profundamente o que vos é dito aqui, a vossa vida irá, como o prometemos,
transformar-se inteiramente. Dividireis, sem cessar, os vossos esforços para
tornar cada um deles sem-pre igual às vossas forças e, por conseguinte,
agradável. Pouco a pouco, fareis passar em vosso inconsciente uma quantidade de
atos a princípio penosos, mas que se tornarão regulares, automáticos; não mais
necessitarão de vossa direção perpétua, podendo consagrar a novos objetivos as
vossas forças mentais incessantemente decuplicadas.
Cuidareis igualmente de
vossas associações psíquicas. Vosso encéfalo contém um grande número de fibras
que estão ligadas umas às outras e que são a imagem das ligações mentais, cuja
existência em vós constatais incessantemente. Uma palavra traz outra; vossas
lembranças, vossas sensações, vossas emoções, vossos sentimentos, vossos atos,
sobretudo, estão ligados entre si. Entretanto, tereis percebido que essas
ligações são feitas ao acaso.
Maury conta que, em um de
seus sonhos, ele se viu perto do fogo, apanhando as cinzas com uma pá; depois,
bruscamente, se encontrou em casa de seu amigo patrício, e, depois, se viu a passeio
em Jerusalém. É a associação das palavras que tinha conduzido a associação das
imagens. Isto acontece, principalmente, em uma conversação intervalada, cheia
de interrupções, o que podeis verificar, conservando-vos à parte, como ouvinte,
constatando, assim, onde ela começa e onde termina. Ao lado, porém, destas
associações fortuitas onde parece que um eixo guia o pensamento, há outras mais
importantes: aquelas, por exemplo, que conduziram os químicos a comparar o
hélio gasoso ao hidrogênio, a constatar que ele era da mesma densidade, mas que
não se inflamava e que não tinha a mesma tendência a atravessar as paredes dos
vasos que o continham. Assim, se chegou à conclusão prática, muito importante,
de que o hélio deve substituir vantajosamente o hidrogênio nos balões dirigíveis.
Seu emprego tornará possível este gênero de navegação aérea.
Tais são as associações de
ideias que deveis procurar. Afastareis aquelas que são devidas ao acaso e que
só podem diminuir vossa força psíquica.
Conseguireis o melhor êxito
se souberdes governar a vossa atenção. Não julgueis que isso seja fácil. Compenetrai-vos
que esse fenômeno é, antes de mais nada, inteiramente espontâneo e nele não há
interferência vossa.
Projete bruscamente, em uma
sala escura, um jato de luz viva: todos os olhos se fixarão sobre ele, quer
queiram ou não. Ai está a imagem de toda atenção. Ela vem do inconsciente;
trabalha sem cessar. Vosso corpo vos evita a todo instante, sem que o
suspeiteis, uma infinidade de perigos. As condições deste fenômeno são: uma
respiração ampla e bem ritmada, uma circulação sanguínea regular e poderosa, e,
principalmente, a nutrição do sistema nervoso.
Desde então, conhecendo as
causas do fato, vos tornais senhor do mesmo. Colocai-vos, graças aos conselhos
que vamos dar dentro em pouco, nas melhores condições fisiológicas, dotai vossa
usina humana de boas máquinas, alimentai-as bem, reparai-as sem cessar, e
obtereis de vós mesmo uma atenção poderosa; vossas lembranças, vossos hábitos,
vossas associações de ideias vos dirigirão para os melhores objetivos, os mais
úteis ao desenvolvimento da vossa personalidade. Não dominareis, pois, vossa
atenção senão obedecendo-lhe a princípio, não a forçando nunca. Não se lhe deve
pedir senão o que ela pode dar a cada instante; peçase-lhes, entretanto, tudo o
que ela deve fornecer; e a riqueza de vosso espírito e vosso poder mental serão
incomparáveis. Assim se desenvolverá vosso eu e, por conseguinte, vossa
personalidade. Ligareis entre si vossas lembranças no tempo e no espaço, e tais
ligações são da mais alta importância.
Vossa personalidade é vossa
obra. Eixo de unidade que existe em vossa máquina fisiológica, ela cessará, se
esta máquina se desorganizar. Ela se tornará tanto mais ativa quanto esta máquina
for continuamente aperfeiçoada. Se vos expuserdes à sífilis, ao alcoolismo, à
morfinomania, lesareis ao mesmo tempo o vosso sistema nervoso. Ele se
dissociará, e, desde então, vossa personalidade fará o mesmo. Ao contrário, se
fixardes o fim para o qual caminhais, se colocardes o mais alto possível, se
ligardes estreitamente todas as vossas sensações, todas as vossas emoções,
todos os vossos atos, se vos criardes um atlas de lembranças, cada vez mais
desenvolvido, mais claro, se ligardes cada vez mais intimamente vossa história
e vossa geografia do mundo em que viveis, daquele que vos precedeu e do que
seguirá, estareis então, não o duvideis, cada vez mais senhor de vós mesmos e
dos outros. Não se trata aqui de uma ciência unicamente teórica, mas de aptidões
práticas, as únicas eficientes na vida, as únicas que farão de vós um herói.
É este personagem superior
que um de nossos amigos, Victor Morgan, herói também, caído gloriosamente em
Dixmude, definiu nas linhas seguintes:
“O homem superior é uma
força em repouso. Nele, nada de palavras insignificantes ou sem um alvo. Nada
de movimentos inúteis. É uma força cônscia de si mesma, que não se manifesta
nunca sem necessidade, porque ela sabe que, ao primeiro grito de alerta, de um
salto, atingirá, como o relâmpago, o ponto onde deve agir. O herói é um leão
que, deitado, contempla, com o olhar calmo, por cima da cabeça das pessoas, os
horizontes infinitos, cheios de luz.“Ele transforma seus
sentimentos em ação.”
Mesmo nesta inação, sua
presença é benfazeja. De suas palavras, mesmo as mais simples, se irradia uma
influência que atua sobre os que o rodeiam. Uma harmonia reconfortante paira à
sua volta.
Não obstante, é um homem de
ação.
Raros, em verdade, são os
momentos em que podeis surpreendê-lo em repouso. O domínio de sua vontade é o
sinal característico que o consagrou grande homem. Seu eu paira em uma calma
olímpica, comanda a todas as suas paixões, excita-as ou disciplina-as. Tornado
senhor de si mesmo, con-quistou o direito e o poder de dirigir o mundo exterior
e de subjuga-lo à sua vontade.
Ele transforma seus
sentimentos em ação.
Pensais que, em um tal
homem, no qual pressentis uma alma tão ardente e tão poética, uma vontade com
um tal domínio, tão impaciente por materializar os sonhos do poeta, pensais que
suas menores ações possam estar em desacordo com seus sentimentos? Isso seria impossível.
Sua voz, seus gestos, seu porte, seu olhar devem imprimir um pouco daquele fogo
que tem em si.
Sim, a sua voz manifesta todas as emoções que ele deseja
expressar: doce, penetrante, se ele quer tranquilizar e reconfortar; fervente,
entusiasta se quer excitar; grave, profunda, solene, se deseja impressionar; altíssona
se quer comanda
De uma calma imperturbável
na tormenta, quando os outros homens estão desvairados ou terrificados, ele faz
sempre ouvir a voz do chefe, cuja palavra é uma ordem. Ele é senhor do seu
corpo.
Todo seu ser emite uma radiação invisível e poderosa que se impõe mesmo
aos menos sensitivos. Sente-se, antes que ele tenha agido, que possui uma
confiança sem limites em suas próprias forças. E apesar desta grande confiança,
não deve ser confundido com o anjo do orgulho.
Enfim, seu coração é todo
poderoso.
Ama, compreende, e porque compreende, é justo com os homens. Tendo
lido no fundo de seu próprio coração e verificado que, muitas vezes, o mal não
é senão ignorância, um profundo sentimento de piedade despertou nele. E quando
é preciso agir, castigar, punir, seu coração não tem mais ódio.
Suas faculdades
mentais são poderosas.
Elas têm, principalmente, o poder de julgar sensatamente
todas as coisas. O que o torna verdadeiramente grande é que personifica, ao
mesmo tempo, o idealista e o homem de ação.” 1
Aí está esboçado o retrato do
homem que queremos formar em vós. Resta, agora, estudar como chegaremos a realizar
esse desiderato. Para que vos compenetreis bem, desde já, do método que empregaremos,
vamos indicar o plano que pretendemos seguir na presente obra.
Formularemos,
sucessivamente, regras práticas para transformar:
1. Vosso corpo por meio de:
a)Uma alimentação sadia;
b)Uma respiração ampla e
metódica;
c)Exercícios físicos
judiciosamente compreendidos.
2. Vosso inconsciente, servindo-vos de:
A)
autossugestão emocional;
B) olhar magnético.
3. Vosso consciente, vosso
espírito, com o auxílio de:
a) concentração mental;
b) isolamento.
Assim, o ser superior que
está em vós adquirirá o domínio de si.
É fora de dúvida que se
trata de um trabalho que requer não só tempo, como energia. Certamente que este
tempo convenientemente repartido entre as ocupações cotidianas, acaba por
passar despercebido. E a energia dispendida é recuperada ao cêntuplo por este
treinamento bem compreendido. Além disso, a alegria sucede depressa ao esforço.
Toda esta disciplina que parecia, a princípio, fastidiosa, torna-se, a cada
momento, a fonte de satisfações numerosas. Os membros tornam-se flexíveis e
sempre prontos a agir. Sente-se o corpo ágil. Uma respiração mais ampla e mais
regular vos remoça. Parece que o sangue mais vivo corre nas veias. A digestão é
perfeita. Nenhum incômodo ou peso nos órgãos. Sente-se a cabeça livre,
desembaraçada de qualquer constrangimento. O tédio se dissipa como, aos
primeiros raios de sol, as sombras fogem. O cérebro, livre de todas as dúvidas,
prepara-se para a vida nova. E os primeiros clarões da aurora que se levanta
tingem festivamente nossos sonhos. Para onde foram nossas decepções, nossos
rancores, nossas tristezas? Nuvens que, agora, se esfumam.
1 Victor Morgan – A estrada
do cavalheiro.
Como o galo que canta
alegremente ao romper da amanhã, nós deixamos escapar dos lábios um grito de
alegria.
O nosso desenvolvimento
psíquico traz, pois, ao nosso corpo um bem-estar extraordinário, ao nosso
espírito pensamentos mais sãos, ao nosso coração alegrias mais doces.
Também, o novo discípulo,
feliz por esta transformação que ultrapassa suas melhores esperanças,
entrega-se cada dia com maior entusiasmo a este treinamento. Ele compreende que
esta direção nova de vida será a verdadeira saúde.
Convence-se de que os
poderes psíquicos, há tanto tempo ambicionados, estão ao seu alcance; que não
há entrave algum que não possa remover, nenhuma cadeia que não possa quebrar,
nenhuma sugestão atávica, nenhum sestro ou mania, nenhuma forma de pensamento
da qual não possa tornar-se senhor absoluto.
Encorajado pelo bem-estar
que resulta destas constatações, só pensa em perseverar. Bem depressa repara as
faltas antigas. Observa. Reflete. Compreende. Esforça-se por desenvolver em si
sentimentos mais puros. Despoja o velho homem. E, desde então, uma doce emoção
inunda o coração do novo adepto. Faz alegremente a escalada da encosta que
conduz aos píncaros.
Na montanha, aquele que
galga um pico, descortina diante de si tão vastos horizontes, que lhe vem o
desejo de subir ainda mais. O mesmo se dá no decurso do desenvolvimento
psíquico. Os resultados são tais para quem se dedica com amor, que, enlevado
por um sucesso alcançado sobre si mesmo, se sente tomado de uma emulação que o leva
a agir com uma vontade mais firme e mais persistente. Quer desenvolver a si
mesmo, a princípio física e mentalmente, obter um ritmo exterior e interior que
seja o penhor da saúde material e moral, mas quando se alcançou este fim,
quando se sente cheio de forças novas, quer empregá-las de uma forma que seja
digna delas e de si. Certamente, está bem longe de renunciar a estes deveres
que são os laços da própria vida. Fica-se preso ao país, à família, à
profissão, porém restam ainda muitas aspirações a realizar. Descortinou o vasto
horizonte e as visões do egoísmo não podem desviá-lo.
Somos agora poderosos,
fortes, senhores de nós mesmos. Mas que adianta isto, se esta força só serve a
interesses restritos? Sente-se o funcionamento perfeito da máquina humana.
Deseja-se agora que esta máquina obedeça a um ideal elevado, a um coração puro,
a um pensamento mais belo. E, todas as engrenagens de nossa máquina tendo sido
aperfeiçoadas, o contramestre tornado dócil e zeloso como um excelente
empregado, compreende-se que nosso dever sobre a Terra é auxiliar os outros.
Unicamente o bem, o bem de todos aqueles que nos rodeiam ou se nos aproximam,
merece os cuidados que tomamos. Um altruísmo entusiasta e bem compreendido nos
permite dar a todas as nossas faculdades a liberdade que elas devem ter.
Sim, vós vos tornareis senhor
de todas as vossas engrenagens e elas funcionarão a contento, porém todas essas
energias que se vão desenvolver vos lembrarão continuamente o vosso dever. O
cultivo de vossas forças vos preparará para os mais belos impulsos; o domínio
de vossos ímpetos mostrar-vos-á que, além de vossa pessoa e de vossos interesses,
há regiões tão belas quanto vastas, que deveis explorar. Não tereis mais
receios, cóleras ou invejas. Ireis ter, com todos os seres, a mão estendida e o
coração fraternalmente aberto. É esta forma de pensamento que deve florescer em
vosso jardim mental. Os intuitos elevados, cheios de beleza e de bondade, serão
a necessidade nova que se criará para o aperfeiçoamento de vosso organismo. E
não mais será mister esforços para dirigirdes para esse lado; é para ele que se
inclina toda natureza formada pelas boas disciplinas e inclinada para uma nova
iniciação.
Esta iniciação só pode ser estudada, aqui, brevemente, dela tratamos
mais detalhadamente em uma obra escrita para aqueles que nos acompanham: A Caminho
da Sabedoria.
Nosso escopo, neste último trabalho, que é a continuação do
presente - Curso de Magnetismo Pessoal – é reativar a tradição das antigas
iniciações, e fazer nascer o desejo de entrar em relação com as potências
desconhecidas que se encontram em nós e em redor de nós.
Que horizontes mágicos
se desenrolam diante do adepto, quando ele se sente evoluir neste mundo, onde
tudo é doçura e claridade! Os estudos que empreende lhe ensinam que, por mais
elevados que possam ser os conheci-mentos que adquiriu, ele não é mais do que
uma parte infinitesimal deste grande Todo, deste Universo que é o macrocosmo;
entretanto, que imensa dignidade dele se apossa ao saber, de uma forma
irrefutável, que ele próprio é o microcosmo, a imagem perfeita deste grande
Todo, construído segundo o mesmo ritmo e podendo, pelo acordo misterioso de
seus ritmos, pôr-se em relação com ele segundo seu legítimo querer. Eu disse
dignidade, não orgulho, pois, para aquele que sabe, o orgulho é letra morta.
Ele só vale pela sua relação com o Absoluto, por esta tendência constante, e
que ele compreende, enfim, de unir-se, com todas as suas forças constantes, ao
plano divino da Natureza.
Não basta, porém, conhecer estas coisas, penetrá-las
com uma nobre satisfação. É preciso submeter-se a uma ascese que faz de nós
adeptos perfeitos, capazes das mais elevadas e mais grandiosas ações. Esta
evolução, de que nossa Ciência Secreta fará compreender e penetrar toda a
serena beleza, toda a esplendida consolação, é mister obtê-la e merecê-la; é
preciso abreviar-lhe as etapas tanto quanto nos seja possível.
No presente
volume, ensinamos a adquirir uma perfeita saúde, a dominar seus impulsos, porém
isto não é mais do que uma primeira etapa. A Caminho da Sabedoria vos conduzirá
ao limiar do Templo iniciático.
E, uma vez lá, o guarda do umbral – a
enigmática Esfinge da terra dos faraós – deixará cair de seus lábios de pedra o
segredo dos quatro verbos iniciáticos. Vitorioso da prova, vê abrir-se, diante
dele as portas do santuário. Nossa Ciência Secreta prepara o novo eleito para
todas as alegrias que são a recompensa do sábio.
Aos métodos incompletos que
se propõe dar-vos saúde, sucesso, felicidade, poder, nós antepomos um método
sintético.
Sua superioridade, a nosso ver, está em que ele compreende e utiliza
a conexão que apresentam as três partes da usina humana:
1º) A máquina
fisiológica tem por fim criar a força nervosa, graças:
a)Ao aparelho digestivo que
forma o sangue;
b)Ao aparelho circulatório
que o transporta para alimentar os órgãos;
c)Ao aparelho respiratório
que o purifica;
d)Ao sistema nervoso
composto: 1º) do sistema raquidiano, dominado pelo encéfalo, centro motor e
sensitivo do organismo; 2º) do grande simpático, que regula automaticamente os
aparelhos vitais.
2º) O contramestre da usina ou inconsciente conserva: 1º)
nossas lembranças; 2º) nossos sentimentos; 3º) nossos atos. Quem conhece bem,
pode adivinhar o pensamento, os cálculos, o caráter de outrem.
Conhecer bem o
inconsciente é lutar, depois, vitorio-samente, contra a timidez, o medo do
fiasco, é compreender o mecanismo de certos sonhos. É explicar-se a natureza de
todos os fatos conscientes, que são para o inconsciente o que a chama é para o
fogo.
3º) O diretor da usina é o espírito. Suas propriedades gerais são: 1) a
memória; 2) o hábito; 3) a associação; 4) a atenção.
Podemos, estudando estas propriedades,
tornamo-nos senhores das mesmas e formar em nós uma personalidade poderosa.
Chegareis à maravilhosa síntese dos três elementos que compõe o ser humano,
observando atentamente:
1)Vossa alimentação, vossa
respiração, vossos exercícios físicos;
2)Desenvolvendo a
autossugestão; adquirindo um olhar magnético;
3)Habituando-vos à
concentração mental e ao isolamento.
Eis o que vos conduzirá ao perfeito
domínio de vossos impulsos, a um sentimento de força, de equilíbrio, de
bem-estar. Isto não é, porém, senão uma primeira etapa. Perseverando no estudo,
magníficos horizontes se descobrirão aos vossos olhos. De dia para dia, melhor
compreendereis que a verdadeira finalidade da vida é o vosso aperfeiçoamento,
sob a condição, porém, que esse aperfeiçoamento beneficie os que vos rodeiam.
Esforçai-vos, pois, constantemente, por alcançar qualidades físicas,
intelectuais e morais. Assim fazendo, avançareis com um passo mais rápido pelo
caminho da evolução. Tal é o objetivo do iniciado.
Referência;
1 Victor
Morgan – A estrada do cavalheiro.
JORNAL VÓRTICE ANO VII, n.º 11 - abril 2015
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